A Voz do Papa
Mensagem de Bento XVI para a JMJ em Madrid
- 03-09-2010
- Visualizações: 530
- Imprimir
- Enviar por email
"Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (Col 2, 7)
Queridos amigos,
penso com frequência na Jornada Mundial da Juventude de Sidney, em 2008. Ali, vivemos uma grande festa da fé, na qual o Espírito de Deus agiu com força, criando uma intensa comunhão entre os participantes, vindos de todas as partes do mundo. Aquele encontro, como os precedentes, produziu frutos abundantes na vida de muitos jovens e de toda a Igreja. O Nosso olhar dirige-se agora para a próxima Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Madrid, no mês de Agosto de 2011. Já em 1989, alguns meses antes da histórica queda do Muro de Berlim, a peregrinação dos jovens fez uma paragem na Espanha, em Santiago de Compostela. Agora, no momento em que a Europa tem que voltar a encontrar as suas raízes cristãs, fixamos o nosso encontro em Madrid, com o lema: "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Convido-vos a este evento tão importante para a Igreja na Europa e para a Igreja universal. Além disso, gostaria que todos os jovens, tanto os que partilham a nossa fé como os que hesitam, duvidam ou não crêem, pudessem viver esta experiência, que pode ser decisiva para a vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo, do seu amor por cada um de nós.
1. Nas fontes das vossas maiores aspirações
Em cada época, também em nossos dias, numerosos jovens sentem o profundo desejo de que as relações interpessoais sejam vividas na verdade e na solidariedade. Muitos manifestam a aspiração de construir relações autênticas de amizade, de conhecer o verdadeiro amor, de fundar uma família unidade, de adquirir uma estabilidade pessoal e uma segurança real, que possam garantir um futuro sereno e feliz. Ao recordar a minha juventude, vejo que, na verdade, a estabilidade e a segurança não são as questões que mais ocupam a mente dos jovens. Sim, a questão do lugar de trabalho, e com ela a de ter o futuro assegurado, é um problema grande e premente, mas ao mesmo tempo a juventude é a idade na qual se busca uma vida maior. Ao pensar nos meus anos de então, simplesmente, não queríamos perder-nos na mediocridade da vida aburguesada. Queríamos o que era grande, novo. Queríamos encontrar a vida mesma na sua imensidão e beleza. Certamente, isto dependia também da nossa situação. Durante a ditadura nacional-socialista e a guerra, estivemos, por assim dizer, "encerrados" pelo poder dominante. Por isso, queríamos ir para fora, para entrar na abundância das possibilidades do ser homem. Mas creio que, em certo sentido, este impulso de ir mais além do habitual está em cada geração. Desejar algo mais que a quotidianidade regular de um emprego seguro e sentir o desejo do que é realmente grande faz parte do ser jovem. Trata-se somente de um sonho vazio que desaparece quando uma pessoa se torna adulta? Não, o homem, na verdade, está criado para o que é grande, para o infinito. Qualquer outra coisa é insuficiente. Santo Agostinho tinha razão: o nosso coração está inquieto, até que não descanse em Ti. O desejo da vida maior é um sinal de que Ele nos criou, de que levamos a sua "marca". Deus é vida, e cada criatura tem a vida; de um modo único e especial, a pessoa humana, feita à imagem de Deus, aspira ao amor, à alegria e à paz. Então, compreendemos que é um contrassenso pretender eliminar a Deus para que o homem viva. Deus é a fonte da vida; eliminá-lo equivale a separar-se desta fonte e, inevitavelmente, privar-se da plenitude e da alegria: "sem o Criador, a criatura dilui-se" (Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição Gaudium et Spes, 36). A cultura actual, em algumas partes do mundo, sobretudo no Ocidente, tende a excluir Deus, ou a considerar a fé como um acto privado, sem nenhuma relevância na vida social. Embora o conjunto dos valores, que são o fundamento da sociedade, provenha do Evangelho – como o sentido da dignidade da pessoa, da solidariedade, do trabalho e da família -, constata-se uma espécie de "eclipse de Deus", uma certa amnésia, mais ainda, uma verdadeira rejeição do cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida, com o risco de perder aquilo que mais profundamente nos caracteriza.
