São Paulo
Apóstolo da Palavra
Um ano inteiro dedicado ao Apóstolo Paulo
O Papa Bento XVI convocou um ano jubilar dedicado ao Apóstolo Paulo. O início será no dia 29 de Junho de 2008 e encerrará no dia 29 de Junho de 2009.
O Santo Padre convocou-o porque é neste tempo que celebramos os 2.000 anos do nascimento do grande apóstolo.
Todos sabemos quanto Saulo de Tarso – em coerência com a sua fé na doutrina de Moisés e com a sua formação na escola do grande mestre Gamaliel – perseguia tenazmente os cristãos. Mas Jesus esperava-o no caminho de Damasco, porque queria fazer do perseguidor o Apóstolo das Nações.
Jesus, que lhe apareceu no caminho, poderia fazer tudo o que tencionava. Mas não. Dá-lhe uma ordem para que entre em Damasco, porque é lá que lhe deve ser dito o que deve fazer. Ao mesmo tempo, Cristo aparece a Ananias, um homem simples daquela cidade, cristão recentemente convertido, e envia-o com ordens precisas para que vá a casa onde está Saulo, porque "este homem" – disse-lhe Jesus – "vai ser para mim um instrumento escolhido que levará o meu nome diante das nações, dos reis e dos filhos de Israel". E acrescenta: "Eu lhe mostrarei tudo o que terá de padecer pelo meu nome".
Ananias obedece. Vai até Saulo, impõe-lhe as mãos e este é curado da cegueira e fica cheio do Espírito Santo. Só depois disso é que ele [Saulo] é baptizado, e no impulso e no poder do Espírito, que o possui, começa imediatamente a proclamar nas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus.
O que o antigo perseguidor recebe do Senhor, através da imposição das mãos e da oração de Ananias, é o que vai fazer agora em favor de todos aqueles a quem o Senhor o enviar.
A partir de Antioquia, para onde ele é convocado a ir por Barnabé, Paulo vai ser o grande apóstolo da efusão do Espírito e do uso dos carismas: impõe as mãos sobre os pagãos e eles ficam cheios do Espírito Santo, convertem-se, são baptizados e começam uma vida nova em Cristo.
Paulo deixa-se usar pelos carismas do Espírito e, então, prodígios, sinais, curas, milagres realizam-se diante dos novos convertidos. O apóstolo demonstra-lhes que esta graça é também para eles. Assim, exorta-os a impor as mãos e a pedir que muitos outros recebam o baptismo no Espírito. Impulsiona-os a deixarem-se usar pelos carismas do Espírito Santo e igualmente maravilhas acontecem por meio deles.
Foi em Antioquia que o próprio Espírito Santo separa Paulo e Barnabé e os envia em missão. Foram três grandes viagens apostólicas que aconteceram e assim as principais cidades do mundo, então conhecido, são atingidas por esta explosão do poder do Espírito. Sempre guiado pelo Espírito, Paulo vai chegar a Roma, onde, apesar de estar em prisão domiciliar, exerce corajosamente um amplo trabalho missionário.
É aí que no ano 67 culmina com o martírio a sua maravilhosa missão. Paulo foi realmente o Apóstolo das Nações.
Muitas celebrações acontecerão neste ano jubilar, especialmente o Sínodo, que vai ser realizado em Roma no mês de Outubro, com o tema que é tão importante para nós: "A Palavra de Deus na vida e na Missão da Igreja".
Vamos participar o máximo possível nestes acontecimentos. A melhor maneira, porém, de viver este ano dedicado a São Paulo será realizar com ardor o que ele viveu e realizou: sermos apóstolos da efusão do Espírito e do uso dos carismas, levando esta graça ao maior número de pessoas. Cremos que este é o meio maravilhoso que o Senhor dá à sua Igreja, nos tempos de hoje, para levar Jesus Cristo e a sua salvação ao nosso mundo paganizado.
O Ano Paulino coloca o desafio de reconhecer a personagem paradoxal que, numa daquelas frases inesquecíveis, escreve: «Quando sou fraco, então é que sou forte.» A nossa pergunta vem imediata: «Que homem enigmático é este que revolve a ordem esperada das coisas, elogiando a fragilidade em vez da força?» A verdade é que quem pretenda tornar-se leitor de Paulo tem de adequar o ouvido e o coração a uma linguagem paradoxal, que nos desconcerta. A gramática que ele utiliza, o seu modo de pensar e de dizer, desfaz as convenções. A tradição judaica olhou para a pregação dele com suspeita e escândalo. Os Gregos e os Romanos, habituados à sofisticação do pensamento e ao poder da retórica, menosprezaram o seu discurso, que lhes parecia uma loucura. E, mesmo hoje, passados dois mil anos do seu nascimento, o seu discurso não deixa de ressoar profético e desafiador.