Todos passamos ou vamos passar pela experiência da perda de um ente querido, do mesmo jeito que todos sabemos que um dia morreremos.
A vida não nos pertence, assim como os nossos entes queridos não nos pertencem. Somos de Deus. Estamos aqui de passagem; não temos morada definitiva aqui, mas caminhamos para a Jerusalém celeste. O céu é a nossa pátria.
A misericórdia infinita de Deus reserva um lugar para cada um de nós. Ninguém deve temer o dia do Juízo Final. Para muitos, este será o grande momento de redenção perante o mundo, já que foram vítimas de calúnias, injustiças, mentiras e sofrimentos. O Juízo será o momento histórico de reabilitação. Nunca deveríamos ter medo de nos encontrar com o Juiz verdadeiro, que é Deus, porque Ele não é um juiz que me julga: Ele acima de tudo é um juiz que me ama.
Nós experimentamos a morte como herança do pecado. A morte é obra-prima do demónio, conforme está no livro de Sabedoria 2; foi por inveja dele que a morte entrou no mundo, e por isso, sofremos tanto.
Também por isso é fundamental redescobrirmos o sentido cristão da morte. Sem isso é quase impossível a cura dos nossos traumas.
O ser humano foi criado para a imortalidade, por isso, não gosta de reflectir e muito menos conversar sobre a morte, o que não nos livra dela. Muito mais prudente é pensar no assunto, já que a nossa alma é imortal. Pensar na morte ajuda-nos a preparar melhor para esse grande e inevitável dia. Todos iremos morrer, e logo depois da morte vem o Juízo.
"A morte é terrível para o pecador, mas não para o justo". Pois "o justo, na morte, é como uma árvore que tomba para produzir, na eternidade, frutos ainda mais belos; o pecador é a árvore cortada na raiz para ser atirada ao fogo, conforme ensina a Palavra: “Toda a árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo” (Mt 3,10).
A alma fixa-se no estado em que se encontra. Não escolhemos a hora da morte – mas escolhemos o modo de vida (ou de morte) da nossa alma.
Todos somos predestinados ao Céu – Deus quer a salvação de todos.
Mas Ele não nos obriga a querer o mesmo.
Como “não sabemos o dia nem a hora”, a sabedoria consiste em estar sempre preparados. Somos todos julgados após a morte. É o juízo particular. Penetrando na eternidade, apresentamo-nos diante do rei – e a nossa veste deve ser branca (Mt 22, 1s). Por isso devemos viver bem para morrer bem. Assim, a morte não nos apavora. Em vez de medo, há confiança.