Por este motivo, queridos amigos, convido-vos a intensificar o vosso caminho de fé em Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Vós sois o futuro da sociedade e da Igreja. Como escrevia o apóstolo Paulo aos cristãos da cidade de Colossos, é vital ter raízes e bases sólidas. Isto é verdade, especialmente hoje, quando muitos não têm pontos de referência estáveis para construir a sua vida, sentindo-se assim profundamente inseguros. O relativismo que se difundiu, e para o qual tudo dá no mesmo e não existe nenhuma verdade, nem um ponto de referência absoluto, não gera verdadeira liberdade, mas instabilidade, desajuste e um conformismo com as modas do momento. Vós, jovens, tendes o direito de receber das gerações que vos precedem pontos firmes para fazer as vossas opções e construir a vossa vida, do mesmo modo que uma planta necessita de um apoio sólido até que cresçam as suas raízes, para se converter numa árvore robusta, capaz de produzir fruto.
2. Enraizados e edificados em Cristo
Para ressaltar a importância da fé na vida dos crentes, gostaria de deter-me em três termos que São Paulo utiliza: "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Aqui, podemos distinguir três imagens: "enraizado" evoca a árvore e as raízes que a alimentam; "edificado" refere-se à construção; "firme" alude ao crescimento da força física ou moral. Trata-se de imagens muito eloquentes. Antes de comentá-las, é preciso assinalar que no texto original as três expressões, desde o ponto de vista gramatical, estão no passivo: quer dizer, que é Cristo mesmo quem toma a iniciativa de enraizar, edificar e tornar firmes os crentes.
A primeira imagem é a da árvore, firmemente plantada no solo por meio de raízes, que lhe dão estabilidade e alimento. Sem as raízes, seria levada pelo vento, e morreria. Quais são as nossas raízes? Naturalmente, os pais, a família e a cultura do nosso país são um componente muito importante da nossa identidade. A Bíblia mostra-nos outro mais. O profeta Jeremias escreve: "Bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua confiança. Será uma árvore planta junto á água, que junto às correntes lança as suas raízes. Quando chega a estiagem, não a sentirá, a sua folha estará verde; no ano da seca, não se inquieta, não deixa de dar fruto" (Jer 17, 7-8). Enraizar, para o profeta, significa voltar a colocar a sua confiança em Deus. D'Ele vem a nossa vida. Sem Ele, não poderíamos viver de verdade. "Deus deu-nos a vida eterna e esta vida está em seu Filho" (1 Jo 5, 11). Jesus mesmo apresenta-se como a nossa vida (cf. Jo 14, 6). Por isso, a fé cristã não é somente crer na verdade, mas, sobretudo, é uma relação pessoal com Jesus Cristo. O encontro com o Filho de Deus proporciona um dinamismo novo a toda a existência. Quando começamos a ter uma relação pessoal com Ele, Cristo revela-nos a nossa identidade e, com a sua amizade, a vida cresce e realiza-se em plenitude. Existe um momento na juventude em que cada um se pergunta: que sentido tem a minha vida, que finalidade, que rumo lhe devo dar? É uma fase fundamental que pode perturbar a mente, às vezes durante muito tempo. Pensa-se em qual será o nosso trabalho, as relações sociais que se devem estabelecer, que afectos se devem desenvolver... Neste contexto, volto a pensar na minha juventude. De certo modo, logo percebi que o Senhor me queria sacerdote. Mas, mais adiante, depois da guerra, quando no seminário e na universidade me dirigia até esta meta, tive que reconquistar esta certeza. Tive que me perguntar: é este, de verdade, o meu caminho? É, de verdade, a vontade do Senhor para mim? Serei capaz de permanecer-lhe fiel e estar totalmente à disposição d'Ele, ao Seu serviço? Uma decisão assim também causa sofrimento. Não pode ser de outra maneira. Mas, depois, tive a verdade: está certo! Sim, o Senhor me quer, por isso me dará também a força; Escutando-O, estando com Ele, chego a ser eu mesmo. Não conta a realização dos meus próprios desejos, mas sim a Sua vontade. Assim, a vida torna-se autêntica.
