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Espiritualidade

"Eu não preciso de Deus para ser bom"

 “Eu não preciso de Deus para ser bom”

 

O que podemos pensar desta e de outras afirmações típicas dos ateus?

Há pessoas que se consideram autossuficientes na sua “bondade”. O venerável Arcebispo Fulton Sheen referia-se ironicamente a elas como pessoas legais.

As pessoas legais vêem a crença em Deus como necessária somente para os mais fracos, que precisam que uma força divina os obrigue a agir de forma ética e solidária, sob ameaça de punição.

De facto, não é preciso ter uma religião para ser um cidadão correcto. “Todos temos um código moral intrínseco. Não preciso dos Dez Mandamentos para saber que não devo matar alguém”, disse o autor agnóstico Dan Brown. Esta declaração está de acordo com o ensinamento de São Paulo:

Os pagãos, que não têm a lei, fazendo naturalmente as coisas que são da lei, embora não tenham a lei, a si mesmos servem de lei; eles mostram que o objecto da lei está gravado nos seus corações, dando-lhes testemunho a sua consciência, bem como os seus raciocínios, com os quais se acusam ou se escusam mutuamente. (Romanos 2, 14-15)

A ideia comum de “boa pessoa” é simplesmente a de alguém que não mata e não rouba, e que, eventualmente, até pratica alguns actos de solidariedade. Isto é bem distante do ideal cristão de “homem novo”: aquele que busca alcançar a santidade. Para ser bom (dentro do critério de bondade meramente mundano), ninguém precisa de religião. Mas para ser santo, só mesmo implorando a graça de Deus.

Esta diferença fica clara no encontro de Cristo com o jovem rico. O jovem não matava, não roubava, respeitava os pais, não mentia. Tudo isto ele já fazia, mesmo antes de ter encontrado o Senhor. Mas, Jesus indicou-lhe que, se o seu desejo era ir além e alcançar a perfeição, deveria deixar os seus bens e segui-Lo (Mateus 19,16-21).

Cristo e o Evangelho não são métodos de aprimoramento pessoal. Quem vê a religião assim, acaba por desanimar e por abandonar a prática religiosa, ou então afunda-se cada vez mais no moralismo – uma prática devocional que se reduz ao seguimento de regras. Porque, mais cedo ou mais tarde, a pessoa descobre que não precisa de Cristo para ser uma pessoa legal, com um comportamento considerado ético e até admirável pela sociedade.

O cristianismo não tem por objectivo ensinar-nos a ser pessoas legais, mas a mostrar-nos como podemos morrer e nascer de novo, ressurgindo para o mundo como novas criaturas. Por isso, Jesus disse a Nicodemos: “quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus” (João 3, 3).

Esta morte que precede o renascimento espiritual, necessariamente, passa pela dor de carregar com amor as nossas cruzes diárias – desde as pequeninas até às grandes cruzes.

A religião tem um efeito moralizador, que injecta equilíbrio em vidas que antes estavam perdidas no caos. São muitos os testemunhos de pessoas que viviam no crime, na prostituição ou escravizadas pelas drogas, e que só se libertaram destas amarras após abraçarem alguma prática religiosa. É claro que isto não é ruim, é muito bom. Mas, a religião não existe meramente para isto.

Reduzir o papel da religião à tarefa de nos tornar “bons meninos” e “boas meninas” (ou “homens e mulheres de bem”) é equipará-la à prática desportiva, à psicanálise, às ONGs ou à meditação. Porque, assim como muitos largaram as drogas, o crime e a prostituição graças à igreja, outros tantos conseguiram o mesmo efeito por aqueles outros meios.

A proposta de Cristo não é tornar-nos pessoas melhores: é fazer-nos NOVAS CRIATURAS.

Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. Dentro de vós meterei o meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos. (Ezequiel 36 26-27)

A Boa Nova é uma doutrina de regeneração radical, não de mero aprimoramento. É uma proposta de vida para pessoas que se reconhecem como nada sem Deus. Isto fica evidente na parábola do fariseu e do publicano:

Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano. O fariseu, em pé, orava no seu interior, assim: Graças te dou, ó Deus, porque não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros. O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador! Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado. (Lucas 18, 10-14)

Esta passagem do Evangelho é desconcertante! A pessoa mostrada por Cristo como referência é um exemplo de arrependimento, não um exemplo de moral. Porque somente quem reconhece o seu nada está pronto para reconhecer que precisa de ser preenchido pelo tudo de Deus.

Nisto consiste o plano de Deus para a nossa vida: em nos transformar em um “outro Cristo”: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2, 20).

Quem pratica a religião simplesmente como um meio de se “manter na linha” é o tipo que mais facilmente desespera e perde a fé quando as coisas vão mal. Quando as doenças, as traições, os problemas financeiros, a morte de alguém amado ou a humilhação batem à porta, a pessoa revolta-se, pois não acha justo Deus ter permitido tais sofrimentos abaterem alguém “tão bom” como ele: “Eu não merecia isto!”

Antes de tudo, Deus não espera de nós um bom comportamento, mas sim ARREPENDIMENTO e FÉ. Sobre esta dupla base, ELE FARÁ A SUA OBRA EM NÓS, Ele transformará o nosso coração por meio da acção do Espírito Santo. Por isso São Paulo ensina que seremos salvos pela fé, e não pelas obras, para que ninguém se vanglorie (Efésios 2, 8,9).

Transformados pela graça de Deus, podemos ser cada vez mais capazes de realizar as boas obras, que são o sinal de uma fé verdadeira. Pois Cristo nos criou para as boas ações, que devem ser por nós praticadas (Efésios 2, 10).

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