Espiritualidade
Isto é de Deus ou da minha cabeça?
- 29-04-2019
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Isto é de Deus ou da minha cabeça?
Como discernir o que é sinal de Deus?
É necessário ter cuidado e discernir sinceramente se estamos diante do que é um apontamento do Senhor
Desde o início, Deus comunica com o ser humano de forma a não somente transmitir mensagens, mas fazendo doação de Si mesmo a nós. “Por uma vontade absolutamente livre, Deus revela-se e dá-se ao homem” (Catecismo da Igreja Católica, nº 50).
O Senhor usa de vários meios para nos transmitir os Seus desígnios e a Sua Pessoa. Temos como exemplo os anjos, que são os Seus mensageiros; os dons do Espírito Santo; a Sagrada Escritura e também a Eucaristia, sacramento de máxima entrega.
Não bastasse tudo isto, ainda há a “comunicação do amor de Deus” por meio de sinais. São acontecimentos que significam algo mais do que o simples andamento ou consequência de factos. Deus fala-nos nas entrelinhas das ocorrências incomuns ou da rotina. Até mesmo Jesus percebeu cada passo do Seu ministério em eventos comuns que poderiam passar despercebidos, desde a falta de vinho numa festa de casamento (cf. Jo 2,1-12) até quando se aproximava o tempo certo da “Sua entrega na cruz”. Porém, é necessário ter cuidado e discernir, sinceramente, se estamos diante do que é um apontamento do Senhor ou se nos estamos a aproveitar de um acontecimento qualquer para justificar algo que temos no coração.
Preferimos enganar-nos, nomeando forçosamente simples ocorrências como resposta do Alto, dada a grandiosidade do desejo. Desviamo-nos de uma verdadeira leitura da orientação divina, deixando-nos levar por ideias fixas e obstinação de coração. Quando estamos com a mente e os sentimentos tomados, parece que tudo conspira e confirma na direcção tanto do objecto de desejo como para traumas, complexos e impressões que trazemos. Assim, no futuro, só nos decepcionaremos com o Senhor e buscaremos culpar os homens que não nos pareceram favoráveis.
Cultive a amizade com o Senhor
Para interpretar correctamente a fala de Deus, é importante, primeiramente, desfazermo-nos dos nossos apegos e conceitos tendenciosos, estarmos livres para aceitar aquilo que não nos é agradável, as exortações e a direcção do que Ele quer consertar na nossa vida.
Outro ponto é cultivar uma íntima amizade com o Senhor. Peça a graça de O amar independente dos favores, gaste tempo na Sua companhia e saiba que a iniciativa de sinais será sempre d’Ele; o que não nos isenta da necessidade de termos uma constância na oração e de nos relacionarmos com o Senhor.
Depois que Deus mesmo se encarrega do sucesso do empreendimento e da graça que Ele quer conceder, Jesus ordena a dois dos Seus discípulos: “Ide a essa aldeia que está defronte de vós. Entrando nela, achareis um jumentinho atado, em que nunca montou pessoa alguma; desprendei-o e trazei-mo. Partiram os dois discípulos e acharam tudo como Jesus tinha dito” (Lc 19,30-32). Os factores do outro lado, no campo da missão, encontram elementos correspondentes à ordem dada por Jesus, mas isso não significa que essa providência se manifeste no primeiro momento. Deus enviou Moisés ao faraó, mas o soberano do Egipto foi resistente em libertar o povo do Senhor. Podemos encontrar barreiras que o Altíssimo sinaliza como sendo a Sua vontade para nós.
Na verdade, aprenderemos a interpretar correctamente os sinais com um treino. Com o passar do tempo, se mantivermos uma amizade verdadeira com Deus e nos exercitarmos nesse processo de intuir, empreender na ordem divina e prestar atenção aos resultados, aprenderemos a olhar um facto, desde o início, e saber se é realmente um sinal do Senhor. O Deus a quem seguimos é bondoso e quer fazer aquilo que é o melhor para nós, por isso está em constante comunicação.
Ele é fiel e conduz-nos. “Se o seu projecto ou a sua obra provêm dos homens, por si mesma se destruirá” (Act 5,38).