Com uma vida muito simples, Domingos realizou, em poucos anos, a experiência de um caminho de santidade, verdadeira obra-prima do Espírito Santo e fruto do método educativo de São João Bosco.
Nasceu em Riva, nos arredores de Chieri (Turim, Itália), no dia 2 de Abril de 1842, numa família pobre de bens materiais, mas rica de fé. A sua infância ficou marcada pelo acontecimento de sua Primeira Comunhão, cheia de fervor, feita aos sete anos de idade, e pelo constante empenho no cumprimento do dever. Com doze anos, o acontecimento decisivo: encontra São João Bosco, por quem é acolhido em Valdocco como pai e guia seguro, para fazer os estudos secundários. Descobrindo então os horizontes mais altos da vida de filho de Deus, na amizade com Cristo e Maria, lança-se na aventura da santidade, entendida como uma doação total a Deus, por amor.
Reza, estuda com afinco, é o mais amável entre os seus colegas. Sensibilizado pelo ideal do Da mihi animas de São João Bosco, quer salvar a alma de todos; funda a Companhia da Imaculada, da qual saíram os melhores colaboradores de São João Bosco.
Adoecendo gravemente na idade de quinze anos, volta à cidade de Mondonio (Asti), onde vem a morrer serenamente, no dia 9 de Março de 1857, feliz por poder ir ao encontro do Senhor. Pio XII proclamou-o santo em 12 de Junho de 1954.
Novena a São Domingos Sávio
Primeiro Dia
São Domingos Sávio, que com fervor eucarístico extasiavas o teu espírito na doçura da presença real do Senhor, obtém-nos também a nós a tua fé e o teu amor ao Santíssimo Sacramento, para que possamos adorá-Lo com fervor e recebê-Lo dignamente na Santa Comunhão.
Rezar um Glória e a oração final.
Segundo Dia
São Domingos Sávio, que, pela tua terníssima devoção à mãe Imaculada de Deus, lhe consagraste o teu coração inocente, rendendo-lhe culto com piedade filial, faz que também nós lhe sejamos Filhos devotos, para tê-la como Auxiliadora nos perigos da vida e na hora da morte.
Rezar um Glória e a oração final.
Terceiro Dia
São Domingos Sávio, que pelo teu heróico propósito "Antes morrer do que pecar" conservaste intacta a pureza angélica, obtém-nos também a nós a graça de imitar-te na fuga das ocasiões de pecar, para guardar sempre esta linda virtude.
Rezar um Glória e a oração final.
Quarto Dia
São Domingos Sávio, que, para glória de Deus e salvação das almas, superando todo o respeito humano, te empenhaste num santo apostolado para combater a blasfêmia e a ofensa a Deus, ajuda-nos também a nós a vencer o respeito humano.
Rezar um Glória e a oração final.
Quinto Dia
São Domingos Sávio, que, estimando o valor da mortificação cristã, soubeste formar no bem a tua vontade, ajuda-nos a dominar as nossas Paixões e a suportar as privações e dificuldades da vida, por amor de Deus.
Rezar um Glória e a oração final.
Sexto Dia
São Domingos Sávio, tu que alcançaste a perfeição da educação cristã mediante uma submissa obediência aos teus Pais e educadores, faz que também nós correspondamos à graça de Deus e sejamos sempre fiéis ao magistério da Igreja Católica.
Rezar um Glória e a oração final.
Sétimo Dia
São Domingos Sávio, apóstolo entre os teus companheiros, tu que desejaste o retorno à Igreja dos hereges e perdidos, obtém-nos também a nós o teu espírito missionário e faz-nos apóstolos no nosso ambiente e no mundo.
Rezar um Glória e a oração final.
Oitavo Dia
São Domingos Sávio, que no heróico comprimento de todos os teus deveres fostes modelo de trabalho incansável santificado pela oração, concede-nos também a nós que, na observância dos nossos deveres, nos empenhemos em viver uma vida de piedade exemplar.
Rezar um Glória e a oração final.
Nono Dia
São Domingos Sávio, que com o teu firme propósito "quero ser santo" na escola de Dom Bosco, conseguiste na juventude o esplendor da santidade, obtém também para nós a perseverança nos bons propósitos para fazer da nossa alma o templo vivo do Espírito Santo e merecer um dia a eterna bem-aventurança no céu.
Rezar um Glória e a oração final.
Oração Final (para todos os dias)
Oh! Deus, que em São Domingos Sávio destes aos adolescentes um modelo admirável de piedade e de pureza, concedei propício que por sua intercessão e exemplo possamos servir-te com corpo casto e coração puro. Por nosso Senhor Jesus Cristo.
Angélico Domingos Sávio, que na escola de São João Bosco começaste a percorrer o caminho da santidade juvenil, ajuda-nos a imitar o teu amor a Jesus, a tua devoção a Maria e o teu zelo pelas almas, e faz que propondo também nós "antes morrer do que pecar", obtenhamos a salvação eterna. Amém.
ORAÇÃO A SÃO DOMINGOS SÁVIO
Ó S. Domingos Sávio, que no breve curso da vossa vida terrena aspirastes continuamente ao Céu, onde agora gozas o prémio das vossas virtudes, fazei que também nós, seguindo os vossos exemplos, possamos chegar um dia a gozar convosco no Paraíso. Alcançai-nos de Deus, para tal fim, a docilidade á sua santa graça, que nos afaste sempre do pecado e nos conserve em íntima união com Ele. A vós confiamos as nossas humildes preces. Elevai-as, pois, ao trono do Altíssimo, valorizadas pelo vosso amor. Assim seja.
SÃO DOMINGOS SÁVIO, um adolescente santo
Estava Domingos voltando da escola, numa tarde abrasadora de verão, em companhia de um rapaz de nome João Zucca. O dia estava tão quente que dificultava até a respiração.
Ao passarem por uma ponte, pararam e sentaram-se pondo os pés dentro das águas do rio Ruenta. Zucca atirava palhas para o rio e ficava a observá-las flutuar na corrente e desaparecer sob a ponte. Mais abaixo, viu um grupo de meninos a brincar nas margens do rio, entrando na água e saindo. A corrente era rápida e perigosa, mas refrescante.
— Que bom! – exclamou Zucca. — Não há outra coisa a fazer num dia como este! Vamos nadar um pouco! – deixou-se escorregar pela rampa gramada e, num instante, mergulhou na água, embora fosse um local bastante perigoso.
Domingos acompanhou-o.
De volta a casa, Domingos permanecia silencioso.
— Alguma coisa errada, Domingos? – perguntou-lhe Zucca, porque normalmente Domingos era um colega muito alegre.
