Castidade
Seis coisas para não fazer quando a tentação vem: o conselho de São Francisco de Sales
- 15-10-2023
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A vida cristã na prática desportiva: é preciso dedicar tempo
e esforço para aperfeiçoar a sua prática.
Salvando as distâncias, a vida cristã tem certa semelhança
com o desporto: aperfeiçoar a sua prática é mais complexo do que parece à
primeira vista. Quando uma criança brinca com uma bola, tudo o que ela precisa de
fazer é levar a bola ao o pai. Mas aperfeiçoar o passe é completamente
diferente, envolve muito esforço e muitas horas de treino. Igualmente, depois
de descobrir que o pecado é uma coisa ruim, afastar-se dele e viver a vida
moral cristã parece uma ideia bastante simples: não devemos fazer as coisas que
Jesus diz que são pecados. No entanto, depois de algum tempo e esforço,
descobre-se que há mais do que parece. O pecado e a tentação são mais
complicados do que parecem. Então, chega o momento em que é necessário estudar
os mecanismos para evitar a tentação: as pequenas coisas que levam à vitória
pela graça de Deus.
Para ajudar nesta batalha, o Cavalheiro Católico recorreu ao
conselho de São Francisco de Sales e ao seu livro, Introdução à Vida Devota, e
destaca seis coisas a não fazer na luta contra a tentação e o pecado:
1. Não ames a tentação
Parece óbvio, mas mesmo depois de ter rompido completamente
com certos pecados, a tentação de os cometer ainda pode ser bastante agradável.
Mesmo que um homem se tenha livrado de explosões de raiva na sua vida,
permitir-se pensar em como ele repreenderia as pessoas que o deixaram com raiva
pode lhe dar uma grande sensação de vitória. Embora outro homem nunca traísse a
esposa, considerar a ideia de estar com o colega de escritório que está sempre a
ver como o pode fazer sentir-se muito bem. Esta tentação agrada e é sempre o primeiro
passo para consentir nela.
2. Não te deixes cair em tentação
Isto também implica perspicácia e honestidade. Primeiro, é
preciso previsão: se a pessoa sabe que cada vez que participa em conversas
durante a refeição que acabam sempre por falar em coisas feias e a criticar
outras pessoas, a culpa é de si mesmo se acabar por cair nestas conversas. Ao
mesmo tempo, exige honestidade: muitas vezes a pessoa expõe-se a situações
perigosas acreditando que já está "além" de certos pecados. Isto pode
ser verdade, mas é mais raro do que pensa. Se alguém percebe que pára ou mesmo
se deleita com certas tentações, precisa de ser honesto sobre as situações em
que está exposto para as alcançar. A solução é simples. Como diz o ditado
popular: "quem evita a tentação, evita o pecado".
3. Não fiques angustiado!
Ser tentado não é pecado. Se alguém tem inveja de algo que o
outro tem e quer tomar quando ninguém está a ver, desde que continue a ser um
sentimento, é apenas uma tentação irritante. Mas é quando alguém se frustra por
ser tentado que as coisas podem piorar: "A preocupação é o maior mal que
pode recair sobre a alma, excepto o pecado". Quando se perde a paz, começas
a acreditar na grande mentira do Tentador de que ele nunca superará o
sentimento de lutar uma batalha que é difícil e nunca terminará. E quando esta
mentira se instala na mente, o próximo passo é a queda.
4. Não prestes atenção às tentações
São Francisco de Sales faz uma distinção entre tentações
maiores e menores: por exemplo, a tentação de assassinar alguém em vez de se
irritar com ele; roubo, em vez de cobiça; cometer perjúrio em vez de contar uma
mentira; cometer adultério, em vez de não cuidar dos olhos. Embora devamos
lutar arduamente contra as grandes tentações, sobre as tentações menores diz
que a principal tarefa é simplesmente as deixar passar: eliminá-las silenciosamente e não as
deixar roubar a paz. É o velho truque do elefante cor-de-rosa: quanto mais
tentamos não pensar nos elefantes cor-de-rosa, mais eles atrapalham a nossa
consciência. Quando as tentações surgem e são reconhecidas, devem ser
rejeitadas e continuadas, sem pensar mais nelas. Caso contrário, tornam-se
perigosas.
5. Não faças disto um jogo de vontade
Quando um homem está especificamente a tentar superar um
certo pecado na sua vida, ele é muitas vezes desencorajado pela sua fraqueza em
combater as tentações deste pecado. Muitas vezes, o problema é de perspectiva.
Se alguém pensar: "Vou provar a Deus quão bom posso ser e não pecar",
em vez de "Eu amo a Deus e, portanto, odeio o pecado e quero me livrar
dele porque isto prejudica o meu relacionamento com Ele", não é de admirar
que Deus permita que tu caias –pensarias que Ele é teu próprio salvador. A
autossuficiência continua a ser uma das maiores causas do fracasso. Quando as
tentações chegam, a chave é confiar mais profundamente na graça de Deus,
humilhar-se diante Dele e passar a amá-Lo mais.
6. Não te cales
Talvez uma das verdades mais importantes a serem lembradas
quando se trata de pecado e tentação é que tu não estás nessa luta. Deus está
lá, mas o Maligno também. O diabo não é apenas um conto de fadas; Ele é real e
tem impacto na vida das pessoas. Embora uma grande fonte de tentação venha da
desordem das nossas almas, Satanás e os outros espíritos malignos também são
intensamente activos a este respeito. Um dos maiores perigos, então, é tentar
lutar por conta própria contra uma inteligência angelical transformada em má. É
importante ter um confessor regular que conheça a tua alma e entenda os truques
de Satanás. Esta abertura e honestidade são essenciais para superar os pecados
que nos levam à miséria.