Ano Sacerdotal
Cura d`Ars: a razão de ser do Ano Sacerdotal
- 18-06-2009
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Em Dardilly, perto de Lyon, (França) na casa que já pertencera aos seus avós, nasceu o futuro Santo Cura d´Ars a 8 de Maio de 1786. Ainda era criança e os vizinhos já comentavam a sua precoce piedade: "Vejam o gordinho, como se entretêm com o seu Anjo". Filho de Mateus e Maria Beluze, a sua infância foi marcada pelos acontecimentos da Revolução Francesa.
Com 11 anos de idade confessou-se pela primeira vez ao Pe. Groboz que viera, clandestinamente, visitar os seus pais e atendê-los espiritualmente. O exemplo deste sacerdote marcou profundamente a vida do jovem Vianney que recordou - até ao final da vida - a primeira confissão. No último ano do século XVIII recebe a primeira comunhão clandestinamente. De sua mãe recebe a instrução religiosa.
Dos seis filhos - o quarto deles foi João Maria -, desta família de camponeses a educação religiosa era essencial. João Maria aprendeu, em simultâneo, como Jesus tinha nascido e como nasce o trigo.
Uma tarde, Maria Beluze procurava o seu filho João e foi encontrá-lo no fundo do estábulo. Ajoelhado sobre a palha, João rezava com uma estatueta da Virgem nas suas mãos.
Por causa do seu ardente desejo de ser sacerdote, enfrentou uma dura luta para ter êxito nos estudos visto que tinha dificuldade nesta área. No Entanto, o amor às vezes consegue mais do que o talento. Era enorme o seu amor pelas almas.
A 13 de Agosto de 1815, depois de enormes dificuldades, que pareciam insuperáveis por causa dos obstáculos que havia encontrado nos estudos, foi ordenado sacerdote.
Antes de ser enviado para Ars, o Pe. Vianney passou três anos como coadjutor do idoso Pe. Balley, na paróquia de Écully. Quando foi nomeado pároco de Ars, o vigário geral disse-lhe: "É uma paróquia pequena, onde não há muito amor a Deus. Deverá levá-lo para lá". A casa paroquial daquela localidade foi a residência do Pe. Vianney durante 41 anos do seu ministério.
Em 1818, João Maria tinha 32 anos e os superiores, pela escassez de sacerdotes, confiaram-lhe a paróquia de Ars, um lugar afastado, onde nenhum sacerdote havia desejado ficar. Quando chegou lá - como um bom filho de São Francisco - humildemente, a pé, como um pobre entre os pobres, tentou logo conquistar aquelas almas.
Catarina Lassagne, filha de camponeses, foi a principal colaboradora do cura d´Ars e directora da «Providência», um orfanato criado por João Maria Vianney. O seu depoimento no processo de canonização foi o mais amplo e detalhado, e constitui até hoje a principal fonte de dados biográficos sobre o cura d´Ars.
No seu confessionário, onde s vezes sustentou lutas corpo a corpo com o inimigo, permanecia até 18 horas diárias, convertendo-se numa espécie de altar da misericórdia, onde começaram a acorrer pessoas de todas as partes da França e da Europa. O Santo Cura D'Ars nunca saiu ao átrio para chamar as pessoas, nem correu pelas ruas para agitar a indiferença dos paroquianos e nunca os reprovou. De joelhos diante do tabernáculo e da imagem da Virgem, permanecia longos tempos em oração, comendo apenas o necessário para viver, dormindo poucas horas durante a noite.
Ainda que distraídos e despreocupados, os paroquianos começaram a ajudar. Vendo o pároco ajoelhado, ajoelhavam-se também, e rezavam com ele. A localidade de Ars converteu-se num caminho de peregrinação de todas as partes da França e da Europa.
Os peregrinos acorriam desde o amanhecer à aquela igreja que trinta anos antes se encontrara vazia: "Diga-me onde está Ars, e eu lhe indicarei o caminho do céu", havia dito São João Maria a um pastorzinho antes de chegar à sua paróquia. João Maria Vianney morreu a 4 de Agosto de 1859, aos 73 anos.
Três anos depois, o bispo, Mons de Langalerie, deu início ao processo do Ordinário e recebeu setenta testemunhos. Em 1865, enviou-se uma cópia do processo a Roma. A 6 de Fevereiro do ano seguinte, o Papa Pio IX abriu o processo Apostólico, apesar da regra que exigia como mínimo um prazo de dez anos.
A 30 de Outubro de 1872, o Cura d´Ars foi declarado venerável e a 8 de Janeiro de 1905 foi beatificado e ficou o «patrono de todos os sacerdotes» pelo Papa Pio X que fora pároco como ele. No primeiro dia de Novembro de 1924, o Papa Pio XI canonizou-o na Praça de S. Pedro, na presença de duzentos bispos e 35 cardeais.
Oração do Ano Sacerdotal
Senhor Jesus,
Vós quisestes dar à Igreja, em São João Maria Vianney, uma imagem vivente e uma personificação da caridade pastoral.
Ajudai-nos a viver bem este Ano Sacerdotal, na sua companhia e com o seu exemplo.
Fazei que, a exemplo do Santo Cura D’Ars, possamos aprender como estar felizes e com dignidade diante do Santíssimo Sacramento, como seja simples e quotidiana a vossa Palavra que nos ensina, como seja terno o amor com o qual acolheu os pecadores arrependidos, como seja consolador o abandono confiante à vossa Santíssima Mãe Imaculada e como seja necessária a luta vigilante e fiel contra o Maligno.
