Beato João Paulo II
Karol Wojtyla salvou-me a vida
- 05-04-2011
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«Karol Wojtyla salvou-me a vida em 1945»
Uma judia israelense revela como foi socorrida pelo Papa no final do Holocausto nazista
«Lembro-me perfeitamente. Encontrava-me ali, era uma menina de treze anos, sozinha, doente, fraca.
Tinha passado três anos num campo de concentração alemão, a ponto de morrer.
E Karol Wojtyla salvou a minha vida, como um anjo, como um sonho vindo do céu: deu-me de beber e de comer e
depois levou-me às costas uns quatro quilómetros, na neve, antes de tomar o trem para a salvação».
Edith Zirer narra o episódio como se tivesse acontecido ontem. Era uma fria manhã no início de Fevereiro de 1945. A pequena judia, que ainda não era consciente de ser o único membro da sua família que sobreviveu ao massacre nazista, deixou-se levar nos braços de um sacerdote de 25 anos, alto, forte, que sem lhe pedir nada, simplesmente lhe deu um raio de esperança.
Hoje aquele sacerdote, conta ela, é o bispo de Roma. Edith quereria agradecer finalmente aquele gesto. «Só um pequeno obrigado em polaco por aquilo que fez, pela maneira em que o fez, para lhe dizer que nunca me esqueci dele», diz na sua bela casa localizada nas colinas do Carmelo, na periferia de Haifa.
Edith tem 66 anos e dois filhos. Reconstruiu a sua vida em Israel, onde chegou em 1951, quando ainda padecia as marcas da tuberculose e os fantasmas da guerra alteravam os seus sonhos.
Durante todo este tempo guardou esta história. Quando em 1978, Karol Wojtyla subiu à cátedra de Pedro, começou a sentir a necessidade de falar, de contar a alguém, de mostrar o seu agradecimento. A pergunta surge imediatamente: mas, como pode estar segura de que aquele sacerdote é o Papa? por que esperou tanto? Estas perguntas também foram feitas pelos jornalistas de «Kolbo», o semanário de Haifa que hoje publica um artigo sobre este assunto. «O relato é convincente. Não se trata de fazer publicidade, todos os detalhes que oferece parecem críveis», dizem os redactores. Tão convincentes que a embaixada de Israel na Santa Sé já se está a mobilizar para tratar de pôr em contacto com a senhora Zirer com a secretaria do Papa.
A narração fala por si mesmo. «Em 28 de Janeiro de 1945 os soldados russos libertaram o campo de concentração de Hassak, onde tinha estado presa durante quase três anos a trabalhar numa fábrica de munições - explica Edith, que então tinha treze anos -. Sentia-me confusa, estava debilitada por causa da doença. Dois dias depois, cheguei a uma pequena estação ferroviária entre Czestochowa e Cracóvia». Precisamente em Cracóvia, Wojtyla acabava de ser ordenado sacerdote. «Estava convencida de chegar ao final de minha viagem. Caí por terra, no canto de uma grande sala onde se reuniam dezenas de prófugos que na sua maioria ainda vestiam os uniformes com os números dos campos de concentração. Então Wojtyla viu-me. Veio com uma grande xícara de chá, a primeira bebida quente que tinha podido provar nas últimas semanas. Depois trouxe-me uma sanduíche de queijo, feita com pão preto polaco, divino. Mas eu não queria comer, estava muito cansada. Ele obrigou-me. Depois disse-me que tinha que caminhar para apanhar o trem. Tentei, mas caí no chão. Então, tomou-me nos seus braços, e levou-me durante muito tempo. Enquanto isto a neve continuava a cair. Lembro a sua jaqueta marrom, a voz tranquila que me revelou a morte de seus pais, do seu irmão, a solidão em que se encontrava, e a necessidade de não se deixar levar pela dor e de combater para viver. O seu nome gravou-se indelevelmente na minha memória».
Quando finalmente chegaram ao comboio destinado a levar os presos para o Ocidente, Edith encontrou-se com uma família judia que a pôs em guarda: «Atenta, os padres tratam de converter as crianças judias». Ela teve medo e escondeu-se. «Só depois compreendi que a única coisa que queria era ajudar-me. E queria dizer-lhe pessoalmente».
...Edith Zirer, casada hoje e com 2 filhos, que vive em Haifa, numa colina do Monte Carmelo, quis estar com o Papa (59 anos depois do ocorrido) na sua histórica viagem à Terra Santa para lhe agradecer pessoalmente justamente no Memorial do Holocausto Yad Vashem. Foi um dia inesquecível para ela e para toda a população judaica, assim como uma lição universal de humanidade..."