Ave Maria Imaculada... Rezai o Terço todos os dias... Mãe da Eucaristia, rogai por nós...Rainha da JAM, rogai por nós... Vinde, Espirito Santo... Jesus, Maria, eu amo-Vos, salvai almas!

Alguns Santos

São Francisco de Sales

 São Francisco de Sales - bispo e doutor da Igreja 

"Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi" Jo 15,16a
Este santo oferece-nos a mais perfeita lição do quanto se pode conseguir pela bondade e pela doçura.

 Nasceu no Castelo de Sales em 1567. Sua mãe, a condessa, procurou formar muito bem o seu filho com os padres da Companhia de Jesus, onde aprendeu línguas. Muito cedo, fez voto de viver a castidade e procurar sempre a vontade do Senhor. Ao longo da história deste santo muito amado, vamos percebendo o quanto ele buscou e o quanto encontrou o que Deus queria.

Foi Bispo de Genebra, na Suíça, tendo vivido entre 1567 e 1622. Viu-se logo cercado pelos calvinistas que, naquele tempo, eram tomados por uma grande aversão contra tudo o que fosse católico. 

 Foi fundador da 'Ordem da Visitação', e um exemplo para tantos religiosos como os salesianos de Dom Bosco. Eles são chamados assim por causa do testemunho de São Francisco de Sales.

Em vez de brigar e de se entregar à oposição, S. Francisco de Sales preferiu seguir o caminho de um humanismo suave.  

Fez valer esta máxima: "Caçam-se mais moscas com um pingo de mel do que com um barril de vinagre".

Francisco era iracundo, irascível… Um dia em que ele se devia ter zangado, alguém lhe chamou a atenção: - mas o que é que tu tens nas veias, tens sangue ou tens água?...E Francisco respondeu: - põe a tua mão no meu coração e vê como ele bate… Querias que num momento estragasse todo o trabalho que consegui durante tantos anos? 

 Diz-se que, depois da sua morte, descobriu-se que a sua mesa de trabalho estava toda arranhada por baixo, porque, com o seu temperamento forte, preferia arranhar a mesa do que responder sem amor, sem mansidão às pessoas.

TENTADO PELO DEMÓNIO: além do mais, a tentação de se perder para sempre, deter a certeza que iria para o inferno. E ele acreditou. Um dia, diante do altar de Nossa Senhora, rezou assim: - Ó minha Mãe Maria Santíssima, se me vou perder eternamente não mais estarei convosco no céu para sempre. Dá-me a graça de ao menos na vida Vos amar sempre. E naquele momento percebeu a tentação em que tinha caído e levantou-se… 

Mas não é só isso que nos ensina este santo. Ele passou a vida a escrever. E hoje, é patrono dos jornalistas. Os seus dois livros - "Tratado do Amor de Deus" e "Introdução à Vida Devota" lêem-se ainda hoje com a mesma facilidade e interesse como no tempo em que foram escritos.

Morreu com 56 anos, 21 deles como Bispo como servos para todos e sinal de santidade.

Peçamos a intercessão deste grande santo para que, numa vida devota e vivendo do amor de Deus, possamos percorrer o nosso caminho em busca de Deus em todos os caminhos.

São Francisco de Sales, rogai por nós!

Ao lembrarmos a figura dos santos sentimo-nos convidados a integrar o mundo de Deus e o mundo dos homens num único grande amor: Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

 

São Francisco de Sales - Titular e Padroeiro da Família Salesiana Jo 10, 11-16

1. Nota biográfica. S. Francisco de Sales nasceu na Sabóia em 1567. Após a sua ordenação sacerdotal ofereceu-se ao Bispo para reconduzir os Calvinistas do Chablais à fé católica.

Nomeado bispo de Genebra, entregou-se ativamente à pregação e pôs em marcha as reformas do Concílio de Trento.

Espírito nobre, perspicaz, douto humanista, foi grande diretor espiritual; abriu a todos os caminhos da ascética (Filoteia), mostrando que a essência da vida espiritual se encontra no amor de Deus (Teotimo).

Intuiu a importância da imprensa; instituiu em Thonon uma Academia que reunia as mentes mais ilustres para aprofundar a ciência e orientar os jovens para uma formação profissional.