— Estava a pensar se era conveniente a gente ir nadar naquele lugar.
— Não é direito nadar? Como assim?
— O modo de falar dos rapazes e os gestos que faziam com o corpo não me pareciam corretos.
— Ora, Domingos! Eles não tencionavam mal algum.
Dias depois, o tempo estava outra vez muito quente e os dois procederam da mesma forma, até certo ponto. Quando deixaram a ponte para entrar na água, Domingos parou.
— O que há, Domingos? Não vais entrar?
— Não. Eu não sou bom nadador e a corrente é muito forte aqui.
— Não precisas de ser bom nadador para dar um mergulho.
— E se eu começasse a afogar-me?
— Faz como nós. Não podes falhar.
— Bem. Seja como for, eu não gostei do que os rapazes estavam a dizer e a fazer, outro dia.
— O que dizem ou fazem nada tem a ver contigo.
— Vou perguntar em casa se posso nadar contigo.
— Não faças isso. Seríamos castigados se soubessem que estamos a nadar aqui.
— Se é assim, agora é que não vou mesmo. Quando da primeira vez, Domingos se sentira chocado ao observar como os rapazes agiam enquanto nadavam. Percebeu o perigo que corria em tais circunstâncias e recusou-se definitivamente a ir nadar com outros, outra vez. Na biografia de Domingos, Dom Bosco escreveu que ele se recusara a ir nadar com os demais. Esta foi a verdade. Entretanto, após a morte do jovem, quando a sua vida foi publicada, Zucca insistiu na presença de outros, que Dom Bosco estava errado. Domingos havia nadado. Ele, Zucca, era testemunha. Espalhou-se rapidamente a notícia, chegando aos ouvidos de Dom Bosco. O santo reuniu os factos e esperou o momento oportuno para os revelar. E, numa noite, após o jantar, quando os meninos se preparavam para deixar o refeitório, o santo passou através das filas silenciosas e pôs-se de pé sobre uma cadeira. As suas feições, habitualmente sorridentes, mostravam-se sérias.
— Alguma coisa está erada! – murmuraram entre si os rapazes.
— Chegou aos meus ouvidos que alguém pôs em dúvida o que escrevi sobre Domingos. A parte questionada é a que afirma que Domingos se recusou a ir nadar com os outros meninos. Esta é a pura verdade. Ele recusou-se mesmo. Por outro lado, é também verdade que ele foi a primeira vez, influenciado pela mesma pessoa que deu início à campanha de murmurações. Deliberadamente, omiti mencionar o primeiro incidente, porque desejava ocultar, em seu próprio benefício, o nome de tal pessoa. Achei que ele se deveria mostrar grato a mim, por poupá-lo a tal vexame, em público. Então olhou diretamente para Zucca que estava a ficar cada vez mais vermelho, à proporção que Dom Bosco ia falando.
— Agora, Zucca, agradece somente a si próprio, pela vergonha que está a passar, e tens realmente motivo para te sentir envergonhado. Após a saída de Dom Bosco, os meninos ficaram em silêncio durante alguns minutos. Nunca tinham ouvido Dom Bosco falar com tanta dureza. O santo, normalmente doce e gentil, mostrou a sua ira aquela noite, visto tratar-se da defesa da modéstia. Qualquer ataque à moralidade, subtil ou aberto, leve ou sério, era sempre repelido vigorosamente pelo santo. A favor do pobre Zucca, objeto das iras de Dom Bosco, pode-se dizer que mais tarde, o santo declarou que Zucca tinha sido favorecido com grandes graças extraordinárias de Nossa Senhora. Dom Bosco foi muito severo quanto a permitir aos meninos nadarem sem o devido respeito à modéstia cristã. Dois dos seus jovens, uma vez, faltaram às aulas para ir nadar no rio Dora, em Turim, e ali receberam duas palmadas bem aplicadas por mãos invisíveis. Descobriram quem era o dono daquelas pesadas mãos, quando o santo enviou uma carta de Lanzo, a 48 kms de distância, contando ao superior e aos meninos o que ele tinha feito. Embora divertido, este incidente é também esclarecedor. Mostra-nos a importância que o santo atribuía à modéstia, como guarda da pureza. Instruído por tal mestre, Domingos não poderia assumir outra atitude diante da pureza, a não ser aquela que lhe foi tão características. A respeito da pureza de Domingo, São Pio X disse uma vez ao Cardeal Salotti, postulador da Causa: “Um jovem que levou para o túmulo a sua inocência batismal, que durante os curtos anos da sua existência nunca revelou a presença de nenhum defeito, é real e verdadeiramente um santo. Que mais podemos desejar?”
AOS DEVOTOS DE SÃO DOMINGOS SÁVIO
São Domingos Sávio - Estudante - 1842 – 1857
Comemoração: 9 de Março
São Domingos Sávio nasceu em Riva de Chieri, Itália, no dia 2 de Abril de 1842. Filho de um ferreiro e de uma costureira, foi aluno de São João Bosco e um dos primeiros colaboradores na obra salesiana. Morreu aos quinze anos incompletos, já amadurecido na fé e no amor que devotava a Deus, a Nossa Senhora e à Eucaristia. A sua morte deu-se em Mondónio, no dia 9 de Março de 1857. Dom Bosco escreveu a sua vida mostrando como Domingos Sávio colaborou com a graça de Deus: cumpriu os seus deveres e se dedicou ao serviço do próximo com zelo e despojamento de si, desejando ardentemente a santidade de vida. Dom Bosco conta a morte de Domingos Sávio comparando-o a um pássaro que voa para o céu. Estava ele doente na casa do pai, quando disse: " Querido pai, chegou a hora. Pegue no livro de orações e leia a ladainha da boa morte..." Domingos repetia com voz clara e distinta todas as palavras... Pareceu conciliar o sono. Pouco depois despertou e com voz clara e alegre, disse: - Adeus, pai, adeus! Oh! que coisas tão lindas estou a ver! Sorriu com rosto celestial e expirou com as mãos cruzadas sobre o peito e sem fazer o menor movimento.
Domingos Sávio - Protector dos Jovens
A receita de fé de Domingos Sávio era simples: pregava a execução com os deveres da Igreja, a submissão a Deus e a dedicação de amor ao próximo. Esta formula já era fruto de uma frase sua, escrita na véspera da sua primeira comunhão, quando tinha apenas sete anos: "ANTES MORRER DO QUE PECAR". Esta ideia acompanhou-o até ao final da sua vida.
