Com uma grande foto do jogador brasileiro Kaká, de braços abertos a festejar um golo, o jornal "Público" dava relevo há dias à vida íntima do grande futebolista:
"Kaká e aquela que é hoje a sua mulher queriam chegar virgens ao casamento... O centro-campista esperou, conteve-se e nunca abdicou da sua escolha", porque, explica ele próprio, "a Bíblia ensina-nos que o verdadeiro amor só se alcança com o matrimónio".
Kaká é um jogador de elite. Que dá gosto ver, pela alegria e frescura do rosto, pelo entusiasmo que põe na disputa da bola, pelo jeito com que ultrapassa tudo e todos a caminho da baliza adversária, pela correcção e disciplina com que joga.
É um jogador admirável, grande entre os grandes do Milão, que este ano conquistou a Liga dos Campeões.
E se grande no Milão, também grande e admirado em todo o mundo.
Pois é este homem, a quem pagam rios de dinheiro, que se faz arauto da virgindade até ao matrimónio, porque foi capaz de ler e interpretar a Bíblia, e soube e sabe lutar contra as tentações.
Se se acrescentar que começou a namorar aos dezanove anos uma menina de quinze, e casou três anos depois, pode avaliar-se a fibra destes jovens e a felicidade que, naturalmente, os acompanha por terem sabido vencer.
A divulgação do caso pode parecer exibicionismo imodesto. Mas nos tempos que correm e no meio do hedonismo que se cultiva, talvez seja mais apreciado o "conquistador" que colecciona "namoradas", do que aquele que leva para o casamento "uma mente sã num corpo são".
A masculinidade mal entendida é polígama e feita de experiências fugazes que embotam os sentidos, empobrecem o carácter e estiolam a afectividade.
Porque a verdadeira masculinidade domina o corpo e os sentidos e submete-os a uma inteligência que sabe escolher o futuro e traça o rumo a seguir.
E com homens assim, de fibra, como Kaká, que a sociedade se regenera e o mundo se faz melhor.
Por isso, foi bom que desse o seu testemunho desassombrado, que alguns podem depreciar, mas que é digno de reflexão.
Quando um "grande" tem a humildade de revelar o que lhe vai na alma, e é grande o que lá vai, o seu testemunho dá fruto.
Porque se na Natureza nada se perde, na virtude tudo se ganha.
Há tantos ídolos com pés de barro... Kaká tem pés humanos e bem assentes na terra.
Joaquim Bicho ("Porta do Sol")