Castidade: segredo de uma boa amizade
A presença fecunda da mulher edifica o homem
“A Castidade é uma virtude moral. É também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Baptismo.” (CIC 2345)
A castidade hoje, é vista como o principal factor que falta nas amizades, pois cada vez mais o mundo tem sujado, estragado e distorcido esta maravilha criada pelo próprio Deus, que é a sadia convivência, seja ela entre pessoas do mesmo sexo, ou de sexos diferentes, pois o inimigo sabe que para se destruir uma obra, ele precisa atingir o alicerce principal, que, no caso da amizade, acaba sendo a castidade.
“A castidade expressa-se principalmente na amizade ao próximo. Desenvolvida entre pessoas do mesmo sexo ou de sexos diferentes, a amizade representa um grande bem para todos e conduz à comunhão espiritual.” (CIC 2347)
Sabemos o quanto a amizade é importante na nossa caminhada, a Palavra de Deus vai diz: “Um amigo fiel é uma poderosa protecção, quem o achou, descobriu um tesouro.”(Eclo 6,14), por isso devemos valorizar as nossas amizades, cultivá-las e santificá-las. “Quem teme ao Senhor, orienta bem a sua amizade, como ele é, tal será o seu amigo.” (Eclo 6,17).
Nós homens precisamos sempre de ter claro na nossa mente, que necessitamos da amizade pura e sincera das mulheres, isto porque Deus usa da presença feminina para nos fecundar, para tocar em muitas potencialidades masculinas que temos, mas que estão retidas e, que só a presença feminina na nossa vida, é capaz de trazê-las à luz. Com isto nos tornamos mais homens, homens de Deus. Assim também digo para as mulheres, pois elas também precisam da presença masculina na tua vida, para ser fecundado todo o potencial feminino que têm guardado dentro delas, e que precisa vir para fora para que se tornem mais mulheres, mulheres de Deus.
“O homem torna-se mais homem pela presença fecundante da mulher. Tu que és mulher tornas-te mais mulher pela presença fecundante do homem”.
Como, então, ter uma amizade casta e verdadeira?
Acredito que uma amizade casta acontece à medida que nós, em particular, sabendo das nossas impurezas, das nossas limitações e fraquezas, damos passos rumo ao nosso processo de cura interior, até para que sejamos mais felizes, tenhamos paz no nosso interior e, nos relacionemos melhor com o nosso próximo, pois muitos de nós precisamos de cura interior para podermos conseguir dominar os nossos actos, pois eles podem ser consequência de coisas mal resolvidas no nosso interior, como feridas não curadas ou mal cicatrizadas. “A castidade comporta uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e obtém a paz, ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz” (CIC 2339).
Na medida em que vamos sendo sinceros connosco mesmos, reconhecendo onde precisamos de ser curados, a graça de Deus vem em nosso auxílio, pois a nossa convivência pode ser sadia pela graça de Deus, mas sabemos quanto nós ainda não o somos e por isso precisamos dar passos para a viver.
“A castidade tem leis de crescimento. Este crescimento passa por graus, marcados pela imperfeição e muitas vezes pelo pecado. Dia-a-dia o homem virtuoso e casto constrói-se por meio de opções numerosas e livres. Assim, ele conhece, ama e realiza o bem moral seguindo as etapas de um crescimento” (CIC 2343).
Por isso a castidade precisa de ser exercitada nos nossos relacionamentos, pois a graça de se ter uma vida casta, dá-se por um processo gradativo e, caminha em paralelo com os nossos passos e a nossa cura.
“A castidade representa uma tarefa eminentemente pessoal. Mas implica também um esforço cultural, porque o homem desenvolve-se em todas as suas qualidades mediante a comunicação com os outros” (CIC 2344).
“Castificando” as nossas intenções, as nossas conversas, os nossos olhares, os nossos abraços, enfim tudo o que envolve uma amizade, nós seremos mais livres, mais felizes e, com isso as nossas amizades terão mais “sabor”, pois as pessoas que convivem e que se relacionam connosco, poderão tocar nesta graça da pureza de Cristo que estará latente em nós.
Deus abençoe as nossas amizades e nos conceda a graça de sermos cada vez mais castos como Jesus foi e, que hoje, não só continua a ser modelo de castidade para nós, mas que também desde o nosso baptismo nos chama a vivê-la.
“Todo o baptizado é chamado à castidade. O cristão vestiu-se de Cristo, modelo de toda a castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta, segundo o seu específico estado de vida. No momento do baptismo, o cristão comprometeu-se a viver a sua afectividade na castidade.” (CIC 2348).