Com Santa Joana de Chantal fundou e dirigiu a Ordem da Visitação.

Morreu na cidade de Lião em 28 de Dezembro de 1622.

S. João Bosco escolheu-o para padroeiro da Sociedade Salesiana.

2. A Imagem do Bom, Belo, Perfeito e Verdadeiro Pastor está no centro do nascimento da vocação, 1 dom do amor de Deus à Igreja e à Família Salesiana.

Está escuro lá fora e o paganismo é galopante! É preciso não só manter a luz mas aumentá-la.

A alegoria do pastor das ovelhas retoma uma imagem cara ao profeta Ezequiel (cf. Ez 34), onde Deus anuncia que Ele próprio apascentará o Seu Povo.

O Bom Pastor distingue-se do mercenário porque «conhece» as Suas ovelhas» (v. 14), mas mais ainda porque «oferece a Sua vida» pelas ovelhas (cf. vv. 11.15).

A oferta de Si mesmo para a salvação das ovelhas não é obrigação, mas uma opção de amor (vv. 17-18). O dom de Si mesmo não é só para alguns mas é para todos (v. 16).

3. Ezequiel. O profeta, atribui a responsabilidade da dispersão do povo de Israel aos chefes, os quais, em vez de se preocuparem com o rebanho que lhes foi confiado, cuidaram dos seus interesses (Ez 34).

Jesus retoma essa imagem para anunciar que, n’Ele, a promessa é finalmente cumprida. Ele é o «Bom Pastor» (vv. 11.14a) enviado por Deus para salvar o Seu Povo.

O Bom Pastor é animado pelo desejo de que também os que estão longe possam notar a Sua solicitude e desvelo. A salvação é dádiva universal: «Tenho outras ovelhas [...] e preciso de as reunir.» (v. 16).

4. Jesus é o «Bom Pastor». Ele «conhece» as ovelhas (Jo 10,14b), e este conhecimento é o primeiro sinal de um amor que progressivamente O levará a dar a Sua vida por elas.

Deste modo, João diz a cada homem que a fé é exactamente a experiência de quem se sente amado e conhecido: «Nós reconhecemos o amor que Deus tem por nós e acreditamos nesse amor.» (I Jo 4,16).

A certeza de sermos amados sustenta a paz e a alegria do discípulo, que se experimenta como finalidade do amor infinito de Deus, e este amor não é algo de vago ou de nebuloso, mas é o rosto de Jesus Bom Pastor.

O amor do Bom Pastor torna-se oferta da Sua vida, porque «não há amor maior do que dar a vida pelos amigos.» (Cf. Jo 15,13).

Na dádiva de Cristo está envolvido o Pai que «amou de tal modo o mundo que entregou o Seu Filho único» (Jo 3,16), servo justo e obediente.

A esperança não afunda as s/ raízes sobre aquilo q nós somos, mas sobre o q Deus é p/ nós. As palavras do salmo responsorial são p/ nós indicação perma-nente: «Mais vale refugiar-se no Senhor do q confiar nos poderosos.» (Sl 117,9)

E «se Deus é por nós, quem estará contra nós?» (Rm 8,31). Tg 3, 13-18

5. Verdadeira e falsa sabedoria. Tiago afirma que a sabedoria não pode ser puramente intelectual.

A verdadeira sabedoria vai acompanhada por comportamentos. Pelos seus frutos os conhecereis. Onde houver invejas e rivalidades, a pretensão de ser sábio é pura ficção.

Em contraste com a falsa sabedoria, é-nos apresentada a autêntica, que “desce do alto”, tendo em Deus a sua origem.

A verdadeira sabedoria é a que nasce do Evangelho. Ela é pura, conciliadora, condescendente, cheia de misericórdia e boas obras.

Tiago está a criticar a mentalidade dos gnósticos que acentuavam a si próprios, o que em linguagem moderna podemos traduzir por “autoestima, autorrealização, autocontemplação, egocentrismo...” Estas são árvores infrutíferas com falta de amor e boas obras.

O fruto da verdadeira sabedoria é a justiça e a paz.

