Espiritualidade
COMO OBTER E MANTER A PRESENÇA DO ESPÍRITO SANTO - EFEITOS
- 10-02-2021
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Pergunta: De manhã, decido fazer este caminho
e começo a contar os actos de amor. É belíssimo. Realmente sinto na alma a
liberdade que só o Ressuscitado pode dar. Tantas vezes, porém, quase sem me dar
conta, troco a minha escolha do Esposo por outras coisas. Que sugestão me pode
dar para que dê maior continuidade a esta minha escolha de Ele somente?
Chiara Lubich:
Ora bem, você diz que O troca. Trata-se então de uma
fraqueza, mas é Jesus abandonado uma fraqueza. Quando te dás conta de O ter
trocado, não pares, que importa se O trocaste, tu não vales nada. O que vale é
Jesus abandonado. Troquei-O? Aproveito então para abraçar Jesus abandonado. É
preciso chegar a esta conclusão.
Em síntese, é preciso aproveitar tudo para abraçar Jesus
abandonado.
E abraçando Jesus abandonado, o que sucede? Vem dentro,
desponta, floresce, sentem-se os impulsos do Espírito Santo que está dentro de
nós.
Direis: mas, Clara, o que faz o Espírito Santo?
Aproveito esta resposta para vos dizer, vos fazer descobrir
como O tendes dentro de vós, vive dentro de vós, O sentis dentro de vós e não
vos dais conta. Quero com esta resposta fazer-vos descobrir como O tendes já
dentro de vós. Não só que O tendes porque sabeis de O ter pela Graça que,
esperemos, esteja em todos nós, mas também porque age dentro de vós, O sentis.
Porque não é que o Espírito Santo ilumine só a mente, faz
compreender, ver claro. Não. Ele revigora a alma, fortalece-a. E tantas outras
coisas vos faz!
Para vermos o que faz, vejamos no Veni Creator, que é a
oração da Igreja ao Espírito Santo. Há algumas repetições, mas saltámo-las.
Esta oração diz que o Espírito Santo “visita as mentes”.
Tenho a certeza que todos vós fostes visitados pelo Espírito Santo, a vossa
mente, senão não estaríeis aqui. Estais aqui porque Alguém vos disse “vai ali”.
Quem vo-lo disse? O Espírito Santo.
Depois diz “doce consolador”. Já o experimentámos milhões de
vezes, e vós também seguramente. Todos os dias, continuamente, pois abraçando Jesus
abandonado sente-se dentro algo que... É verdade que algumas vezes não o
saboreamos bem, porque senão teríamos alegria, consolação. Então corrige-se a
intenção e digo “é por amor, por amor, por amor… faz-se por amor” e… é “ótimo
consolador”. Isto já todos o experimentaram. Recordai-vos, portanto, que é Ele.
Não é que fui eu ou outro qualquer que vos consolou.
“Suscita em nós a palavra”. Há quantos de nós que dizem “Eu
era um dos que nunca falava. Encontrei-me no Movimento, colocaram-me ali a
contar a minha experiência, e falei!” Quem o fez falar? Porque tinha algo para
dizer, a palavra era o veículo, mas o importante era que tinha algo para dizer
e ouviu-se a palavra na sua boca. Quem a colocou lá? O Espírito Santo.
Diz “chama ardente do coração”. Quando cheguei aqui, não
porque era eu, podia ser qualquer outro, sentimos que “o nosso coração
explode”. Mas o que é este explodir do coração? É o Espírito Santo que faz
explodir o coração, não pensem que são vocês!
Depois diz que “cura as feridas”. Mas é claro que cura as
feridas. Tens uma dúvida - “ah enganei-me…” - Então abraças Jesus abandonado… e
sentes que a ferida fica posta de parte. Quem o fez? O Espírito Santo. E diz
que “é bálsamo”. Claro que é. É o Espírito Santo. Portanto, quero evidenciar
bem isso, para que de vez em quando entreis dentro de vós e lhe digais
“obrigado”.
Gostei tanto de ler sobre o Espírito Santo que o pai de
Orígenes, quando Orígenes era criança, lhe descobria o peito e lho beijava,
porque era templo do Espírito Santo. Se nos lembrássemos disso… que não só
temos um dom do Espírito, mas que temos o dom que é o Espírito Santo. Está aqui
dentro e talvez nem nos apercebamos, e não Lhe dizemos nem sequer obrigado. É
mesmo uma vergonha… E continuamente experimentamos que está.
E “traz o dom da paz”. E como, se não fosse Ele… seríamos uns
tristes, sempre sem paz. É Ele que traz em dom a paz, como diz o Veni Creator.
Mas não é só isso que faz o Espírito Santo. Ele está presente
dentro de nós não com uma presença passiva, de que não se dá conta. Mas um
dinamismo que notamos. Ele interessa-se de nós. De facto, nos responde quando
nós abraçamos Jesus, Ele responde. Ele participa da nossa vida. Ele está ali.