Fazei, ó Senhor Jesus que, com o exemplo do Cura D’Ars, os nossos jovens possam aprender sempre mais quanto seja necessário, humilde e glorioso, o ministério sacerdotal que quereis confiar àqueles que se abrem ao vosso chamamento.
Fazei que também nas nossas comunidades, tal como aconteceu em Ars, se realizem as mesmas maravilhas de graça que fazeis acontecer quando um sacerdote sabe “colocar amor na sua paróquia”.
Fazei que as nossas famílias cristãs saibam descobrir na Igreja a própria casa, na qual os vossos ministros possam ser sempre encontrados, e saibam fazê-la bela como uma igreja.
Fazei que a caridade dos nossos pastores anime e acenda a caridade de todos os fiéis, de tal modo que todos os carismas, doados pelo Espírito Santo, possam ser acolhidos e valorizados.
Mas, sobretudo, ó Senhor Jesus, concedei-nos o ardor e a verdade do coração, para que possamos dirigir-nos ao vosso Pai Celeste, fazendo nossas as mesmas palavras de São João Maria Vianney:
Eu Vos amo, meu Deus, e o meu único desejo é amar-Vos até ao último suspiro da minha vida.Eu Vos amo, Deus infinitamente amável, e prefiro morrer amando-Vos, do que viver um só instante sem Vos amar.
Eu Vos amo Senhor, e a única graça que Vos peço é a de amar-Vos eternamente.Eu Vos amo, meu Deus, e desejo o céu para ter a felicidade de Vos amar perfeitamente.Eu Vos amo, meu Deus infinitamente bom, e temo o inferno porque lá não haverá nunca a consolação de Vos amar.
Meu Deus, se a minha língua não Vos pode dizer a todo o momento que Vos amo, quero que o meu coração Vo-lo repita cada vez que respiro.Meu Deus concedei-me a graça de sofrer amando-Vos e de Vos amar sofrendo.
Eu Vos amo, meu divino Salvador, porque fostes crucificado por mim e porque me tendes aqui em baixo crucificado por Vós.
Meu Deus concedei-me a graça de morrer amando-Vos e de saber que Vos amo.Meu Deus, à medida que me aproximo do meu fim, concedei-me a graça de aumentar e aperfeiçoar o meu amor. Amém.
S. João Maria Vianney.
A história vocacional do Papa Bento XVI
"És sacerdote para sempre".
De Joseph Ratzinger para Bento XVI. Desde o dia em que apareceu naquela sacada, a vida de um dos teólogos católicos mais respeitados do mundo não foi a mesma.
A eleição de Ratzinger sem dúvida nenhuma veio acalmar e tranquilizar o coração de muitos que ainda choravam a perda de João Paulo II. Mas nada melhor do que entrar na história do jovem alemão, que um dia recebeu um convite, como tantos que abraçam a vida sacerdotal por amor à Igreja.
Joseph Ratinzger foi antes de tudo alguém que acompanhou de perto a hostilidade entre o regime nazista e a Igreja Católica. Um facto marcante para ele foi o dia em que viu o seu pároco ser açoitado pelos soldados de Hitler pouco antes da Missa. Esta situação levou-o a reflectir e a redescobrir o valor da fé, além do claro testemunho de pertença à Igreja por parte da sua família, cujo pai chegou a proteger sacerdotes que eram perseguidos pelo regime da época.
O jovem Ratzinger foi conquistado e deixou-se envolver pelos actos litúrgicos vivenciados de forma simples na terra em que morava. Inicia-se aí um desejo de se entregar totalmente por uma causa maior.
Ratzinger conta, na sua autobiografia: "quando era criança o meu caminho com a liturgia era um processo de contínuo crescimento. A inexaurível realidade da liturgia católica acompanhou-me em todas as fases da minha vida, não posso deixar de falar dela sempre".
Na Páscoa de 1939, Ratzinger ingressa no Seminário Menor de Traunstein com o seu irmão George Ratzinger para poder iniciar a sua vida eclesiástica. Por causa da Guerra, o seminário foi transformado em hospital militar tendo os irmãos Ratzinger que voltar para casa. Dois anos depois, por imposição, o jovem Ratzinger com 16 anos teve que ser incorporado no serviço militar, sendo dispensado somente em 1945, após a rendição alemã, exactamente no dia Sagrado Coração de Jesus.
Ele e o irmão George voltaram ao Seminário e foram ordenados juntos em 29 de Junho de 1951, na festa dos Santos Pedro e Paulo. Um ano depois, o padre Joseph Ratzinger iniciou a sua brilhante carreira académica que lhe deu oito títulos honoríficos de doutoramento, passagem como docente pelas faculdades de Teologia mais respeitadas do mundo, e o domínio de 6 línguas.
"No momento em que o arcebispo impôs as suas mãos sobre mim um pássaro elevou-se diante do altar maior da catedral e entoou um pequeno canto alegre. Para mim foi como uma voz do alto que me dizia: Tu estás bem e estás no caminho certo", destaca outro trecho da autobiografia de Ratzinger.
Por trás do brilhante teólogo, uma paixão pela música, um desejo de lutar pela causa da fé. O sacerdote, bispo e cardeal Ratzinger, não só se destacou pela inteligência, mas por ser um grande propagador dos valores absolutos. No dia em que foi eleito Papa, seu primeiro pronunciamento se resumiu a um pedido de oração ao mundo para que esta o sustentasse durante aquela nova etapa da sua vida.
"Queridos irmãos e irmãs:
Depois do grande Papa João Paulo II, os senhores cardeais elegeram a mim, um simples humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me o facto de que o Senhor sabe trabalhar e actuar com instrumentos insuficientes e, sobretudo, confio nas vossas orações."