Abriu a porta da joalharia. Era jovem, simpático e bastante decidido. Sem olhar para as vitrinas, afirmou categoricamente que queria comprar um anel especial.
O joalheiro mostrou-lhe um que lhe parecia apropriado.
O rapaz contemplou-o com calma e, com um sorriso, manifestou o seu agrado. Perguntou o preço. Preparava-se para abrir a carteira quando o ourives lhe perguntou:
- Vai-se casar em breve? Fez-se um momento de silêncio, como se a pergunta o apanhasse desprevenido.
- Não. Nem sequer tenho namorada... respondeu o rapaz.
A surpresa do joalheiro divertiu-o. Depois continuou, como quem se convence de que, naquela ocasião, valia a pena dar uma explicação mais pormenorizada:
- É para a minha mãe. Quando eu ainda não tinha nascido, ela ficou sozinha. Alguém a aconselhou que interrompesse voluntariamente a gravidez, ou seja, que não me deixasse viver.
A lei nessa altura facilitava tudo e, ainda por cima, o Estado pagava todos os custos. Mas ela negou-se.
Deixaram-na ainda mais sozinha. Havia muita gente disposta a ajudá-la a 'livrar-se do incómodo' de ter um filho, mas pouca gente disponível para eliminar as dificuldades que tinha na sua vida.
Mas ela negou-se. Teve muitos problemas, muitos. Foi pai e mãe para mim ao mesmo tempo.
Também foi amiga, irmã e sobretudo professora. Ensinou-me o sentido da vida. Fez-me ser aquilo que sou.
Agora que já tenho algumas possibilidades, quero oferecer-lhe este anel especial. Ela nunca teve nenhum. Mais tarde, comprarei outro para a minha futura noiva. Mas será sempre o segundo. O primeiro, quero que seja para a minha mãe.
O joalheiro não disse nada. Mas pediu ao empregado que o rapaz tivesse um desconto que só fazia aos clientes especiais.
O joalheiro mostrou-lhe um que lhe parecia apropriado.
O rapaz contemplou-o com calma e, com um sorriso, manifestou o seu agrado. Perguntou o preço. Preparava-se para abrir a carteira quando o ourives lhe perguntou:
- Vai-se casar em breve? Fez-se um momento de silêncio, como se a pergunta o apanhasse desprevenido.
- Não. Nem sequer tenho namorada... respondeu o rapaz.
A surpresa do joalheiro divertiu-o. Depois continuou, como quem se convence de que, naquela ocasião, valia a pena dar uma explicação mais pormenorizada:
- É para a minha mãe. Quando eu ainda não tinha nascido, ela ficou sozinha. Alguém a aconselhou que interrompesse voluntariamente a gravidez, ou seja, que não me deixasse viver.
A lei nessa altura facilitava tudo e, ainda por cima, o Estado pagava todos os custos. Mas ela negou-se.
Deixaram-na ainda mais sozinha. Havia muita gente disposta a ajudá-la a 'livrar-se do incómodo' de ter um filho, mas pouca gente disponível para eliminar as dificuldades que tinha na sua vida.
Mas ela negou-se. Teve muitos problemas, muitos. Foi pai e mãe para mim ao mesmo tempo.
Também foi amiga, irmã e sobretudo professora. Ensinou-me o sentido da vida. Fez-me ser aquilo que sou.
Agora que já tenho algumas possibilidades, quero oferecer-lhe este anel especial. Ela nunca teve nenhum. Mais tarde, comprarei outro para a minha futura noiva. Mas será sempre o segundo. O primeiro, quero que seja para a minha mãe.
O joalheiro não disse nada. Mas pediu ao empregado que o rapaz tivesse um desconto que só fazia aos clientes especiais.