
No dia 2 de Novembro celebramos o Dia dos Fiéis Defuntos. Um dia no qual muitas pessoas vão ao cemitério rezar pelos entes queridos que já partiram deste mundo.
Mas, este dia, bem como a celebração de exéquias, algum velório ou enterro, é um momento propício para reflectir não somente na morte, mas na vida através da morte. Pois… tal vida…tal morte. A doutora da Igreja, Santa Teresa de Lisieux, mais conhecida por Santa Teresinha do Menino Jesus, dizia que a morte é o fim de todo o ser humano e que, por isso, precisamos de tomar cuidado com a vida que levamos. Dizia ela:
“Os amigos que tínhamos eram muito dados ao mundo, e usavam as suas tretas para conciliar, demasiadamente, as alegrias da terra com o serviço de Deus. Não pensavam bastante na morte e, no entanto, veio a morte visitar grande número de pessoas minhas conhecidas, jovens, ricas e ditosas!” (“História de uma Alma” – pag. 87-88).
Somos tentados, a todo o instante, a acreditar que a nossa vida se resume a conquistar riquezas, fama e poder aqui na terra. Ou que podemos conciliar uma vida de serviço a Deus e a busca das riquezas terrenas. Santa Teresinha continua a sua reflexão afirmando: “E vejo que debaixo do sol tudo é vaidade e aflição de espírito […] que o único bem consiste em amar a Deus de todo o coração e ser pobre de espírito aqui na terra […]”.
Assim, como Santa Teresinha nos ensina, precisamos amar a Deus de todo o coração, e a partir daí, pensar sobre qual é o nosso projecto de vida. Projectamos a nossa vida para o Reino dos Céus ou para alcançar as riquezas aqui na terra? Pensemos mais na nossa morte e em como vale a pena viver bem…para morrer bem.
O nosso projecto de vida precisa de ser o Reino dos Céus, pois, vivendo o céu aqui na terra, continuaremos a vida, ressuscitados com Jesus, no Reino de Deus, nos Céus, pois somente Cristo tem o poder de vencer a morte! Aleluia!
O PADRE ANTÓNIO VIEIRA FALA SOBRE A MORTE:
1. “Quem se contenta a se salvar uma só vez, muito se arrisca a não se salvar nenhuma: querer-se salvar na morte, é temer o inferno; salvar-se em toda a vida, isto é amar a Deus. Quem se salva só na morte, quando muito, foge para Deus; quem se salva em toda a vida, este é só o que anda com Deus”.
(Sermão das Exéquias do Conde de Unhão))
2. “O Amor de Cristo para com os homens foi tão grande que não se contentava com dar uma só vida por eles, mas desejou dar muitos milhares de vidas; e como a vida de Cristo era uma só, buscou traçar o seu amor para dar a mesma vida muitas e muitas vezes, que foi o Sacramento e Sacrifício do altar, onde Cristo, sem morrer, está morrendo sempre”.
(Sermão das Exéquias de Dom Duarte)
3. “Morrer de muitos anos, e viver muitos anos, não é a mesma coisa. Ordinariamente os homens morrem de muitos anos, e vivem poucos. Porquê? Porque nem todos os anos que se passam, se vivem. Uma coisa é contar os anos, outra vivê-los; uma coisa é viver, outra durar. Também os cadáveres debaixo da terra; também os ossos nas sepulturas acompanham os cursos dos tempos, e ninguém dirá que vivem. As nossas acções são os nossos dias; por elas se contam os anos, por elas se mede a vida: enquanto obramos racionalmente, vivemos; o demais tempo, duramos”.
(Sermão das Exéquias do Conde de Unhão)