6. Testemunho - S. João Bosco. Muito cedo Joãozinho contempla no sonho dos nove anos o que foi para ele a sabedoria de Deus:” a presença de Jesus e de Nossa Senhora, que disseram o que queriam dele: a amabilidade, o cuidado dos jovens pobres e abandonados, a doação da sua vida até ao limite. “Um pouco de paraíso paga tudo”, costumava dizer.

Nos seus sonhos, Deus mostrou-lhe a metodologia que devia seguir para conseguir o seu maior desejo: “salvar almas”, sobretudo jovens. “Por vós dou a minha vida”, dizia. “Espero ver-vos felizes aqui e na eternidade”. Este é o sonho que recebemos dele.

Dom Bosco imita profundamente a força, a beleza da imagem do Pastor que dá a vida eterna às Suas ovelhas, que as segura pela mão, que as conhece. Maravilhosa comunhão. Música encantadora.

Dom Bosco, em Francisco de Sales, encontrou a “Alegria”, como rosto de Deus que se exprime no canto, na serenidade, no otimismo, na frescura, na pureza. São estas as características de S. Francisco de Sales: o seu humanismo e a sua espiritualidade simples e refinada ao mesmo tempo.

Recordamos os três êxtases da Carta da Identidade Carismática da Família Salesiana: “êxtase intelectual (o que Deus é), êxtase afetivo (experiência do amor de Deus) êxtase da ação e da vida” (entrega concreta e dinâmica) (art.º27).

Nele encontrou um «coração manso e humilde»; o mestre seguro de vida espiritual que ainda hoje continua a educar com «os escritos, a palavra e o exemplo»; o homem rico de sabedoria, da sabedoria que vem do alto; o pastor «zeloso e amável», «prudente e fiel» que se faz «tudo para todos, que conduz «os pecadores à penitência» e se empenha «em restaurar a unidade dos crentes no vínculo da caridade e da paz».

7. Bicentenário. A Família Salesiana desperta ao celebrar o Bicentenário.

Desta santa Eucaristia a Família Salesiana colhe nova energia para «dar testemunho do amor de Deus ao serviço dos irmãos», para «empenhar-se ativamente na missão juvenil», trabalhar «em todas as circunstâncias da vida» sob o impulso de uma caridade benigna, paciente, operosa, de modo a impregnar de espírito cristão as diversas estruturas eclesiais, sociais, políticas, económicas e culturais, tornando-as, assim, mais humanas.

 

São Francisco de Sales

No início de Novembro de 1622, São Francisco de Sales, Bispo-Príncipe de Genebra, acompanhava o Duque da Sabóia na comitiva que ia de Chambéry a Avignon, para se encontrar com o Rei Cristianíssimo, Luís XIII. O Prelado aproveitou a ocasião para visitar os mosteiros da Visitação existentes no percurso, como co-fundador que era desta Congregação. Assim, chegou no dia 11 ao de Belley.

Entre as freiras que, pressurosas, lhe correram ao encontro, encontrava-se uma que ele muito estimava pela sua inocência, virtude e simplicidade, e a quem por isso dera o nome de Clara Simpliciana.

Esta, iluminada por luzes sobrenaturais, chorava desoladamente: “Oh, excelentíssimo Senhor!” disse-lhe sem subterfúgios, “vós morrereis neste ano! Suplico-vos que peçais a Nosso Senhor e à Sua Santíssima Mãe que isso não ocorra”.

- “Como, minha filha?!”, respondeu surpreso o Prelado.

 “Não, não o farei. Não vos alegrais pelo facto de eu ir descansar? Veja: estou tão cansado, com tanto peso, que já não posso comigo. Que falta vos farei? Tendes a Constituição e deixar-vos-ei Madre Chantal, que vos bastará.

Ademais, não devemos pôr as nossas esperanças nos homens, que são mortais, mas só em Deus, que vive eternamente”.

