O maior SEGREDO para viver bem!
Se quiseres viver bem, procura, durante o tempo de vida que te resta, viver a pensar sempre na morte.
Ao veres um túmulo, ao assistires às exéquias de um amigo ou parente, ao veres um cadáver a ser levado à sepultura, contempla nisso a tua própria imagem e o que um dia há de ser de ti.
Reflecte então e diz contigo: dentro de poucos anos, talvez meses ou dias, tudo acabará para mim; o meu corpo será apenas podridão e vermes. Estando então perdida a alma, tudo estará perdido para mim, e perdido para sempre.
Assim fizeram os Santos, que agora reinam no Céu; desta maneira chegaram a desprezar todos os bens desta terra, venceram as tentações mais fortes, e subiram a alta santidade.
Job dizia à podridão: Tu és meu pai; e aos vermes: vós sois minha mãe e minha irmã.
São Carlos Borromeu conservava sempre sobre a mesa uma caveira, para a ter continuamente diante dos olhos.
O cardeal Barónio fez gravar no seu anel estas palavras: “Lembra-te da morte”. O Bem-aventurado Juvenal, bispo de Saluzzo, escreveu sobre uma caveira estas palavras: O que tu és, fui eu; o que eu sou, tu serás um dia.
Outro santo solidário, perguntado na hora da morte porque estava tão alegre, respondeu: Sempre tive a lembrança da morte diante dos olhos; por isso, agora que ela vem, não vejo coisa nova.
São Camilo de Lelis, ao ver os túmulos, dizia: Se estes defuntos voltassem ao mundo, quanto não fariam pela vida eterna! E eu, que ainda tenho tempo, que faço pela minha alma?
Mas tu, meu irmão, tens talvez razão para temer que sejas aquela figueira sem fruto da qual disse o Senhor: Já há três anos que venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho.
Tu que estás no mundo há mais de três anos, que fruto tens produzido? Considera, diz São Bernardo, que o Senhor não te procura somente flores; mas quer também frutos; isto é, bons desejos e propósitos, e também obras santas.
“Considera-te desde já como morto”
Saibamos aproveitar o tempo que Deus nos dá na sua misericórdia, e não esperemos para fazer o bem até que não haja mais tempo, e se nos diga: É tempo de partir deste mundo; vamos depressa; o que está feito, está feito.
Considera-te, diz São Lourenço Justiniano, considera-te desde já como morto, já que é certo que deves morrer. Se já estivesses morto, quanto não quererias ter feito!
Diz São Boaventura que o piloto para bem governar o navio, coloca-se na popa: assim o homem, para levar uma vida boa, deve considerar-se sempre como se estivesse para morrer.
Foi isto que fez São Bernardo dizer: considera os pecados da tua mocidade e cora; considera os pecados da idade viril e geme; considera as desordens da idade actual e treme e apressa-te em os remediar.
Eis-me aqui, meu Deus, sou aquela árvore que há tantos anos mereceu ouvir a sentença: Corta-a; para que ocupa ainda a terra?
Sim, porque nos muitos anos em que estou no mundo, ainda não dei outros frutos senão cardos e espinhos de pecados.
Mas Vós, Senhor, não quereis que eu desespere. Vós dissestes que o que Vos procurar, Vos achará: Procuro-Vos, meu Deus, e desejo a Vossa graça.
Detesto de todo o coração todas as ofensas que Vos fiz, e quisera morrer de dor. Quero empregar o resto da minha vida em Vos amar e honrar.
Sim, amo-Vos, ó meu soberano Bem, e, com o Vosso auxílio, quero viver e morrer fazendo actos de amor a Vós, que por meu amor morrestes sobre a cruz. Doce Coração de Maria, sede a minha salvação.
Fonte: “Meditações para todos os dias e festas do ano” de Santo Afonso de Ligório.