Castidade
Pudor: o que a Igreja ensina e qual a sua importância
- 08-09-2021
- Visualizações: 310
- Imprimir
- Enviar por email
São comuns interpretações equivocadas sobre as questões relacionadas ao que é o pudor e como ele deve ser vivido. Muitos pensam que pudor é apenas um sentimento de timidez, vergonha ou mal-estar, mas, ele vai muito além, já que produz inúmeros proveitos físicos e espirituais, para os que o compreendem em si e o respeitam no seu próprio corpo e na forma de ser e agir.
O que é pudor? A Igreja ensina que “o pudor preserva a
intimidade da pessoa. Consiste na recusa de mostrar aquilo que deve ficar
escondido. Está ordenado à castidade, exprimindo a sua delicadeza. Orienta os
olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e da sua união”
(Catecismo da Igreja Católica 2521).
O pudor é essencial para o ser humano
Segundo Santo Tomás de Aquino, “o pudor ordena à castidade”,
o que conduz a pessoa para uma plena realização no amor. Favorece para o
entendimento que o corpo não é um objecto a ser usado e depois descartado, mas
um lugar sagrado, pois “acaso ignorais que o vosso corpo é templo do Espírito
Santo que mora em vós e que recebestes de Deus?” (1 Cor 6,19). Com isto,
espera-se que o corpo seja considerado e tratado como tal: templo de Deus.
O Catecismo diz: “O pudor protege o mistério das pessoas e do
seu amor. Convida à paciência e à moderação na relação amorosa; pede que sejam
cumpridas as condições da doação e do compromisso definitivo do homem e da
mulher entre si. O pudor é modéstia, inspira o modo de vestir, mantém o
silêncio ou certa reserva quando se entrevê o risco de uma curiosidade malsã.
Torna-se discrição” (CIC 2522).
Assim, vê-se que o pudor e a modéstia estão intimamente
relacionados à pureza. Já que “a pureza do coração exige o pudor, que é
paciência, modéstia e discrição” (CIC 2533).
Observando os tempos actuais em relação a estes conceitos de
pudor, pureza e modéstia, pode até parecer irrelevante discutir tais assuntos
em decorrência da forma de pensar a realidade moderna hoje.
Na verdade, é importante e imprescindível saber o que
significa e como se porta o pudor, que gera liberdade e é intrínseco em todo o ser
humano. Ele abrange o íntimo da pessoa, causando reflexões significativas a
respeito da pessoa integral.
O que diz a Palavra de Deus
A Bíblia refere-as às questões relacionadas ao pudor. São
Paulo, exorta: “a vontade de Deus é que sejais santos e que vos afasteis da
imoralidade sexual. Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade”
(1 Ts 4,3.7). E ainda na Carta aos Efésios ele diz que “a imoralidade sexual e
qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionadas entre vós,
como convém a santos” (1 Ef 5,3). Portanto, viver as exigências da santidade
propostas por São Paulo requer a vivência do pudor, que não aprisiona os afectos
nem a sexualidade; pelo contrário, ele, dentro da verdadeira liberdade humana,
torna coerente e preserva a forma de ser e agir com discrição quando
necessário.
O pudor bem compreendido e experienciado naturalmente, no dia
a dia, é fontículo de maturidade humana e espiritual, porque é algo saudável
para todo o ser humano.
A Igreja afirma que “existe um pudor dos sentimentos, como
existe o do corpo. O pudor, por exemplo, protesta contra a exploração do corpo
humano em função de uma curiosidade doentia (como em certo tipo de publicidade),
ou contra a solicitação de certos meios de comunicação a ir longe demais na
revelação de confidências íntimas. O pudor inspira um modo de viver que permite
resistir às solicitações da moda e à pressão das ideologias dominantes” (CIC
2523).
Mesmo em diferentes lugares, o pudor é inerente a todos, pois
“as formas revestidas pelo pudor variam de uma cultura a outra”.
Dignidade espiritual
Em toda parte, porém, ele permanece como o pressentimento de
uma dignidade espiritual própria do homem. O pudor nasce pelo despertar da
consciência do sujeito. Ensinar o pudor às crianças e adolescentes é
despertá-los para o respeito à pessoa humana” (CIC2524).
Desde a infância até à fase adulta, o pudor é um valor que
labora nas diversas etapas de desenvolvimento do ser humano.
Nesta perspectiva humana e espiritual, Santo Agostinho já
indagava e, depois, afirmava: “Quanto ao pudor, quem duvida que ele reside na
própria alma, visto ser uma virtude? De onde se segue que não poderá ser
arrebatado pela profanação involuntária do corpo”, ou seja, o pudor envolve a
pessoa integralmente e não pode ser extinto por nenhum constrangimento, mas
sempre participa e colabora qualitativamente na formação do homem.
As ofensas incorridas contra o pudor, levam o homem a
desnortear-se no emaranhado sombrio, que é a imoralidade.
Isto pode gerar escândalos e obscenidade, que são consequências
de desregramentos, mas estas desordens podem ser trabalhadas e superadas
interior e exteriormente pela virtude essencial do pudor.
Assim, os benefícios do pudor preservam a intimidade pessoal,
reordena os olhares e gestos, para que sejam puros; equilibra os
relacionamentos, colabora no silêncio e discrição, ajuda para a maturidade afectiva
e sexual.
Por fim, o pudor é uma virtude que contribui para uma vida
espiritual sadia e, consequentemente, para uma vida mais santa.