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Castidade

Três modos de vencer a luxúria

 Já nalgum momento da tua vida tiveste pensamentos luxuriosos ou sensuais? Se a resposta for negativa, parabéns, és uma criatura rara, aliás, muito rara, por que não dizer, um “anjo formado por células.

Se a resposta foi “sim”, quero te convidar para descobrirmos juntos o que São Tomás ensina para vencer este grande mal. Antes, porém, é preciso dizer que o sentido originário da expressão “luxúria” está permeado pela ideia de “algo fora do lugar”, “deslocado”. Sendo assim, se algo está fora do lugar em nós, nada mais justo do que nos esforçarmos para colocar todas as coisas no seu devido lugar.

Não penses que a luxúria é uma questão meramente exterior, em que actos são realizados de maneira palpável. Na verdade, os actos exteriores estão no final de um processo que foi previamente pensado, consentido, planeado e executado. Isto faz recordar esta frase: “Os passos que conduzem um assassino na direcção da sua vítima são passos de assassino. Eles participam da maldade total do seu acto, porque o seu fim é mau”. Logo, ele não seria assassino se se tivesse recusado a dar aqueles passos.

Em síntese, a luxúria é uma inclinação desordenada mais ou menos forte para experimentar um prazer ilegítimo. Também é importante lembrarmo-nos de que ela é condenada por dois mandamentos da lei de Deus: “Não cometerás adultério” e “Não cobiçarás a mulher do teu próximo”. É, também, contada entre os sete pecados capitais, quer dizer, é geradora de muitos outros pecados. Aí estão outras motivações importantes para que lutemos e nos esforcemos contra esta maléfica inclinação.

O próprio São Tomás de Aquino alerta que, para vencer a luxúria, é necessário muito esforço e perseverança. Toda esta dificuldade se dá justamente porque a luxúria é um vício interno. É muito mais desgastante vencermos um inimigo que é nosso hóspede do que aquele que mora do outro lado da cidade. Contudo, se achas que é impossível guardar a continência, devemos dizer que Santo Agostinho também achava, porém, depois de convertido a Deus, sustentado pelos exemplos dos santos e podendo contar com a graça de Deus por meio dos Sacramentos, ele pôde compreender que não há coisa impossível para quem sabe orar e lutar.

São Tomás de Aquino orienta-nos que a primeira medida a tomar para vencermos a luxúria é fugindo das ocasiões que nos levam a ela. Afastemos, portanto, o nosso corpo dessas ocasiões. Evitar lugares, companhias que te levam ao pecado. Proteger o olhar, o ouvido e os outros sentidos dessas ocasiões. Ter muito cuidado com a televisão, o telemóvel, o computador, a internet. Este passo ninguém o poderá dar por ti.

O segundo conselho de São Tomás está voltado para os pensamentos. Não alimentes os pensamentos que sabes que te vão levar ao pecado. O menor dos petiscos que ofereces ao mau pensamento serve de alimento para um próximo que, por sua vez, é infinitamente mais forte do que o primeiro. Cuida, portanto, dos teus pensamentos. Eles são sempre mais fortes que nós.

O terceiro conselho não poderia ser outro senão a oração. Com relação à oração, inclui-se a pessoal e a comunitária; a vivência dos sacramentos; a busca de uma vida espiritual; a leitura de textos virtuosos e decentes, que alimentam e nutrem verdadeiramente a alma; a meditação da palavra de Deus; a aceitação dos sofrimentos e da decrepitude natural da vida e, porque não dizer os pequenos gestos de mortificação? Não esqueçamos de que o nosso maior combate se trava no campo espiritual, não no campo carnal.

Por fim, São Tomás de Aquino ainda deixa uma dica especialíssima, sem a qual não se vence a luxúria: uma vida de ocupações lícitas. Cuida das tuas ocupações, a ociosidade é um grande mal. Que o demónio nunca te encontre desocupado, dizia São João Bosco. O descanso é importantíssimo, mas a ociosidade é extremamente maléfica. Ocupa-te nas coisas santas e que agradam a Deus. Para concluir, São Tomás de Aquino diz que a melhor das ocupações é o estudo das Escrituras. Lembremos que é um grande santo que nos diz isso.

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