O Papa Bento XVI, no dia 1 de Fevereiro de 2006 apresentou aos jovens o Fundador dos Salesianos, São João Bosco, sacerdote e educador, como “mestre de vida”: «Contemplai nele, queridos jovens, um autêntico mestre de vida e de santidade».
É deste “mestre de vida e de santidade” que nos vai falar esta página
DOM BOSCO: PAI E MESTRE DOS JOVENS
"Darei tudo para ganhar o coração dos jovens e, assim, poder ganhá-los para o Senhor"
Nascido em 16 de Agosto de 1815, em Becchi, na Itália, João Melchior Bosco, o João Bosco, perdeu o pai aos dois anos de idade e, por isso, sentia muita falta desta figura carinhosa. Na busca de alguém que cumprisse tal papel, um dia chegou à conclusão de que o pai que ele procurava existia dentro de si próprio. Foi quando percebeu que o seu ministério seria o de pai dos órfãos.
A partir dos nove anos, Joãozinho Bosco sentiu o chamamento de Deus para cumprir a sua vocação-missão, mas só quando completou os 16 começou os seus estudos para o sacerdócio, recebendo a ordenação em cinco de Junho de 1841, aos 25 anos.
Por influência de São José Cafasso, iniciou a sua obra educando jovens abandonados da cidade de Turim e fundou o Oratório de Dom Bosco com Bartolomeu Garelli que passados alguns meses já tinha 80 jovens.
Em 1844, Dom Bosco iniciou o ofício de capelão de meninas pobres e no dia oito de Dezembro de 1844, então com 29 anos, benzeu a primeira capela dedicada a São Francisco de Sales em quem ele viu um modelo perfeito da calma, da mansidão e da caridade pretendida como modelo na educação dos jovens.
Na Páscoa de 1846, chegou à casa Pinardi, em Valdocco, e em 1853 fundou oficinas profissionais que davam cursos de alfaiate, encadernação, marcenaria, tipografia e mecânica. Os mestres destas oficinas foram chamados coadjutores salesianos.
No dia oito de Dezembro de 1859, com o nome de “Pia Sociedade de São Francisco de Sales”, fundou a Congregação Salesiana, que só em três de Abril de 1874 teve a aprovação das Constituições por parte da Santa Sé.
Nos anos seguintes, Dom Bosco fundou e organizou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora e os Cooperadores Salesianos. A ele, num dia de alegria e de festa, foi oferecida como homenagem, a Associação dos seus ex-alunos.
Construiu, em Turim, a Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, e fundou 59 casas salesianas em 6 países. Abriu as missões na América Latina. Publicou as Leituras Católicas para o povo mais simples.
"FORMAR BONS CRISTÃOS E HONESTOS CIDADÃOS"
D. Bosco apresentou um programa de vida ao mesmo tempo simples e sério: ser bom cristão e honesto cidadão. O seu sistema educativo é concretizado pela moderação e pelo realismo, propondo, com bases em experiências adequadas e envolventes, ideais capazes de atrair por sua nobreza e beleza. Acreditou que em cada jovem existem energias que, se forem bem estimuladas, podem determinar a escolha da fé e da honestidade. Trabalhou o crescimento dos jovens, apoiando-se sobre a liberdade interior deles, contrastando os condicionamentos e os formalismos exteriores.
Dom Bosco também propôs como base para o seu sistema educativo a conquista dos corações dos jovens para despertar, com alegria e satisfação, o desejo do bem e a correcção dos seus erros, deixando-os preparados para o futuro, através de uma sólida formação de carácter.
A alguém que falava nas obras que D. Bosco tinha realizado, ele respondia sempre:
"Eu não fiz nada. Foi Nossa Senhora quem tudo fez".
D. Bosco morreu em 31 de Janeiro de 1888 deixando esta recomendação: "Digam aos meus jovens que os espero no paraíso”.
Em 1929, João Bosco foi beatificado e no dia 1 de Abril de 1934 foi canonizado pelo Papa Pio XI.
Hoje, eleito para ser o IX sucessor de Dom Bosco até 2008, está o mexicano de 56 anos, Pe. Pascual Chávez Villanueva.
Seguindo o raciocínio de Dom Bosco, o mundo terá a oportunidade de melhorar e de se renovar se os jovens trilharem o caminho do crescimento, da generosidade e solidariedade.
CARTA DE DOM BOSCO À JUVENTUDE
''O demónio tem normalmente duas artimanhas principais para afastar da virtude os jovens.
A primeira consiste em persuadi-los de que o serviço de Deus exige uma vida triste sem nenhum divertimento nem prazer. Ora isto não é verdade, meus caros jovens. Vou indicar-vos um plano de vida cristã que poderá manter-vos alegres e contentes, fazendo-vos conhecer ao mesmo tempo quais são os verdadeiros divertimentos e os verdadeiros prazeres, para que possais exclamar com o santo profeta David: “Sirvamos ao Senhor em santa alegria”.
A segunda artimanha do demónio consiste em fazê-los conceber uma falsa esperança duma longa vida que permite converter-se na velhice ou na hora da morte. Prestai atenção, meus caros jovens: muitos deixaram-se prender por esta mentira. Quem nos garante que chegaremos à velhice? Se se tratasse de fazer um pacto com a morte e de esperar até lá... Mas a vida e a morte estão nas mãos de Deus que dispõe de tudo a seu bel-prazer.
E mesmo se Deus vos concedesse uma longa vida, escutai, entretanto, a sua advertência: “o caminho do homem começa na juventude, e segue-o na velhice até à morte”. Ou seja, se, jovens, começamos uma vida exemplar, seremos exemplares na idade adulta, a nossa morte será santa e nos fará entrar na felicidade eterna.
Se, pelo contrário, os vícios começam a dominar-nos desde a juventude, é muito provável que eles nos manterão em escravidão toda a nossa vida até à morte, triste prelúdio a uma eternidade terrível.
Para que esta infelicidade não vos aconteça, eu vos apresento um método de vida alegre e fácil, mas que vos bastará para vos tornardes a consolação dos vossos pais, a honra da vossa pátria, bons cidadãos da terra, e depois felizes habitantes do céu...
Meus caros jovens, eu amo-vos de todo o meu coração e basta-me que sejais jovens para que eu vos ame extraordinariamente. Garanto-vos que encontrareis livros que vos foram dirigidos por pessoas mais virtuosas e mais sábias que eu em muitos pontos, mas dificilmente vós podereis encontrar algum que vos ame mais do que eu em Jesus Cristo e deseja mais a vossa felicidade.
Conservai no coração o tesouro da virtude, porque possuindo-o vós tendes tudo, mas se o perderdes, tornar-vos-eis os homens mais infelizes do mundo. Que o Senhor esteja sempre convosco e que Ele vos conceda seguir os simples conselhos presentes, para que possais aumentar a glória de Deus e obter a salvação da alma, fim supremo para o qual fomos criados. Que o Céu vos dê longos anos de vida feliz e que o santo temor de Deus seja sempre a grande riqueza que vos cumule de bens celestes aqui e por toda a eternidade.
Vivei contentes e que o Senhor esteja convosco. Vosso muito afeiçoado em Jesus Cristo''.
Dom Bosco, sacerdote.PENSAMENTOS DE D. BOSCO
- “Maria é a Estrela-do-mar. Não abandona os que confiam na sua protecção; coloquemo-nos sob o seu manto".
- "Nossa Senhora Auxiliadora usa de uma grande protecção sobre aqueles que A invocam".
- "Quão eficaz é recorrer a essa boa Mãe que é a Virgem Maria".
- "Esperamos muito de Maria Santíssima porque Ela pode muito".
- "Promovei a devoção à Santíssima Virgem porque isso fará muito bem".
- “Maria Santíssima é cheia de piedade e de benignidade para connosco".
- "Recorramos a Maria, confiemos n’Ela e salvar-nos-emos porque Ela é poderosa".
- "Se vejo um jovem que não se interessa peles coisas da alma, ele torna-se para mim uma dolorosa coroa de espinhos".
- "Se queres uma vida alegre e tranquila procura estar sempre na graça de Deus".
- “Mostra-te sempre alegre...mas que a tua alegria seja sincera ".
- "Cumprir o dever com alegria e com amor é a melhor preparação para bem morrer".
- “Quem confia na Santíssima Virgem, nunca se sen¬tirá defraudado".
- "Nas coisas de maior importância, fazei sempre uma breve elevação de espírito a Deus antes de a resolver".
- "Além das práticas de piedade, nunca deixar de fazer todos os dias uma pequena meditação e um pouco de leitura espiritual".
- "Corações unidos, rendimento reduplicado".
- "Quando está em jogo a Igreja ou o Papa tudo o que se faz é pouco."
- “Em Jesus Eucaristia e na Virgem Auxiliadora está o meu apoio."
- "Cooperar com Deus na salvação das almas, a mais divina das coisas divinas, é caminho seguro de verdadeira santidade."
- “O celibato...é um estado de amor", que faz de nós "sinais e portadores do amor de Deus aos Jovens".
- "Para governar o coração é preciso ter em mira o interior”.
ORAÇÃO A SÃO JOÃO BOSCO
Necessitando eu de especial auxílio, com grande confiança recorro a vós, ó São João Bosco. Preciso não só de graças espirituais, mas também de graças temporais, e principalmente... (pedir a graça que se deseja).
Vós, que tivestes tanta devoção a Jesus Sacramentado e a Maria Auxiliadora, e que tanto vos compadeceste das desventuras humanas, alcançai-me de Jesus e de sua celeste Mãe a graça que vos peço, e também a aceitação completa da vontade de Deus.
Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória.
