SÃO MATIAS - Apóstolo
Hoje é a festa de um apóstolo, o apóstolo São Matias. É uma ocasião para
reflectir sobre o que significa ser Igreja, por que somos Igreja.
No fundamento da Igreja está a instituição de Jesus, dos Apóstolos. Jesus
elegeu doze discípulos. E, como sabemos, um foi-lhe infiel, traiu-o. Este
número, doze - que na tradição bíblica indica também as doze tribos de Israel -,
é constitutivo do colégio apostólico. Por isso, após o abandono de Judas e a
Ressurreição de Cristo, tratou-se de substituir Judas, que faltava. E aí
encontramos uma definição belíssima do apóstolo, que não está longe de nós.
São onze, porque um cometeu a traição, e deve-se eleger um novo apóstolo. Como
fazê-lo? Deve encontrar como suprir a ausência gravíssima da traição de Judas.
Que é ser apóstolo? Pedro fala em nome do colégio e diz quais são as
propriedades e as condições para ser apóstolo.
A primeira condição é que deve tratar-se de alguém que tenha vivido com Jesus.
Desde o princípio da vida pública de Jesus, que começa no momento do baptismo
de parte de João Batista. Matias pertence ao grupo dos que foram sempre fiéis e
que com a morte de Jesus e a sua Ressurreição vivia próximo dos doze. Formava
parte deste grupo mais amplo de discípulos fiéis desde o começo. Mas o facto de
ter vivido perto de Jesus durante a sua vida terrena não basta.
Outra condição, que é decisiva, põe São Pedro: deve ser alguém que connosco tem
de ter sido testemunha da Ressurreição de Cristo. Alguns outros, além dos onze,
têm esta condição.
Mas é Deus que deve eleger o apóstolo, não os demais; não é a opção do «grupo».
Vem do alto. E faz-se o sorteio entre dois que têm as condições para ser
testemunhos da vida e antes de tudo da Ressurreição de Cristo. Por meio da
inspiração do Espírito Santo, designou-se Matias. A partir deste momento fará
parte do grupo dos doze, que serão sucedidos pelo colégio episcopal. Os bispos
- como vemos na Sagrada Escritura - são nomeados pelos próprios apóstolos.
Basta ler as cartas de São Paulo.
A Igreja mantém vivo o testemunho dos apóstolos. Esta é a razão de ser do
colégio episcopal e do Papa como chefe do colégio. A Igreja, viva em sua
memória, viva na pregação, viva na Eucaristia, viva do testemunho que os doze
receberam em Cristo ressuscitado. Receberam-no porque o viram. Todos os textos
da liturgia destes dias recordam o testemunho: «Comemos e bebemos com Ele,
tocamos-lhe, vimos-lhe». Foram testemunhas --no sentido forte e imediato-- de
Jesus.
E assim a Igreja continua com sua pregação, com a vida sacramental e também
--isto nos afecta a todos na maneira mais imediata-- com a santidade.
Compreende-se por que a liturgia de hoje elegeu a belíssima passagem que deve
ser vivida. Jesus deve ser acolhido
E no caminho deste Amor devemos ser Igreja, que é uma forma de estar na
história -e, portanto, também nossa missão- de prolongar o testemunho
apostólico: Cristo essuscitou, Cristo é nossa vida.
São Matias, apóstolo e mártir
São Matias era um dos numerosos discípulos que seguiram
Jesus, desde o começo da sua vida pública. Foi testemunha de Jesus e viveu todo
o drama da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Ele foi o escolhido para
ocupar o lugar de Judas Iscariotes, o Traidor, para ocupar o décimo segundo
apóstolo, que completou o grupo após a morte de Judas é justamente São Matias,
o santo que hoje comemoramos.
A sua Eleição foi descrita nos Actos dos Apóstolos, assim: "É necessário,
pois, que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o
Senhor Jesus viveu no nosso meio, a começar do baptismo de João até ao dia em
que dentre nós foi arrebatado, um destes se torne connosco testemunha da sua
ressurreição" Apresentaram então dois: José, chamado Barsabás e Matias. E
fizeram esta oração: "Tu, Senhor, que conheces o coração de todos,
mostra-nos qual destes dois escolheste para ocupar o lugar que Judas abandonou,
no ministério do apostolado, para dirigir-se ao lugar que era o seu"
lançaram sortes sobre eles, e a sorte veio a cair em Matias, que foi então
contado entre os doze apóstolos (Actos dos Apóstolos 1,21-26).
Poucos relatos existem sobre a sua vida. Sabe-se apenas que ele também morreu
sob martírio em Colchis e, muitas vezes, teve o seu nome confundido com o de
São Mateus, que em muito se assemelha na grafia.