Se a resposta foi “sim”, quero te convidar para descobrirmos
juntos o que São Tomás ensina para vencer este grande mal. Antes, porém, é
preciso dizer que o sentido originário da expressão “luxúria” está permeado
pela ideia de “algo fora do lugar”, “deslocado”. Sendo assim, se algo está fora
do lugar em nós, nada mais justo do que nos esforçarmos para colocar todas as
coisas no seu devido lugar.
Não penses que a luxúria é uma questão meramente exterior, em
que actos são realizados de maneira palpável. Na verdade, os actos exteriores
estão no final de um processo que foi previamente pensado, consentido, planeado
e executado. Isto faz recordar esta frase: “Os passos que conduzem um assassino
na direcção da sua vítima são passos de assassino. Eles participam da maldade
total do seu acto, porque o seu fim é mau”. Logo, ele não seria assassino se se
tivesse recusado a dar aqueles passos.
Em síntese, a luxúria é uma inclinação desordenada mais ou
menos forte para experimentar um prazer ilegítimo. Também é importante
lembrarmo-nos de que ela é condenada por dois mandamentos da lei de Deus: “Não
cometerás adultério” e “Não cobiçarás a mulher do teu próximo”. É, também,
contada entre os sete pecados capitais, quer dizer, é geradora de muitos outros
pecados. Aí estão outras motivações importantes para que lutemos e nos
esforcemos contra esta maléfica inclinação.
O próprio São Tomás de Aquino alerta que, para vencer a
luxúria, é necessário muito esforço e perseverança. Toda esta dificuldade se dá
justamente porque a luxúria é um vício interno. É muito mais desgastante
vencermos um inimigo que é nosso hóspede do que aquele que mora do outro lado
da cidade. Contudo, se achas que é impossível guardar a continência, devemos
dizer que Santo Agostinho também achava, porém, depois de convertido a Deus,
sustentado pelos exemplos dos santos e podendo contar com a graça de Deus por
meio dos Sacramentos, ele pôde compreender que não há coisa impossível para
quem sabe orar e lutar.
São Tomás de Aquino orienta-nos que a primeira medida a tomar
para vencermos a luxúria é fugindo das ocasiões que nos levam a ela. Afastemos,
portanto, o nosso corpo dessas ocasiões. Evitar lugares, companhias que te
levam ao pecado. Proteger o olhar, o ouvido e os outros sentidos dessas
ocasiões. Ter muito cuidado com a televisão, o telemóvel, o computador, a
internet. Este passo ninguém o poderá dar por ti.
O segundo conselho de São Tomás está voltado para os
pensamentos. Não alimentes os pensamentos que sabes que te vão levar ao pecado.
O menor dos petiscos que ofereces ao mau pensamento serve de alimento para um
próximo que, por sua vez, é infinitamente mais forte do que o primeiro. Cuida,
portanto, dos teus pensamentos. Eles são sempre mais fortes que nós.
O terceiro conselho não poderia ser outro senão a oração. Com
relação à oração, inclui-se a pessoal e a comunitária; a vivência dos
sacramentos; a busca de uma vida espiritual; a leitura de textos virtuosos e
decentes, que alimentam e nutrem verdadeiramente a alma; a meditação da palavra
de Deus; a aceitação dos sofrimentos e da decrepitude natural da vida e, porque
não dizer os pequenos gestos de mortificação? Não esqueçamos de que o nosso
maior combate se trava no campo espiritual, não no campo carnal.
Por fim, São Tomás de Aquino ainda deixa uma dica especialíssima,
sem a qual não se vence a luxúria: uma vida de ocupações lícitas. Cuida das tuas
ocupações, a ociosidade é um grande mal. Que o demónio nunca te encontre
desocupado, dizia São João Bosco. O descanso é importantíssimo, mas a
ociosidade é extremamente maléfica. Ocupa-te nas coisas santas e que agradam a
Deus. Para concluir, São Tomás de Aquino diz que a melhor das ocupações é o
estudo das Escrituras. Lembremos que é um grande santo que nos diz isso.