Tais palavras como que resumem a vida e a obra de São Francisco de Sales, cuja festa comemoramos no dia 29 deste mês. Embora ele contasse então com apenas 56 anos de idade e aparentemente não estivesse doente, entregou a sua grande alma a Deus três dias antes que o ano terminasse, conforme predissera Irmã Simpliciana…

 

A Grande Provação

Francisco de Sales, primogénito entre os 13 filhos dos Barões de Boisy, nasceu no castelo de Sales, na Sabóia, em 21 de Agosto de 1567. Por devoção dos pais a São Francisco de Assis, recebeu o seu nome e, chegado ao uso da razão, o menino escolheu-o para patrono e guia.

A virtuosa baronesa dedicou-se, com a ajuda de bons preceptores, à educação da sua numerosa prole. Para o seu primeiro filho escolheu, pela sua piedade e ciência, o Pe. Déage, o qual, até à sua morte, foi para Francisco um pai espiritual e guia.

Acompanhava-o sempre, mesmo a Paris, onde o jovem barão se radicou durante os seus estudos universitários no Colégio de Clermont, dos jesuítas.

Com um precoce senso de responsabilidade e intuito de fazer sempre tudo que fosse da maior glória de Deus, Francisco estudou retórica, filosofia e teologia com um empenho que lhe permitiu ser depois o grande teólogo, pregador, polemista e diretor de consciências que caracterizaram o seu trabalho apostólico.

Francisco, como primogénito, era herdeiro do nome de família e continuador da sua tradição. Por isso, recebeu também lições de esgrima, dança e equitação.

Convencia-se porém, cada vez mais, que Deus o chamava inteiramente ao Seu serviço. Fez voto de castidade perfeita e colocou-se sob a protecção da Virgem das virgens.

Aos 18 anos, o jovem enfrentou a mais terrível provação da sua vida: uma tão violenta tentação de desespero, que lhe causava a impressão de ter perdido a graça divina e estar destinado a odiar eternamente a Deus com os réprobos.

Tal obsessão diabólica perseguia-o noite e dia, abalando-lhe até a saúde.

Ora, para alguém que, como ele, desde o início do uso da razão não procurava senão amar ardentemente a Deus, tal provação era o que havia de mais terrível.

Seria necessário um acto heróico para se livrar dela e ele praticou-o: não se revoltava contra Deus, mesmo se Ele lhe fechasse as portas do Céu, e pedia, nesse caso, para amá-Lo ao menos nesta Terra.

 “Senhor!” – exclamou certo dia na igreja de Saint Etienne des Grés, no auge da sua angústia

- “fazei com que eu jamais blasfeme contra Vós, mesmo que não esteja predestinado a ver-Vos no Céu. E se eu não hei-de amar-Vos no outro mundo, concedei-me pelo menos que, nesta vida, eu Vos ame com todas as minhas forças!”

Rezando depois humildemente o “Lembrai-Vos”, aos pés de Nossa Senhora, invadiu-lhe a alma uma tão completa paz e confiança, que a provação esvaiu-se como fumaça.

Calcando os pés no mundo

Aos 24 anos, Francisco, com os estudos brilhantemente concluídos e já doutor em leis, voltou para junto da família. O pai escolhera para ele a jovem herdeira de uma das mais nobres famílias do lugar.

Apesar de sua pouca idade, ofereceram ao jovem doutor o cargo de membro do Senado saboiano. Humanamente falando, não se podia desejar mais.

Para espanto do pai, seu primogénito recusou tanto um quanto outro oferecimento. Só à mãe, que sabia de sua entrega a Deus, e a um tio, cónego da catedral de Genebra, explicou Francisco o motivo desse ato tido por insensato.

Faleceu nesse tempo o deão da catedral de Chambéry. O cónego Luís de Sales imediatamente obteve do Papa que nomeasse seu sobrinho para o posto vacante.

Com muita dificuldade o Barão de Boisy consentiu enfim que aquele, no qual depositava suas maiores esperanças de triunfo neste mundo, se dedicasse inteiramente ao serviço de Deus.

Não podia ele prever que Francisco estava destinado à maior glória que um mortal pode atingir, que é a de ser elevado à honra dos altares; e, por acréscimo, como Doutor da Igreja!…

Os cinco primeiros anos após a sua ordenação, o Pe. Francisco consagrou-os à evangelização do Chablais…

…Cidade situada na margem sul do lago de Genebra, convertendo, com o risco da própria vida, empedernidos calvinistas.

