Já pensaste na tua morte?
Pensar na morte não é exagero, mas ajuda a trilhar um caminho de santidade
A tradição cristã sempre ensinou a meditar na morte como objectivo, porém, de buscar a perfeição proposta pelo Evangelho. São João Bosco por exemplo, instituiu para os salesianos o retiro da boa morte.
O livro “A imitação de Cristo” no trecho -XXIII – Da meditação da morte – ajudam-nos a aprofundar esta reflexão:
“Mui depressa chegará o teu fim neste mundo; vê, pois, como te preparas: hoje está vivo o homem, e amanhã já não existe. Entretanto, logo que se perdeu de vista, também se perderá da memória. Ó cegueira e dureza do coração humano, que só cuida do presente, sem olhar para o futuro!
De tal modo te deves haver em todas as tuas obras e pensamentos, como se fosse já a hora da morte. Se tivesses boa consciência não temerias muito a morte. Melhor fora evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás preparado hoje, como o estarás amanhã? O dia de amanhã é incerto, e quem sabe se te será concedido?”
Olha, meu caro irmão, de quantos perigos te poderias livrar e de quantos terrores fugir, se sempre andasses temeroso e desconfiado da morte.
Procura agora de tal modo viver, que na hora da morte te possas antes alegrar que temer. Aprende agora a desprezar tudo, para então poderes voar livremente a Cristo. Castiga agora o teu corpo pela penitência, para que possas então ter legítima confiança.”
Para a fé cristã a morte não é um fim, mas uma passagem. Ao meditar sobre a morte o cristão não está a desejar morrer, mas viver bem, para bem morrer.
“A fé faz que saboreemos, como que de antemão, a alegria e a luz da visão beatifica, termo da nossa caminhada nesta Terra. Então veremos Deus «face a face» (1 Cor 13, 12), «tal como Ele é» (1 Jo 3, 2). A fé, portanto, é já o princípio da vida eterna: «Enquanto, desde já, contemplamos os benefícios da fé, como reflexo num espelho, é como se possuíssemos já as maravilhas que a nossa fé nos garante havermos de gozar um dia» (40).” Catecismo da Igreja Católica 163
O Advento do Senhor
O Advento do Senhor virá para todos, mesmos os não crentes. Contudo, para os crentes, conscientes dessa verdade, torna-se necessário estar bem preparados. O Senhor virá a cada um em particular, ou virá para todos no fim dos tempos. Essa certeza, deve incutir na nossa alma a alegria e esperança e não desespero.
Jacobe de Varazze, em Legenda Áurea Vida dos Santos, cita Agostinho ao relatar sobre a morte humana e sobre o primeiro e o último advento do Senhor:
“Agostinho fornece três motivos da utilidade do Advento de Cristo: Neste século entregue à malícia, nada há além de nascer, trabalhar e morrer. Estas são nossas mercadorias, e foi para obtê-las que o mercador desceu. Como todo o mercador dá e recebe, dá o que tem e recebe o que não tem, Cristo, neste mercado, dá o que tem e recebe o que existe aqui na terra em abundância, o nascimento, o trabalho e a morte. Em troca permite renascer, ressuscitar e reinar eternamente. Esse mercador celeste vem a nós para receber desprezo e dar honras, para sofrer a morte e outorgar a vida, para esgotar a ignomínia e dar a glória.
Sendo assim, enquanto peregrinos desta terra, procuremos viver cada dia como se fosse o último!