O pecado do orgulho
O orgulho é o maldito pecado que expulsou os anjos do paraíso e os precipitou no inferno. Este pecado começou com o mundo.
Peca-se por orgulho de diferentes maneiras. Uma pessoa terá orgulho no traje, na linguagem, na postura, até no modo de andar.
Há pessoas que, quando estão na rua, andam com ufania e parecem dizer ao mundo que as vê: “Vejam como eu sou grande, como sou empertigado e sei andar bem!”
Outras, que, quando fazem algum bem nunca param de o contar, e, se deixam de fazê-lo, ficam desoladas, pensando que as pessoas vão ter má opinião delas…
Outras que se incomodam muito de estar com pobres quando encontram pessoas conhecidas; procuram sempre a companhia de ricos.
Se por acaso, são recebidas pelos grandes do mundo, gabam-se, tiram daí vaidade.
Há outras que têm orgulho dizendo: examinam o que vão dizer, esforçam-se na boa linguagem, e, se lhes não ocorre uma palavra, ficam muito aborrecidas, por terem medo de que falem delas.
Uma pessoa humilde não é isto… Quer zombem dela, quer a estimem, quer a desprezem, quer lhe prestem atenção, quer a deixem de lado, para ela é a mesma coisa.
Se quiserdes conhecer quando uma pessoa é orgulhosa, ouvi-a falar: será sempre ela quem terá a palavra;
E só falará de si; terá sempre feito melhor que os outros; só ela é que faz bem; censura todas as ações dos outros, esperando assim salientar as suas.
Há pessoas que dão grandes esmolas para se fazerem estimar. Estas pessoas não tirarão fruto algum das suas boas obras. Ao contrário, as suas esmolas tornar-se-ão pecado.
Nós pomos o orgulho em toda a parte, como o sal. Gostamos de ver as nossas boas obras conhecidas. Se prestam atenção à vossa virtude, ficamos alegres: se percebem os nossos defeitos, ficamos tristes.
Isto em grande número de pessoas; se lhes dizem alguma coisa, isso inquieta-as, aborrece-as.
Os santos não eram assim; afligiam-se se as suas virtudes eram conhecidas, e ficavam contentes de que vissem a sua imperfeição.
Uma pessoa orgulhosa julga que tudo o que ela faz é bem feito; quer dominar sobre todos quantos tratam com ela; tem sempre razão; julga sempre o seu sentir melhor que o dos outros…
Não é isto! Uma pessoa humilde e instruída, se lhe perguntam o seu sentir, diz muito simplesmente, depois de deixar falar os outros. Quer eles tenham razão, quer não, ela não diz mais nada.
S. Luís Gonzaga, quando era menino de escola e lhe censuravam alguma coisa, nunca procurava desculpar-se; dizia o que pensava, e não se incomodava mais com o que pensavam os outros.
Se estava errado, estava errado; se tinha razão, dizia a si: “Estive errado outras vezes”.
Os santos eram tão desapegados de si mesmos, que pouco se lhes dava que os outros fossem da sua opinião. Dizem: “Oh! os santos eram simples!”
Sim, eram simples para as coisas do mundo; mas para as coisas de Deus, eram bem entendidos. As preocupações mundanas pareciam-lhes de tão pouca importância que não lhes davam atenção.