Castidade
Luxúria: este pecado capital não se refere a sexo apenas
- 01-06-2021
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Entender este pecado como algo além do sexo ajuda a
compreender o que está errado dentro de nós
A luxúria é listada como um dos sete pecados capitais.
Aristóteles identifica a pessoa caracterizada pelo vício como “cruel”, alguém
que é governado principalmente por paixões. As paixões não são puramente
físicas. Uma pessoa cruel pode querer ficar bêbada; uma pessoa astuta pode
querer embebedar-te. Se entendermos a luxúria como uma forma de desejo incessante,
e o tipo mais perigoso de luxúria como conivente, podemos notar que a luxúria
não é apenas uma dinâmica corporal.
Vamos colocar assim: luxúria = mente sobre a matéria.
O provérbio “A corrupção dos melhores é o pior” é uma maneira
útil de entender a desordem da alma, que pode sucumbir à luxúria. As nossas
paixões básicas, deixadas sem controle, podem nos levar a um comportamento
abaixo da dignidade humana e prejudicial à saúde. E se o que é mais alto em nós
for deixado sem orientação, permitido a ser estimulado por desejos de novidade
e autobusca que normalmente se associa a desejos mais simples e básicos?
No pecado sexual, a pessoa humana permite que o seu desejo
seja afixado ao que a natureza e Deus não permitiram. A luxúria sexual é a
birra de uma pessoa egoísta, enfurecida, porque a lei moral diz: “Não
ultrapasse essas fronteiras – ou mais!”. E se encararmos a luxúria como uma
birra da alma em resposta às linhas traçadas pela Revelação Sagrada? Por
exemplo: “Foi assim que Deus definiu o casamento”; “Este é o propósito do
sexo”; “É assim que Deus deve ser adorado.”
A novidade é um desejo desordenado, que pode tornar-se
imperioso por uma pessoa que deveria conhecer melhor Deus. Uma pessoa assim não
está satisfeita nem completa com a Revelação Sagrada. Como uma pessoa promíscua
quer sexo nos seus próprios termos, também a alma entregue à luxúria da
novidade quer Deus nos seus próprios termos.
A alma indisciplinada, recusando-se a aprender a satisfazer-se
com a revelação de Deus, cede a um desejo infinito. Isto não nos deveria surpreender.
Somos feitos para o infinito; se não somos preenchidos com um bem infinito,
ficaremos com um vazio infinito. A alma ilustra a fórmula: LUXÚRIA = MENTE
SOBRE A MATÉRIA. Ou seja, a luxúria recusa limites. A alma indisciplinada,
recusando-se a satisfazer-se com Deus, começa a ecoar a serpente: “Tu não
morrerás; pois Deus sabe que quando tu comeres, os teus olhos serão abertos e tu
serás como Deus, conhecendo o bem e o mal.” (Génesis 3, 4-5)
A alma indisciplinada pode embebedar-se com o poder
(aparente, mas fugaz) de reescrever a revelação, redefinindo Deus – procurando
maneiras sempre novas de decidir por nós mesmos o que é verdadeiro, bom,
bonito, santo, divino, diabólico. Mas qualquer viciado lhe dirá que nunca é
suficiente. Tu cais sempre após a alta; a emoção diminui – e diminui muito
rapidamente. São necessárias doses cada vez maiores, que alcançam cada vez
menos. Eventualmente, alguém para (ou morre).
Deus é o autor da Revelação Sagrada. Ou somos alimentados e
nutridos por ela, ou cedemos às demandas de desejos que nunca podem descansar.
Vamos trabalhar e orar juntos para que nos rendamos à verdade, em vez de nos
esforçarmos para ser seu mestre.