D. BOSCO TAMBÉM FOI FAMOSO
PELOS SEUS SONHOS
O SONHO DOS NOVE ANOS
“Eu amo aqueles que me amam; os que me procuram pela manhã hão-de encontrar‑me. Comigo estão a riqueza e a honra, os bens estáveis e a justiça. Todos os bens me vieram com ela; pelas suas mãos recebi inumeráveis riquezas!"'Houve um santo que realizou obras grandiosas. A maior de todas foi a sua santificação. O Papa Pio XI chamou a este homem de Deus, S. João Bosco, "Colosso de Santidade".
Fundou a Congregação dos Salesianos, dedicada ao acompanhamento dos jovens. Qual o segredo para um tão grande triunfo e êxito do seu apostolado? Ele mesmo o revelou:
‑ Antes de começar qualquer trabalho, rezo uma Ave Maria!
Aos nove anos, D. Bosco teve um sonho que profundamente marcou a sua vida. Ele próprio conta: pareceu‑me estar junto de minha casa, num campo bastante espaçoso, onde estava reunida uma multidão de rapazes que jogavam. Alguns riam, outros, não poucos, blasfemavam. Ao ouvir aquelas blasfémias, meti‑me logo no meio deles, distribuindo murros e berros, para os fazer calar. Naquele momento, apareceu‑me um Homem venerando, nobremente vestido. O seu rosto era tão luminoso que eu não podia fixá‑lo. Chamou-me pelo meu nome e disse‑me:
‑ Não é com murros, mas sim com a mansidão e a caridade que deverás ganhar estes teus amigos. Coloca‑te no meio deles imediatamente e começa a falar‑lhes sobre a fealdade do pecado e a beleza da virtude.Confuso e espantado, respondi que eu era um rapaz pobre e ignorante. Naquele momento, os rapazes, cessando as rixas e gritarias, juntaram‑se em volta d'Aquele que falava. Quase sem saber o que dizia, perguntei: ‑ Quem sois vós que me mandais coisas impossíveis? ‑ Precisamente porque te parecem impossíveis deverás torná‑las possíveis com a obediência e a aquisição da ciência. Como poderei adquirir a ciência?‑ Eu dar‑te‑ei a Mestra, sob cujo ensino poderás tornar‑te sábio.
‑ Mas quem sois vós?‑ Eu sou o Filho d'Aquela a quem a tua mãe te ensinou a saudar três vezes ao dia. O meu nome pergunta‑o a minha Mãe. Naquele momento, vi junto d'Ele uma Senhora de majestoso aspecto, vestida dum manto resplandecente como o sol. Vendo‑me cada vez mais confuso, fez‑me sinal para me aproximar e tomou‑me pela mão: ‑ Olha! ‑ disse‑me Ela. Olhando, notei que aqueles rapazes tinham desaparecido todos e, em lugar deles, vi uma multidão de gatos, cabritos, cães, ursos e outros animais.‑ Eis o teu campo; é aqui que deverás trabalhar.
Torna‑te humilde, forte e robusto. Isto que agora vês suceder com estes animais, deverás tu fazê‑lo com os meus filhos.Volvi então o olhar e eis que em lugar de animais ferozes, apareciam outros tantos mansos cordeirinhos, que saltitavam e baliam, como brincando e fazendo festas àquele Homem e àquela Senhora. Naquele momento, sempre em sonho, comecei a chorar e pedi àquela Senhora que me falasse de maneira clara que eu pudesse entender, visto que eu não sabia o que aquilo significava. Então ela pôs‑me a mão na cabeça e disse‑me: a seu tempo tudo compreenderás!"
O SONHO DAS DUAS COLUNAS
Ele próprio conta: "Vi‑me sobre um pequeno rochedo, à beira mar, enquanto rugia uma tempestade medonha. Eis que surge um grande e possante navio, que era agitado pela fúria das ondas. Bem depressa me dei conta de que o Papa estava de pé no navio, juntamente com os cardeais, bispos e sacerdotes e muita gente. Tive o pressentimento de que esse navio significava a Igreja Católica. Vi, além disso, muitos navios inimigos a cercar o grande navio, para o abater, e durante um assalto particularmente violento, apercebi‑me de que o Papa ficara ferido, sangrava e morria. Os cardeais elegeram rapidamente outro e o mundo ficou a saber, desse modo, que o Pontífice ferido morrera e que um novo Papa era seu sucessor.A nau da Igreja sofrera terríveis danos e afigurava‑se perdida ante a grande superioridade adversária, já convencida que poderia triunfar.
Entretanto, vi erguer‑se do mar duas magníficas colunas de luz. Sobre o topo de uma delas estava suspensa uma grande hóstia branca e por baixo estas palavras Salus credentium, ou seja, salvação dos crentes. Sobre a outra coluna vi a efígie da Virgem Imaculada com esta inscrição: Auxilium christianorum, Auxílio dos cristãos.
Com a aparição das colunas resplandecentes no meio da tempestade, a gente recolhida no navio ganhou esperança e conforto e o novo Papa ordenou que o cortejo avançasse em direcção às duas colunas de luz junto das quais mandou ancorar fortemente o seu navio. Feito isto, com enorme dificuldade, a tempestade acalmou, desapareceram as nuvens e o céu anunciou um dia magnífico.Pude observar que os navios inimigos debandaram em completa desorientação, atirando‑se uns contra os outros, para, em seguida, explodirem e mergulharem a pique. Outros fugiram desaparecendo da vista. Numerosos náufragos remavam e nadavam em torno dos destroços, rumando em direcção ao navio da Igreja, onde eram imediatamente recolhidos e postos a salvo.
D. Bosco explica: A Igreja há‑de passar tempos difíceis, sofrer graves danos, mas, por fim, o próprio céu intervirá para a salvar. Então, haverá paz e um novo esplendor para todo o mundo católico. A salvação virá de Jesus presente na Eucaristia (da Comunhão frequente) até aos fins dos tempos. Essa ajuda preciosa chega até nós através da SS. Virgem Maria (devoção à Virgem Maria), Auxiliadora dos cristãos"'.
O SONHO DA CORDA
Em 1860 D. Bosco teve um sonho. Pareceu-lhe estar numa grande sala. Ele conta o que viu:
Os jovens puros – Vi uma luz brilhante a encher a sala, e uma fileira de jovens, belos como anjos. Cada jovem segurava um lírio branco na mão. Perguntei o significado, dizendo-me o guia: Estes são os que guardaram a virtude da pureza.
Os jovens que amam a Deus – Vi depois, uma outra fileira de jovens que seguravam nas mãos outras flores. Passeavam sem tocar no chão. O guia explicou-me: São jovens cheios de amor por Deus. Depois estes desapareceram e fugiu também a luz que iluminava a sala.
Os jovens que se confessam – Com a sala mais às escuras, vi outro grupo de jovens. Tentavam subir, agarrando-se a uma corda presa no tecto. Mas não conseguiam, vindo sempre a cair por terra. O guia explicou: A corda é a confissão. Quem a souber usar, chegará certamente ao Céu. Estes jovens, porém, usam-na mal, são vítimas do pecado.
PAI E MESTRE DOS JOVENS
Pai e mestre dos jovens
Deste a vida por nós.
Hoje nós te louvamos
Juntos numa só voz.
D. Bosco, D. Bosco
Cantemos, cantemos
Glória, glória,
Glória para sempre.
Teu segredo é Maria
Tua força é Jesus.
Tua vida é dos jovens
És caminho, és luz.
Deste aos jovens a esp’rança
Deste a vida, o amor,
Deste a fé e a força
Dum futuro melhor.
Momentos da vida de Dom Bosco
1 - «Enquanto fui criança – escreve Dom Bosco – foi a minha mãe que me ensinou as orações. Fazia-me pôr de joelhos com os meus irmãos, de manhã e à noite e, todos juntos, rezávamos as orações em comum».
2 – A Páscoa de 1826 calhou a 26 de Março. Nesse dia João fez a primeira comunhão.
Eis as suas recordações:
«A minha mãe ficou ao lado de mim. Durante a Quaresma tinha-me levado a confessar-me. ‘Meu João, disse-me, Deus prepara-te um grande dom; procura recebê-lo bem. Confessa tudo, arrepende-te e promete a Deus ser melhor no futuro’.
Naquela manhã acompanhou-me à Sagrada Mesa, fez comigo a preparação e a acção de graças. Repetiu-me várias vezes: ‘Foi um grande dia para ti. Deus tomou posse do teu coração. Agora promete-lhe que farás todo o possível para conservar-te bom até ao fim da tua vida; sê sempre obediente; frequenta de bom grado a catequese e as pregações; mas, por amor de Deus, foge como da peste dos que têm más conversas’.
3 - A 30 de Outubro de 1835, São João Bosco, que então contava 20 anos, entrou no Seminário, vestindo o traje sacerdotal, como era costume nesse tempo. Sua mãe chamou-o à parte e disse-lhe:
"João, acabas de vestir o hábito sacerdotal: como mãe sinto grande consolação em ter um filho seminarista. Mas lembra-te que não é o hábito que honra a pessoa, mas sim a prática da virtude. Se um dia tiveres dúvidas sobre a tua vocação, por amor de Deus, não desonres esse hábito. Tira-o, quanto antes. Prefiro ter um filho camponês, antes que um sacerdote desleixado nos seus deveres. quando nasceste, consagrei-te a Nossa Senhora. quando começaste os estudos, recomendei-te a devoção a esta nossa boa Mãe. Agora, João, recomendo-te que sejas todo seu.
Quando acabou estas palavras, a minha mãe estava comovida. Eu chorava. - Mãe, respondi, agradeço tudo o que tem feito por mim. Nunca esquecerei as suas palavras".
4 – 5 de Junho de 1841. João Bosco é ordenado sacerdote. Ao fim do dia, depois de vividas muitas emoções, a mãe Margarida procura um momento para lhe falar a sós e diz-lhe:
«Agora és sacerdote, estás mais perto de Jesus. Eu não li os teus livros, mas lembra-te que começar a dizer missa é começar a sofrer. Não te darás conta logo de início, mas pouco a pouco verás que tua mãe te disse a verdade. Doravante pensa unicamente na salvação das almas e não te preocupes comigo».
