O sinodo Ângelus: simbolismo e efeitos benéficos
O Ângeluscompõe-se de duas partes essenciais: a oração e o som do sino. O sino dá aoÂngelus uma solenidade excepcional.
Por que é que o sino toca o Ângelus de manhã, ao meio-dia e à tarde? Por ordemda Igreja Católica, cumpre a palavra do rei profeta: "À tarde, de manhã eao meio-dia, cantarei os louvores de Deus, e Deus ouvirá a minha voz".
À tarde, canta o princípio da Paixão do Redentor no Jardim das Oliveiras. Demanhã, a sua Ressurreição, e ao meio-dia a sua Ascensão.
De manhã, dá o sinal do despertar, da oração e do trabalho. Ao meio-dia,adverte o homem de que a metade do dia é passada, e que a sua vida não é maisque um dia.
Fazendo ouvir a sua voz três vezes por dia, recorda aos cristãos as lembrançasde um glorioso passado, as belicosas expedições, a honra eterna dos Papas, quesalvaram o Ocidente da barbárie muçulmana.
Toca três vezes, para recordar as três Pessoas da Trindade, às quais o mundo édevedor da Encarnação.
Toca nove vezes, em honra dos nove coros de anjos, para convidar os habitantesda Terra a abençoar com eles o seu comum benfeitor.
Entre cada tinido - ou melhor, entre cada suspiro - deixa um intervalo, paraque a sua voz desça mais suavemente ao coração e desperte com mais segurança oespírito de oração.
Por que é que depois do tinido do Ângelus, o sino faz ribombar a sua voz? Cantauma dupla redenção: a redenção dos vivos, pelo mistério da Redenção, e aredenção dos finados, pela indulgência ligada ao Ângelus.
Ao Purgatório toca uma felicidade, e a Maria a saudação de uma alma que entrano céu. Assim opera a Igreja da terra, cheia de ternura pela sua irmãpadecente.
Por que chora o sino na agonia? Se reflete as alegrias deve refletir também asdores.
Para sustentar o jovem cristão nos combates da vida, o sino pede as nossasorações.
Como não solicitá-las nas lutas da morte? Entre todas, estas lutas não são asmais terríveis e as mais decisivas.
No toque da agonia, o sino diz: Tende piedade de mim, pelo menos vós que fostesmeus amigos! Vinde orar por mim, vinde sepultar o meu corpo, vinde acompanhá-loà igreja, depois ao dormitório, onde ele deve repousar até a ressurreição dosmortos.
O sino, nesse momento, assemelha-se a uma mãe que, na sua terna solicitude, nãose permite nem paz nem trégua, para clamar em socorro dos seus filhosdesgraçados e obter a sua libertação.
Também o sino deve tornar o cristão invencível na sua guerra contra os demónios.
Ao estridor dos sinos - acrescenta um dos nossos antigos liturgistas - osespíritos das trevas são penetrados de terror, da mesma forma que um tirano seespanta quando ouve ressoar nas suas terras as trombetas guerreiras de ummonarca seu inimigo.
Toque de recolher: no inverno, nos países montanhosos, pelas nove horas danoite, o sino faz ouvir a sua voz mais forte.
Chama o viajante desencaminhado, e indica-lhe a estrada que deve seguir parachegar ao lugar onde achará a hospitalidade. Uma imagem do que também acontececom as almas perdidas no pecado.
Eram inteiramente outros os sentimentos dos nossos religiosos antepassados.
Testemunhas inteligentes das bênçãos e das consagrações praticadas pela Igrejano batismo dos sinos, devotavam-lhe um profundo respeito e santo pavor.