SÃO PEDRO, Apóstolo
Primeiro Papa – Primeiro bispo de Roma
Pedro (de Petros em grego, significando “pedra”, “rocha”, correspondente a Kefas, do aramaico Kefa, “rocha”) foi o nome que lhe atribuiu Jesus, considerando-o o primeiro entre os Doze.
Chamava-se Simão, filho de Jonas e irmão de André.
Era pescador de profissão, natural de Betsaida, mas vivendo em Cafarnaum com a sogra, deduzindo-se daí que era casado.
Um dia, Jesus passou junto ao lago de Tiberíades e chamou-o: “Vem e segue-me!”. Pedro deixou as redes e seguiu generosamente Jesus. Com o seu irmão André, foi um dos primeiros a ser chamado para formar o grupo dos doze apóstolos.
Ocupa lugar especial junto de Jesus, que o chama a ser “pescador de homens”, cabeça do Colégio Apostólico.
Quando Jesus lhes perguntou: “E vós quem dizeis que eu sou?”, foi Pedro a responder: “Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo!”. E Jesus indica-lhe qual a sua missão: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.
Nos dias da Paixão de Jesus teve um momento de fraqueza, dizendo que desconhecia o seu Mestre. Mas Jesus passou por ele, olhou-o com um olhar de misericórdia e de perdão. Pedro chorou amargamente. Ele amava verdadeiramente a Jesus.
Pregou no dia de Pentecostes e selou o seu apostolado com o próprio sangue, pois foi martirizado numa das perseguições aos cristãos, sendo crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer como o Seu Senhor, Jesus Cristo.
Morreu mártir em Roma cerca do ano 67, sob o imperador Nero.
São-lhe atribuídas duas Cartas, embora a segunda não seja da sua autoria.
Sigamos as passagens do Evangelho que se referem a ele, particularmente quando Jesus o constitui fundamento da Igreja, o manda apascentar o seu rebanho e confirmar os irmãos, apesar de ele ter sucumbido à tentação e ter negado Jesus.
Tiremos algumas lições da sua vida.
1) Temperamento simples, franco, apaixonado pela causa, mas também impulsivo em excesso e presunçoso;
2) Fé indefectível no Mestre: “Tu és Cristo, filho de Deus vivo “A quem iremos, Senhor?”, “À tua palavra lançarei as redes”. O Senhor manda-o confirmar os irmãos na fé;
3) Amora toda a prova ao Mestre: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo!”. “Ainda que todos te abandonem, eu não!” “Ardentemente apaixonado por Cristo” (S. Agostinho).
4) Humildade e conversão: no lava-pés, inicialmente resiste, mas depois deixa Jesus actuar. Na paixão, dada a sua fraqueza e o medo, negou o Senhor, apesar de antes ter protestado a sua fidelidade, mas depois chorou amargamente o seu pecado;
5) Apóstolo: na manhã da Ressurreição correu ao túmulo, “viu e acreditou” (“somos testemunhas de tudo isto”). Logo após o Pentecostes anunciou o mistério de Cristo com desassombro, sem medo das perseguições e da cadeia, donde foi libertado miraculosamente;
6) Chefe da Igreja, primeiro Papa, o primeiro bispo de Roma: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”, “apascenta as minhas ovelhas”, “confirma os meus irmãos”, “tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus (toda a simbologia petrina está a indicar o Primado: pedra, rede, barca, chaves, pastor);
7) Vocação cumprida e martírio: deixando tudo, incluindo a família, seguiu Jesus, feito “pescador de homens”. Depois duma vida toda votada ao serviço de Deus e da Igreja, morre mártir em Roma, depois de muitas perseguições.
Na festa de S. Pedro, para além de imitarmos as suas virtude somos convidados a encher-nos de amor e rezar pela Igreja Santa de Deus, por Jesus Cristo que continua a ser a pedra angular, mas que chamou os apóstolos, o primeiro dos quais e a título particular, Pedro, para serem as colunas da Igreja construída sobre o próprio Cristo.