DOM BOSCO E A SORTE GRANDE
São João Bosco tinha fama de adivinhar o futuro. Um dia foram ter com ele dois senhores que lhe disseram:
- Sabemos muito bem que o Sr. Padre conhece o que vai acontecer. Por isso vínhamos pedir-lhe para nos dizer quais são os bilhetes da lotaria que vão ser a próxima sorte grande.
- Eu não sei tal coisa.
- Sabe, sabe. Diga-nos os números da sorte, por favor.O santo pensou um pouco e respondeu:
- Se querem que lhes saia a sorte grande, joguem nos números 10, 5, 14. Os homens esfregaram as mãos de contentes. Já estavam a ver a carteira cheia de notas. Preparavam-se para sair pela porta fora para irem comprar os bilhetes com aqueles números. São João Bosco, porém, fê-los parar e perguntou-lhes:
- Não querem uma explicação?
- Não precisamos de mais nada. Obrigadinho.
- Sem explicação não saberão jogar.
- Explique-nos, então, o que falta.
- Oiçam bem: o número 10 representa os 10 Mandamentos da Lei de Deus. O número 5, os 5 Mandamentos da Santa Igreja. O número 14, são as Obras de Misericórdia. Joguem nestes números e terão a sorte grande. Cumpram os 10 Mandamentos da Lei de Deus, os 5 Mandamentos da Santa Igreja e as 14 Obras de Misericórdia e serão as pessoas mais felizes do mundo.
São João Bosco dizia a verdade: não há gente com mais sorte, não há gente mais feliz do que a que cumpre bem a Lei de Deus.Só Deus nos pode dar a verdadeira paz, alegria e felicidade.

S. João Bosco, “Pai e Mestre da juventude”
S. João Bosco sentia ter recebido uma vocação especial no modo de actuar a sua missão, ser assistido e quase enviado pelo Senhor e pela intervenção materna da Virgem Maria. A sua resposta foi tal que a igreja o propôs oficialmente aos fiéis como modelo de santidade.
A sua estatura de santo fá-lo original entre os grandes fundadores de institutos religiosos na Igreja. Sobressai por muitos aspectos: é o iniciador de uma verdadeira escola de nova e atraente espiritualidade apostólica; é o promotor de especial devoção a Maria, Auxiliadora dos Cristãos e Mãe da igreja; é a testemunha de leal e corajoso sentido eclesial, manifestado através de mediações delicadas nas então difíceis relações da Igreja com o Estado; é o apóstolo realista e prático, aberto aos contributos das novas descobertas; é o organizador zeloso de missões, com sensibilidade verdadeiramente católica; é, por excelência, o exemplar de um amor preferencial pelos jovens, especialmente pelos mais necessitados, para o bem da Igreja e da sociedade; é o mestre de uma eficaz e genial práxis pedagógica deixada como dom precioso a ser conservado e desenvolvido...
É precisamente tal intercâmbio entre “educação” e “santidade” o aspecto característico da sua figura: ele é um “educador santo”; inspira-se num “modelo santo” - Francisco de Sales -; é discípulo de um “mestre espiritual santo” - José Cafasso; e sabe formar entre os seus rapazes um “educando santo” - Domingos Sávio.
Para S. João Bosco, fundador de uma grande família espiritual pode-se dizer que o traço peculiar da sua “genialidade” está ligado à práxis educativa por ele mesmo chamada sistema preventivo. Representa de certo modo, a síntese da sua sabedoria pedagógica, e constitui a mensagem profética por ele deixada aos seus e a toda a Igreja, daí recebendo atenção e reconhecimento de numerosos educadores e estudiosos da pedagogia.
O essencial dos seus ensinamentos permanece; as peculiaridades do seu espírito, as suas intuições, o seu estilo, o seu carisma não perdem valor, porque inspirados na transcendente pedagogia de Deus.
Na Igreja e no mundo a visão educativa integral, que vemos encarnada em João Bosco, é uma pedagogia realista da santidade. Urge recuperar o verdadeiro conceito de “santidade”, como componente da vida de todo o crente. A originalidade e a audácia da proposta de uma “santidade juvenil” são intrínsecas à arte educativa deste grande Santo, que pode ser justamente definido como “mestre de espiritualidade juvenil”.
O seu particular segredo foi o de não frustrar as aspirações profundas dos jovens (necessidade de vida, de amor. de expansão, de alegria, de liberdade, de futuro), e ao mesmo tempo, de os levar, gradual e realisticamente, a experimentar que só na “vida em graça”, isto é, na amizade com Cristo, se realizam os ideais mais autênticos.
(Da Carta Juvenum Patris de João Paulo II, papa)

DOM BOSCO E A EUCARISTIA
“Tende grande cuidado em ir à Santa Missa, mesmo nos dias de semana, ainda que para isso tenhais que sofrer algum incómodo. Pois com isso obtereis do Senhor toda a sorte de bênçãos”.
“Participai na Santa Missa, dividindo a parte sacrificial da Missa em três partes, isto é, em três “P”, sobre as quais devemos meditar: a Paixão de Jesus (do ofertório até à elevação); os nossos Pecados, causa da Paixão e Morte de Jesus (até à Comunhão); e o Propósito de uma vida pura e fervorosa (da Comunhão até ao fim da Missa). Para isso basta seguir atentamente o sacerdote no altar”.
“Há cristãos que, na igreja, ficam “voluntariamente distraídos, sem nenhuma modéstia, sem atenção, sem respeito, de pé, olhando para cá e para lá… Esses tais não assistem ao Divino Sacrifício como Maria e João, mas como os judeus, pregando de novo a Jesus na Cruz!”
“O Santo Sacrifício da Missa faz bem às almas do Purgatório e, mais que isso, é o meio mais eficaz para aliviar aquelas almas das suas penas, para diminuir o tempo do seu exílio e introduzi-las mais depressa no Reino bem-aventurado”.
Idade da primeira comunhão. São João Bosco afirmava que “quando a criança já sabe distinguir o Pão ordinário do Pão Eucarístico e já tem uma instrução suficiente, não é preciso que nos preocupemos com a sua idade, mas é preciso que o Rei dos céus venha reinar na sua alma”.
“Para fazerdes bem a santa Comunhão, imaginai que já não é o sacerdote, mas sim, a própria Nossa Senhora que vem dar-vos a Hóstia Santa”.
Respeito e veneração para com os sacerdotes
São João Bosco exortava a todos com estas palavras: “Recomendo-vos um grande respeito para com os sacerdotes; descobri a vossa cabeça em sinal de reverência, quando falardes com eles, ou quando passais por eles no caminho, e beijai-lhes respeitosamente a mão. Tomai cuidado para não os desprezar, com factos ou por palavras. Quem não respeita os Ministros Sagrados, deve temer um grande castigo do Senhor”.
Dom Bosco fala da presença materna de Maria
“Nossa Senhora está aqui, eu vejo-A, sim, vejo-A andar pelos corredores da vossa casa”.
João Bosco é um dos santos mais populares da Igreja e do mundo e um grande devoto de Nossa Senhora, com o título de Auxiliadora dos Cristãos.
Certa vez quando já estava idoso, João Bosco foi à casa das Irmãs Filhas de Maria Auxiliadora, um ramo da Congregação religiosa que fundara. Por causa da idade avançada, tinha sempre um padre ao seu lado que repetia em voz alta o que ele dizia. Um dia Dom Bosco disse-lhes: “Irmãs, Nossa Senhora Auxiliadora caminha pelos corredores da vossa casa”. O padre, que o acompanhava, receoso, resolveu dizer outra coisa: “Nossa Senhora ama-vos muito, por isso Maria está sempre presente”. Mas Dom Bosco corrigiu-o: “Repita-lhes que Nossa Senhora anda nesta casa. Ela anda por estes corredores”. O padre ficou um pouco corado, achou um exagero e novamente disse algo semelhante ao que havia dito. Dom Bosco ficou nervoso e elevou o máximo que podia a sua voz e disse uma terceira vez: “Nossa Senhora está aqui, eu vejo-A andar pelos corredores da casa”. O sacerdote nem precisou de repetir porque as irmãs abriram bem os ouvidos. Dom Bosco levantou ao máximo a voz e as irmãs puderam ouvir dos próprios lábios dele a surpreendente realidade. Este facto e esta conversa repetiu-se noutros lugares.
A Santíssima Virgem não é a Mãe apenas das Filhas de Maria Auxiliadora, Maria é nossa Mãe, tua Mãe, mesmo quando os seus filhos não A reconhecem. Ela olha para as necessidades dos seus filhos. Quanto maior é a necessidade, mais Maria se faz presente. Se a tua casa e a tua família passam por grandes problemas, Nossa Senhora está muito mais presente na tua casa do que tu pensas.
Tenta imaginar: a Virgem Maria está constantemente a percorrer os ambientes da tua casa. Para que Deus possa realizar as Suas maravilhas basta que alguém acredite.
A Sociedade da Alegria
" Para nós, a santidade consiste em estarmos sempre alegres.
Procuramos evitar o pecado que nos rouba a alegria do coração..."
Convencido esta verdade, João Bosco fundou entre os colegas, a Sociedade da Alegria. Foi assim que tudo aconteceu:
“Nas minhas primeiras quatro classes tive de aprender, à minha custa, a lidar com os colegas”.
Apesar da severa vida cristã imposta pela escola, havia alunos maus. ”Um deles foi tão descarado que me aconselhou a roubar a minha patroa para comprar rebuçados”.
João cedo se afastou desses tais, para não acabar como o rato nas garras do gato. Muito cedo, porém, o seu sucesso possibilitou-lhe manter com eles um relacionamento diferente, de prestígio. Por que não aproveitar para fazer-lhes algum bem?
“Os companheiros que me queriam levar às confusões eram os mais desleixados no estudo e assim começaram a pedir-me que os ajudasse nos deveres escolares”.