Uma das mais belas passagens da vida deste pequeno gigante da fé foi com apenas 10 anos de idade, quando se responsabilizou por um erro cometido por um colega seu. Quando o delito foi descoberto, causou espanto à maioria dos professores que o conheciam, e quando questionado por que havia encoberto o erro do seu colega ele respondeu que, como o seu amigo já tinha vários precedentes e com mais aquele seria expulso da escola, ele preferia assumir a culpa, já que sobre ele não havia outras acusações.
Com esta atitude, ele desejava garantir a possibilidade de recuperação do outro jovem que, certamente, ao lado de Dom Bosco poderia ser conseguida e consolidada.
Oração
Ó Deus, só Vós sois santo e sem Vós ninguém pode ser bom. Pela intercessão de São Domingos Sávio, concedei-nos viver de tal modo, que não sejamos despojados da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Factos da vida de São Domingos Sávio - por São João Bosco
Devoção à Mãe de Deus
Entre os dons que Nosso Senhor lhe outorgou distinguia-se o seu fervor na oração. O seu espírito estava tão habituado a conversar com Deus que, em qualquer lugar, mesmo no meio da maior confusão, Domingos concentrava os seus pensamentos e, com piedoso afeto, elevava o coração a Deus.
Quando orava em comum, parecia um anjo; de joelhos, imóvel, em atitude devota, com o rosto sorridente, a cabeça um pouco inclinada e os olhos baixos, parecia outro São Luís.
Bastava vê-lo para se ficar enternecido. Em 1854 o Conde Cays foi eleito presidente da Companhia de São Luís, fundada no Oratório. Da primeira vez que tomou parte nas nossas cerimónias, viu um menino numa atitude devota que lhe causou grande admiração. Terminada a função, quis saber quem era aquele rapaz que tanto o impressionara: - era Domingos Sávio.
Sacrificava quase sempre uma parte do recreio para ir à Igreja e ali rezar a coroa das Sete Dores de Maria, ou, pelo menos, a ladainha de Nossa Senhora das Dores.
Não se contentava em ser devoto de Maria Virgem Imaculada. Em honra da celeste Senhora fazia todos os dias alguma mortificação. Nunca fitava pessoas de sexo diferente. Indo às aulas, raramente levantava os olhos do chão. Passando às vezes perto de espetáculos públicos, que para os companheiros era objeto de curiosidade e de satisfação, ao perguntarem-lhe se tinha gostado, Domingos respondia que não tinha visto nada.
Um dia, um companheiro encolerizado reprovou esse seu modo de proceder, dizendo-lhe:
- Para que tens esses olhos, meu parvo, se não vês tais coisas?
- Os meus olhos, respondeu Domingos, quero-os para ver o rosto da nossa Mãe Celeste, a Virgem Maria, quando, se for digno disso, me receber Deus no Paraíso.
Cultivava uma devoção especial ao Imaculado Coração de Maria. Todas as vezes que entrava numa igreja, ia direto ao Seu altar para Lhe pedir que conservasse o seu coração bem longe de qualquer impureza.
- Maria,- dizia ele – quero ser sempre Vosso filho. Fazei que morra antes que me suceda à desgraça de cometer um pecado contra a modéstia.
Todas as sextas-feiras destinava uma parte do tempo para ler um bom livro ou ir à igreja com alguns companheiros, orar pelas almas do Purgatório ou em homenagem a Maria Santíssima. Muito grande era a devoção de Domingos a Nossa Senhora.
Viam-no radiante de alegria todas as vezes que podia levar alguém para rezar diante do altar da Mãe de Deus. Certo sábado convidou um amigo a ir com ele a igreja rezas as Vésperas da Bem-Aventurada Virgem Maria. Este tentou: esquivar-se alegando estar com as mãos frias. Domingos tirou imediatamente as luvas, ofereceu-as ao companheiro e entraram ambos na igreja. Noutra ocasião emprestou o capote a um companheiro friorento para o mesmo fim. Quem não ficará tomado de admiração perante tais atos de generosidade?
Maio, o mês consagrado a Nossa Senhora, era para Domingos o mês do seu maior fervor. Combinava com os outros para, em cada dia do mês, fazerem uma cerimônia particular, além das que se faziam na igreja. Preparava uma série de exemplos edificantes, que narrava aos companheiros para animá-los a serem devotos de Maria Santíssima. Falava nisso durante os recreios e incitava-os a comungarem, especialmente no mês das flores, como preito a Maria: Era o primeiro a dar o exemplo, aproximando-se todos os dias da Sagrada Mesa com seráfico recolhimento.
Um episódio curioso revela-nos a ternura que ele consagrava à Mãe de Deus. Os alunos do seu dormitório deliberaram fazer, as expensas suas, um elegante altarzinho para solenizarem com mais brilho o encerramento do mês de Maria. Domingos era uma doba doura nesse trabalho; mas chegando-se à altura do pagamento da cota, que cada qual devia dar, começaram as dificuldades. Domingos declarou:
- Até aqui vamos bem, mas para estas coisas precisa-se de dinheiro e é o que eu não tenho. No entanto, quero contribuir de qualquer modo, custe o que custar.
E, dizendo isto, foi buscar um livro que lhe tinha sido dado de prêmio, e pedindo licença aos superiores, voltou radiante de alegria dizendo:
- Meus amigos, estou em condições de concorrer com alguma coisa para honrar a Virgem Santíssima; pegai neste livro, tirai dele a utilidade que puderdes; é a minha oferta.
Á vista daquele ato espontâneo de generosidade, os companheiros enterneceram-se e também quiseram oferecer livros e objectos. Com esse material fizeram uma rifa, e conseguiram arranjar mais do que o necessário para as despesas.
Concluído o altar, os alunos queriam celebrar a festa com a maior solenidade. Todos trabalhavam o mais que podiam, mas não conseguindo acabar a ornamentação, foi preciso trabalhar de noite.
- Eu passarei a noite a trabalhar – disse Domingos.
- Ao menos, vinde acordar-me assim que tudo estiver pronto, para eu ser um dos primeiros a admirar o altar ornamentado em homenagem à nossa querida Mãe.
Os companheiros obrigaram-no, porém, a ir-se deitar, visto estar convalescente de uma doença que tivera. Domingos não queria e foi necessário insistir muito para que obedecesse.
Frequência dos Sacramentos
Está comprovada pela experiência que os melhores sustentáculos da mocidade são o Sacramento da Confissão e da Comunhão. Dai-me um rapaz que frequente estes sacramentos: tal rapaz crescerá, passará pela puberdade, chegará à virilidade e, se Deus for servido, à mais avançada velhice, com um procedimento que servirá de exemplo a todos os que o conheceram.
