Uma pergunta – "As Testemunhas de Jeová acusam os católicos de estarem contra a Bíblia no que se refere às imagens, dizendo que a Igreja Católica não tem poder para mudar a Bíblia que as proíbe'*.
A resposta – Claro que a Igreja Católica não tem poder para alterar a Bíblia; mas tem-no para legitamente a interpretar, conferido pelo próprio Jesus Cristo ao incumbir o seu representante de apascentar as suas ovelhas e cordeiros (Jo 21,13-17); e ao dar a esse representante o poder de ligar e desligar(Mt 16, 18-19);
E para que o ensino das verdades reveladas fosse verdadeiro e seguro, "abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras". (Lc 24,45).
É com esse poder e essa garantia, que a igreja, assistida pelo Espírito Santo, ensina:
"Conservamos intactas todas as tradições, escritas ou não, que nos foram transmitidas ".
Uma delas é a representação pictórica das imagens, de acordo com a pregação evangélica. (Conc. de Niceia, em 787; Cod 111):
«Seguindo a doutrina divinamente inspirada dos nossos santos Padres e a tradição da Igreja Católica, na qual habita o Espírito Santo, definimos, com toda a certeza e oportunidade, que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da Cruz preciosa e vivificante, quer pintadas, ou representadas em mosaico ou de qualquer outra maneira apropriada, se exponham nas igrejas (...) e nos caminhos; tanto a imagem de nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de nossa Senhora, puríssima e santa Mãe de Deus, a dos santos anjos e de todos os santos e justos».
E dá a razão: «Porque quanto mais forem contempladas tanto mais moverão a tributar veneração a quem elas representam, e não com latria verdadeira (que só convém à natureza divina) porque a honra se dirige ao original ou pessoa nas imagens representada». (D 302).

++++++

O povo de Israel era o único povo monoteísta no meio de tantos povos politeístas.
Daí, no A. Testamento, a proibição severa de fazer imagens que podiam facilmente transformar-se em ídolos pagãos substitutivos do único Deus verdadeiro. Excluído portanto esse perigo, deixa de fazer sentido esta proibição.
Mas já no A. Testamento, houve casos em que o próprio Deus ordenou a pintura de imagens, como ao mandar fazer dois anjos (querubins) «com os rostos voltados um para o outro, inclinados para o propiciatório, sobre a Arca da Aliança» (Ex. 25,16).
Salomão, ao construir o Templo, mandou esculpir querubins nas paredes(2 Par 3,7).
Ainda no mesmo livro (3, 10-13) se fala em mais outros dois querubins de proporções gigantescas, revestidos de ouro, colocados no interior do próprio santuário.
O 1.° Livro dos Reis (6,23-28) fala de «dois querubins feitos de oliveira, com dez côvados de altura», colocados «no santuário ao fundo do Templo».
No A. T., Deus, puro espírito, não tinha rosto, não se podendo portanto figurar em imagem. Mas no N. T., Deus, assumindo a nossa natureza, já tem rosto como nós.
Porque se não há-de, pois, poder pintar ou esculpir a figura de Cristo, embora idealizada, se, por meio dessa imagem, os nossos sentidos nos facilitam a intimidade com Ele, e nos permitem maior elevação espiritual e mais sentida adoração?
Insurgindo-se contra os iconoclastas, o Papa S. Gregório Magno (590-604) salienta o papel das imagens, dizendo que "os iletrados, olhando para elas, aprendem o que não podem ler noslivros" (Ep. IX, 10,5).
S. João Damasceno, (Imag. 2,27) escreve:
«A beleza e o colorido das imagens estimulam a minha oração. É uma festa para os meus olhos; tanto como o espectáculo duma campina impele o meu coração a dar glória a Deus».
Se os israelitas, mordidos pelas serpentes, no deserto, obtinham a cura olhando para a imagem duma serpente de bronze mandada fazer pelo próprio Deus (Num 21,9), porque não há-de o novo povo de Deus, na travessia deste mundo, poder olhar para uma imagem do redentor, ou de sua Mãe, que esmagaram a serpente infernal, e pedir a cura das mordeduras dos pecados ou as graças necessárias à salvação? (in Magnificat, Novembro de 2007)