A beleza de ser mulher
Precisamos de descobrir a beleza de sentir a mulher que há em cada uma de nós
Quando foi que percebi, pela primeira vez, que já não era uma menina e que me tinha tornado uma mulher? Talvez tenha sido quando fiz dezoito anos. Acredito, porém, que tenha sido mais no dia do meu casamento. Ao sair da Igreja com o meu esposo, recebendo os aplausos dos convidados, lembrei-me de tantos conceitos e exemplos que tinha cultivado com relação ao casamento; e num misto de alegria e responsabilidade, pensei: “Meu Deus! Agora sou uma mulher casada!”
Mas a verdade é que fazer a descoberta do “ser feminino” vai muito além de uma data ou um acontecimento, mesmo que este tenha grande importância, como é o caso do matrimónio. A vocação à feminilidade é um dom que Deus plantou no nosso coração de mulher desde o momento em que nos criou, e durante toda a nossa existência, o pulsar deste coração, que por natureza é parecido com o de Deus, vai-nos conduzindo à descoberta do ser feminino independente da idade, da profissão ou do estado de vida.
Percebo que sou mulher sempre que me sinto impulsionada a servir o meu próximo, mesmo que seja apenas com um gesto, um sorriso, um olhar ou até mesmo uma palavra de encorajamento, porque isto diz da vocação feminina, que foi criada também para amenizar as dores da humanidade.
A bíblia narra, em Géneses 1, que Deus tinha feito tudo bom o que existe e dado ao homem; mas ele ainda estava triste, porque não tinha encontrado cumplicidade em nada do que lhe fora apresentado. Então, Deus criou a mulher como complemento do homem, o “socorro” de que ele precisava para ser feliz. A ajuda adequada!
Quando conseguimos compreender bem isto e assumimos o nosso papel como mulheres inseridas em tantas realidades do mundo, muitas coisas podem mudar. Começamos por considerar que a mulher não encontra a felicidade adquirindo bens materiais, fama e status. Aliás, se fosse assim, não existiriam tantas mulheres lindas, famosas, ricas e tristes pelo mundo fora. A realização da alma feminina está justamente no amar, ou seja, na doação de si mesma para o bem comum. Ao olharmos para Madre Teresa de Calcutá, por exemplo, ficamos admirados. A sua fragilidade física e pobreza material nunca foram empecilhos para a felicidade com que viveu e a realização com que concluiu a passagem por este mundo. Ela é um exemplo de quem teve a coragem de contrariar a ditadura da segurança e da beleza, que tem falado tão alto em nossos dias, e seguir o seu coração feminino.
Aliás, o coração de uma mulher é uma das obras mais sagradas que existem, e quem se deixa conduzir por ele tem muita chance de ser feliz. É possível perceber isto já na infância, pois as brincadeiras, os gestos e as atitudes de uma mulher, mesmo que seja ainda em miniatura, demonstram que o seu coração foi criado para socorrer, para amar concretamente.
Outro dia, vi uma cena em família que retrata bem isto. A minha sobrinha de apenas dois anos de idade estava a brincar, quando observou que o seu avô se tinha deitado no chão duro da garagem para descansar depois do almoço. Logo que percebeu, ela parou imediatamente de brincar e foi ao quarto buscar um travesseiro para ele apoiar a cabeça. Fez um grande esforço para arrastar o travesseiro, e quando conseguiu acomodar bem o avô, voltou a brincar normalmente.
A mulher foi criada com o coração naturalmente inclinado ao serviço, e quanto mais ela ama, serve e cuida, mais plena e feliz se sentirá, seja qual for a idade e o lugar em que esteja.
Portanto, mulher, não te esqueças de que o teu coração é um reflexo do coração do próprio Deus, e é d’Ele que nasce a vida, fruto do amor que enriquece a compreensão do mundo. Ele contribui para a verdade plena das relações humanas, como recorda o Papa João Paulo II na carta às mulheres, e esta contribuição é fundamental. Não te canses de amar.
Deus pôs no teu íntimo uma feminilidade que é cativante! Poderosa e terna, humana e divina; e quanto mais tu a exerceres, mais te sentirás realizada na tua missão. Não permitas que nada apague o brilho da tua essência feminina, pois é nela que está o teu precioso coração de mulher, um presente divino para toda a humanidade!