Intervém, nos exorta. Quando nos sentimos motivados – “quero fazer tantos actos
de amor esta manhã, e começo” – é Ele que me motiva. Exorta a uma vida
religiosa e digna.
Vem em ajuda da nossa oração, quando nós rezamos. Isto é dito
tão bem por São Paulo. O Espírito Santo coloca dentro também o gosto pela vida
interior. A vida interior é uma vida estranhíssima, mais que estranha é
misteriosa, que ninguém desejaria abraçar. Todos vivem para comer, para
disfrutar, para ir dançar, beber, etc. Quem vos dá o gosto da vida interior,
que é algo assim refinado? É Ele, que vos atrai! Porque estais aqui? É porque
tendes o gosto da vida interior. E quem vos mandou aqui? O Espírito Santo que
vós escutastes.
Depois, cria em nós uma lei nova. Conseguis senti-la dentro.
É Ele que vos faz distinguir “este é o homem velho”, “esta é falsa alegria,
estou alegre, mas não é a alegria certa”, “esta é falsa liberdade, sinto-me
livre mas não é a liberdade certa”. Quem vo-lo diz? É o Espírito Santo, não
outras vozes, é a Sua voz!
Introduz a verdade. Quantas vezes, também pelo estudo que
fazeis, sentis que conseguis um aprofundamento maior da verdade. Que vos
introduz dentro? Não certo a inteligência, o raciocínio. É o Espírito Santo. E
vo-la recorda. Em certas ocasiões vem em
mente uma frase do Evangelho, algo que aprendestes, vo-la recorda, no momento
certo. É o Espírito Santo. E faz amar a verdade. Por isso vos agrada a
sabedoria. É Ele que vo-la faz amar.
E também vos dá o sentido verdadeiro do homem. Tantos não
sabem porque vivem. Chegam mesmo a suicidar-se. Porque não têm o sentido do
homem. Quem nos dá o sentido de quem é verdadeiramente o homem? É o Espírito
Santo.
E quem torna interessante a religião? Que é algo
estranhíssimo para o mundo, já que é uma ligação com Deus, que não se vê, não
se sente – dizem. Quem torna interessante a religião? É o Espírito Santo. Faz
todas estas coisas. Eu estou convencidíssima que vós já as experimentaram
todas. Dizei a verdade.
Então se já as experimentastes, convém experimentá-lo ainda
mais, mais e mais. Ser cheios do Espírito Santo, transbordantes. E como se faz?
Qual a nossa atitude? A docilidade, escutar aquela voz. Depois colaborar. Ele
diz assim - sim, logo. Colaborar é tirar os impedimentos. São o nosso eu, o
egoísmo. Mas com o abraço de Jesus abandonado se tiram os impedimentos.
É O AMAR QUE ATRAI A PRESENÇA DO ESPÍRITO SANTO
Pergunta: Quando está Jesus no meio de nós há uma presença
especial do Espírito Santo. E aqui sentimo-la tão forte. Como fazer para que
esta presença, esta realidade, continue a ser forte.
Penso que a Luísa pergunte como fazer para que esteja sempre
entre nós. Bem, o Espírito Santo está ali onde se ama. Ele difundiu no nosso
coração o amor, trouxe-o para dentro de nós. O amor. Se tu o colocas em ação
Ele está sempre presente. Se tu paras e te bloqueias, Ele cala-se, já não fala.
Aliás, pode ser que se infiltre qualquer coisa de negativo dentro de ti, não só
algum mal, mas até mesmo algo de outro espírito, do príncipe deste mundo, como
diz Jesus. Que o diabo venha também tentar-te. Se, em vez disso, estás sempre
no amor, na luz, estás sempre sob a influência do Espírito Santo. Então, para
que esta atmosfera exista sempre, é preciso que estejais sempre no amor.
Naturalmente direis: “mas, Clara, não é fácil algo assim”. Certo, para tudo é
preciso habituação. Mas depois recebem-se graças especiais, impulsos especiais
do Espírito Santo, toques divinos na alma que te fazem caminhar em frente.
Experimentareis na vossa vida. Amar, amar sempre. Estais seguros que, amando
uns e outros, Jesus está no meio de vós e o Espírito Santo está no meio de vós.
E conheceis a técnica do amor cristão, que se apoia sobre quatro pontos. E um
deles já seria suficiente para nos fazer santos…
Amar em primeiro lugar, sempre de impulso, em tensão, sempre
em acção, em dinamismo, porque a Santíssima Trindade é uma vida de amor
dinâmico. Nós devemos espelhá-La! Não é um amor parado, mas sim dinâmico.
Amar a todos. Então, há tantas ocasiões para ter o Espírito
Santo, pois durante o dia encontras tantas pessoas, e deves amá-las a todas.