Para isso, divulgava folhetos nos quais refutava suas heresias, contrapondo-lhes as lídimas verdades católicas. O missionário precisou fugir muitas vezes e esconder-se de enfurecidos hereges, e nalgumas ocasiões só se salvou por verdadeiro milagre.

Assim, reconduziu ao seio da verdadeira Igreja milhares de almas seduzidas pela heresia de Calvino. Ao mesmo tempo dava assistência religiosa aos soldados do castelo de Allinges, os quais, apesar de católicos de nome, eram ignorantes em religião e dissolutos. Seu renome começava já a repercutir como grande confessor e diretor de consciências.

Em 1599, o deão de Chambéry foi nomeado Bispo-coadjutor de Genebra; e, três anos depois, com o falecimento do titular, assumiu a direcção dessa diocese.

 

Apóstolo entre os nobres

Esse fato ampliou muito o âmbito de acção de D. Francisco de Sales.

Fundou escolas, ensinou catecismo às crianças e adultos, dirigiu e conduziu à santidade grandes almas da nobreza, que desempenharam papel preponderante na reforma religiosa empreendida na época, como Madame Acarie (depois uma das primeiras religiosas carmelitas na França, morta em odor de santidade), Santa Joana de Chantal, com quem fundou a Visitação. 

Inúmeras donzelas da mais alta nobreza abandonaram o mundo, entrando nos mosteiros desta nova congregação, na qual brilharam pelo esplendor da sua virtude.

Todos queriam ouvir o santo Bispo. Convidado a pregar em toda parte, era sempre rodeado de grande veneração, tornando-se necessário escolta militar para protegê-lo das manifestações do entusiasmo popular.

A família real da Sabóia não resistia à atracção do Bispo-Príncipe de Genebra, convidando-o constantemente para pregar também na Corte. E não era a mais alta nobreza menos ávida que o povinho de ouvir aquele que já consideravam santo em vida.

Em 1608, ordenou e publicou as notas e conselhos que deu a uma sua prima por afinidade, a Sra. de Chamoisy, num livro que se tornaria imortal: Introdução à vida devota. Essa obra foi ocasião de várias conversões e carreou muitas vocações para os conventos da Visitação.

São Francisco de Sales desenvolveu seu lema no extraordinário livro que escreveu para suas filhas da Visitação, a pedido de Santa Joana de Chantal, o célebre Tratado do Amor de Deus:

“a medida de amar a Deus é amá-lo sem medida”.

 

Glorificado na Terra e no Céu

Os contemporâneos do Bispo-Príncipe de Genebra não tinham dúvidas a respeito da sua santidade. Santa Joana de Chantal, sua dirigida e cooperadora que o conheceu tão intimamente, escreveu: 

“Oh! meu Deus! Atrever-me-ei a dizê-lo? Sim, di-lo-ei: parece-me que nosso bem-aventurado pai era uma imagem viva do Filho de Deus, porque verdadeiramente a ordem e a economia desta santa alma era toda sobrenatural e divina. Muitas pessoas me disseram que, quando viam este bem-aventurado, parecia-lhes ver a Nosso Senhor na terra”.

E São Vicente de Paulo, sempre que saia de um encontro com São Francisco de Sales, exclamava: “Ah! quão bom deve ser Deus quando o excelentíssimo Bispo de Genebra é tão bondoso! 

No seu leito de morte, o resplendor do seu rosto, que já era visível em seus últimos anos de vida, aumentava por vezes muito mais, arrebatando de admiração os que o contemplavam.

Assim que faleceu, verdadeira multidão invadiu o convento das Visitandinas, em Lyon, na França, para oscular-lhe os pés, tocar-lhe tecidos em seu corpo, encostar-lhe rosários.

Ao abrirem seu corpo, os médicos constataram que o fígado do Santo se petrificara com o esforço que fizera sempre para dominar seu temperamento sanguíneo, e conservar constantemente aquela suavidade e doçura, aparentemente tão naturais nele, que conquistavam os corações mais empedernidos.

