Quando deixamos de rezar, acontece uma grande mudança no nosso interior

Na verdade, eu nunca tinha parado para pensar sobre isto, talvez por saber o bem que a oração me proporciona e também por ter, desde criança, aquela discreta lembrança que “Deus castiga se não rezamos”. A feliz descoberta que tenho feito, cada dia, é que, se eu parar de rezar, Deus não vai parar de me amar, pois o amor d’Ele é incondicional. Ele não ama porque é amado, Deus ama, porque é o próprio amor.

Alguém pode perguntar: “Então, por que é que a Palavra de Deus nos ensina: ‘Orai sem cessar em todas as circunstâncias?'” (Tes. 5). É que a oração purifica o coração de todos os afetos desordenados ligados às coisas terrenas e passageiras e aproxima-nos de Deus, de quem a nossa alma tem sede e saudade, mesmo que ainda não tenhamos consciência disso.

Compreendi melhor o valor da oração ouvindo a história que partilho: “Conta-se que, numa floresta, existia uma ermida antiga, abandonada e dedicada a São Roque. Todos os anos, na altura da sua festa, vinha o piedoso sacristão da aldeia vizinha, que varria e enfeitava o pequeno santuário com simplicidade e beleza. Na véspera da festa, o velho sino da ermida era tocado fortemente para convidar os moradores das redondezas a participar dos festejos. No alto da pequena torre, o sino tinha guardado um ano de silêncio e solidão. Aves e insetos noturnos encontraram ali um abrigo tranquilo, onde se aninharam confortavelmente dominando o espaço. Porém, bastava o primeiro repicar do sino e todos saíam esvoaçados em busca de outras paragens.”

Isto faz-nos compreender o que acontece no nosso interior. Quando deixamos de rezar, bem depressa, ídolos ocultos começam a acomodar-se nos recantos obscuros da nossa alma e tentam aí fazer a sua morada. A cobiça, o orgulho a auto-suficiência, a avareza, a vaidade e tantas outras mazelas aninham-se no nosso ser causando desânimo, tristeza e cada vez mais distanciando-nos da felicidade que Deus nos quer proporcionar. Eu sou testemunha disso. Muitas vezes, percebo que estou agitado, impaciente e intolerante até comigo mesmo. Então, é como se um sininho discreto começasse a tocar lá no meu interior avisando que está a faltar oração. Quando isto acontece, procuro imediatamente retomar com mais afinco a minha espiritualidade e, sem demora, também percebo os frutos. É que quando tomamos ânimo e fazemos repicar os sinos da oração na nossa vida, expulsamos do nosso interior tudo o que é contrário a Deus e a nossa alma fica preparada para recebê-Lo. Como Ele é a própria luz, entra na nossa alma e dissipa toda a espécie de trevas, devolvendo-nos a paz e a serenidade que tanto queremos.

Então, façamos ressoar o sino da oração na nossa vida, com coragem e disposição hoje mesmo! A reza do terço, a leitura da Palavra de Deus, a confissão dos pecados e a participação na Santa Missa podem ser ótimas dicas para recomeçar. E lembre-se: mesmo que pare de rezar, Deus vai continuar amando-o. Mas se rezar, poderá experimentar este amor, e isto fará toda diferença!