Como as raízes da árvore a mantém plantada firmemente na terra, assim os alicerces dão à casa uma estabilidade perdurável. Mediante a fé, estamos enraizados em Cristo (cf. Col 2, 7), assim como uma casa está construída sobre os alicerces. Na história sagrada, temos numerosos exemplos de santos que edificaram a sua vida sobre a Palavra de Deus. O primeiro: Abraão. Nosso pai na fé obedeceu a Deus, que lhe pedia que deixasse a casa paterna para se encaminhar a um país desconhecido. "Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus" (Tg 2, 23). Estar enraizados em Cristo significa responder concretamente ao chamamento de Deus, confiando-se a Ele e colocando em prática a Sua Palavra. Jesus mesmo repreende os seus discípulos: "Por que me chamais 'Senhor, Senhor!' e não fazeis o que vos digo?" (Lc 6, 46). E recorrendo à imagem da construção da casa, complementa: "Todo aquele que vem a mim ouve as minhas palavras e as pratica [...] é semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou bem fundo e pôs os alicerces sobre a rocha. As águas transbordaram, precipitaram-se as torrentes contra aquela casa e não a puderam abalar, porque ela estava bem construída" (Lc 6, 47-48).
Queridos amigos, construí a vossa casa sobre a rocha, como o homem que "cavou bem fundo". Tentai também vós acolher cada dia a Palavra de Cristo. Escutai-o como ao verdadeiro Amigo com quem partilhar o caminho da vossa vida. Com Ele ao vosso lado, sereis capazes de afrontar com valentia e esperança as dificuldades, os problemas, também as desilusões e os fracassos. Continuamente apresentar-vos-ão propostas mais fáceis, mas vós mesmos percebereis que se revelam como enganosas, não dão serenidade nem alegria. Somente a Palavra de Deus nos mostra o caminho autêntico, somente a fé que nos foi transmitida é a luz que ilumina o caminho. Acolhei com gratidão este dom espiritual que haveis recebido das vossas famílias e esforçai-vos para responder com responsabilidade ao chamamento de Deus, convertendo-vos em adultos na fé. Não creiais nos que dizem que não necessitais dos outros para construir a vossa vida. Apoiai-vos, ao contrário, na fé dos vossos entes queridos, na fé da Igreja, e agradecei ao Senhor por tê-la recebido e tê-la feito vossa.
3. Firmes na fé
Estai "enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). A carta, da qual foi tirado este convite, foi escrita por São Paulo para responder a uma necessidade concreta dos cristãos da cidade de Colossos. Aquela comunidade, de facto, estava ameaçada pela influência de certas tendências culturais da época, que afastavam os fiéis do Evangelho. Nosso contexto cultural, queridos jovens, tem numerosas analogias com o dos Colossenses de então. Com efeito, há uma forte corrente de pensamento laicista que deseja afastar Deus da vida das pessoas e da sociedade, lançando as bases e tentando criar um "paraíso" sem Ele. Mas a existência ensina que o mundo sem Deus converte-se num "inferno", onde prevalece o egoísmo, as divisões nas famílias, o ódio entre as pessoas e os povos, a falta de amor, alegria e esperança. Ao contrário, quando as pessoas e os povos acolhem a presença de Deus, adoram-nO em verdade e escutam a Sua voz, constrói-se concretamente a civilização do amor, onde cada um é respeitado na sua dignidade e cresce a comunhão, com os frutos que isto implica. Há cristãos que se deixam seduzir pelo modo de pensar laicista, ou são atraídos por correntes religiosas que os afastam da fé em Jesus Cristo. Outros, sem se deixar seduzir por elas, simplesmente deixaram que se esfriasse a sua fé, com as inevitáveis consequências negativas no plano moral.
O apóstolo Paulo recorda aos irmãos, contagiados pelas ideias contrárias ao Evangelho, o poder de Cristo morto e ressuscitado. Este mistério é o fundamento da nossa vida, o centro da fé cristã. Todas as filosofias que o ignoram, considerando-o "loucura" (1 Co 1, 23), mostram os seus limites ante as grandes perguntas presentes no coração do homem. Por isso, também eu, como Sucessor do apóstolo Pedro, desejo confirmar-vos na fé (cf. Lc 22, 32). Cremos firmemente que Jesus Cristo se entregou na Cruz para nos oferecer o Seu amor; na sua paixão, suportou os nossos sofrimentos, carregou os nossos pecados, alcançou-nos o perdão e reconciliou-nos com Deus Pai, abrindo-nos o caminho da vida eterna. Deste modo, fomos libertados do que mais paralisa a nossa vida: a escravidão do pecado, e podemos amar a todos, inclusive aos inimigos, e partilhar este amor com os irmãos mais pobres e em dificuldade.
