Espiritualidade
A inveja chega até nós do inferno, com os demónios a escolhê-la logo após o orgulho
- 21-09-2020
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Este dos sete
pecados capitais é um veneno sem antídoto
O que é pior: a
inveja ou o ciúme?
Esta é uma pergunta
um pouco complicada. As pessoas usam-nas alternadamente, então é como
perguntar: “O que é mais redondo – um círculo ou uma esfera?”
A inveja é listada
como um dos sete pecados capitais.
O Catecismo afirma:
“Inveja é a tristeza que se experimenta perante o bem alheio e o desejo
imoderado de se apropriar dele. É um vício capital”.
Ciúme e inveja
diferem significativamente. E eu acho que a inveja é o pior dos dois. Esta
ilustração pode ajudar a explicar o porquê.
Aconteceu numa festa
de aniversário no quintal de um menino de 5 anos de idade. Os pais de Mikey
pareciam ter comprado os cinco primeiros corredores da loja de brinquedos para
a ocasião. Mike foi o primeiro a sair, correndo de pacote em pacote, gritando
de alegria. As coisas ficaram feias quando as outras crianças correram para o
quintal com ele, igualmente encantadas com os pacotes. Ele correu de criança em
criança, agarrando pacotes e gritando: “MEU!” Ele estava a ficar
sobrecarregado. No outro extremo do quintal estava o Grande Prémio: um jipe
movido a bateria, com espaço suficiente para Mikey e a sua pilhagem – o seu
carro de fuga! Ele empilhou pacotes nos bancos dianteiros e traseiros e olhou
para escapar. Para seu horror, viu que não seria capaz de colocar todos os seus
presentes no carro. Havia crianças demais de quem se defender, e não havia
espaço suficiente para todos os presentes. Desesperado, gritou: “NÃOOOOOOO!”
Pensei comigo: “Se Dante tivesse visto isto, haveria outro canto no Inferno.”
A inveja é pior
porque é um veneno sempre expansivo. O ciúme pode dizer: “Não quero que tenhas
o que eu tenho!” A inveja diz: “Quero ter o que tu tens (sem merecer)!” Na pior
das hipóteses, a inveja diz: “Eu não quero que tu tenhas o que tu tens. ”São
João Vianney tinha estas palavras terríveis sobre a inveja:
“A Inveja, meus
filhos, segue o orgulho; quem tem inveja tem orgulho. A inveja nos chega do
inferno; os demónios pecaram por orgulho, pecaram também por inveja, invejando a
nossa glória, a nossa felicidade. Por que invejamos a felicidade e os bens dos
outros? Porque somos orgulhosos; gostaríamos de ser os únicos possuidores de
talentos, riquezas, estima e amor de todo o mundo! Nós odiamos os nossos
iguais, porque eles são nossos iguais; os nossos inferiores, pelo medo de que
eles se possam igualar a nós; os nossos superiores, porque estão acima de nós.”
“Da mesma forma,
meus filhos, que o diabo, após a sua queda, sentiu, e ainda sente, raiva
extrema por nos ver herdeiros da glória do bom Deus, o homem invejoso sente
tristeza ao ver a prosperidade espiritual e temporal do seu vizinho. Meus
filhos, andamos nos passos do diabo; como ele, ficamos irritados com o bem e
nos alegramos com o mal.”
A inveja não é
racional; e não nos traz nenhum bem. Satanás é a ilustração perfeita desta
verdade. No entanto, a inveja pode ser uma estratégia política muito astuta:
“Eles têm porque tu não tens; então eu tirarei deles para dar te dar a ti.”
Somente uma pessoa
de mente clara e bom carácter pode resistir à oferta material em troca do voto.
É assim que as multidões são enganadas, e os tiranos são recompensados. A
história está repleta de exemplos sangrentos do que acontece quando a inveja
incendeia uma população.
No extremo mais
distante, a inveja pode levar à violência. Mais comumente, a inveja leva ao
ressentimento, à dívida e à perda da capacidade de desfrutar de qualquer coisa
que seja boa. O Antigo Testamento oferece muitos desses avisos. Aqui estão
alguns:
O sentimento sadio é
vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos. (Provérbios 14, 30)
O ressentimento mata
o insensato, e a inveja destrói o tolo. (Jó 5, 2)
O Novo Testamento exorta-nos
a elevar os nossos corações acima das trivialidades:
Vós cobiçais coisas,
e não as tendes; matais e invejais, mas não conseguis obter o que desejais. Vós
viveis a lutar e a fazer guerras. Não tendes, porque não pedis. (Tiago 4, 2)
O pecado é uma
expressão do desejo irracional de colocar algum bem acima do bem supremo que é
Deus.
A inveja é
especialmente repulsiva porque gera rancor – uma inclinação a dizer (e, pior,
provocar): “Se eu (e somente eu) não posso ter isso – ninguém pode!”
Pensai nas coisas
que são de cima, e não nas que são da terra. (Colossenses 3, 2)
Vamos fazer um exame
de consciência e ver se o ídolo da inveja tem um santuário no nosso coração. Se
assim for, vamo-nos confessar.