O culto ao santo começou no momento da sua morte. E foi sempre recompensado, algumas vezes com estupendos milagres.

Durante a peste em Lyon, as irmãs visitandinas não bastavam para distribuir ao povo pedaços de tecido tocados no corpo do santo. Em Orleans, a Madre de la Roche mergulhava uma relíquia do venerado Prelado em água, a qual era distribuída à multidão enquanto durou a peste: um tonel por dia em média.

Em Crest e em Cremieux, os representantes da cidade foram à igreja da Visitação fazer, em nome da cidade, voto solene de ir em peregrinação ao sepulcro do Bispo, caso cessasse a peste. E todos foram ouvidos.

Foi Santa Joana de Chantal quem iniciou as gestões para o processo de canonização do seu pai espiritual. Recolheu os escritos privados, cartas, mesmo rascunhos não terminados, e trabalhou com afinco neste sentido. Escreveu a autoridades civis e eclesiásticas e mesmo a Roma, pedindo que urgissem o início do processo de beatificação.

Mas a alegria de vê-lo elevado à honra dos altares só a teria no Céu, pois a celeridade dos processos humanos ficavam muito aquém dos desejos do seu ardente coração.

Faleceu em 28 de Dezembro de 1622, tendo sido canonizado em 19 de Abril de 1665.

O Papa Pio IX declarou-o Doutor da Igreja em 7 de Julho de 1877. E Pio XI, na encíclica Rerum omnium, de 1923, atribuiu-lhe o glorioso título de Patrono dos jornalistas e escritores católicos.

 

Má-língua, calúnia, detracção, difamação, mexerico… O perigo da maledicência para as almas: São Francisco de Sales

 

A maledicência é a peste das conversas e palestras.

Oh! Quisera ter uma daquelas brasas do altar sagrado para purificar os homens de suas iniquidades, à imitação do Serafim que purificou a Isaías das suas, para torná-lo digno de pregar os ensinamentos de Deus. Certamente, se fosse possível tirar a maledicência do mundo, exterminar-se-ia uma boa parte dos pecados.

Por outro lado, ninguém pode entrar no Céu com os bens alheios. E entre os bens exteriores, a fama e a honra são os mais preciosos e os mais caros.

Três vidas temos nós diferentes: 1) a vida espiritual, que a graça divina nos confere; 2) a vida corporal, de que a alma é o princípio; 3) e a vida social, que repousa os seus fundamentos na boa reputação.

O pecado nos faz perder a primeira (a vida espiritual), a morte nos tira a segunda (a vida corporal) e a maledicência nos leva a terceira (a vida social).

A maledicência é uma espécie de assassínio e o maldizente torna-se réu de um tríplice homicídio espiritual: o primeiro e o segundo com respeito à sua alma e à alma da pessoa com quem se fala; e o terceiro com respeito à pessoa de quem se deturpa o bom nome.

São Bernardo diz, por isso, que os que cometem a maledicência e os que a escutam têm o demónio no corpo, aqueles na língua e estes no ouvido.

O Rei David, falando dos maldizentes, diz:

Aguçam as suas línguas como a das serpentes, querendo significar que, à semelhança da língua da serpente (que tem duas pontas, sendo fendida no meio), também a língua do maldizente fere e envenena duma só vez o coração daquele com quem está falando e a reputação daquele sobre quem se conversa.

Por isto nunca devemos falar mal de ninguém, nem direta nem indiretamente.

Isto significa:

a) nunca negar o bem que sabes que alguém possui na verdade ou de atenuá-lo por palavras;

b) nunca atribuir falsos crimes ao próximo, descobrir faltas ocultas dos outros, aumentar

as conhecidas;

c) interpretar mal as boas obras. Tudo isso ofende muito a Deus, máxime o que encerra alguma mentira, contendo então sempre dois pecados: o de mentir e o de prejudicar o próximo.