Ajudou-os. Exagerou até, passando-lhes traduções completas por baixo da carteira. Foi apanhado num exame quando passava cola, e só conseguiu salvar-se graças à amizade de um professor, que o obrigou a repetir a tradução de latim.
“Conquistei os meus colegas, que começaram a procurar-me durante os recreios. Antes, por causa dos deveres escolares, depois para ouvir as minhas histórias e, por fim, sem motivo nenhum”.
Juntos sentiam-se bem. Formaram uma espécie de clube. João baptizou-o com o nome de “Sociedade da Alegria”. Deu-lhe um regulamento muito simples:
1- Nenhuma acção, nenhuma conversa indigna de um cristão.
2- Cumprir os próprios deveres escolares e religiosos.
3- Viver em Alegria.
A alegria será uma ideia fixa em Dom Bosco. Domingos Sávio, seu aluno predilecto, chegará a dizer:
- Para nós, a santidade está em estarmos sempre alegres. Procuramos evitar o pecado que nos rouba a alegria do coração.
Para Dom Bosco, a alegria é a profunda satisfação que nasce de saber que estamos na mãos de Deus e, portanto, em boas mãos. É a palavra que indica um grande valor: a esperança.
“Em 1832 eu era o capitão de um pequeno exército”. Nos recreios, jogavam a malha, andavam de pernas-de-pau, corriam, etc. Faziam partidas animadas e muito alegres. Quando se cansavam, João fazia acções mágicas.
“Do copo dos dados tirava uma centena de bolinhas coloridas; de um pote vazio, uma dúzia de ovos. Tirava bolas de vidro do nariz dos espectadores, adivinhava quanto dinheiro tinham no bolso e, com um simples toque de dedos, transformava em pó moedas de qualquer metal”.
E sempre, toda aquela alegria terminava em oração.
“Nos domingos e dias santos de guarda íamos à igreja à catequese onde aprendíamos histórias que ainda lembro”...
Porque se devem evitar as más conversas a todo custo? - São João Bosco
Evitar as más conversas
Quantos jovens estão no inferno por terem dado ouvidos às más conversas!
Esta verdade já a inculcava São Paulo, quando dizia que as conversas inconvenientes nem sequer se devem nomear entre cristãos, porque são a ruína dos bons costumes.
Fazei de conta que as conversas são como os alimentos: por muito bom que seja um prato é suficiente que sobre ele caia uma só gota de veneno para dar a morte aos que dele comerem.
O mesmo acontece com a conversação obscena. Uma palavra, um gesto, um gracejo basta para ensinar a malícia a um ou também a muitos meninos, os quais tendo vivido até então como inocentes cordeirinhos, por causa daquelas conversas e maus exemplos perdem a graça de Deus e se tornam infelizes escravos do demónio.
Poderá alguém dizer: Conheço as funestas consequências das más conversas; mas como se há-de fazer? Estou numa casa, numa escola, num serviço, numa casa de negócio, num lugar onde se têm más conversas.
Infelizmente, meus caros jovens, sei que há destes casos; por isso vos indico o modo de sairdes desta dificuldade sem ofender a Deus. Se são pessoas inferiores a vós, corrigi-as com rigor; dado o caso que sejam pessoas a quem não convenha admoestar, fugi, se vos for possível.
Não podendo, ficai firmes e não tomeis parte nem com palavras, nem com os sorrisos e dizei no vosso coração: Meu Jesus, misericórdia.
Foge, abandona o lugar, a escola, a oficina, suporta todos os males deste mundo, ante que a morar em um lugar ou tratar com pessoas que põem em perigo a salvação da tua alma.
Porque diz o Evangelho, melhor é sermos pobres, desprezados, sofrer que nos cortem os pés e as mãos e até que nos arranquem os olhos e ir assim para o Céu, antes que ter tudo o que desejamos no mundo e depois perder-nos eternamente.
Pode às vezes acontecer que algum companheiro vos escarneça e se ria de vós, mas não importa: tempo virá em que o riso e o sarcasmo dos malvados se mudará em pranto no inferno e o desprezo dos bons se converterá na mais consoladora alegria no céu.
Notai até que, permanecendo vós fiéis a Deus, acontecerá que os vossos mesmos detractores serão obrigados a prezar a vossa virtude, já não se atreverão a molestar-vos com os seus perversos motejos.
Onde se achava São Luís Gonzaga, ninguém já se atrevia a proferir palavras menos honestas, e se ele chegava na ocasião em que outros as pronunciavam, diziam logo: Silêncio! Aí vem o Luís.
Obediência é sinal de santidade - São João Bosco
A Primeira Virtude de um jovem é a obediência aos pais e superiores.
Assim como uma plantinha, embora colocada em bom terreno, num jardim, toma forma defeituosa e vai definhando se não for cultivada e, de algum modo, guiada até certa altura, assim vós, meus caros filhos…
…vos inclinareis fatalmente para o mal, se não vos deixardes guiar por quem está encarregado da vossa educação e do bem da vossa alma.
Esta guia vós a atendes nos vossos pais e nos que fazem as suas vezes; a eles deveis obedecer com docilidade. “Honra teu pai e tua mãe e terás vida longa na terra”, diz o Senhor.
Mas em que consiste esta honra? Consiste em obedecer-lhes, respeitá-los e prestar-lhes assistência.
Obedecer-lhes e por isso, quando vos mandam alguma coisa, fazei-a prontamente, sem resistir, e guardai-vos de proceder como alguns que resmungam, escolher os ombros, sacodem a cabeça e, o que é pior, respondem mal.
Estes fazem grande injúria aos pais e também a Deus, pois que nas ordens dos pais manifesta-se a vontade de Deus.
O nosso Salvador, apesar de ser omnipotente, para nos ensinar a obedecer, foi submisso em tudo à Santíssima Virgem e a São José, na humilde ocupação de artífice: Et erat súbditus illis. Para obedecer a seu Pai celeste ofereceu-Se á morte dolorosíssima da cruz: Factus obédiens usque ad mortem; mortem autem crucis.
Deveis também ter grande respeito ao vosso pai e à vossa mãe e não empreender coisa nenhuma sem a sua licença, nem dar a conhecer os seus defeitos. São Luis Gonzaga não fazia coisa nenhuma sem licença e, na falta de outrem, a pedia aos mesmos criados.
O jovem Luis Comolo foi obrigado um dia a estar longe dos pais por mais tempo do que lhes tinham permitido. Mas ao chegar a casa, todo choroso pediu logo humildemente perdão daquela desobediência involuntária.
Finalmente, deveis prestar aos pais assistência nas suas necessidades com os serviços domésticos de que fordes capazes especialmente entregando-lhes todo o dinheiro ou qualquer coisa que vos venha às mãos, usando de tudo conforme as suas indicações.
É também estrito dever de um jovem rezar de manhã e à noite pelos seus pais, para que Deus lhes conceda todos os bens espirituais e temporais.
Tudo o que vos disse acerca da obediência e do respeito aos pais, deveis também praticar em relação a qualquer outro superior, eclesiástico ou secular.
E por isso também em relação aos vossos professores, dos quais igualmente recebereis de boa vontade, com humildade e respeito os ensinamentos, os conselhos, as correções, certos de que tudo o que eles fazem é para a vossa maior vantagem e que a obediência prestada aos superiores é como se fora prestada ao mesmo Jesus Cristo e a Nossa Senhora.
Duas coisas vos recomendo com maior empenho:
A primeira é que sejais sinceros com os superiores, não encobrindo nunca as vossas faltas com fingimentos, muito menos negando-as.
Dizei sempre a verdade com franqueza. As mentiras, além de ofenderem a Deus, vos tornam filhos do demónio, que é o príncipe da mentira, e, vindo-se depois a saber a verdade, passareis por mentirosos, com grande desdouro perante os superiores e os companheiros.
Em segundo lugar, vos recomendo que aceiteis os conselhos e as advertências dos superiores como norma da vossa vida e do vosso modo de agir.
Felizes vós, se assim fizerdes; os vossos dias serão venturosos, todas as vossas ações serão bem ordenadas e servirão de edificação aos outros. Por isso, concluo dizendo-vos:
O jovem obediente tornar-se-á santo; pelo contrário, o desobediente segue um caminho que o levará a perdição.
Fonte: O jovem instruído na prática dos seus deveres religiosos – São João Bosco
DOM BOSCO - FUNESTÍSSIMO “POR QUÊ”
D. — Diga-me, Padre; qual será o primeiro “por quê” de tantas confissões mal feitas?
M. — Os “por quês” podem ser diversos, mas o principal é sem dúvida “o medo”, ou seja a maldita vergonha pela qual o demónio fecha a boca de muitos, fazendo-os calar ou confessar mal certos pecados ou o número deles. O demónio quando quer induzir alguém ao pecado cerca o infeliz de mil maneiras e vai-lhe sugerindo:
“— Ora, comete à vontade esse pecado... Afinal não é assim tão grave. Deus é bom... Ele não te quer castigar... Depois, com uma confissão Ele perdoa-te e está tudo acabado..."
E assim, batendo hoje, batendo amanhã, sempre na mesma tecla, o demónio acaba por triunfar, fazendo cometer e talvez até repetir os pecados. Depois, quando o coitado, roído pelo remorso, resolve confessar-se, o demónio muda de tática. Trata de impedir que Deus tome conta dessa alma, dizendo:
— “Como ousas confessar esse pecado? O confessor ficará surpreendido, há de ralhar contigo, levá-lo-á a mal e é provável que te negue a absolvição. Ora, vamos, não temas, confessar-te-ás depois... Há tempo de sobra... Há sempre tempo para isso".
E, assim, o mais das vezes fecha a boca de quem estaria quase resolvido a falar e induz os pobres infelizes a calarem-se e a cometerem sacrilégios.
“Como ousas confessar esse pecado?”
