São Sebastião
Sabe-se que foi um dos primeiros mártires cristãos a ser enterrado no cemitério da antiga via Appia, em Roma. A lenda conta que, em 283, tornou-se oficial da guarda imperial, sob comando do imperador Diocleciano.Mas o Imperador descobriu que ele era cristão e, por isso, foi martirizado, sendo crivado de flechas. Dado como morto, as suas feridas foram tratadas pela viúva de outro santo, Cástulo, e conseguiu sobreviver. Confrontou-se com Diocleciano devido à sua crueldade para com os cristãos. A princípio, o imperador ficou sem palavras, mas depois ordenou que Sebastião fosse espancado até a morte. - Os fiéis invocam-no como advogado “especial” contra as pestes e epidemias.
S. Sebastião é, com os Santos de Junho, dos mais festejados em Portugal. É o que resulta do recenseamento das festas populares, terminado em 1989 em todo o país, a que responderam 74% das paróquias. Os dez santos e invocações celebradas mais frequentemente eram, por ordem decrescente, S. António, S. Sebastião, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora de Fátima, Santíssimo Sacramento, S. João, Coração de Jesus, Nossa Senhora do Rosário, Espírito Santo e S. Pedro. S. Sebastião era festejado em 282 paróquias.
São Sebastião, padroeiro e protector
A personalidade e a actuação deste santo atraem-nos e deixam-nos fascinados pela sua figura: jovem, com 20 a 25 anos de idade, valente, corajoso, correctíssimo na sua actuação profissional e no seu comportamento. Nascido em Milão, foi para Roma, onde desenvolveu uma brilhante carreira militar, que o levou a ser chefe da guarda imperial.
Mas a carreira das armas não era o principal ideal de São Sebastião. O que mais admiramos nele é a conversão do paganismo para a vida cristã, deixando os falsos deuses pelo Deus verdadeiro. Conhecendo o Mestre de Nazaré, Jesus, procurou imitá-lO, a ponto de se tornar alguém que vivia a caridade para com o seu semelhante até às últimas consequências.
Em todas as carreiras e profissões isto deveria acontecer: procurar imitar os valores que Jesus ensinou no Evangelho, necessários para iluminar os princípios de qualquer actividade. Assim, toda profissão honesta, exercida com alegria, coragem e espírito de serviço, torna-se nobre e dignificante.
Outro aspecto interessante em Sebastião era a procura da verdade. Essa busca conduziu-o a Jesus Cristo, que Ele conheceu através do testemunho dos discípulos, na Igreja perseguida daquele tempo. A sua rectidão de princípios e nobreza de carácter fazem de Sebastião um modelo precioso para a nossa juventude actual, lamentavelmente seduzida pelo consumismo, pelos vícios, e muitos “não querem nada com nada”. Nesta terrível ausência de ideais e objectivos, resta apenas o hedonismo, favorecido pelo acelerado desenvolvimento tecnológico, que propicia diversão e bem-estar, para aqueles que podem pagar.
Em meio a tanta decadência, certamente florescem os que anseiam por uma plenitude de vida, que somente um autêntico ideal pode garantir. Em suma, assim como Sebastião, estes jovens procuram a verdade. Enquanto o mundo lhes pergunta, como Pôncio Pilatos: “O que é a verdade?” (cf. Jo 18,38), a Igreja anuncia que a Verdade não consiste em filosofias ou ideologias; ela é uma Pessoa – Jesus Cristo.
A coragem foi outra característica do Santo. Ele não tinha medo de consequências, quando se tratava de ajudar os cristãos perseguidos, ou de assumir a sua fé, em meio à guarda imperial. A sua vida orientava-se por novos valores, fortalecidos pelo testemunho de outros jovens, que o precederam no martírio. E, assim, o próprio Sebastião enfrentou a possibilidade de ser condenado, como tantos milhares, que foram supliciados nas terríveis perseguições dos imperadores romanos dos primeiros tempos, até Constantino Magno.
Denunciado como cristão, Sebastião foi acusado de deslealdade e ingratidão pelo imperador. Respondeu-lhe com nova declaração de fidelidade, ressalvando, porém, a sua submissão ao Soberano Supremo, ao qual passara a servir e a quem deveria prestar contas da sua vida e dos seus actos.
Esta atitude irritou ainda mais o imperador, que mandou supliciá-lo, rejeitando-lhe a honra de morrer pela espada. Amarraram-no numa árvore, para ser ferido por flechas curtas, que não atingiriam os órgãos internos, a fim de sofrer morte lenta, causada pela hemorragia dos ferimentos.
Assim se deu o suplício, retratado nas pinturas e esculturas características do Santo, de modo que muitos pensam ter sido aquele o seu momento final. Na realidade, uma senhora de nome Irene, passando pelo local, viu aquele quase-cadáver exangue, e constatou que ainda estava vivo. Pediu auxílio para o tirar da árvore onde tinha sido amarrado, levando-o para sua casa, onde começou a cuidar das suas feridas.
Dentro de pouco mais de um mês, Sebastião já estava quase em condições de poder voltar a trabalhar, pois a sua saúde tinha se restabelecido miraculosamente.
Sentindo-se melhor, apresentou-se ao imperador, que levou um choque pela presença daquele que se lhe afigurava como um fantasma. Sebastião tratou de desfazer o mistério, identificando-se como comandante da guarda imperial. Reafirmando a sua fidelidade a Cristo, acusou o imperador de crueldade, impiedade e deslealdade para com os cristãos, pessoas honestas e benfazejas, que respeitavam o poder temporal, além de serem devotadas a Deus.
O imperador, além de furioso, teve medo de Sebastião, achando que ele tinha poderes especiais. Mandou supliciá-lo novamente, desta vez ainda com maior vexame, sendo espancado com pauladas. Convalescente da primeira triste agressão, o valoroso Santo não resistiu aos tormentos do novo martírio. Assim faleceu. O seu grandioso testemunho ficou preservado no martirológio da Igreja.
A vida de S. Sebastião interpela-nos fortemente quanto à radicalidade da nossa adesão a Cristo e a tudo o que daí decorre.
Peçamos a este poderoso intercessor junto de Cristo... – Para que perseveremos na genuína e verdadeira fé, nestes tempos difíceis em que muitos dos que se dizem seguidores de Cristo enveredam pelos caminhos da superstição e da exacerbação demonológica, ou da tentativa de manipulação divina, exclusivamente em busca da felicidade e do bem-estar material.
- Para que tenhamos amor às grandes causas: da justiça, da verdade, da honestidade; coragem no cumprimento do dever, custe o que custar; fortaleza na manutenção da nossa postura moral e fidelidade no cumprimento da nossa missão, mesmo diante de toda a corrupção e impunidade.
- Para que a vida humana seja defendida, em todas as suas fases, especialmente, a dos mais indefesos e inocentes.
Que São Sebastião levante o seu escudo, pelo qual reteve tantos e tantos golpes, para nos guardar de todos os males físicos e morais, para que as nossas vidas sejam um hino de louvor a Deus por todas as maravilhas que nos concedeu.
São Sebastião, rogai por nós!