A Maledicência mais cruel

Quem, para maldizer, começa elogiando o próximo é ainda mais malicioso e perigoso. Dizem, por exemplo: “Estimo muito tal pessoa, que aliás é muito boa, mas para dizer a verdade não teve razão em fazer isso e aquilo. Aquela moça é muito boa e virtuosa, mas deixou-se enganar”…

A maledicência, afinal, proferida à guisa de um gracejo, é a mais cruel de todas, tanto assim que se pode comparar a sua crueldade com a da cicuta, que, não sendo em si um veneno muito forte, é até fácil de ser preservado, se torna irremediável, e se mistura com o vinho.

Deste modo, uma maledicência que por si só não conseguiria outra coisa senão entrar por um ouvido e sair pelo outro, muito impressiona o espírito apresentando-se de um modo subtil e jocoso.

É isto que o Rei David nos quer dizer naquelas palavras: “Eles têm o veneno da víbora em seus lábios”. De fato, a víbora faz sua mordedura quase imperceptível e causa uma sensação agradável, a qual, porém, dilatando o coração e as entranhas, faz o veneno entrar tão profundamente que não há mais cura.

Ainda que um homem tenha sido viciado muito tempo, corremos risco de mentir, se o chamamos de viciado. Simão, o leproso, taxava Madalena de “a pecadora” porque ela o tinha sido antes.

Mas ele mentia, pois ela já não o era. Penitente e contrita, o próprio Nosso Senhor tomou sua defesa.

O louco do fariseu tinha o publicano na conta de grande pecador, porventura na conta de injusto, adultero e ladrão. Enganava-se, porém, redondamente.

A delicadeza de consciência devemos unir à prudência, que é necessária para precavermo-nos de outro extremo que caem aqueles que, para evitar uma maledicência, se põem a louvar o vício.

Se uma pessoa tem o costume de falar mal do próximo, não digas logo. Se uma outra é manifestamente vaidosa, não vás dizer que tem um coração nobre e maneiras delicadas.

Não chames às familiaridades perigosas de simplicidade e naturalidade de uma alma inocente. Não denomines a desobediência, zelo; a arrogância, generosidade; a sensualidade, amizade.

Pois, para fugir da maledicência não devemos favorecer os outros vícios, não os lisonjear e nem os estimular; mas deve-se dizer franca e livremente que um vício é um vício e repreender o que é repreensível.

Fazendo isso, sem dúvidas daremos glórias a Deus, contanto que observemos determinadas condições. Antes de tudo, só se deve repreender os vícios do próximo se disso provier alguma utilidade para aquele de quem se fala ou para aqueles com quem se fala.

Por exemplo, dizer que tais e tais pessoas vivem numa familiaridade perigosa e indiscreta; que certa pessoa é muita dissoluta em palavras ou, em outros modos, contrária ao pudor, é indispensável deixar claro que aqueles modos de ser ou de proceder são censuráveis.

Por que, de contrário, acaba-se por dar ensejo a que os ouvintes tomem aquela informação como estímulo para os seus procedimentos.

 

São Francisco de Sales

São Francisco de Sales nasceu no Castelo de Sales, região da Sabóia, que significa “território de pinheiros”, atual França, no dia 21 de agosto de 1567. Sua mãe, uma condessa, buscou formá-lo muito bem com os padres da Companhia de Jesus, onde, dentre muitas disciplinas, também aprendeu várias línguas. Muito cedo, fez um voto de viver a castidade e buscar sempre a vontade do Senhor. Ao longo da história desse santo muito amado, vamos percebendo o quanto ele buscou e o quanto encontrou o que Deus queria.

Estudou em La Roche e Annecy. Quando jovem estudou em Paris e Pádua, na Itália. Era alegre, leal e piedoso. Estudou Direito em Pádua, mas, contrariando familiares, quis ser padre. E foi um sacerdote que buscou a santidade não só para si, mas também para os outros. Sentindo o chamado de Deus para a vida sacerdotal estudou filosofia e teologia. Fez doutorado em Direito Civil e Canónico. Foi ordenado padre com 26 anos e trabalhou numa região da França (Sabóia) dominada pelos Calvinistas. Seu trabalho pastoral foi brilhante. 

Enamorado da beleza e bondade divinas, é modelo de escritor, aberto ao diálogo, conciliador, pregador incansável, fundador solícito, sábio director e pastor de almas. Expressou, em 1609, no seu livro Introdução à Vida Devota (Filoteia), a convicção pessoal de que a santidade é para todos, independentemente do estado ou condição de vida.

