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Espiritualidade

Estamos doentes, mas Deus quer curar-nos

 Estamos doentes, mas Deus quer curar-nos    

Nós queremos muitas coisas, mas não nos satisfazemos com nada. O nosso coração só se vai apaziguar em Deus 

Em algumas traduções das Bíblias, lemos assim: “Jesus disse: ‘Vai, a tua fé te curou'”. E em outras: “Vai, a tua fé te salvou”. Na verdade, curar e salvar falam da mesma realidade na Sagrada Escritura. 

Jesus pagou o preço do nosso resgate. Nós estamos doentes e precisamos de ser curados, precisamos de ser salvos. Deus quer nos salvar, ou seja, Ele quer nos curar. Este conceito funciona bastante, porque está enraizado na constatação de que não estamos totalmente conforme o sonho que Ele teve para nós. Este sonho foi realizado somente em Jesus Cristo, que é um Homem como Deus pensou. 

Marcados pelo pecado original 

Podemos dizer, com toda a certeza, que nunca vimos uma pessoa inteira. Só temos experiência de “pedaços” de homens, pessoas “deformadas” que trazem em si a marca do pecado. A nossa condição é a de pessoas marcadas pelo pecado, pois somos doentes e precisamos de tomar consciência disto, para que vivamos uma mudança de mentalidade. 

O mundo acha que tudo o que se vive por aí é normal. É assim que a nossa sociedade decide o que está certo ou errado.  

Somos pessoas marcadas pela “doença” do pecado original. As nossas reações não são todas normais. Se não nos dermos conta disso, não nos vamos converter. O primeiro passo que o doente tem de dar para se curar é o de se convencer de que está doente. Se ele achar que está muito bem, não vai mudar. 

É muito mais fácil uma espiritualidade “otimista” que aplauda e canonize tudo aquilo que as pessoas fazem. Precisamos levar a sério as consequências do pecado original. Se sou obcecado pela felicidade que encontro na comida, na bebida, esse tipo de pensamento diz que a fome é um instinto natural, criado por Deus; logo, é bom e não tem nenhum problema. Embora isso tenha sido criado por Deus, traz a marca do pecado original, pois nos afasta d’Ele. 

O pecado e as suas consequências 

Santo Agostinho faz a comparação: Imaginemos que um noivo dê um presente à sua noiva, e ela fica tão fascinada com o presente, que esquece do noivo e vai para casa. Aquilo que o noivo deu como sinal de amor torna-se um caminho de separação. Deus deu-nos este mundo como um presente, mas a nossa tendência é transformá-lo em deus, colocar os presentes d’Ele no lugar d’Ele. É aqui que está a nossa doença. 

Dizer que uma pessoa é saudável é diferente de dizer que um alimento é saudável. Uma pessoa é saudável quando tem saúde e um alimento é saudável quando traz saúde. Da mesma forma, podemos falar de pecado original de formas diferentes: uma coisa é dizer “eu cometi um pecado”, que é uma transgressão, algo que ofende a Deus e destrói a quem o pratica. Quando dizemos que Adão e Eva pecaram, posso chamar esta primeira transgressão, pecado original. E quando digo que tenho este pecado [original], isto tem outro sentido, pois é algo recebido, hereditário. Podemos tentar explicar isto por meio da liberdade que Deus nos dá como filhos. Ele está do nosso lado, protege-nos, mas leva a sério a nossa liberdade. Se tu fizeres algo de mal, Ele vai respeitar a tua liberdade, e vai sofrer por isso, já que nos ama. 

Os pecados que cometemos afetam os outros, às vezes, até de forma irreparável. Se tu contraires AIDS, não podes fazer de conta que isso não existe, pois podes morrer com esta doença ou contaminar outras pessoas. O pecado tem consequências, assim como, a partir do pecado original, surgiu em nós uma tendência para o mal. 

A importância da ascese 

Os mesmos instintos que os animais têm, nós também os temos. Assim como um macaco gosta de comer, beber, ter relações sexuais, o nosso instinto é o mesmo. Mas, há uma grande diferença: nós temos alma. Nós não fomos feitos só para isto, temos uma sede maior. Não adianta apenas comer, beber, ter relações sexuais, porque dentro de nós vai permanecer um vazio. O teu coração vai permanecer inquieto, como disse, com clareza, Santo Agostinho. Nós não nos satisfazemos com nada, nós queremos muitas coisas, mas o nosso coração só vai apaziguar-se em Deus. 

Pensemos, então, numa conscientização das “doenças” que estão dentro de nós. E uma vida espiritual que as combata numa tentativa de reverter as consequências do pecado original. É claro que a cura total não será neste mundo, mas na nossa ressurreição. Mas, por mais que seja assim, nós podemos e devemos viver uma vida ascética, de ascese, esforço para curar estas más tendências que existem dentro de nós. Quando falo de ascese, falo de jejum, vigílias, sacrifícios, abstinências, esforços espirituais. Tudo isto não para “pagar os pecados” – pois eles já foram pagos por Jesus -, mas para combater a tendência ao pecado que, dentro de nós, é como a lei da gravidade, puxando-nos para baixo. Precisamos de fazer algo para não acabar por nos “envenenar” espiritualmente, pois sabemos da nossa condição, da nossa “doença” espiritual. Não é só na Quaresma que precisamos de fazer jejuns e oferecer sacrifícios. Se não combatermos essas “enfermidades”, seremos vítimas delas.

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