O MARATONISTA JORGE PINA
Lisboa, 08 julho 2016 – O maratonista Jorge Pina, um dosatletas portugueses apurados para os Jogos Paraolímpicos 2016, alia o sonho deuma medalha ao desejo de correr até ao Vaticano e encontrar-se com o PapaFrancisco.
Jorge Pina reconhece a importância de haver “mais ética ehumanidade” no desporto e na vida, hoje tantas vezes tomados por outrosinteresses, competitivos e financeiros, e a necessidade dos atletas seremexemplos, “mensageiros” desses valores.
“Um atleta tem em siuma responsabilidade se calhar maior do que os outros, como figura pública oupessoa ligada ao desporto”.
É nesse contexto que Jorge Pina quer ir ao Vaticano, “saindode Fátima e passando pelos Caminhos de Santiago e Lourdes”, e depois aoencontro do Papa, uma figura que várias vezes já destacou a importância dodesporto ser um espaço para a transmissão de valores.
“Eu acho que o PapaFrancisco está a fazer um bom trabalho, gostava de o conhecer, abraçar”,confidenciou o atleta paraolímpico, cuja história de vida mudou radicalmentequando ficou cego, em 2004.
Antigo campeão nacional de boxe, Jorge Pina estava apreparar-se para o título mundial quando uma lesão na retina o deixou quasecompletamente cego, com apenas 10 por cento de visão no olho direito.
“Acabei por cegar, eessa cegueira veio transformar-me no ser humano que sou hoje, porque eu costumodizer que dantes é que era cego, agora é que vejo, vejo de uma forma diferentenítida e clara, e sei o que eu quero para mim e o que quero passar para osoutros”.
“A minha corrida é uma corrida muito interior, sou uma pessoaque gosto de desafiar-me a mim, e o meu maior adversário sou eu mesmo. Tenhomuita fé, aprendi a conhecer-me a mim e a querer entender o mundo e o universoe fui aprendendo com a vida, ela ensinou-me a não precisar de ver paraacreditar”.
Além de uma associação, e de projetos como o ‘Music Boxe’,que combina junto dos mais novos o boxe, a dança e a música, Jorge Pina crioutambém a primeira Escola de Desporto Adaptado em Portugal, para pessoas com deficiência.
“Não criei a escola para criar campeões do mundo no desporto,e os meus projetos não são para criar campeões no desporto, mas que eles possamser campeões do mundo na vida. O maior combate e a maior corrida é a corrida davida, e às vezes nós esquecemo-nos dela e queremos só correr nas outrascorridas e essa é a mais importante”.