Em 1616, publicou o Tratado do Amor de Deus, obra de grande profundidade espiritual, podendo ser considerada um diário da vida do autor. A obra foi dedicada a “Teótimo”, que é a personificação do espírito humano, comum ao homem e à mulher, desejosos de progredir no amor divino.

Certa ocasião, atacado pela tentação de desconfiar da misericórdia do Senhor, ele buscou a resposta dessa dúvida com o auxílio de Nossa Senhora e, assim, a desconfiança foi dissipada.

No seu itinerário de pregações, de zelo apostólico e de evangelização, semeando a unidade e espalhando, com a ajuda da imprensa, a sã doutrina cristã, foi escolhido por Deus para o serviço do episcopado em Genebra. Primeiro, como coadjutor, aos 32 anos e, dois anos mais tarde, sendo o titular. Um apóstolo do amor e da misericórdia. Um homem que conseguiu expressar, com o seu amor e a sua vida, a mansidão do Senhor.

Faleceu em Lyon, França, a 28 de Dezembro de 1622. Beatificado pelo Papa Alexandre VII, em 1661, foi canonizado pelo mesmo Papa, em 1665. Pio IX o proclamou Doutor da Igreja a 16 de Novembro de 1877, com o magnífico título de Doutor do Amor Divino. Em 1923, foi declarado por Pio XI padroeiro da Boa Imprensa. Sua festa é celebrada no dia 24 de Janeiro, dia em que seu corpo foi levado à sepultura definitiva, em Annecy.

Diz-se que, depois de sua morte, descobriu-se que sua mesa de trabalho estava toda arranhada por baixo, porque, com seu temperamento forte, preferia arranhar a mesa a responder sem amor e sem mansidão para as pessoas.

Doutor da Igreja, é fundador da Ordem da Visitação, titular e patrono da família salesiana, fundada por Dom Bosco, que se inspirou nele ao adotar o nome salesiano. Também é patrono dos escritores e dos jornalistas devido ao estilo e ao conteúdo de seus escritos.

Podemos ter a certeza de que Dom Bosco não olhou para São Francisco de Sales somente como seu inspirador a respeito de específicos aspectos da actividade de comunicação. O que realmente caracterizaram São Francisco de Sales e Dom Bosco foram a capacidade criativa, o otimismo, o amoroso e ao mesmo tempo constante empenho em superar todos os obstáculos para a difusão do Evangelho da salvação.

São Francisco de Sales, esse grande santo da Igreja, morreu com 56 anos, sendo que 21 deles foram vividos no episcopado como servo para todos e sinal de santidade.

Peçamos a intercessão desse grande santo para que, numa vida devota e vivendo do amor de Deus, possamos percorrer o nosso caminho em busca de Deus em todos os caminhos.

São Francisco de Sales, rogai por nós!

 

 

Um conselho de São Francisco de Sales

que pode valer para o dia inteiro:

”Preparai desde a manhã a vossa alma para a tranquilidade; tende durante todo o dia grande cuidado de a chamar de novo frequentemente e de a retomar na vossa mão.

Se vos suceder algum acto de aborrecimento e mau humor, não vos atemorizeis, mas reconhecendo-o, humilhai-vos docemente diante de Deus e tratai de repor o vosso espírito em postura de suavidade.

Dizei à vossa alma: demos um passo em falso; vamos continuar, com calma, e com muita vigilância. E todas as vezes que recairdes, agi do mesmo modo.”

Reergamos o nosso coração quando ele cair, com muita brandura. Humilhemo-nos com o coração sincero diante de Deus pelo conhecimento da nossa fraqueza.

Não nos espantemos das nossas quedas, pois não nos podemos esquecer de toda a nossa miséria e mesquinhez humana, mas detestemos magoar o coração de Deus.

Com coragem e confiança na sua divina misericórdia, retomemos o caminho do bem.  

Senhor, dai-nos valentia e fé, para nos levantarmos de toda a queda.

Dai-nos paciência e compreensão connosco mesmos e com aqueles que caírem.

 

Regressar