Rezar também pelo Santo Padre, sucessor de Pedro e representante de Cristo na Terra, o “doce Cristo na terra”, como lhe chamava Santa Catarina de Sena.
Outra maneira de honrar o apóstolo Pedro é ler os seus escritos, particularmente a 1ª Carta, e ainda os Evangelhos e os Actos dos Apóstolos onde ele intervém.
Ter em grande apreço também os escritos e documentos (encíclicas, etc.) dos Papas que falam em nome de Cristo e de Pedro.
A CADEIRA (Cátedra) DE SÃO PEDRO – 22 de Fevereiro
A Igreja celebra ainda outra festa em honra de S. Pedro – a Cadeira de S. Pedro, no dia 22 de Fevereiro.
Ao celebrar a Cátedra de Pedro não se refere propriamente à cadeira material mas ao que ela simboliza, o magistério de Pedro e dos seus sucessores, os romanos pontífices.
Trata-se duma festa antiga para significar a unidade da Igreja fundada sobre o Apóstolo e seus sucessores.
O Concílio Vaticano II afirma que “o romano pontífice, como sucessor de Pedro, é perpétuo e visível fundamento da unidade, não só dos bispos, mas também da multidão dos fiéis” (LG 23).
Amar e aceitar o magistério do Papa é a melhor maneira de honrar a Cátedra de Pedro.
"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela." Mt 16,18
Não sabemos bem como se originou esta festa. Mas é certo que existe uma inscrição, datada de 370 – portanto, há mais de 1.600 anos – atribuída ao Papa São Dâmaso, falando de uma cadeira portátil, dentro do Vaticano, e que é considerada a "cátedra" do Apóstolo Pedro.
Hoje, dessa cadeira restam apenas algumas relíquias de madeira, conservadas e honradas, num lugar onde o grande artista Bernini levantou um monumento grandioso, em honra do primeiro Papa, a Basílica de São Pedro.
Escavações, feitas por cientistas de diversas nações, também provam que os restos mortais de São Pedro se encontram debaixo do mesmo Vaticano, que se torna, assim, símbolo de unidade da Igreja.
A celebração da festa da Cátedra de São Pedro tem o significado e o apelo à unidade dos cristãos, sob a guia do Papa, representante visível de Cristo.
O Evangelho une-nos a Pedro, mas também a todos os apóstolos e membros da Igreja.
Bento XVI explica o significado da «cátedra» de Pedro
A liturgia latina celebra no dia 22 de Fevereiro a festa da cátedra de São Pedro.
Trata-se de uma tradição muito antiga, testemunhada em Roma desde os finais do século IV, com a qual se dá graças a Deus pela missão confiada ao apóstolo Pedro e aos seus sucessores. A «cátedra», literalmente, quer dizer a sede fixa do bispo, colocada na igreja mãe de uma diocese, que por este motivo é chamada «catedral», e é o símbolo da autoridade do bispo e, em particular, do seu «magistério», ou seja, do ensinamento evangélico que ele, enquanto sucessor dos apóstolos, está chamado a custodiar e transmitir à comunidade cristã.
Quando o bispo toma posse da Igreja particular que lhe foi confiada, com a mitra e o báculo, senta-se na sua cátedra. Desta sede guiará, como mestre e pastor, o caminho dos fiéis, na fé, na esperança e na caridade!
Qual foi, então, a «cátedra» de São Pedro? Ele, escolhido por Cristo como «rocha» sobre a qual edificar a Igreja (Cf. Mateus 6, 18), começou o seu ministério em Jerusalém, depois da Ascensão do Senhor e do Pentecostes. A primeira «sede» da Igreja foi o Cenáculo, e é provável que naquela sala, onde também Maria, a Mãe de Jesus, rezou com os discípulos, se reservasse um posto especial a Simão Pedro. Sucessivamente, a sede de Pedro foi Antioquia, cidade situada no rio Oronte, na Síria, hoje na Turquia, naqueles tempos a terceira cidade do império romano depois de Roma e de Alexandria do Egipto. Daquela cidade, evangelizada por Barnabé e Paulo, na qual «pela primeira vez os discípulos receberam o nome de “cristãos”» (Actos 11, 26), Pedro foi o primeiro bispo.