Praza a Deus que todos os rapazes compreendam isto, para o praticarem, e bem assim todos os que se ocupam da educação da juventude para o ensinarem.
Antes de vir para o Oratório, Domingos aproximava-se destes dois Sacramentos uma vez por mês, segundo o uso das Escolas. Depois os frequentou com mais assiduidade. Um dia, ouviu do púlpito esta máxima:
“Jovens, se quiserdes perseverar no caminho do Céu, recomendo-vos estas três coisas: aproximai-vos muitas vezes do Sacramento da Confissão, frequentai a santa Comunhão, e escolhei um confessor a quem possais abrir o vosso coração, mas não o troqueis sem necessidade”.
Domingos compreendeu a importância destes três conselhos. Começou por escolher um confessor e conservou-o durante todo o tempo que esteve no Oratório. Para que este pudesse formar um juízo exacto da sua consciência, quis como era natural, fazer uma Confissão geral de toda a sua vida.
Confessava-se, a princípio todos os quinze dias, mas tarde todos os oito dias, comungando com a mesma frequência. O confessor, notando o grande progresso que fazia nas coisas do espírito, aconselhou-o a comungar três vezes por semana, e, ao cabo de um não, permitiu-lhe a comunhão diária.
Foi durante algum tempo dominado pelos escrúpulos; por isso, queria confessar-se de quatro em quatro dias e ainda mais amiúde; mas o seu diretor espiritual não concordou com esse desejo e obrigou-o à disciplina da confissão semanal.
Tinha uma confiança ilimitada no confessor. Falava com ele das coisas da consciência, mesmo fora do confessionário, e com toda a simplicidade. Alguém o aconselhou a mudar de confessor, de vez em quando, ao que ele anuiu:
“O confessor – dizia ele – é o médico da alma; não é costume trocá-lo a não ser por falta de confiança, ou porque o mal está muito adiantado. Não estou nestes casos. Tenho plena confiança no meu confessor que, com bondade e solicitude paternal, se empenha no aperfeiçoamento da minha alma; além disso, não vejo em mim chaga que ele não possa curar”.
No entanto, o diretor ordinário aconselhou-o a mudar, uma ou outra vez, de confessor, especialmente por ocasião dos Exercícios espirituais; sem opor a mínima dificuldade, obedeceu prontamente.
Domingos vivia alegre porque estava sempre em paz com a sua consciência.
"Se tenho qualquer mágoa no coração – dizia ele – vou ao meu confessor que me aconselhe o que Deus quer que eu faça, pois, Jesus Cristo disse que a voz do confessor é a voz de Deus. Se desejo alcançar alguma coisa importante, então vou receber a Hóstia Sagrada na qual está: o mesmo corpo, sangue, alma e divindade que Jesus Cristo ofereceu a Seu Pai Eterno Pai por nós na Cruz. Que mais me falta para ser feliz? Neste mundo, nada. Só me resta poder gozar no Céu d’Aquele que hoje adoro e contemplo, sobre os altares, com os olhos da fé”.
Com estes pensamentos, Domingos passava dias verdadeiramente felizes. Daqui nascia aquele contemplação, aquela alegria celestial que transparecia em todas as suas ações. Compreendia muito bem tudo o que fazia, e tinha um teor de vida cristã, como convém que o tenha quem deseja fazer a Comunhão diária. Por isso, o seu comportamento era, sob todos os pontos de vista, irrepreensível. Convidei os seus condiscípulos a dizerem-me, durante os três anos que ele viveu conosco, lhe notaram algum defeito a corrigir ou alguma virtude a adquirir.
Todos, a uma, responderam que nunca encontraram nele coisa alguma que merecesse correção, nem virtude que se lhe devesse acrescentar às que já praticava.
A sua preparação para receber o Pão dos Anjos era piedosa e edificante. À noite, antes de se deitar, recomendava-se sempre assim:
“Graças e louvores se dêem a todo o momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!”
De manhã, era esse grande ato precedido de uma preparação suficiente; mas a ação de graças, essa não tinha fim. Muitas vezes, se ninguém chamava, esquecia-se da refeição, do recreio e algumas vezes do estudo, permanecendo em oração, ou melhor, na contemplação da divina Bondade, que de um modo inefável comunica aos homens os tesouros da Sua infinita misericórdia.
Era para ele uma verdadeira delícia o poder passar algumas horas diante de Jesus Sacramentado. Invariavelmente, ao menos uma vez por dia, costumava fazer-Lhe uma visita, convidando outros a ir em sua companhia. A sua oração predilecta era a coroinha do Sagrado Coração de Jesus para reparação das injúrias que recebe dos hereges, dos infiéis e dos maus cristãos.
Para que as suas Comunhões produzissem maior fruto, e, ao mesmo tempo, o estimulassem a fazê-las cada vez com mais fervor, tinha-lhes fixado para cada dia um fim especial.
Como ele distribuía as intenções durante a semana:
Domingo:- Em honra da Santíssima Trindade.
Segunda: - Pelos benfeitores espirituais e temporais.
Terça: - Em honra de São Domingos e do Anjo da Guarda.
Quarta: - A Nossa Senhora das Dores, pela conversão dos pecadores.
Quinta: - Em sufrágio das almas do Purgatório.
Sexta: - Em honra da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Sábado: - Em honra de Maria Santíssima, para obter a Sua protecção durante toda a vida e à hora da morte.
Tomava parte, com arroubos de alegria, em todas as cerimónias que tivessem por fim honrar o Santíssimo Sacramento. Se acontecia encontrar o Viático, ao ser levado a algum doente, ajoelhava-se logo, onde quer que fosse, e, se tinha tempo, acompanhava-O até terminar a cerimónia.
Um dia passou o Viático perto dele. Chovia e os caminhos estavam enlameados. Não tendo outro sítio para se ajoelhar, ajoelhou-se mesmo sobre a lama. Um dos seus amigos repreendeu-o depois, observando-lhe que, em tais circunstâncias, Nosso Senhor não exigia. Domingos respondeu-lhe:
“Joelhos e calças, tudo é de Deus: por isso tudo deve servir para Lhe dar honra e glória. Quando passo perto d’Ele, não só me atiraria ao chão para honrá-lO, mas até a uma fornalha, porque assim participaria do fogo da caridade infinita que O impeliu a instituir este grande Sacramento”.
