Muitos cristãos têm de S. Paulo a ideia que era um grande mestre de fé, explicador de grandes verdades e doutrinas. Sem dúvida, o pensamento do Apóstolo possui uma riqueza e profundidade inegáveis. Mas Paulo também é um homem simples que fala da vida de todos os dias. Ouçamos:
Da Carta de S. Paulo aos Romanos (Rom. 12, 9 – 18.20-21)
Que o vosso amor seja sincero. Detestai o mal e apegai-vos ao bem. Sede afectuosos uns para com os outros no amor fraterno; adiantai-vos uns aos outros na estima mútua. Não sejais preguiçosos na vossa dedicação; deixai-vos inflamar pelo Espírito; entregai-vos ao serviço do Senhor. Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração. Partilhai com os santos que passam necessidade; aproveitai todas as ocasiões para serdes hospitaleiros. Bendizei os que vos perseguem; bendizei, não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. Preocupai-vos em andar de acordo uns com os outros; não vos preocupeis com as grandezas, mas entregai-vos ao que é humilde; não vos julgueis sábios por vós próprios. Não pagueis a ninguém o mal com o mal; interessai-vos pelo que é bom diante de todos os homens. Tanto quanto for possível e de vós dependa, vivei em paz com todos os homens. Se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se tem sede, dá-lhe de beber... Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem
1º Mistério; A Anunciação do Anjo a Nossa Senhora
«Que o vosso amor seja sincero. Detestai o mal e apegai-vos ao bem.» Paulo não é um ingénuo ou idealista romântico. Pelo contrário, convencido de que o amor é a bandeira e o distintivo do cristão, o Apóstolo desce ao “terra-a-terra” de todos os dias. Toda esta passagem é construída com uma verdadeira cascata de imperativos de diversos níveis, mas que se sintetizam no mandamento novo que Jesus nos deu na Última Ceia.
2º Mistério: A Visitação
«Não sejais preguiçosos na vossa dedicação; deixai-vos inflamar pelo Espírito; entregai-vos ao serviço do Senhor.» Na vivência do amor desinteressado, contamos com a presença e a força do Espírito. Deixados às nossas capacidades e forças, sabemos que muitas vezes nos perdemos nas meras “boas intenções”. Reconhecemos a força do Espírito quando os homens procuram entender-se, os adversários se dão as mãos e assim são vencidas as divisões e as discórdias.
3º Mistério: O nascimento de Jesus
«Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração.» Neste versículo, Paulo apresenta-nos o Bilhete de Identidade do Cristão: nele devem brilhar a alegria, a esperança, a paciência, a perseverança e a oração. Quando rezamos, não nos limitamos a pedir coisas a Deus porque, como diz Jesus, no Sermão da Montanha no Evangelho de Mateus, o nosso “Pai do Céu bem sabe do que precisamos antes mesmo de lho pedirmos”. Quando rezo, peço a Deus que me ajude a alargar os meus horizontes para aprender a ver o mundo, a história e os homens, não apenas como eu os vejo, mas como Deus os vê.
4º Mistério: A Apresentação de Jesus no templo
«Bendizei os que vos perseguem; bendizei, não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram.» Em todos estes concelhos, está implícita uma das bem-aventuraças de Jesus: «Bem-aventurados os construtores da paz, porque serão chamados Filhos de Deus!» ser discípulo de Jesus é aprender a fazer feliz o outro, mesmo se, por vezes, esse serviço implica a renúncia a mim mesmo. Quantos pais, quantas mães, são exemplos discretos deste amor abnegado em favor dos seus filhos! Aprender a fazer das alegrias e tristezas dos irmãos as minhas alegrias e tristezas, é viver a caridade e a compaixão, ao exemplo do Bom Samaritano.
5º mistério: Perda e encontro de Jesus
«Se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se tem sede, dá-lhe de beber... Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem» Podemos dizer que S. Paulo é herdeiro de toda a tradição do evangelho: em quantos destes versículos que ouvimos, nos vieram à memória palavras e gestos de Jesus? Paulo e Jesus são unânimes em afirmar que a violência, o “olho por olho e dente por dente” não se enquadram na dinâmica do Reino de Deus que é comunhão entre Deus e os homens e fraternidade dos homens entre si.
ORAÇÃO FINAL; 26