D. — É esta mesmo a táctica do demónio?
M. — Certamente! Ele mesmo o confessou a Santo Antonino, arcebispo de Florença.
Um dia, tendo o santo visto o demónio junto do confessionário, perguntou-lhe:
— O quê fazes aí?
— Estou esperando para fazer a restituição.
— Qual restituição? Fala, ou ai de ti.
— Venho restituir aos pecadores a vergonha e o medo que lhes roubei quando os fiz cometer os pecados.
D. — Se não me engano, parece-me que li que D. Bosco também viu o demónio em circunstâncias análogas.
M. — Justamente! Foi assim: Certa noite, estava o santo a confessar no coro da Igreja de São Francisco de Sales em Turim; era grande o número de jovens ali reunidos, esperavam que chegasse a sua vez. Pelo confessionário passam dez, vinte, e chega finalmente um que, tendo já feito uma parte da confissão, pára de repente. Continue, diz-lhe D. Bosco, que por inspiração divina lia na consciência dos seus filhos. Continue! E o resto?
— Não há mais nada, Padre, mais nada!
— Não temas, meu filho, continua o Santo, o Confessor não ralha, não castiga, perdoa sempre, perdoa sempre, perdoa tudo em nome de Deus; tem coragem...confessa-te bem...
— Não há mais nada! Nada mais!...
— Mas por que, meu filho, queres, com uma confissão sacrílega, dar prazer ao demónio... causar tristeza a Jesus, fazê-lo chorar?
— Garanto-lhe Padre, que não tenho mais nada a dizer!
D. Bosco que vê o perigo que o infeliz jovem corre, inspirado por Deus, abandona a luta inútil e diz: Pois bem, olha quem está atrás de ti! O rapaz vira-se de repente, solta um grito agudo e, agarrando-se ao pescoço de D. Bosco exclama: Sim Padre, tenho mais este pecado... E conta o pecado que não ousava confessar... Os companheiros que estavam na igreja ouviram o grito; assim que saíram, cercaram o rapaz, e, curiosos, queriam saber o que tinha acontecido. E ele sorrindo, apesar de estar ainda um tanto assustado: "Se vós soubésseis... Eu tinha cometido uma falta que não ousava confessar. D. Bosco leu o meu coração... e eu vi o demónio que, sob a figura de um gorila de olhos de fogo e garras afiadas, estava pronto para me agarrar!"
D. — D. Bosco era um Santo! Que sorte confessar-se com um Santo; não é, Padre?
M. — Todos os confessores representam Jesus Cristo e Jesus Cristo é sempre Santo; Ele tudo sabe, Ele vê tudo, tem pena de todos, perdoa tudo!
D. — Mas mesmo assim o demónio procura enganar e trair nas confissões?
M. — Sim; em todas as ocasiões. Assim como o lobo agarra as ovelhas pela garganta para que não gritem, e as carrega e as devora, assim também faz o demónio com certas almas; agarra-as pela garganta para que não confessem os pecados e arrasta-as miseravelmente para o inferno.
D. — Que espertalhão malvado! Mas haverá quem, depois de enganado uma vez, se deixe levar por este impostor?
M. — Há muitos, muitíssimos, infelizmente! Ai daquele que começa a seguir por esse caminho! São geralmente os que cometem pecados contra a pureza que enveredam por tal caminho! Geralmente não há dificuldade em confessar os pecados contra a fé, os pecados de blasfêmias, os de profanação dos dias festivos, os de desobediência, de vingança e mesmo os de furto; mas quando se trata de acusar pecados de impureza, ou ter que acrescentar certas circunstâncias que os acompanharam, ou ainda quando se trata de dizer o número bastante considerável dessas faltas, então uma maldita vergonha surge e fecha sacrilegamente a boca do penitente. De mais a mais, a confissão sacrílega geralmente não fica sozinha. Depois de uma vêm outras e assim essas almas infelizes continuam durante anos e anos, e além disso acrescentam a essas confissões mal feitas outras tantas Comunhões sacrílegas. E não raro, acontece que aqueles que, tendo começado a esconder pecados graves desde as primeiras confissões, chegam a uma idade avançada sem nunca fazerem uma boa confissão e sem nunca repararem a desordem de suas almas.
É inacreditável como o medo e a vergonha são comuns principalmente entre os jovens. S. Leonardo afirma ter tido a seus pés pessoas que, mesmo em perigo de morte não puderam vencer a vergonha que lhes fechava a boca. S. Afonso recomenda aos padres que falem frequentemente com calor, com insistência, sobre este perigo da vergonha que faz calar e insiste para que façam ver ao povo como as confissões mal feitas arruínam as almas, porque essa praga das confissões sacrílegas reina por toda a parte, principalmente nos lugarejos. E, como é comum que factos e exemplos impressionem o povo, sugere aos padres que contem muitos exemplos de almas que se perderam por causa de pecados não confessados.
D. — Conte alguns, Padre!
M. — Com muito prazer! Conta-se que uma menina de sete anos tinha tido a infelicidade de cometer certos actos impuros. Envergonhada, não ousou confessá-los na ocasião e nem mais tarde. Tendo adoecido gravemente, chamou o confessor, recebeu o Santo Viático, a Santa Unção e morreu! Todos, mãe, irmãs, e amigas lamentaram a sua perda, mas era para elas um conforto julgá-la salva e santa. Porém, três dias depois do enterro, quando o Sacerdote se aproximava do altar para celebrar em sufrágio da sua alma, sentiu que o seguravam pelo braço, e uma voz triste e comovente lhe dizia baixinho: — Padre, não reze por mim porque eu estou condenada! Condenada por certos pecados que ocultei na confissão desde os sete anos.
Uma outra menina de 13 anos na ocasião da Páscoa tinha comungado com as companheiras: mas logo depois de recebida a santa partícula tem um estremecimento, contorce-se e cai por terra. Os presentes acodem assustados e levam-na para uma casa vizinha. Acabada a função, o pároco vai a correr à cabeceira da menina que continua a delirar e debater-se; chama-a pelo nome e diz-lhe:
— Coragem, confia tudo a Jesus, àquele Jesus que recebeste na Comunhão!
Ouvindo estas palavras, ela arregala os olhos e, horrorizada exclama:— A Jesus?!... a Jesus?! Ah não! Eu recebi-O mal, eu cometi um sacrilégio escondendo certos pecados na confissão. — E, continuando a debater-se, morre pouco depois diante de todos comovidos e penalizados.
M. — O que me diz destes exemplos?
D. — Que são terríveis e o bastante para mostrar como é grande o mal das confissões mal feitas.
Sacerdote para sempre
Começava o tempo do “tudo compreenderá”
5 de Junho de 1841. Na capela do arcebispado, João Bosco, vestindo a alva, prostrava-se diante do altar. Saem do órgão as notas austeras do canto gregoriano. Os sacerdotes e os seminaristas presentes invocam, um a um, os grandes santos da Igreja: Pedro, Paulo, Bento, Bernardo, Francisco, Catarina...
Pálido pela emoção e pelos últimos dias extenuantes, João ergue-se e vai ajoelhar-se aos pés do arcebispo que lhe impõe as mãos na cabeça e invoca o Espírito Santo para que venha sobre ele e o consagre sacerdote.
Sacerdote para sempre
Alguns minutos depois, João Bosco, unindo-se à voz do arcebispo, inicia a sua primeira concelebração. Tornou-se Dom Bosco (“dom”, em italiano, quer dizer padre).
Celebrei a primeira missa – escreverá ele com simplicidade – na igreja de São Francisco de Assis, em Turim, assistido pelo padre Cafasso, meu benfeitor e director. Esperavam-me ansiosamente no meu povoado (era a festa da Santíssima Trindade) onde há muitos anos não havia uma primeira missa. Mas preferi celebrá-la em Turim, sem barulho, no altar do Anjo da Guarda. Posso chamar àquele dia o mais belo da minha vida.
Há uma piedosa crença segundo a qual Deus concede a graça que o sacerdote pedir ao celebrar a primeira missa. Pedi ardentemente a eficácia da palavra, para poder fazer o bem às almas.
Dom Bosco quis celebrar a segunda missa no altar da Consolata, no grande Santuário de Nossa Senhora, em Turim. Erguendo os olhos, viu, no alto, aquela Senhora brilhante como sol que, dezassete anos antes, lhe havia falado em sonhos.
- Torna-te humilde, forte e robusto e a seu tempo tudo compreenderás – tinha-lhe dito.
E João Bosco tinha-se esforçado para agir assim. Agora, como padre, como Dom Bosco, começava o tempo do “tudo compreenderás”.
Na quinta-feira seguinte, festa de Corpus Chisti, Dom Bosco cantou missa na terra natal.
Os sinos repicaram longamente. O povo apinhou-se na grande igreja. “Queriam-me bem – lembrará Dom Bosco – e cada qual se sentia feliz de estar comigo.”
Ao saberem que aquele padre tinha sido um pequeno mágico, as crianças arregalam os olhos. Os adultos lembram-se dele como companheiro de jogos e de escola. Os mais velhos o tinham visto passar muitas vezes descalço e com os livros na mão.
Naquela noite, a mãe dele, a mãe Margarida, escolheu um momento para lhe falar a sós:
- Agora és padre. Está mais perto de Jesus. Eu não li os teus livros, mas lembra-te: começar a dizer missa é começar a sofrer. Por enquanto, nem perceberás. Mas, aos poucos, verás que a tua mãe te disse a verdade. De agora em diante, pensa apenas na salvação das pessoas. E não te preocupes comigo.
DISSE DOM BOSCO:
- Toda a vida do homem deve ser uma contínua preparação para a morte.
- Quem tem paz de consciência, tem tudo.
- Se somos cristãos, devemos imitar Jesus Cristo também no sofrimento.
- Nós oferecemos um grande tesouro à Igreja quando procuramos uma boa vocação.