Não vale dizer esta sim, aquela não.
Ver Jesus em cada um. Assim se simplifica tudo.
E amar como a si mesmo.
Se fizéssemos estas quatro coisas, seriam suficientes para
viver o ideal, para haver o Espírito Santo. Para conquistar meio mundo.
Bastaria.
Isto, quando vos encontrais entre vós, estabelece-se a presença
de Jesus no meio. Jesus no meio tem como espírito o Espírito Santo, pois o seu
espírito é o Espírito Santo. Foi Ele que guiou Jesus durante a sua vida. Por
exemplo, guiou-o aos pobres para os elevar, aos doentes para os curar, aos
pecadores para os perdoar, colocou-Lhe dentro tanto carinho pelas crianças, é o
Espírito de Jesus que o manteve assim. Sobretudo na sua vida pública.
Assim Jesus no meio de nós expande o seu Espírito. Para O
ter, então, o truque é amar! Amar sempre! Porém, às vezes, vos encontrareis
sós… e querereis também estar sob a influência do Espírito Santo. E então, é
preciso fazer por isto. Fazer bem a vontade de Deus. Dar um salto, fazer de
cada obstáculo um apoio para saltar mais alto, isto é, quando há dor,
sofrimento, o impedimento, os obstáculos… então, abraçar Jesus abandonado, e
força.
Com Jesus abandonado quando estamos sozinhos, e com o amor
quando estamos juntos, garantimos uma presença certamente plena do Espírito
Santo.
No nosso caso, sendo tantos, junta-se também um certo
entusiasmo. É o lado humano da vossa idade, por exemplo, da vossa juventude. E
está bem, não faz mal. Somos assim. E é preciso juntarmos o nosso típico, pois
com o andar do tempo será sempre mais também cada vosso passo, cada sorriso,
cada acto, efeito do Espírito Santo em vós. Por isso, coragem, andemos em
frente sobre esta estrada, e encheremos o mundo com o Espírito Santo que faz
novas todas as coisas e que renova o mundo.
ALQUIMIA DIVINA
Pergunta: Impressionou-nos o facto de que, quando se ama
Jesus abandonado, o Espírito Santo, com uma lógica divina, nos transforma a dor
em amor. Pode dizer-nos algo mais sobre esta relação, tendo em conta a sua
experiência?
Quando abraçamos Jesus abandonado, e vivemos naturalmente o
ideal, porque sem isto não há nada, então, a dor transforma-se em amor. A
lógica, mas é mais do que uma lógica, é uma coisa ontológica, quer dizer, uma
realidade sobrenatural que temos dentro de nós.
Como expliquei no tema, uma vez que há uma relação entre a
cruz de Jesus, o abandono, e o Espírito Santo. Mal o Senhor foi dilacerado, eis
que sai o Espírito Santo, que depois desce no Pentecostes sobre a Igreja. Isto
na história da Igreja, isto na história de cada alma. Quando abraça a cruz,
vive a própria cruz, vive bem como Jesus quer, eis que, amando-a, e continuando
depois a amá-la, verifica que a dor, especialmente espiritual, desapareceu. É
uma coisa extraordinária. Eis aqui também morte e ressurreição. Porque antes
estamos na dor e depois sente-se o amor.
A minha experiência é esta: que eu procuro vivê-lo
continuamente. Quando acordo de manhã digo “porque estás abandonado, vivo para
Ti. Por isso, quando Te encontro abraço-te logo. E dou-me conta – embora possa
errar, pecar, fazer tolices – porém, dou-me conta que se pode chegar também a
fazê-lo acontecer muito depressa, de modo que logo que aparece a dor, de
imediato ficas no amor. E isto, por cada dor - uma pequena sombra que surge,
uma preocupação, uma recordação – com Jesus abandonado, deixa de haver sombra,
preocupação, recordação, dor, fica só Jesus abandonado, abraça-se e ficamos no
amor, na alegria, e assim o Espírito Santo pode agir.
A minha experiência é então esta: antes, abraçava-O a custo,
aos poucos, depois torna-se cada vez mais ágil e chega-se ao ponto em que,
praticamente, nem te chega a tocar a dor, pois mal está a aparecer, tu
abraça-lO de imediato e já está, vai embora, não dás tempo para que entre
dentro, te deprima… desaparece logo.
Às vezes, ao nível físico talvez encontremos um pouco mais de
dificuldade em conseguir esta superação. Não faz mal, ajudamo-nos… podemos
estar um pouco cansados, mas está bem, ajudamo-nos. Porém, esta realidade
acontece. Eu estou a vê-la também nos focolarinos/as adultos, que normalmente
estão sempre bem. Como fazem para estarem sempre tão bem? Estão assim porque
amam sempre Jesus abandonado e o modo de viver tornou-se este, estupendo porque
é o Espírito Santo.