Jovens com Valor
O polícia que perdoou aos assassinos
- 12-04-2016
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Albino Badinelli: o polícia que testemunhou o perdão aos fascistas
A comovente história do jovem de apenas 24 anos que sacrificou a vida salvando reféns inocentes e um país inteiro
Há histórias que não podem ser esquecidas – especialmente quando estão cheias de tristeza e tragédia, mas, ao mesmo tempo, de luz e de esperança.
Albino Badinelli, polícia italiano da Ligúria, que, com apenas 24 anos, deu a vida pela salvação de muitos e, no leito da morte, perdoou aos seus algozes. Uma história impossível de ambientar no “hoje”, mas terrivelmente real.
É Agosto de 1944: falta menos de um ano para acabar a Segunda Guerra Mundial. No interior da província de Génova, avançam as tropas nazi-fascistas em busca de partidários e jovens voluntários da resistência. São dias terríveis, de choro e de gritos, e as invocações ascendem à Virgem Maria como nunca. Nada, porém, parece suficiente para parar a ferocidade com que os fascistas impõem o seu poder e a sua autoridade sobre os civis.
Em poucos dias, depois de sofrer vários ataques, eles dão ordens a todos os jovens da resistência para se renderem. Caso contrário, atearão fogo ao vilarejo de Santo Stefano d'Aveto e fuzilarão os civis mantidos como reféns. Na manhã de 2 de Setembro, nenhum dos que tinham sido convocados se apresenta aos militares. A tensão no vilarejo intensifica-se. O polícia Albino Badinelli, da pequena vila de Allegrezze, bem consciente da gravidade da situação, decide render-se – mesmo sem ser parte activa da resistência.
Ele tem de superar primeiro a natural oposição da família: "Se alguma coisa acontecer com aqueles inocentes, eu nunca mais vou ter paz. Eu tenho que ser o primeiro". Acompanhado pela mãe, Caterina, Albino chega ao centro operacional fascista, apresenta-se imediatamente ao comandante, declara-se totalmente contra o ódio que aquela ideologia de guerra se está a espalhar pela Itália e pronuncia a sua última palavra: "Paz!"
Do comandante da Divisão Monte Rosa, no entanto, não há nenhum comentário. Apenas uma ordem seca: "Pelotão de execução". Albino pede para se confessar, mas a permissão é negada. Mesmo assim, um jovem vai chamar um sacerdote, a quem Badinelli pelo menos se consegue confiar-se durante o trajecto até ao cemitério, local da execução.
Deus sabe quantas lembranças, ao longo do caminho, retornam à sua mente: os seus dias de bom menino, de criança simples; os jogos com os amigos e as muitas actividades na paróquia; as tardes com a jovem que amava e com quem queria construir um futuro. E Nápoles, Scicli, Zagreb, Roma, Turim e todas as cidades onde o ofício de polícia o tinha levado... E a mãe, o pai, os numerosos irmãos...
Naquele momento que poderia parecer de pesar e melancolia, Albino acende uma luz no próprio coração e confidencia ao padre que perdoa aos seus assassinos, entregando-se em completa serenidade à Misericórdia de Deus. O sacerdote, profundamente comovido e impressionado, entrega-lhe um crucifixo.
Ao chegar em frente ao cemitério, Albino é colocado de costas para a parede, pronto para ser morto a tiros. Ele, beijou reverentemente o crucifixo e olhando para Cristo que aperta com força contra o peito, o jovem repete com profunda fé e humildade as mesmas palavras que Jesus disse ao Pai na cruz: "Perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem!"
Três tiros, dois no coração e um na cabeça, separam Albino para sempre da vida terrena.
Uma lápide na parede do cemitério testemunha: "Sob o pelotão de fuzilamento, vítima inocente, em 2 de Setembro de 1944 aqui caía serenamente, perdoando, o polícia Albino Badinelli, filho da vizinha Allegrezze. Ó tu que passas, inclina-te à sua memória e roga para ele e para o mundo a paz".
O gesto de amor supremo salvou vinte reféns de morte certa e o país inteiro de destruição.
Num contexto histórico em que uma ideologia tinha construído um clamoroso processo de desumanização, Badinelli não renunciou a comprometer-se com o irmão, única forma de salvar o humano. Com as suas palavras de perdão, ele recorda a todos que a vida é para ser entregue e que nós somos para testemunhar o perdão, que, na Cruz, se tornou fruto de vida nova.