- Ser bons não consiste em não cometer faltas, mas na vontade de as emendar.
- Estar sempre ocupado, é uma grande defesa da moralidade.
- O dinheiro faz muito, mas a oração obtém tudo e triunfa de tudo.
- A caridade, a castidade, a humildade, são três rainhas que andam sempre juntas: uma não pode existir sem as outras.
- Não nos cansemos de fazer o bem e Deus estará connosco.
- Sede firmes em querer o bem e em impedir o mal.
- Fazei o bem a quantos puderdes e o mal a ninguém.
- Far-me-eis a coisa mais rica do mundo se me ajudardes a salvar a minha alma.
- Fazei diminuir o número dos inimigos e aumentar o dos amigos e fazei-os todos amigos de Jesus.
- Sofre voluntariamente alguma coisa por aquele Deus que tanto sofreu por ti.- Quem quer ser amado, necessita de fazer ver que ama.
- Façamos o bem que pudermos e não esperemos o agradecimento do mundo, mas só de Deus.
ESTE SERÁ PADRE
Uma Condessa foi com os seus quatro filhos visitar S. João Bosco. Depois de lhe pedir uma bênção especial para eles, perguntou qual seria o futuro deles.S. João Bosco, como que a brincar, foi dizendo: "Este será general; este, ministro; aquele, será um médico famoso". A mãe estava toda feliz com o que ia ouvindo. "Deste aqui, disse S. João Bosco, deste iremos fazer um Padre". A Condessa estremeceu e, pálida, apertando ao peito o filho, como a defendê-lo dum perigo, disse: "Meu filho, Padre? Antes queria vê-lo morto".
S. João Bosco, ferido por esta frase tão infeliz, levantou-se, e a Condessa perguntou: "V. Revª para onde vai?"- Acho que não há mais nada a fazer com uma pessoa que julga mal o estado mais belo e mais nobre que possa haver na terra: estou certo de que Deus ouviu o seu pedido. A Condessa tentou desculpar-se, mas o encontro acabou assim friamente.
No dia seguinte, depois de ter pensado bem no que se tinha passado, a Condessa voltou à procura de S. João Bosco, para renovar as desculpas, mas D. Bosco voltou a dizer-lhe: "A sua palavra foi recolhida por Nosso Senhor logo que a pronunciou.Passados meses, uma parenta da Condessa bateu à porta do Santo, convidando-o a visitar o tal pequeno que estava doente. Mas S. João Bosco não foi. Vieram outros parentes e amigos e veio também a própria mãe, dizendo que o estado do filho se agravava. O Santo, contrariado, aceitou e foi.
O pequeno pegou na mão de S. João Bosco e beijou-a, olhando para a mãe. E disse: "Lembras-te, mãezinha...daquele dia em casa de D. Bosco? Foste tu... E Nosso Senhor agora leva-me consigo". A Condessa rompeu num choro convulso: "Não, meu filho... foi o amor para contigo... Pede a D. Bosco que te cure!" S. João Bosco abençoou o doente e saiu. Mas o decreto de Deus foi irrevogável.Uma Relíquia de Dom Bosco
percorrerá o mundo,
desde 25 de Abril de 2009 a Janeiro de 2014
Uma relíquia de São João Bosco percorrerá os países do mundo nos quais os salesianos estão presentes, no 150º aniversário da fundação da congregação da congregação salesiana, em 2009, e como preparação do bicentenário do nascimento de Dom Bosco, em 2015.
O reitor maior, Dom Pascual Chávez Villanueva, apresentará e abençoará a «relíquia insigne» no dia 25 de Abril, na Basílica de Maria Auxiliadora de Valdocco, em Turim, onde a congregação nasceu.
Desde 25/4 a Janº de 2014, a relíquia peregrinará pelos 5 continentes, acompanhada por uma estátua de Dom Bosco no interior de uma grande urna de alumínio, bronze e cristal.
A urna representa uma ponte sustentada por quatro pilares, sobre os quais estão gravadas as datas do bicentenário (1815-2015). Os pilares laterais estão decorados com baldosas quadrangulares que representam rostos de jovens dos cinco continentes. O escudo da congregação salesiana e o lema carismático que o próprio Dom Bosco adoptou – Da mihi animas, caetera tolle – completam a decoração da urna.
O percurso começará na Itália. A urna visitará Lazio e, após passar pelo mosteiro de clarissas de Città della Pieve e as cidades de Frascati, Latina, Formia, Castelgandolfo e Genzano, chegará, no final de Junho, à casa geral dos salesianos de Roma.
A etapa internacional da peregrinação começará na América Latina. A urna visitará o Chile de 1º a 18 de Julho, onde os salesianos prepararam diversos eventos para difundir no país a figura e a vida de seu fundador, assim como a obra salesiana e seu serviço educativo. Depois, a peregrinação continuará na Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil. De Março a Outubro de 2010, visitará a América do Norte e, mais tarde, a América Central e América do Sul setentrional; depois, o Leste da Ásia e a Oceania, e as províncias salesianas da Ásia Sul e África-Madagascar.
Em 2012, a urna com a figura e a relíquia de Dom Bosco chegará à Europa e percorrerá as regiões salesianas da Europa Oeste, Europa Norte e Itália e Oriente Médio.
Após 150 anos da sua fundação, a congregação salesiana está presente em 129 nações e conta com 16.092 salesianos: 10.669 sacerdotes, 2.025 coadjutores, 2.765 seminaristas, 515 noviços e 118 bispos, entre eles 5 cardeais.
DOM BOSCO E A CONFISSÃO
Em 1860 D. Bosco teve um sonho. Pareceu-lhe estar numa grande sala. Uma luz muito forte iluminava todo o ambiente. Eis como ele conta o que viu: “Apareceu um grupo de jovens que se puseram a comer. Perguntei ao guia o significado de quanto via.
Os jovens puros - Vi uma luz mais brilhante a encher a sala, e uma fileira de jovens, belos como anjos. Cada jovem segurava um lírio branco na mão. Perguntei o significado, dizendo-me o guia: Estes são os que guardaram a virtude da pureza.
Os jovens que amam a Deus - Vi depois, uma outra fileira de jovens que seguravam nas mãos outras flores. Passeavam sem tocar no chão. O guia explicou-me: São jovens inflamados no amor de Deus. Tendo estes desaparecido, fugiu também a luz que iluminava a sala.
Os jovens que se confessam - Com a sala já mais às escuras, vi outro grupo de jovens. Tentavam subir, agarrando-se a uma corda que pendia do tecto. Mas não conseguiam, vindo sempre a cair por terra. Novamente falou o guia: A corda é a confissão. Quem a souber usar, chegará certamente ao Céu. Estes jovens, porém, usam-na mal, são vítimas do pecado.
O que São João Bosco disse no seu livro "O Jovem instruído" sobre o inferno:
"A alma se fez o mal, será punida com um terrível castigo, no inferno, onde padecerá para sempre o fogo e toda a sorte de tormentos."
"Dois são os lugares que nos estão reservados na outra vida: para os maus, o inferno, onde se sofre todos os tormentos; para os bons, o Paraíso, onde se goza de todos os bens"
Se começardes a viver mal no tempo da juventude, muito facilmente continuareis assim até à morte, e isto vos conduzirá inevitavelmente ao inferno.
Nada atormenta mais os condenados no inferno do que o pensamento de ter passado no ócio aquele tempo, que Deus lhe tinha dado para se salvarem.
Quantos jovens estão no inferno por ter dado ouvidos às más conversas!
Tempo virá em que o riso e o sarcasmo dos malvados se transmudará em pranto no inferno.
Se fosse possível tirar os escândalos do mundo, quantas almas iriam ao Paraíso, as quais, pelo contrário perdem-se eternamente no inferno!
Disse Santo Afonso Maria de Ligório em seu livro "Preparação para a Morte"
Fazei-me antes morrer da morte mais dolorosa do que permitir que de novo perca a vossa graça. Já fui escravo do inferno; agora sou vosso servo, ó Deus de minha alma!
De que lhe valeu a autoridade que possuía, se agora os seus restos mortais estão condenados a apodrecer numa vala e a sua alma arrojada nas chamas do inferno?
Quantos pobres pecadores tiveram a infelicidade de ser surpreendidos pela morte ao recrearem-se com manjares intoxicados e foram precipitados no inferno? Assim como os peixes caem no anzol, assim são colhidos os homens pela morte num momento ruim. (Ecl 9,12). O momento ruim é exactamente aquele em que o pecador ofende a Deus
Os sentimentos destes moribundos, que durante a vida desprezaram a consciência, assemelham-se aos dos condenados que, sem fruto nem remédio, choram no inferno os seus pecados como causa das suas penas.
A vida presente é uma guerra contínua contra o inferno, na qual sempre corremos o risco de perder a Deus e a nossa alma.
Assim como os que morrem em pecado começam já a sentir no leito mortuário algo das penas do inferno, pelo remorso, pelo terror e pelo desespero.
Então os pecadores implorarão o socorro do Senhor, mas sem conversão verdadeira, unicamente com o receio do inferno, em que se vêem próximos a cair. É por este motivo justamente que não poderão provar outros frutos que os da sua má vida. Aquilo que o homem semeou, isto também colherá? (Gl 6,8).
O tempo é um tesouro que só se acha nesta vida, mas não na outra, nem no céu, nem no inferno. É este o grito dos condenados: Oh! se tivéssemos uma hora!?... Por todo o preço comprariam uma hora a fim de reparar a sua ruína; porém, esta hora jamais lhes será dada.
Mas, se te enganares e te perderes, de que te servirá no inferno haveres desfrutado de todos os prazeres do mundo, teres sido rico e cortejado? Perdida a alma, tudo está perdido: honras, divertimentos e riquezas.
Morre-se uma vez, e perdida uma vez a alma, está perdida para sempre. Só resta o pranto eterno com os outros míseros insensatos do inferno, cuja pena e maior tormento consiste em pensar que para eles já não há mais tempo de remediar sua desdita (Jr 8,20).
