Espiritualidade
Eu acredito, tu acreditas, ele acredita...
- 15-03-2020
- Visualizações: 135
- Imprimir
- Enviar por email
É tempo de renovarmos a
nossa aliança com o Senhor
Um amigo, mais que amigo, pergunta:
- Acreditas mesmo em Deus?
- Melhor que isso: Ele
acredita em mim!
É verdade. Mais do que simplesmente acreditar em Deus é
preciso saber que Ele acredita em ti, em mim, em cada ser humano. É isso! Deus
acredita no homem embora nem todo o homem acredite nEle. O Evangelho demonstra
isto seguidas vezes. Vejamos um pouco do fim para o começo. Um dos últimos
actos de Jesus foi acreditar num ladrão que de forma inesperada pede que o
Senhor dele se lembrasse quando estivesse no paraíso. Um ladrão, um marginal
acusado e condenado pela lei. A resposta positiva a este pedido certamente já
lhe é conhecida.
Será que eu ou tu acreditaríamos se um conhecido e violento
marginal batesse à nossa porta dizendo que gostaria de morar connosco, em nossa
casa, e se converter? Em Jerusalém um dia antes da cena no Calvário um homem,
um seguidor de Jesus, o mais vivido, o mais velho entre os seus adeptos, por
três vezes nega a sua amizade com o Nazareno. Após a Ressurreição o Mestre faz
a Pedro por três vezes a mesma pergunta. Jesus sabe a resposta e conhece a
tristeza no coração daquele homem amargurado com a sua anterior atitude de
negação mas quer ouvir a profissão de amor de Pedro porque acreditava nele
apesar da sua reacção de medo e a sua mentira naquele momento crítico da prisão
e julgamento do Mestre.
Hoje, como eu, a exemplo de Pedro, posso dizer "Senhor
tu sabes tudo, tu sabes que te amo" se imagino que Ele não mais acredita
em mim devido aos meus erros? Jesus tanto acreditou em Pedro que lhe confiou as
chaves da Sua Igreja. Deus Filho acreditou em Pedro e designou-o Cefas, cabeça,
pedra, rocha. Muita gente já foi despedida do emprego porque o gerente soube
que o empregado comentou que não gostava do patrão, o dono da empresa.
- Perdemos a confiança em ti. Está de-mi-ti-do. Rua!
Ainda no Evangelho um publicano, odiado chefe dos colectores
de impostos para Roma, disse ao Senhor que iria restituir em dobro tudo o que
havia extorquido, Jesus nele acreditou e Zaqueu cumpriu a sua promessa
integralmente. À mulher adúltera ameaçada de morte por lapidação, após um
diálogo com os possíveis algozes, Jesus pergunta "Ninguém te condenou? Ela
responde "Ninguém, Senhor". O Senhor simplesmente diz<: "Nem
eu te condeno. Vai e não tornes a pecar"(Jo 8,10-11). Somente uma única
recomendação, sem crítica alguma. Jesus acreditou na conversão definitiva
daquela pecadora contrita.
Sei que muitas das coisas que pedi a Deus não foram
atendidas, primeiro porque provavelmente eu ainda não estivesse pronto para as
receber, mas principalmente por que eu não acreditava que Ele acreditasse em
mim. A nossa formação inadequada leva a nos considerarmos indignos de crédito
junto a Deus. Como dizem algumas pessoas:
- Se nem o gerente do Banco confia em mim, como Deus vai
confiar?
"Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa,
mas dizei uma palavra e minha alma será salva". O "Senhor, eu não sou
digno", parece prevalecer e superar o: "mas dizei uma palavra e serei
sanado, curado, salvo". Precisamos de mudar o nosso modo de pensar e
confiar totalmente no "mas dizei uma palavra...".
Eu, mesmo julgando não ser digno, preciso somente de pedir
que Ele diga uma única palavra e serei transformado porque Ele em mim vai
confiar, vai-me restaurar, vai-me curar, vai-me libertar e salvar a minha alma
tão preciosa a Ele. Assim o fez o Bom Ladrão no Calvário. Isto para mim, hoje, agora,
ainda é muito real e sensível. Indo agora ao Antigo Testamento, lembras-te do
arrasador episódio do Dilúvio? Certamente sim. Pois bem, a narrativa (Gn 7;8 e
9) conclui com a frase divina "Vou fazer uma aliança convosco e a vossa
posteridade (...) eu me lembrarei da aliança eterna estabelecida entre Deus e
todos os seres vivos que estão sobre a terra".
Aliança eterna entre Deus e a sua criatura predilecta, o ser
humano. Um matrimónio perfeito e ternamente indissolúvel entre Deus e nós. A
característica do matrimónio humano duradouro é a confiança mútua do casal
apesar das dificuldades e limitações individuais; sem isto o casamento não
subsiste. Na aliança com o Senhor dá-se o mesmo, Ele confia e acredita em mim e
eu preciso de acreditar nEle de forma inabalável, caso contrário o nosso
relacionamento correrá o risco de se romper.
No dia a dia aqui neste mundo, numa grande empresa os
directores confiam aos empregados equipamentos valiosos para serem operados
adequadamente porque sabem da capacidade profissional de cada um deles. Uma
aeronave comercial de alto valor, de milhões de euros, é entregue aos pilotos
capacitados e quando embarcamos num voo não vamos à cabine de comando pedir que
o comandante e a tripulação apresentem os documentos profissionais. Simplesmente
tomamos o nosso assento acreditando que estamos entregues em boas e hábeis
mãos.
Com o Senhor, mesmo que me desligue dEle temporariamente, sei
que Ele continuará a acreditar em mim e quando eu reatar os nossos laços não
serei contestado ou repudiado - e entendo que não é por isto que tenho o
direito de abusivamente brincar ao "esconde-esconde" com Deus.
Um ditado diz que se não pergunta "para onde"
quando um amigo verdadeiro nos diz "Vamos!" É tempo pois, de
renovarmos a nossa Aliança com o Senhor colocando de forma absoluta a certeza
de que Ele, muito mais do que a nossa esposa, filhos, familiares e amigos
acredita em nós. Eu acredito, meu irmão. Se tu não acreditas, tem a certeza de
que Ele acredita em ti!