Em circunstâncias análogas, viu um dia um militar que se deixava ficar de pé no momento em que passava bem perto o Santíssimo Sacramento. Não se atrevendo a convidá-lo para que se ajoelhasse, tirou do bolso um lencinho, estendeu-o sobre o terreno sujo, e fez-lhe sinal para que se servisse dele. O soldado, a princípio, acanhou-se; mas, por fim, deixando de lado o lenço, acabou por se ajoelhar no meio do caminho.
Na festa do corpo de Deus foi com outros companheiros, vestidos de batida, à procissão da paróquia. Não cabia em si de alegria; e julgou aquilo prova de uma preferência e distinção assinalada, a maior lhe não poderiam dar.
Domínio de si mesmo
Quem reparasse na compostura exterior de Domingos Sávio, achava-lhe tanta naturalidade, que pensava tê-lo Nosso Senhor criado assim mesmo. Mas os que o conheceram de perto, ou tiveram a responsabilidade da sua educação, podem asseverar que havia nisso grande esforço humano coadjuvado pela graça de Deus.
A vivacidade do seu olhar obrigava-o a não pequeno esforço, dada a sua firme resolução de dominá-la. Um dia, confiou a um amigo:
“A princípio, quando me decidi a dominar completamente os meus olhares, tive de suportar não pequena fadiga, e até, por isso, sofri fortes dores de cabeça”. Com efeito, era tão reservado, que ninguém, dos que o conheceram, se lembra de tê-lo visto olhar para qualquer coisa que excedesse os limites da rigorosa modéstia – “Os olhos – dizia ele – são duas janelas. Pelas janelas, passa tudo o que se deixa passar. Por estas janelas, tanto podemos deixar passar um anjo como um demónio, e permitir tanto a um como a outro que se aposse do nosso coração”.
Certo dia, um dos seus companheiros trouxe inadvertidamente para a escola uma revista e que havia algumas figuras pouco sérias e irreligiosas, Um grupo de rapazes rodeou-o para ver aquelas gravuras que causariam asco, mesmo aos infiéis e pagãos. Domingos também se aproximou. Quando viu, porém, do que se tratava, foi surpreendido. Em seguida, com um sorriso de ironia, deitou-lhe a mão e rasgou-a em mil bocados. Os outros rapazes, atónitos, entreolharam-se mortificados, sem pestanejar. Domingos, então, disse-lhes:
-Pobres de nós! Nosso Senhor deu-nos os olhos para contemplar as belezas de tudo o que Ele criou, e vós servir-vos deles para olhar tais indecências, inventadas pela malícia dos homens para corromper as almas? Esquecestes o que tantas vezes vos foi ensinado? O Salvador diz-nos que com um olhar inconveniente manchamos as nossas almas, e vós a deliciar-vos com os olhos postos em coisas tão vergonhosas?!...
- Nós, respondeu um deles, fazíamos por distracção.
- Sim, sim, por distracção; no entanto, por distracção, ide-vos preparando para o inferno. Riríeis no inferno se lá caísseis?
- Mas nós - retorquiu outro – não víamos grande malícia naquelas gravuras.
- Pior ainda. Não ver a maldade em semelhantes indecências é sinal de que já estais habituados a contemplá-las. Mas o hábito não desculpa, antes, pelo contrário, torna-vos mais culpados. Ó Job! Ó Job! Tu velho, mas eras um santo; sofrias de uma doença, que te obrigava a viver deitado sobre um monturo de imundície; e, contudo, fizeste um pacto com os teus olhos para que não olhassem, nem de leve, coisas inconvenientes!
A estas palavras, todos se calaram e ninguém se atreveu a censurá-lo nem lhe fazer qualquer observação.
Á modéstia nos olhos aliava Domingos uma grande reserva no falar.
Quando alguém falava, ele calava-se; por várias vezes truncou uma expressão para dar aos outros liberdade de se expandirem. Os seus mestres foram unânimes em asseverar que nunca tiveram motivo para repreendê-lo, tão modelar foi sempre o seu procedimento no estudo, na aula, na igreja e em toda a parte. Até nas próprias ocasiões em que lhe fizessem qualquer injúria, sabia moderar, mais do que nunca, a língua e o seu temperamento.
Um dia, preveniu um companheiro de um mau hábito. Este, em vez de receber de bom grado a observação, zangou-se. Cobriu-o de vitupérios, e depois investiu contra ele a socos e a pontapés. Domingos teria podido fazer valer as suas razões com os fatos, pois, era mais velho e tinha mais força. Mas não quis senão a vingança dos cristãos. Ficou com o rosto ruborizado, mas refreou o ímpeto de ira e limitou-se a dizer a seguintes palavras:
“Perdoo-te esta ofensa. Não trates os outros desta maneira”.
Domingos Sávio ajuda à Missa
Este angélico jovem, aos cinco anos de idade, já sabia ajudar à missa e fazia-o com grandes demonstrações de amor a Jesus. Como era muito pequeno, o padre tinha de mudar o missal. Mas era tão grande o seu desejo de servir ao altar, que muitas vezes chegava à igreja quando esta ainda estava fechada, e ali permanecia esperando e rezando. Numa fria manhã de Janeiro de 1847, ali o encontraram tiritando de frio, e coberto de neve que caía copiosamente.
A visão de São Domingos Sávio
São Domingos Sávio teve um “sonho”. Na verdade, tratou-se de um êxtase que o menino santo chamou “distração”.
Este “sonho” é especialmente digno de nota, pois envolve também São João Bosco e o Beato Pio IX. A vida e a obra dos três foi objeto dos severos crivos dos processos de beatificação e canonização. Neles, escritos e falas dos três foram analisados à lupa pelos advogados vaticanos que os declararam isentos de todo o erro contra a fé ou contra a moral.
A visão num êxtase de São Domingos Sávio foi descrita pelo próprio São João Bosco no capítulo XX do livro “Vida do jovem Domingos Sávio”.
Dom Bosco conta que estando perto de São Domingos Sávio agonizante lhe perguntou o que ele diria ao Papa se pudesse falar-lhe. Dali nasceu o seguinte diálogo entre os dois santos:
“‒ Se eu pudesse falar ao Papa, quereria dizer-lhe que no meio das tribulações que o aguardam não deixe de trabalhar com especial solicitude pela Inglaterra; Deus prepara um grande triunfo do catolicismo naquele reino.
“‒ No que é que baseias estas palavras?
“‒ Vou contar-lhe, mas não conte isto aos outros, pois podem achar ridículo. Mas se o Sr. vai a Roma, diga-o a Pio IX por mim. (…)
“Certa manhã, durante a minha ação de graças após a comunhão, voltei a ter uma distração, que me pareceu estranha; pareceu-me ver uma grande parte de um país envolvida em grossas brumas, e estava cheia com uma multidão de pessoas. Moviam-se, mas como homens que, tendo perdido o seu caminho, não estavam certos onde pisavam.
