Como identificar o escrúpulo?
O escrúpulo tenaz vem acompanhado de obstinação
A palavra escrúpulo vem do latim scrupulu e significa pedrinha, embaraço, inquietação, receio, mas, em sentido moral, designa uma razão, muitas vezes, insignificante. Porém, pode exprimir a inquietação excessiva que expressa a consciência por motivos fúteis de terem ofendido a Deus.
Este tipo de escrúpulo pode ser de aspecto natural (doença física e moral), produzindo uma desordem na vida da pessoa, levando-a a uma espécie de depressão nervosa e a pensamentos de obsessão em relação ao pecado cometido. No aspecto moral, a pessoa fica imersa em coisas sem importância, no desejo de ter a certeza absoluta das coisas, fazendo com que tenha um espírito mal esclarecido e obstinado, vendo Deus sempre como um juiz.
O caso pode tornar-se sério e grave se a pessoa escrupulosa viver tanto a causa física como moral dessa forma, de modo que será difícil a sua cura. Por isso, precisa de ajuda psicológica e, acima de tudo, espiritual.
Nem tudo, porém, é doença física ou espiritual (diabo). Deus pode permitir que uma pessoa tenha dificuldade para lidar com os seus escrúpulos para prová-la, expiando-lhe as faltas cometidas e levando-a, assim, a um grau maior de santidade. Como também para libertá-la da soberba, principalmente, da vã complacência. Por outro lado, não podemos esquecer que, muitas vezes, esse sentimento provém do demónio sim, que deseja lançar perturbações na alma da vítima, persuadindo-a a achar-se sempre em pecado mortal e, assim, impedindo-a de comungar ou confessar, embaraçando-a quanto à real gravidade do estado de pecado em que ela se encontra.
Como identificar este tipo de escrúpulo?
Parte da pessoa vê pecado onde não existe. Contudo, o escrúpulo tenaz vem acompanhado de obstinação. Por isso, precisamos de fazer uma distinção entre a consciência delicada e a escrupulosa. A primeira [consciência delicada] ama a Deus com fervor, e, para agradá-Lo, evita pecar, por menor que seja o pecado; tem verdadeiro horror ao pecado. Conhece a sua própria fraqueza, tem temor a Deus. Tem consciência de pecado grave e venial. E a segunda, [a escrupulosa], é guiada por certo egoísmo, que a faz desejar com excessiva ansiedade, a segurança de estar em graça. A vítima também, depois de ter feito muitas confissões, fica a olhar para o passado, achando que não foi perdoada, por isso, confessa os mesmos pecados sempre. O escrupuloso teme muito quando tem maus pensamentos e imagens, principalmente quando perigosos e obscenos. Assim, martiriza-se por ter consentido neles; por isso, entra em grande desespero.
O remédio para se curar deste tipo de escrúpulo é buscar um bom confessor e um diretor espiritual.
(Texto baseado no Compêndio de Teologia Ascética e Mística de Ad. Tanquerey)