Espiritualidade
As distracções involuntárias na oração
- 24-03-2017
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As distrações involuntárias na oração
As distrações involuntárias nos momentos de oração e as suas causas.
Precisamos de ver quais são as causas de distracção na oração; por quê? Porque não há somente as distrações voluntárias, ou seja, colocamo-nos numa tentativa de rezar, mas a nossa cabeça começa a “voar” para tantas coisas e preocupações; por quê? Pode ser porque não temos virtude, ou seja, queremos tomar as rédeas da nossa vida espiritual.
Não há somente distrações voluntárias. Há distrações involuntárias, das quais não somos culpados. É importante saber quais são essas distrações e quais são as suas, para que não fiquemos amargurados. Porque senão, propomo-nos rezar, mas as distrações acontecem e então dizemos: “puxa vida, eu sou um pecador mesmo…”, não é? E vamo-nos confessar de uma coisa que, no fundo, no fundo, não temos culpa alguma.
Quais são então as cinco causas de distrações involuntárias, das quais nós não somos culpados? Em primeiro lugar, o objeto que queremos contemplar, ou seja, a que queremos aplicar a nossa inteligência, a nossa vontade, é o que nós chamamos recolhimento. Este é um objeto obscuro, digamos assim, difícil de alcançar para o nosso intelecto. Pois, a nossa inteligência está acostumada com a luminosidade das coisas que nós vemos e não com a obscuridade do objeto da fé.
Uma comparação: imaginemos um cenário, que está totalmente na penumbra, mas há um objeto bem iluminado. O que é que a nossa visão faz? O que é que os nossos olhos fazem? Procuram o lugar onde está a luz. Fazendo isto, sentimo-nos muito mais confortáveis, por ver aquilo que está iluminado, do que ficar procurando um objeto escondido na penumbra, que não vemos direito. Este é o problema da oração.
A primeira coisa é que existe uma tendência para a distração na própria realidade que estamos tentando contemplar, que estamos tentando ver através de um ato de fé, que é a oração.
Além disso, quais são as outras quatro causas? Esta primeira é uma causa intrínseca do próprio objeto, mas existe o problema da nossa natureza decaída. Esta segunda causa de nossas distrações na oração faz com que a nossa inteligência e a nossa vontade sejam afetadas a todo o momento pelas nossas paixões desordenadas. Nós temos certa debilidade da inteligência e da vontade por causa do nosso pecado.
Se nós fôssemos Jesus Cristo ou se nós fôssemos a Virgem Maria, sem o pecado original, a nossa inteligência e a nossa vontade não teriam dificuldade nenhuma de rezar. Além disso, nós ainda não passámos pelo processo de purificação, nós ainda somos principiantes. Ainda não temos aquilo que os santos adquirem quando passam pela purificação. Então, vamos ter que aguentar as nossas paixões desordenadas. Além disso, temos o facto de que fisicamente podemos estar doentes, esta é a terceira causa.
Há doenças físicas que nos indispõem para rezar. Às vezes, uma dor de cabeça, um mal-estar, ou alguma outra coisa, impede de nos concentrar. Não é algo que quisemos. E, se estamos doentes, a oração fica difícil. Então, realmente, às vezes, a oração torna-se uma verdadeira luta, por causa da realidade física.
As duas últimas distrações são: os ataques do demónio; ou a simples permissão divina, na qual Deus permite as distrações para nos provar. Contra os ataques dos demónios, nós podemos lutar, principalmente usando a água benta. Este sacramental ajuda bastante a evitar este tipo de ataque, embora não seja uma coisa 100% garantida. Podemos também pedir a Deus, antes de iniciar a oração, que nos livre destes ataques do demónio. Esta prática igualmente não é uma coisa que nós podemos garantir 100%, porque aí vem o número cinco: há as permissões divinas. Deus, às vezes, quer nos ver lutar; por quê? Porque a luta é uma forma de mostrarmos o nosso amor. Se nunca lutamos por nada, é porque nunca amamos nada.