“Alguém próximo, disse: ‘Esta é a Inglaterra.’
“Eu ia fazer algumas perguntas a respeito disto quando vi Sua Santidade Pio IX, representado da mesma maneira que vi nas figuras.
“Ele estava majestosamente vestido, e levava uma tocha brilhante com a qual se aproximou da multidão, como que para iluminar a sua escuridão.
“À medida que se aproximava, a luz da tocha parecia dispersar a névoa, e as pessoas foram trazidas à plena luz do dia.
“Esta tocha,” disse o meu informante, “é a religião Católica que está para iluminar a Inglaterra”.
No Boletim Salesiano (Turim, abril de 1924, nº 4), ainda encontramos as seguintes confidências ouvidas por São João Bosco da boca do menino santo:
‒ “Quantas almas aguardam a nossa ajuda na Inglaterra! Oh se eu tivesse força e virtude, quereria ir para lá e conquistá-las todas para o Senhor com pregações e com o bom exemplo”.
No mesmo boletim (1° de março de 1950, nº 5), ainda lemos:
“No dia seguinte, ele fez os exercícios pela boa morte, despediu-se dos companheiros, um por um, pagou uma dívida de dois tostões que tinha com um deles, falou aos sócios da Companhia da Imaculada, e por fim saudou Dom Bosco dizendo:
‒ “O Sr. indo a Roma lembre-se do recado para o Papa pela Inglaterra. Reze por mim para que eu possa ter uma boa morte e adeus até ao Paraíso…”
Dom Bosco cumpriu o combinado, e assim narrou:
“No ano de 1858 quando fui a Roma, contei estas coisas ao Sumo Pontífice, que ouviu com bondade e aprazimento.
“‒ Isto, disse o Papa, confirma o meu propósito de trabalhar energicamente em favor da Inglaterra, pela qual eu já dirijo as minhas mais vivas solicitudes. Este relato, para não dizer mais, chega-me como o conselho de uma boa alma.”
-- Domingos Sávio nasceu perto de Turim, em Itália, no ano de 1842; estudou na aldeia e mais tarde foi um dos primeiros a ser acolhido por Dom Bosco no seu Oratório. Estes centros de santificação dos jovens eram um lugar nos arredores de Turim onde assistiam os jovens como escola do primeiro grau; orientação profissional; trabalho e tudo proporcionando o crescimento espiritual e a salvação das almas.
São Domingo Sávio era um jovem comum, mas que interiorizou tão bem a espiritualidade salesiana no seu dia a dia que a sua alegria de menino nunca desapareceu, apenas foi purificada de todo e qualquer pecado. O Santo de hoje amava demais a Eucaristia e sua mãe, Nossa Senhora. Um dos lemas por ele vivido era: " Antes morrer do que pecar!"
Domingos Sávio interiormente amadureceu muito com a vida e sofrimentos que enfrentou em segredo, até contrair uma grave doença e com apenas 15 anos entrar para o Céu em 1857.
“JORNALISTAS” JAMistas ENTREVISTAM DOM BOSCO
E DOMINGOS SÁVIO
1 – Domingos Sávio, onde nasceste? Em que ano?
- Nasci em Riva de Quiéri a 12 Kms de Turim, na Itália, no ano de 1842, no dia 2 de Abril.
2 - Como era o meio familiar onde cresceste?
- Os meus pais chamavam-se Carlos Sávio e Brígida. Eram pobres, mas bons. Viviam com dificuldades, por falta de trabalho. Até que o meu pai começou a exercer o ofício de ferreiro.
3 - Que tipo de colegas tinhas? Como te relacionavas com eles?
- Os meus colegas nem sempre eram bons. Uma vez acusaram-me de ter feito desordem na aula. Então o professor veio ter comigo e repreendeu-me à frente de toda a turma. Eu não disse nada. No dia seguinte o professor descobriu os verdadeiros culpados e voltou a chamar-me e perguntou porque é que eu não me tinha defendido. E eu disse que se eu dissesse que não tinha sido eu, o verdadeiro culpado seria expulso da escola. E eu, como nunca tinha cometido nenhuma falta, só receberia castigo.
4 – Dom Bosco, como era Domingos Sávio como jovem?
Como se distinguiu entre os outros colegas?
- Domingos Sávio não nasceu santo.
Numa ocasião um colega meteu-se com ele e Domingos deu-lhe um estalo, mas arrependeu-se e nunca mais voltou a fazer isso.
5 – Domingos Sávio, para seres santo, quais os propósitos que assumiste? Que metas?
- Os meus propósitos foram tomados na minha 1ª comunhão e foram estes quatro:
1 – Confessar-me frequentemente e fazer a comunhão também muitas vezes.
2 – Santificar os domingos e os dias santos de guarda.
3 – Os meus amigos seriam dali para a frente, Jesus e Maria.
4 – Antes morrer do que pecar.
6 - Como surgiu a ideia de fundares a Companhia da Imaculada?
- Em 1864 o Papa definiu o Dogma da Imaculada Conceição e como eu queria fazer alguma coisa em honra de Maria, escolhi alguns companheiros e convidei-os a organizarmos um grupo, uma companhia, a Companhia da Imaculada Conceição.
7 - Em que consistia a actividade da Companhia da Imaculada?
- Os nossos objectivos principais eram fazer com que os membros do grupo rezassem a Nossa Senhora, Maria Imaculada e que comungassem muitas vezes.
8 – Dom Bosco, soube que teve uma visão com Domingos Sávio depois dele ter morrido. O que nos pode dizer sobre isto?
- Nesta visão perguntei-lhe o que o tinha confortado à hora da morte.
Se foi o ter conservado a bela virtude da pureza, o ter sempre a consciência tranquila, a esperança de ir para o céu. Mas ele respondeu que não foi isso.
Domingos Sávio disse-me que o que o tinha de facto confortado mais à hora da morte foi a presença da poderosa e amável Mãe de Deus, Nossa Senhora.
(Trabalho realizado por um grupo de JAMistas num dia de Retiro Espiritual)
SÃO DOMINGOS SÁVIO, ALUNO DE SÃO JOÃO BOSCO
Um dos alunos mais célebres de D. Bosco foi Domingos Sávio.
Tinha um grande desejo de ser santo. A sua vida foi um exemplo raro de virtude edificante para todos os companheiros dos oratórios salesianos. Vinte anos após a sua morte, apareceu em sonhos a D. Bosco.
