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Espiritualidade

A inveja chega até nós do inferno, com os demónios a escolhê-la logo após o orgulho

 

Este dos sete pecados capitais é um veneno sem antídoto

 

O que é pior: a inveja ou o ciúme?

 

Esta é uma pergunta um pouco complicada. As pessoas usam-nas alternadamente, então é como perguntar: “O que é mais redondo – um círculo ou uma esfera?”

 

A inveja é listada como um dos sete pecados capitais.

 

O Catecismo afirma: “Inveja é a tristeza que se experimenta perante o bem alheio e o desejo imoderado de se apropriar dele. É um vício capital”.

 

Ciúme e inveja diferem significativamente. E eu acho que a inveja é o pior dos dois. Esta ilustração pode ajudar a explicar o porquê.

 

Aconteceu numa festa de aniversário no quintal de um menino de 5 anos de idade. Os pais de Mikey pareciam ter comprado os cinco primeiros corredores da loja de brinquedos para a ocasião. Mike foi o primeiro a sair, correndo de pacote em pacote, gritando de alegria. As coisas ficaram feias quando as outras crianças correram para o quintal com ele, igualmente encantadas com os pacotes. Ele correu de criança em criança, agarrando pacotes e gritando: “MEU!” Ele estava a ficar sobrecarregado. No outro extremo do quintal estava o Grande Prémio: um jipe ​​movido a bateria, com espaço suficiente para Mikey e a sua pilhagem – o seu carro de fuga! Ele empilhou pacotes nos bancos dianteiros e traseiros e olhou para escapar. Para seu horror, viu que não seria capaz de colocar todos os seus presentes no carro. Havia crianças demais de quem se defender, e não havia espaço suficiente para todos os presentes. Desesperado, gritou: “NÃOOOOOOO!” Pensei comigo: “Se Dante tivesse visto isto, haveria outro canto no Inferno.”

 

A inveja é pior porque é um veneno sempre expansivo. O ciúme pode dizer: “Não quero que tenhas o que eu tenho!” A inveja diz: “Quero ter o que tu tens (sem merecer)!” Na pior das hipóteses, a inveja diz: “Eu não quero que tu tenhas o que tu tens. ”São João Vianney tinha estas palavras terríveis sobre a inveja:

 

“A Inveja, meus filhos, segue o orgulho; quem tem inveja tem orgulho. A inveja nos chega do inferno; os demónios pecaram por orgulho, pecaram também por inveja, invejando a nossa glória, a nossa felicidade. Por que invejamos a felicidade e os bens dos outros? Porque somos orgulhosos; gostaríamos de ser os únicos possuidores de talentos, riquezas, estima e amor de todo o mundo! Nós odiamos os nossos iguais, porque eles são nossos iguais; os nossos inferiores, pelo medo de que eles se possam igualar a nós; os nossos superiores, porque estão acima de nós.”

 

“Da mesma forma, meus filhos, que o diabo, após a sua queda, sentiu, e ainda sente, raiva extrema por nos ver herdeiros da glória do bom Deus, o homem invejoso sente tristeza ao ver a prosperidade espiritual e temporal do seu vizinho. Meus filhos, andamos nos passos do diabo; como ele, ficamos irritados com o bem e nos alegramos com o mal.”

 

A inveja não é racional; e não nos traz nenhum bem. Satanás é a ilustração perfeita desta verdade. No entanto, a inveja pode ser uma estratégia política muito astuta: “Eles têm porque tu não tens; então eu tirarei deles para dar te dar a ti.”

 

Somente uma pessoa de mente clara e bom carácter pode resistir à oferta material em troca do voto. É assim que as multidões são enganadas, e os tiranos são recompensados. A história está repleta de exemplos sangrentos do que acontece quando a inveja incendeia uma população.

 

No extremo mais distante, a inveja pode levar à violência. Mais comumente, a inveja leva ao ressentimento, à dívida e à perda da capacidade de desfrutar de qualquer coisa que seja boa. O Antigo Testamento oferece muitos desses avisos. Aqui estão alguns:

 

O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos. (Provérbios 14, 30)

 

O ressentimento mata o insensato, e a inveja destrói o tolo. (Jó 5, 2)

 

O Novo Testamento exorta-nos a elevar os nossos corações acima das trivialidades:

 

Vós cobiçais coisas, e não as tendes; matais e invejais, mas não conseguis obter o que desejais. Vós viveis a lutar e a fazer guerras. Não tendes, porque não pedis. (Tiago 4, 2)

 

O pecado é uma expressão do desejo irracional de colocar algum bem acima do bem supremo que é Deus.

 

A inveja é especialmente repulsiva porque gera rancor – uma inclinação a dizer (e, pior, provocar): “Se eu (e somente eu) não posso ter isso – ninguém pode!”

 

Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra. (Colossenses 3, 2)

 

Vamos fazer um exame de consciência e ver se o ídolo da inveja tem um santuário no nosso coração. Se assim for, vamo-nos confessar.

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