Queridos amigos, a cruz geralmente provoca medo, porque parece ser a negação da vida. Na verdade, é o contrário. É o "sim" de Deus ao homem, a expressão máxima do seu amor e a fonte de onde emana a vida eterna. De facto, do coração de Jesus aberto na cruz brotou a vida divina, sempre disponível para quem aceita olhar para o Crucificado. Por isso, quero convidar-vos a acolher a cruz de Jesus, sinal do amor de Deus, como fonte de vida nova. Sem Cristo, morto e ressuscitado, não há salvação. Somente Ele pode libertar o mundo do mal e fazer crescer o Reino da justiça, paz e amor, ao que todos aspiramos.
4. Crer em Jesus Cristo sem vê-Lo
No Evangelho, é-nos descrita a experiência de fé do apóstolo Tomé quando acolhe o mistério da cruz e ressurreição de Cristo. Tomé, um dos doze apóstolos, seguiu Jesus, foi testemunha directa das suas curas e milagres, escutou as suas palavras, viveu o espanto ante a sua morte. Na tarde da Páscoa, o Senhor aparece aos discípulos, mas Tomé não está presente, e quando lhe contam que Jesus está vivo e lhes apareceu, diz: "Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei" (Jo 20, 25).
Também nós gostaríamos de poder ver Jesus, poder falar com Ele, sentir mais intensamente ainda a sua presença. Muitos hoje acham difícil ter acesso a Jesus. Muitas das imagens que circulam de Jesus, e que se fazem passar por científicas, tiram-Lhe a sua grandeza e a singularidade da sua pessoa. Por isso, ao longo dos meus anos de estudo e meditação, fui amadurecendo a ideia de transmitir num livro algo do meu encontro pessoal com Jesus, para ajudar de alguma forma a ver, escutar e tocar o Senhor, em quem Deus saiu ao nosso encontro para se deixar conhecer. De facto, Jesus mesmo, aparecendo novamente aos discípulos depois de oito dias, diz a Tomé: "Mete aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé" (Jo 20, 27). Também para nós é possível ter um contacto sensível com Jesus, colocar, por assim dizer, a mão nos sinais da Sua Paixão, os sinais do seu amor. Nos Sacramentos, Ele vem até nós de uma forma particular, entrega-se a nós. Queridos jovens, aprendei a "ver", a "encontrar" a Jesus na Eucaristia, onde está presente e próximo até se entregar como alimento para o nosso caminho; no Sacramento da Penitência, onde o Senhor manifesta a sua misericórdia oferecendo-nos sempre o seu perdão. Reconhecei e servi a Jesus também nos pobres e enfermos, nos irmãos que estão em dificuldade e necessitam de ajuda.
Iniciai e cultivai um diálogo pessoal com Jesus Cristo, na fé. Conhecei-O mediante a leitura dos Evangelhos e do Catecismo da Igreja Católica; falai com Ele na oração, confiai n'Ele. Nunca vos trairá. "A fé é, antes de tudo, uma adesão pessoal do homem a Deus; é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou" (Catecismo da Igreja Católica, 150). Assim, podereis adquirir uma fé madura, sólida, que não se funda unicamente num sentimento religioso ou numa vaga recordação do catecismo da vossa infância. Podereis conhecer Deus e viver autenticamente d'Ele, como o apóstolo Tomé, quanto professou abertamente a sua fé em Jesus: "Meu Senhor e meu Deus".
