A castidade
“Sede Santos, porque eu, o vosso Deus, sou santo...”
É originalmente, a pureza meramente, ritual, externa. Nas concepções primitivas, a castidade dá-se quando uma pessoa está livre de toda a impureza. Neste sentido, a castidade aparece como sinónimo de pureza. Esta inclusive é a concepção que se pode tirar da Sagrada Escritura, tanto do Antigo Testamento como do Novo Testamento (cf. 2Cor 11,2; Fl 4,8; 1Tm 4,12).
Os seres humanos, chamados à vida pelo amor e pela bondade de Deus, que nos amou primeiro, são também vocacionados à santidade, porque o Senhor diz: “Sede Santos, porque eu, o vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2). E inscreve no coração do homem (e da mulher) o desejo de Deus (cf. Sl 62/63, 2-3) e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão, com o próprio Deus e com o semelhante. Por isso disse que não era bom o homem ficar sozinho (cf. Gn 2, 18). Deus fez-nos homem e mulher (cf. Gn 1,27), seres sexuados, possibilitando-nos reconhecer e aceitar a nossa identidade sexual.
A sexualidade humana influi em todos os aspectos da pessoa, que é uma unidade de corpo e de alma. De modo particular, diz respeito à afectividade, à capacidade de amar e de procriar. O mais bonito da sexualidade humana é a aptidão de criar vínculo de comunhão com os outros. A sexualidade humana, envolvendo diferentes, possibilita a complementaridade física, moral e espiritual.
Por isso, na vivência da sua sexualidade o homem (e a mulher) é chamado a viver a castidade como a integração correta de sexualidade na pessoa. Isto ajuda a manter a unidade interior do homem no seu aspecto corporal e espiritual. O Catecismo da Igreja Católica ensina: sexualidade, na qual se exprime a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se pessoal e verdadeiramente humana quando é integrada e temporalmente ilimitada, do homem e da mulher”. E acrescenta que “a castidade é uma virtude que comporta a integridade da pessoa e a integralidade da doação” nº 2337).
A castidade é uma tarefa eminentemente pessoal, que requer uma aprendizagem do domínio de si mesmo. Sobre o domínio de si mesmo, o livro do Eclesiástico nos diz: paixão do ímpio não poderá justificá-lo, porque o ímpeto da sua cólera é a sua ruína”. Eclo 1,22). Isto nos revela que a alternativa é bem clara: ou nós comandamos as nossas paixões e obteremos a paz, ou nos submetemos a elas e sempre um desejo insaciável de felicidade estará em nós.
Novamente o Catecismo nos ensina: castidade é uma virtude moral. E também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do batismo.”. 2345. Cf. também Gal 5,22-26).
Então vejamos: todo o baptizado é chamado à castidade, porque pelo baptismo se revestiu de Cristo (Gal 3, 27), modelo de toda a castidade. Todos são chamados a levar uma vida casta segundo o seu estado de vida. Assim, as pessoas casadas são convidadas a viver a castidade conjugal; os celibatários, no celibato; os noivos, na continência, etc. Constituem ofensas à castidade a masturbação, a luxúria, a fornicação, a pornografia, a prostituição, o estupro, o adultério...
Peçamos ao Senhor a graça de um frutuosa conversão, para que possamos viver com a dignidade de quem se revestiu de Cristo, aguardando o momento de possuirmos a vida em plenitude.