De facto, o Martirológio Romano, antes da reforma do calendário, previa também uma celebração específica da Cátedra de Pedro em Antioquia. Desde ali a Providência levou Pedro a Roma. Portanto, encontramo-nos com o caminho que vai de Jerusalém, Igreja nascente, a Antioquia, primeiro centro da Igreja, que agrupava pagãos, e ainda unida também à Igreja proveniente dos judeus. Depois, Pedro dirigiu-se a Roma, centro do Império, símbolo do «Orbis» – a «Urbis» que expressa o «Orbis», a terra – onde concluiu com o martírio a sua carreira ao serviço do Evangelho. Por este motivo, a sede de Roma, que havia recebido a maior honra, recebeu também a tarefa confiada por Cristo a Pedro de estar ao serviço de todas as Igrejas particulares para a edificação e a unidade de todo o Povo de Deus.
A sede de Roma, depois destas migrações de São Pedro, foi reconhecida como a do sucessor de Pedro, e a «cátedra» do seu bispo representou a do apóstolo encarregado por Cristo de apascentar todo o seu rebanho. Testificam isto os mais antigos Padres da Igreja, como por exemplo Santo Irineu, bispo de Lyon, mas que era originário da Ásia Menor, que no seu tratado «Contra as heresias» descreve a Igreja de Roma como a «maior e a mais antiga conhecida por todos, (...) fundada e constituída em Roma pelos dois gloriosos apóstolos Pedro e Paulo», e acrescenta: «Com esta Igreja, pela sua exímia superioridade, deve estar em acordo a Igreja universal, ou seja, os fiéis que estão por toda a parte» (III, 3, 2-3). Pouco depois, Tertuliano, por sua parte, afirma: «Esta Igreja de Roma é bem-aventurada! Os apóstolos derramaram nela, com o seu sangue, toda a doutrina» («Prescrições contra todas as heresias», 36).
A cátedra do bispo de Roma representa, portanto, não só o seu serviço à comunidade romana, mas também a sua missão de guia de todo o Povo de Deus.
Celebrar a «cátedra» de Pedro, como hoje fazemos, significa, portanto, atribuir a esta um forte significado espiritual e reconhecer nela um sinal privilegiado do amor de Deus, Pastor bom e eterno, que quer reunir toda a sua Igreja e guiá-la pelo caminho da salvação. Entre os numerosos testemunhos dos Padres, quero oferecer o de São Jerónimo, tomado de uma carta sua escrita ao bispo de Roma, particularmente interessante porque menciona explicitamente a «cátedra» de Pedro, apresentando-a como porto seguro de verdade e de paz.
Assim escreve Jerónimo: «Decidi consultar a cátedra de Pedro, onde se encontra a fé que a boca de um apóstolo exaltou; venho agora pedir alimento para a minha alma ali, onde recebi a veste de Cristo. Não sigo outro primado senão o de Cristo; por isso, ponho-me em comunhão com a tua beatitude, ou seja, com a cátedra de Pedro. Sei que sobre esta pedra está edificada a Igreja» («As cartas» I, 15, 1-2).
Na abside da basílica de São Pedro, como sabeis, encontra-se o monumento à cátedra do apóstolo, obra de Bernini na sua maturidade, realizada em forma de grande trono de bronze, sustentada pelas estátuas de quatro doutores da Igreja, dois de Ocidente, Santo Agostinho e Santo Ambrósio, e dois do Oriente, São João Crisóstomo e Santo Atanásio.
Convido-vos a deter-vos perante esta obra sugestiva, que hoje é possível admirar, e a rezar particularmente pelo ministério que Deus me confiou.
Ao elevar o olhar diante o vitral do alabastro que se encontra precisamente diante da cátedra, invocai o Espírito Santo para que sustente sempre com a sua luz e a sua força o meu serviço quotidiano a toda a Igreja.
Por isso e pela vossa especial atenção, dou-vos graças de coração.