5. Sustentados pela fé da Igreja, para ser testemunhas
Naquele momento, Jesus exclama: "Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!" (Jo 20, 29). Pensava no caminho da Igreja, fundada sobre a fé das testemunhas oculares: os Apóstolos. Compreendemos agora que a nossa fé pessoal em Cristo, nascida do diálogo com Ele, está vinculada à fé da Igreja: não somos crentes isolados, mas sim, mediante o Baptismo, somos membros desta grande família, e é a fé professada pela Igreja que assegura a nossa fé pessoal. O Credo que proclamamos cada domingo na Eucaristia protege-nos precisamente do perigo de crer num Deus que não é o que Jesus nos revelou: "Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé" (Catecismo da Igreja Católica, 166). Agradeçamos sempre ao Senhor pelo dom da Igreja; ela nos faz progredir com segurança na fé, que nos dá a verdadeira vida (cf. Jo 20, 31).
Na história da Igreja, os santos e mártires tiraram da cruz gloriosa a força para serem fiéis a Deus até à entrega de si mesmos; na fé, encontraram a força para vencer as próprias debilidades e superar toda a adversidade. De facto, como diz o apóstolo João: "Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?" (1 Jo 5, 5). A vitória que nasce da fé é a do amor. Quantos cristãos foram e são um testemunho vivo da força da fé que se expressa na caridade. Foram artífices da paz, promotores da justiça, animadores de um mundo mais humano, um mundo segundo Deus; comprometeram-se em diferentes âmbitos da vida social, com competência e profissionalismo, contribuindo eficazmente para o bem de todos. A caridade que brota da fé levou-os a dar um testemunho muito concreto, com a palavra e as obras. Cristo não é um bem somente para nós mesmos, mas é o bem mais precioso que temos para partilhar com os demais. Na era da globalização, sejais testemunhas da esperança cristã no mundo todo: são muitos os que desejam receber esta esperança. Ante o sepulcro do amigo lázaro, morto há quatro dias, Jesus, antes de voltar a chamá-lo à vida, diz à sua irmã Marta: "Se credes, vereis a glória de Deus" (Jo 11, 40). Também, vós, se credes, se souberdes viver e dar, cada dia, testemunho da vossa fé, sereis um instrumento que ajudará outros jovens como vós a encontrar o sentido e a alegria da vida, que nasce do encontro com Cristo.
6. Rumo à Jornada Mundial de Madrid
Queridos amigos, reitero-vos o convite para participar na Jornada Mundial da Juventude em Madrid. Com profunda alegria, espero cada um pessoalmente, Cristo quer assegurar-vos na fé por meio da Igreja. A escolha de crer em Deus e segui-Lo não é fácil. Vê-se obstaculizada pelas nossas infidelidades pessoais e por muitas vozes que nos sugerem vias mais fáceis. Não vos desanimeis, buscai o apoio da comunidade cristã, o apoio da Igreja. Ao longo deste ano, preparai-vos intensamente para o encontro de Madrid com os vossos bispos, sacerdotes e responsáveis da pastoral juvenil nas dioceses, nas comunidades paroquiais, nas associações e movimentos. A qualidade do nosso encontro dependerá, sobretudo, da preparação espiritual, da oração, da escuta em comum da Palavra de Deus e do apoio recíproco.
Queridos jovens, a Igreja conta convosco. Necessita da vossa fé viva, da vossa caridade criativa e o dinamismo da vossa esperança. A vossa presença renova a Igreja, rejuvenesce-a e dá-lhe um novo impulso. Por isso, as Jornadas Mundiais da Juventude são uma graça não somente para vós, mas para todo o Povo de Deus. A Igreja na Espanha está a preparar-se intensamente para vos acolher e viver a experiência gozosa da fé. Agradeço às dioceses, paróquias, santuários, comunidades religiosas, associações e movimentos eclesiais que estão a trabalhar com generosidade na preparação deste evento. O Senhor não deixará de os abençoar. Que a Virgem Maria acompanhe este caminho de preparação. Ela, no anúncio do Anjo, acolheu com fé a Palavra de Deus; com fé consentiu que a obra de Deus se cumprisse nele. Pronunciando o seu "fiat", recebeu o dom de uma caridade imensa, que a impulsionou a entregar-se inteiramente a Deus. Que Ela interceda por todos vós, para que na próxima Jornada Mundial possais crescer na fé e no amor. Asseguro-vos a minha recordação paterna na oração e vos abençoo de coração.
Dado no Vaticano, aos 6 de Agosto de 2010, Festa da Transfiguração do Senhor.