Qual será, pois, ó meu Deus, a angústia do condenado quando, ao entrar no inferno, se vir sepultado naquele cárcere de tormentos, e, atendendo à sua desgraça, considerar que durante toda a eternidade não há-de chegar remédio algum! Sem dúvida exclamará: Perdi a alma e o paraíso, perdi a Deus; tudo perdi para sempre, e por quê? Por minha culpa!
Oh, nunca acabará!... Passarão mil milhões de anos e de séculos e o inferno que sofreres estará a começar!... Que é um milhar de anos em comparação da eternidade? Menos que um dia já passado... (Sl 89,4)
Não há, pois, termo médio: ou reinar eternamente na glória, ou gemer como escravo no inferno. Ou sempre ser bem-aventurado, num mar de dita inefável, ou ficar para sempre desesperado num abismo de tormentos.
"Não imiteis aqueles infelizes que se iludem dizendo: "Cometerei este pecado, mas depois me confessarei". Não te enganes a ti mesmo desta forma: Deus amaldiçoa a quem peca na esperança do perdão. Lembra-te que todos os que estão no inferno tinham esperança de se emendar mais tarde e no entanto perderam-se eternamente. Quem sabe se depois terás tempo para te confessares? Quem te garante que não hajas de morrer logo depois do pecado e que a tua alma não seja precipitada no inferno? Além disso, que grande loucura não seria ferir-te a ti mesmo na esperança de que o médico te venha depois curar a ferida? Afasta pois a enganadora ideia de poderes entregar-te a Deus mais tarde; neste mesmo momento detesta e abandona o pecado, que é o maior de todos os males e que, afastando-te do teu fim, te priva de todos os bens.
Oh! grande, oh! terrível momento, do qual depende uma eternidade de glória ou de tormentos! Compreendes bem o que te digo? Quero dizer que daquele momento depende ir para o Céu ou para o inferno; ser para sempre feliz ou para sempre infeliz; para sempre filho de Deus ou para sempre escravo do demónio; para sempre gozar com os anjos com os santos no céu ou gemer e arder para sempre com os condenados no inferno!
Teme grandemente pela tua alma e pensa que do viver bem depende uma boa morte e uma eternidade de glória. Por isso, não adies por mais tempo e prepara-te desde já para fazer uma boa confissão e dispor bem as coisas da tua consciência, prometendo a Nosso Senhor perdoar os teus inimigos, reparar os escândalos dados, santificar os dias de guarda, cumprir os deveres do teu estado.
E agora, põe-te na presença do teu Deus e diz-Lhe de coração: Meu Deus, desde este momento eu me converto a Vós; amo-Vos, quero amar-Vos e servir-Vos até à morte. Virgem Santíssima, minha Mãe, ajudai-me naquele terrível momento. Jesus, José e Maria, espire em paz entre vós a minha alma." (O Jovem Instruído)
E dizei com Santo Afonso e com o Profeta Jeremias: "Livrai-me do inferno, ou melhor: livrai-me do pecado, único mal que pode condenar-me. Ó Maria, rogai por mim e livrai-me do mal horrível de me ver em pecado sem a graça do nosso Deus!"
Senhor, grande é o meu reconhecimento, porque ainda não me condenastes ao inferno, que tantas vezes mereci? (Lm 3,22).
"DOM BOSCO SEMPRE CUIDOU DE MIM"
UM TESTEMUNHO
“Dom Bosco, desde pequeno, sempre trabalhou e ajudou a mãe, a 'mãe Margarida'. Na época, eu tinha 13 anos e recordo-me que, ao ler isto, quis seguir os passos de Dom Bosco. Mas não havia emprego para mim. Trabalhei, então, com os meus amigos tomando conta dos carros, na feira. Todos os fins-de-semana eu ia lá trabalhar. Não ganhava muito dinheiro. Mas o que ganhava dividia metade com a minha mãe para a ajudar nas despesas de casa e a outra metade ficava comigo, pois eu queria muito comprar uns ténis de marca para mim.
Havia uma senhora de quem eu sempre tomava conta do carro. No fim do ano, ela disse-me que me queria dar um presente. Eu não sabia o que era. Ela levou-me a uma loja de calçado e deixou-me escolher o par de ténis que eu quisesse. Por Providência Divina os ténis que eu queria estavam lá. E ela deu-me este presente.
Neste facto, eu vejo o cuidado de Deus por mim na pessoa deste santo, pois o nome daquela senhora também era Margarida. Dom Bosco já naquele tempo cuidava de mim”.
A alegria de ser jovem como Dom Bosco
Dom Bosco nasceu em Becchi, no Piemonte, Itália, a 16 de agosto de 1815. Era filho de humilde família de camponeses. Órfão de pai aos dois anos, viveu sua mocidade e fez os primeiros estudos no meio de inumeráveis trabalhos e dificuldades. Desde os mais tenros anos sentiu-se impelido para o apostolado entre os companheiros. Sua mãe, que era analfabeta, mas rica de sabedoria cristã, com a palavra e com o exemplo animava-o no seu desejo de crescer virtuoso aos olhos de Deus e dos homens.
Mesmo diante de todas as dificuldades, João Bosco nunca desistiu. Durante um tempo foi obrigado a mendigar para manter os estudos. Prestou toda a espécie de serviços. Foi costureiro, sapateiro, ferreiro, carpinteiro e, ainda nos tempos livres, estudava música.
Queria vivamente ser sacerdote. Dizia: “Quando crescer quero ser sacerdote para tomar conta dos meninos. Os meninos são bons; se há meninos maus é porque não há quem cuide deles“. A Divina Providência atendeu os seus anseios. Em 1835 entrou para o seminário de Chieri.
Ordenado Sacerdote a 5 de junho de 1841, principiou logo a dar provas do seu zelo apostólico, sob a direção de São José Cafasso, seu confessor. No dia 8 de dezembro desse mesmo ano, iniciou o seu apostolado juvenil em Turim, catequizando um humilde rapaz de nome Bartolomeu Garelli. Começava assim a obra dos Oratórios Festivos, destinada, em tempos difíceis, a preservar da ignorância religiosa e da corrupção, especialmente os filhos do povo.
Em 1846 estabeleceu-se definitivamente em Valdocco, bairro de Turim, onde fundou o Oratório de São Francisco de Sales. Ao Oratório juntou uma escola profissional, depois um ginásio, um internato etc. Em 1855 deu o nome de Salesianos aos seus colaboradores. Em 1859 fundou com os seus jovens salesianos a Sociedade ou Congregação Salesiana.
Com a ajuda de Santa Maria Domingas Mazzarello, fundou em 1872 o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora para a educação da juventude feminina. Em 1875 enviou a primeira turma de seus missionários para a América do Sul.
Foi ele quem mandou os salesianos para fundar o Colégio Santa Rosa em Niterói, primeira casa salesiana do Brasil, e o Liceu Coração de Jesus em São Paulo ( onde esta a produtora TV Canção Nova em SP). Criou ainda a Associação dos Cooperadores Salesianos. Prodígio da Providência divina, a Obra de Dom Bosco é toda ela um poema de fé e caridade. Consumido pelo trabalho, fechou o ciclo de sua vida terrena aos 72 anos de idade, a 31 de janeiro de 1888, deixando a Congregação Religiosa Salesiana espalhada por diversos países da Europa e da América.
Se em vida foi honrado e admirado, muito mais o foi depois da morte. O seu nome de taumaturgo, de renovador do Sistema Preventivo na educação da juventude, de defensor intrépido da Igreja Católica e de apóstolo da Virgem Auxiliadora se espalhou pelo mundo inteiro e ganhou o coração dos povos. Pio XI, que o conheceu e gozou da sua amizade, canonizou-o na Páscoa de 1934.
Apesar dos anos que separam os dias de hoje do tempo em que viveu Dom Bosco, seu amor pelos jovens, sua dedicação e sua herança pedagógica vêm sendo transmitidos por homens e mulheres no mundo inteiro.
Hoje Dom Bosco se destaca na história como o grande santo Mestre e Pai da Juventude.
Embora tenha feito repercutir pelo mundo o seu carisma e o sistema preventivo de salesiano, que é baseado na Razão, na Religião e na Bondade, Dom Bosco permaneceu durante toda a sua vida em Turim, na Itália. Dedicou-se como ninguém pelo bem-estar de muitos jovens, na maioria órfãos, que vinham do campo para a cidade em busca de emprego e acabavam sendo explorados por empregadores interessados em mão-de-obra barata ou na rua passando fome e convivendo com o crime.
Com atitudes audaciosas, pontuadas por diversas inovações, Dom Bosco revolucionou no seu tempo o modelo de ser padre, sempre contando com o apoio e a proteção de Nossa Senhora Auxiliadora. Aliás, o sacerdote sempre considerou como essencial na educação dos jovens a devoção à Maria.
Dom Bosco ficou muito famoso pelas frases que usava com os meninos do oratório e com os padres e irmãs que o ajudavam. Embora tenham sido criadas no século passado, essas frases, ainda hoje, são atuais e ricas de sabedoria. Elas demonstram o imenso carinho que Dom Bosco tinha pelos jovens.
Entre alguns exemplos:
“Basta que sejam jovens para que eu vos ame.”,
“Prometi a Deus que até meu último suspiro seria para os jovens.”,
“O que somos é presente de Deus; no que nos transformamos é o nosso presente a Ele”, “Ganhai o coração dos jovens por meio do amor”,
“A música dos jovens se escuta com o coração, não com os ouvidos”.
São João Bosco, educai-nos para a santidade.
São João Bosco, um homem voltado para o céu
Nasceu perto de Turim, na Itália, em 1815. Muito cedo conheceu o que significava a palavra sofrimento, pois perdeu o pai tendo apenas 2 anos. Sofreu incompreensões por causa de um irmão muito violento que teve. Dom Bosco quis ser sacerdote, mas sua mãe o alertava: “Se você quer ser padre para ser rico, eu não vou visitá-lo, porque nasci na pobreza e quero morrer nela”.