Eis o que ele mesmo nos conta:
Num momento, pareceu me estar sobre um pequeno monte de terra, à beira de uma imensa planície, cujos limites a vista não conseguia alcançar. Era uma planície azul como o mar em plena calma. Mas não era o mar: parecia um imenso cristal luminoso e límpido. Aquela planície estava repartida em vastíssimos jardins de beleza inenarrável... No meio dos jardins viam se edifícios magníficos, amplos, harmoniosos e muito bem ordenados. Então, pensava para comigo: oh, se eu tivesse pelo menos uma destas casas para os meus jovens!...
Nisto espalha-se nos ares uma música suavíssima... Pareciam me cem mil instrumentos numa orquestra do Paraíso... E um coro infinito de pessoas cantava: honra e glória a Deus Pai omnipotente, Criador do mundo...
Enquanto escutava aquela divina melodia, eis que os meus olhos viram uma turba numerosíssima de jovens. Eu conhecia alguns: eram os meus jovens do Oratório; mas outros numerosos como as estrelas do Céu, ainda nunca os tinha visto. Aquele imenso cortejo vinha ao meu encontro. À frente de todos eles caminhava Domingos Sávio.
Eis que o cortejo pára e a música cessa. Brilhou um relâmpago de luz vivíssima. Domingos avançou para mim tão próximo, que se estendesse a mão podia tocar lhe. Olhava me em silêncio e sorria.
Como ele estava lindíssimo! Uma túnica alvíssima caía lhe até aos pés e era tecida de ouro e constelada de diamantes. Apertava lhe a cintura uma larga faixa encarnada. Trazia ao pescoço uma jóia de valor inestimável... O seu rosto era tão brilhante que mal se podia fitar. Parecia um anjo.
Eu pensava para comigo: que significará tudo isto? Como cheguei até aqui?... Então Domingos sorriu e disse me:
Porque está tão calado? Porque não fala?
Eu balbuciei:
Não sei que hei de dizer... Tu és Domingos Sávio?
Sim, sou eu mesmo. Já me conhece?
E como estás aqui?
Vim para lhe falar respondeu Domingos afectuosamente. Lembra se de quantas vezes nós falávamos na terra? Quantos sinais de amizade e de benevolência me deu? E quanta confiança eu tinha em si? Então, porque está assim tão assustado? Porque treme? Vamos, pergunte alguma coisa.
D. Bosco ganhou forças e perguntou lhe:
Onde estamos?
Estamos na terra da felicidade.
É este o Paraíso?
Oh não! sorriu Domingos. Aqui não se gozam os bens eternos, mas somente os naturais ampliados pelo poder de Deus.
E vós o que é que gozais no Paraíso?
É impossível dizer-lho! Ninguém pode sabê-lo, antes de se unir a Deus na vida futura. Goza-se a Deus! Eis tudo!
Senti-me um pouco mais à vontade e perguntei:
Como é que tens um vestido tão branco e tão lindo? Domingos não respondeu, mas o coro retomou o canto:
Estes são os que cingiram os seus rins com a mortificação. São aqueles que lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.
E porque é que tens essa faixa encarnada cingida à cintura?
Também desta vez Domingos não respondeu, mas ouvi cantar: São aqueles q conservaram a pureza, e que seguem o Cordeiro para onde quer que Ele vá.
Compreendi que aquela faixa vermelha, cor de sangue, era símbolo dos grandes sacrifícios feitos, dos violentos esforços e do quase martírio sofrido para conservar a virtude da pureza. Para se conservar puro diante de Deus ele tinha estado disposto a dar a vida. Era também o símbolo das penitências que purificam a alma das suas culpas. Agora, diz me, Domingos, porque és tu o primeiro deste grande cortejo?
Porque sou o embaixador de Deus.
Então, falemos de outras coisas. Que me dizes do passado?
No passado a sua Congregação já fez muito bem. São muitíssimas as almas que se salvaram.
E do presente, que me dizes?
Domingos mostrou me um magnífico ramo de flores, que tinha na mão e era composto por rosas, violetas, espigas, lírios... Entregou mo, dizendo:
Apresente o aos seus filhos, para que o possam oferecer a Deus...
Mas que significam estas flores?
Não sabe? E, contudo, devia sabê lo. A rosa, é símbolo da caridade, a violeta, da humildade, a genciana, da penitência e mortificação; as espigas, da comunhão frequente, o lírio, da bela virtude da castidade da qual está escrito: serão como os anjos do Céu. As sempre vivas, significam que estas virtudes devem durar sempre: a perseverança.
Diz me, Domingos: tu que praticaste estas virtudes na terra, o que foi que mais te consolou à hora da morte?
O que mais me confortou à hora da morte foi a assistência da poderosa e amável Mãe de Deus. Diga isto aos seus filhos. Que não se esqueçam de A invocar durante toda a vida"'
FACTOS DA VIDA DE DOMINGOS SÁVIO
Domingos Sávio nasceu em 1842, em San Giovanni di Riva, perto de Chieri, Província de Turim – Itália.
No dia da primeira comunhão, aos sete anos, traçou o seu projecto de vida:
"Confessar-me-ei frequentemente e farei a comunhão todas as vezes que o meu confessor permitir.
Quero santificar os dias de festa.
Os meus amigos serão Jesus e Maria.
Antes morrer que pecar".
Acolhido, aos doze anos, por Dom Bosco no Oratório de Turim, pediu-lhe que o ajudasse a tornar-se santo. Dócil, sempre sereno e alegre, punha grande empenho nos deveres de estudante e no ajudar sempre os companheiros, ensinando-lhes o catecismo, assistindo os doentes, pacificando os briguentos...
Um dia disse a um colega recém-chegado ao Oratório:
"Nós aqui fazemos consistir a santidade em estarmos muito alegres". Procuramos "somente evitar o pecado, como um grande inimigo que nos rouba a graça de Deus e a paz do coração, impedindo-nos de cumprir nossos deveres com exactidão".
Fidelíssimo ao seu programa, sustentado por uma intensa participação nos sacramentos, por uma filial devoção a Maria e generoso no sacrifício, foi por Deus cumulado de dons e carismas.
No dia 8 de Dezembro de 1854, depois que Pio IX proclamou o dogma da Imaculada Conceição, Domingos consagrou-se a Maria e começou a avançar rapidamente na santidade. Em 1856 fundou com os amigos a Companhia da Imaculada para fazer apostolado em grupo.
Morreu em Mondónio, no dia 9 de Março de 1857. Pio XI definiu-o: "Pequeno Gigante do espírito". Pio XII proclamou-o bem-aventurado em 1950 e santo a 12 de Junho de 1954.