Logo, Dom Bosco foi crescendo diante do testemunho de sua mãe Margarida, uma mulher de oração e discernimento. Ele teve que sair muito cedo de casa, mas aquele seu desejo de ser padre o acompanhou. Com 26 anos de idade, ele recebeu a graça da ordenação sacerdotal. Um homem carismático, Dom Bosco sofreu. Desde cedo, ele foi visitado por sonhos proféticos que só vieram a se realizar ao longo dos anos. Um homem sensível, de caridade com os jovens, se fez tudo para todos. Dom Bosco foi ao encontro da necessidade e da realidade daqueles jovens que não tinham onde viver, necessitavam de uma nova evangelização, de acolhimento. Um sacerdote corajoso, mas muito incompreendido. Foi chamado de louco por muitos devido à sua ousadia e à sua docilidade ao Divino Espírito Santo.
Dom Bosco, criador dos oratórios; catequeses e orientações profissionais foram surgindo para os jovens. Enfim, Dom Bosco era um homem voltado para o céu e, por isso, enraizado com o sofrimento humano, especialmente, dos jovens. Grande devoto da Santíssima Virgem Auxiliadora, foi um homem de trabalho e oração. Exemplo para os jovens, foi pai e mestre, como encontramos citado na liturgia de hoje. São João Bosco foi modelo, mas também soube observar tantos outros exemplos. Fundou a Congregação dos Salesianos dedicada à proteção de São Francisco de Sales, que foi o santo da mansidão. Isso que Dom Bosco foi também para aqueles jovens e para muitos, inclusive aqueles que não o compreendiam.
Homem orante, de um trabalho santificado, em tudo viveu a inspiração de Deus. Deixou uma grande família, um grande exemplo de como viver na graça, fiel a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em 31 de Janeiro de 1888, tendo se desgastado por amor a Deus e pela salvação das almas, ele partiu. Mas está conosco no seu testemunho e na sua intercessão.
São João Bosco, rogai por nós!
Dom Bosco e Nossa Senhora Auxiliadora
Em Paris, a pequena Margarida estava às portas da morte, devido ao mal que a afligia: uma tuberculose pulmonar.
"Ela será curada, promete Dom Bosco à sua mãe, banhada em lágrimas.
- Reze, diariamente, um Pai Nosso, uma Avé Maria, o Glória e uma Salve Rainha, para que Nossa Senhora a atenda. Reze, diariamente, até ao dia 15 de Agosto..."
- "Mas faltam dois meses e meio, Padre! – lamenta-se a pobre mãe. Eu tenho a certeza de que bastaria, simplesmente, que o senhor padre a tomasse pela mão e ela ficaria curada..." Dom Bosco, então, ordenou-lhe de forma severa:
- "Faça o que eu estou a dizer!..."
A doença agravava-se: a quantidade de escarros de sangue aumentou, a febre não dava tréguas; a criança parecia um esqueleto... Como era difícil ter fé naquelas condições! Porém, a sua mãe perseverou, rezando e esperando o milagre. No dia 15 de Agosto, enquanto se preparava para ir à Missa, ouviu um grito de Margarida: "Mamã! Mamã! Estou curada!"
Com efeito, a pequena enferma surgiu radiante, as faces rosadas, o olhar sem febre! Mãe e filha foram à Missa... Ela foi, efectivamente tão maravilhosamente curada, que a sua história termina como se fosse uma história de contos de fadas de outrora: "Ela casou, foi feliz e teve muitos filhos..."
O Método de educar de Dom Bosco
•“Basta que sejas jovem para que eu te ame”- Dom Bosco
Educar é uma bela e nobre missão, pela qual vale a pena gastar o tempo, o dinheiro e a vida; afinal, estamos diante da maior preciosidade da vida: os nossos filhos. Tudo será pouco em vista da educação deles.
O Grande São João Bosco, fundador da Congregação dos padres, irmãs e cooperadores salesianos, um dos quais o nosso querido Monsenhor Jonas Abib, fundador da Canção Nova, foi Pai e Mestre da Juventude; viveu para os jovens a pedido de Nossa Senhora Auxiliadora, que lhe apareceu aos nove anos e pediu isso.
Toda a vida de Dom Bosco foi dedicada aos jovens; ele dizia: “basta que seja jovem para que eu te ame”. E Dom Bosco tinha esperança em todos os jovens e não desistia de nenhum deles, por mais difícil que fosse.
Nesta sua vida ele elaborou um método pedagógico simples e eficaz para educá-los.
Educar é algo complexo, é como burilar um diamante bruto, que o pecado original obscureceu. A graça de Deus e a educação humana e religiosa fazem o diamante voltar a brilhar. É o que Dom Bosco fazia.
O educador precisa saber, com carinho e pulso, corrigir os defeitos, estimular as qualidades, e levar os jovens a amar as virtudes que orientarão a vida e lhe darão a felicidade duradoura. Dom Bosco dizia que numa boa educação jamais poderia faltar a formação religiosa, porque sem o auxílio da graça de Deus o jovem não consegue vencer as paixões desordenadas da alma humana, especialmente hoje em que Deus é expulso da Terra e a moral cristã é pisoteada.
A juventude em todos os tempos tem sede de novidades e se afasta de Deus e da religião e se perde muitas vezes nas drogas, na violência na bebida, no sexo desvairado, etc. Mas este é um grande desafio que no seu tempo, um pouco diferente de hoje, Dom Bosco soube vencer. E muitos educadores do seu tempo queriam saber qual o “milagre” que Dom Bosco fazia para ganhar para Deus tantos jovens rebeldes. Entre outras coisas, Dom Bosco respondia: “Consigo de meus meninos tudo o que desejo, graças ao temor de Deus infundido em seus corações”.
Dom Bosco dizia que em primeiro lugar era necessário conquistar a confiança do jovem. Ele disse isso ao Cardeal Tosti, em Roma, em 1858., disse-lhe São João Bosco: “Veja, Eminência, é impossível educar bem a juventude se não se lhe conquista a confiança”.
Outro item básico do processo educativo de Dom Bosco era levar os jovens a evitar o pecado. Para isso ele usava com os jovens de uma grande vigilância e muita atenção e carinho, de maneira paterna. Por isso ele chamou seu método de “preventivo”, em substituição ao “repressivo”, com base em castigos. Seu olhar estava atento aos jovens nos recreios, para de imediato fazer a correção, eliminar as brigas, os maus costumes, as iras, etc. Mas para isso Dom Bosco entrava nas brincadeiras deles, disputava corridas com eles e praticava esportes em seu meio, e participava de seus jogos e diversões. Gostava de brincar com eles de “tudo o que o seu mestre fizer”. Ia a frente e os meninos tinham que repetir o que ele fazia.
Dom Bosco nunca dava castigos físicos porque dizia que isso só revoltava os jovens. Ele usava uma palavra adequada, um olhar triste de decepção, enfim, mostrava seu desagrado e decepção.
Um dia ele não conseguiu dar o “boa noite” aos meninos por causa da algazarra que faziam; então, ele os mandou dormir sem ouvir a sua palavra por causa do mau comportamento deles; nunca mais isso aconteceu.
Dom Bosco sabia ensinar os jovens a usar a liberdade que Deus nos deu, sem sufocá-la, mas também sem permitir que abusassem dela e caíssem na libertinagem; que é o uso da liberdade fora da verdade e da responsabilidade. Sabia para isso aplicar a boa disciplina.
Uma forma de conquistar os jovens era a alegria. Ele dizia que os jovens são como abelhas, atraídas por uma colher de mel. No convívio amoroso com os jovens ele aproveitava para contar histórias edificantes, dar bons conselhos e, desafiá-los a repetir as boas ações dos santos. Dom Bosco tinha aprendido com seu santo inspirador, São Francisco de Sales, que um cristão triste é um triste cristão. Para isso ele usava também a música e dizia que “uma casa sem música é como um corpo sem alma”.
Dom Bosco sabia que o mais difícil com os jovens era a perseverança no bem; por isso dizia-lhes que sem os Sacramentos e a devoção a Nossa Senhora era impossível permanecer no bem. Por isso, gastava tempo com eles nas Confissões, onde perdoava e moldava cada jovem diamante que Deus lhe confiou. Ali ele era um pai que sabia compreender e corrigir. Com a Comunhão frequente Dom Bosco levava os jovens a fortalecerem contra as tentações do demónio. Ele queria que os jovens fizessem a Primeira Comunhão tão cedo quanto possível, desde que pudessem distinguir entre o pão comum e o Pão Eucarístico, e estivessem instruídos. Queria que logo “o Rei do Céu viesse reinar nessa alma”.
Penso que tudo isso que Dom Bosco viveu e ensinou seja necessário hoje mais do que nunca, neste tempo triste em que a infância e a juventude são empurradas, até pelo governo, para o mau caminho da imoralidade e dos maus costumes.
O maior conforto dos Santos
Quando São João Bosco teve a aparição de São Domingos Sávio
…poucos dias depois de Domingos Sávio ter morrido, fiz-lhe esta pergunta:
- Diz-me Domingos, qual foi a coisa mais consoladora para ti, na hora da morte?
- Dom Bosco, adivinhe.
- Talvez o pensamento de teres guardado bem o lírio da pureza?
- Não.
- Talvez o pensamento das penitências feitas durante a vida?
- Nem isso.
- Então terá sido a consciência tranquila… livre de todo o pecado?
- Este pensamento fez-me bem; mas a coisa mais consoladora para mim na hora da morte foi pensar que tinha sido devoto de Nossa Senhora!
- Diga-o aos seus jovens e recomende a toda a gente com insistência a devoção a Nossa Senhora.
DOM
DOM