Domingos Sávio é um modelo de santidade juvenil,
caracterizada pela alegria do coração
e pela fidelidade aos deveres de cada dia.
DOMINGOS SÁVIO O SANTO DA ALEGRIA
Domingos Sávio é o santo da alegria. Aprendeu com D. Bosco.
A alegria é uma característica do cristão.
Domingos Sávio diz-nos, com a sua vida, que a alegria não é incompatível com a santidade. «Um santo triste é um triste santo», dizia D. Bosco.
D. Bosco gostava de ver os seus alunos alegres. Por isso, no Oratório corria-se, jogava-se, cantava-se, cumpria-se o dever alegremente...
A fonte desta alegria estava em Deus. Por isso D. Bosco insistia na oração, na frequência dos Sacramentos, no fazer as coisas por Jesus, no viver em graça. Estudar, trabalhar, jogar e rezar... era uma coisa só. Dizia D. Bosco:
+ «Se queres uma vida alegre e tranquila, procura estar sempre na graça de Deus» (MB. XII, 133).
+ «Mostra-te sempre alegre... mas que a tua alegria seja sincera!» MB VI, 697).
+ «Cumprir o dever com alegria e com amor é a melhor preparação para bem morrer” (MB XII, 149). Domingos Sávio vivia neste clima de alegria que reinava no Oratório de D. Bosco. Daí que, aos novos alunos que ali chegavam, Domingos Sávio repetisse: “Nós aqui fazemos consistir a santidade em estar sempre alegres». Santidade é alegria!
Domingos Sávio incarnou na sua vida as palavras da
Escritura:
+ “Servi ao Senhor com alegria» (Sl 100, 2). + “Que a Minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja perfeita». (Jo. 15, 11).
+ “Deus ama a quem dá com alegria». (II Cor. 9, 7)
• PRECES
D. Para que vivamos e nos santifiquemos na alegria, rezemos ao
Senhor:
T. Senhor, sede a nossa luz e a nossa alegria.
D. Para que na amizade e no serviço aos irmãos encontremos a
alegria, rezemos ao Senhor:
T. Senhor, sede a nossa luz e a nossa alegria.
P. Por todas as pessoas que sofrem, para que mesmo no meio do sofrimento sejam capazes de comunicar alegria, rezemos ao Senhor:
T. Senhor, sede a nossa luz e a nossa alegria.
D. Para que todas a manhãs nos saibamos acolher uns aos outros com alegria, rezemos ao Senhor:
T. Senhor, sede a nossa luz e a nossa alegria.
D. Por todos aqueles que não têm alegria, para que a encontrem em Deus e no amor e serviço aos outros, rezemos ao Senhor:
T. Senhor, sede a nossa luz e a nossa alegria.
D. Encomendemo-nos ao Anjo da Guarda:
T. Anjo da minha guarda,
doce companhia,
não me desampareis
nem de noite nem de dia;
não me deixeis só;
que me perderia.
D. ORAÇÃO
Senhor Deus, em Vós está a fonte da alegria. Ajudai-nos a permanecer no Vosso amor e no amor e serviço aos nossos irmãos, para que, como Domingos Sávio, nos santifiquemos na alegria.
T. Amém.
BREVE APONTAMENTO SOBRE DOMINGOS SÁVIO
São Domingos Sávio teve a sua primeira biografia escrita pelo seu educador e pai espiritual: São João Bosco. De facto, este pequeno gigante São Domingo Sávio é um verdadeiro exemplo para os que querem ser Santos e para toda a juventude.
Domingos Sávio nasceu perto de Turim, em Itália, no ano de 1842; estudou na aldeia e mais tarde foi um dos primeiros a ser acolhido por Dom Bosco no seu Oratório. Estes centros de santificação dos jovens eram um lugar nos arredores de Turim onde assistiam os jovens como escola do primeiro grau; orientação profissional; trabalho e tudo proporcionando o crescimento espiritual e a salvação das almas.
São Domingo Sávio era um jovem comum, mas que interiorizou tão bem a espiritualidade salesiana no seu dia-a-dia que a sua alegria de menino nunca desapareceu, apenas foi purificada de todo e qualquer pecado. O Santo de hoje amava demais a Eucaristia e a sua mãe, Nossa Senhora. Um dos lemas por ele vivido era: " Antes morrer do que pecar!"
Domingos Sávio interiormente amadureceu muito com a vida e sofrimentos que enfrentou em segredo, até contrair uma grave doença e com apenas 15 anos entrar para o Céu em 1857.
SÃO DOMINGOS SÁVIO, fundador dos grupos de formação e de apostolado
Domingos Sávio, no meio dos seus companheiros, na escola de Dom Bosco, era um rapaz alegre, brincalhão, inteligente, bem disposto. As suas grandes qualidades levavam-no a impor-se até aos colegas mais velhos. Como era generoso, serviçal, dedicado e muito amigo de fazer o bem, não perdia nenhuma ocasião de ser útil, de ajudar os mais pequenos, de dar uma explicação, de acudir em momentos de litígio, de fazer com que se evitasse o palavrão, a pancada e a ofensa de Deus.
Assim, Domingos Sávio, pelo prestígio que tinha entre os seus companheiros e sob a orientação de Dom Bosco, foi o fundador de grupos organizados com finalidades formativas e apostólicas no ambiente da Escola Salesiana.
Estas organizações tinham o nome de companhias: as companhias da Imaculada, do SS.mo Sacramento, de S. José, de S. Luís...
Agora têm outros nomes: grupos da Paz, amigos de S. Domingos Sávio, etc..
Estes grupos, dentro do ambiente salesiano, organizados por alunos e para alunos, são uma expressão autêntica e válida da pedagogia de Dom Bosco, pertencem ao movimento associativo salesiano, pois têm origem em pessoas, situações e acontecimentos salesianos e são uma forma associativa salesiana a que não podemos renunciar nem trocar por outras.
Grupos que são fermento, vitalidade, energia. Irradiam por todo o ambiente salesiano e beneficiam todos os educandos. No sistema de Dom Bosco, até o educando tem oportunidade de ser educador!
Os elementos e a força unitiva destes grupos são:
- a sua espiritualidade - centralidade em Jesus Eucaristia, devoção a Maria Imaculada e Auxiliadora, amor ao Papa;
- o seu estilo de vida - alegria, espontaneidade, criatividade, dinamismo, diálogo, solidariedade, amizade;
- o seu tipo de apostolado - animação e orientação cristã da vida até tornar-se confronto e proposta de vocação salesiana nas várias expresses (antigo aluno, cooperador, salesiano consagrado).