Igreja – Instituição
Deus, no seu plano de amor, quis se comunicar com a humanidade. Através de pessoas e acontecimentos Ele foi gradativamente revelando a Si mesmo (quem Ele é) e o seu plano para nós. Essa Revelação não visava só um conhecimento intelectual, mas também existencial, vivo : conhecer Deus para entrar em comunhão (união íntima e real) com Ele. Essa comunhão deveria envolver também os homens entre si.
Por isso, Deus escolheu o povo de Israel para ser o Seu Povo no meio da humanidade. No seu meio realizou prodígios, sinais da sua benevolência. Por meio deste Povo, descendente de Abraão, o homem que por primeiro acreditou, a salvação chegaria a todos os povos da terra. Como um pai ou uma mãe que pouco a pouco ensina o seu filho, assim Deus fez com o povo de Israel. Através de Moisés, dos Juízes e dos Profetas, Ele formou, conduziu e instruiu o Seu Povo.
Tudo isto era a preparação para a sua plena Revelação: o momento em que não mais um mensageiro, mas o próprio Filho de Deus feito homem viria viver no meio dos homens. As promessas se tornariam realidade: toda a humanidade (e não um povo apenas), todas as pessoas (e não uma única raça), poderiam receber, em Jesus Cristo, o poder de se tornarem filhos de Deus.
Este Novo Povo de Deus é a Igreja (do grego «Ekklesía», que quer dizer «povo convocado»).
Muitos pensam na Igreja como um grupo social, de pessoas reunidas com determinada finalidade, como qualquer outro tipo de fenómeno associativo. Assim, uma comunidade cristã seria algo como um grupo de amigos, um clube ou uma associação beneficente. Tal visão às vezes se reflecte na afirmação: «A Igreja somos nós!». Não é verdade! A Igreja somos nós convocados, reunidos por Cristo e unidos a Ele! Como? Por um vínculo, uma ligação espiritual, mas real: a vida da graça, que é a própria vida de Deus em nós. Vínculo espiritual que se traduz em estruturas e compromissos concretos. Quando entramos nesta comunhão? No momento do Baptismo: pelo poder de Deus, através do sinal da água e das palavras transmitidas pelo próprio Cristo, nós somos regenerados (isto é, gerados de novo), nascemos para esta vida que nunca mais terá fim.
E assim, podemos dizer com o Apóstolo Paulo, «já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim»! Sim: Cristo vive na sua Igreja! Em nós e através de nós vai se realizando no mundo o plano de Salvação: pelo anúncio da Palavra de Deus, pela celebração dos Sacramentos que tornam presente e realizam a salvação, pelo testemunho de vida e pela acção de cada um de nós. Em nós e através de todos nós unidos num mesmo Corpo, que é a Igreja, unidos à cabeça desse Corpo que é Cristo, que nos conduz através dos Apóstolos e dos seus sucessores (os Bispos em comunhão com o Papa, sucessor de Pedro). Em nós e através de nós: mas sempre pelo poder do Espírito de Deus.
Assim, a Igreja tem como Cabeça Cristo, no coração dos seus filhos habita o Espírito Santo, tem como lei o Amor, a sua missão é ser «sal da terra» e caminhar em direcção ao Reino.
Os Grandes Concílios Ecuménicos.
A Igreja Católica, desde o seu nascimento no dia de Pentecostes, realizou periodicamente grandes encontros reunindo todos os Bispos do mundo. Esses encontros são chamados “Concílios Ecuménicos”, e têm como objectivo, discutir, deliberar e promulgar textos fundamentais para o desenvolvimento da Doutrina Católica, tendo sempre como referência a Bíblia Sagrada e a Tradição do Magistério Romano.
Ao longo de vinte séculos de cristianismo, houve vinte e um Concílios Ecuménicos, sendo o primeiro o Concílio de Jerusalém, com a presença de todos os Apóstolos, sob a presidência de São Pedro, o primeiro Papa; e o último, o Concilio Vaticano II, realizado no Vaticano sob a presidência dos Papas João XXIII e Paulo VI. Este Concílio teve a duração de três anos (1962-1965).
Principais Concílios Ecuménicos.
Concílio de Jerusalém
O primeiro Concílio reuniu-se em Jerusalém por volta do ano 60, na presença dos Apóstolos, presidido por São Pedro. É narrado no Livro dos “Actos dos Apóstolos”, a partir do capítulo quinze.
Este Concílio decidiu, entre outras coisas, que era necessário levar a “Boa Nova” da Salvação a todos os homens, sem se fazer distinção entre judeus e gentios. Também decidiu a não necessidade da circuncisão, bastando apenas o Baptismo cristão.
Segundo a Tradição, é neste Concílio que se elaborou o “Credo” que se recita nas missas, após a homilia do sacerdote.
Concílio de Nicéia
Após o Concílio de Jerusalém, reuniu-se no ano 325 na cidade de Nicéia, um novo Concílio Ecuménico de capital importância para o mundo cristão. Este Concílio ficou conhecido como “Concílio de Nicéia”.
Foi convocado e presidido pelo Papa São Silvestre I, e discutiu, entre outros temas, a questão da Trindade de Deus, definindo-a como Dogma de fé. Elaborou um novo “Credo”, onde claramente proclama a crença no Deus “Uno e Trino”.
Concílio de Constantinopla
No início do cristianismo, muitas heresias perturbaram o mundo católico. Mesmo após o Concílio de Nicéia, em 325, as polémicas em torno da questão da Trindade de Deus continuavam, principalmente difundidas por um bispo de nome “Ario”, que afirmava que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, isto é, o Filho, era “menor” do que o “Pai”.
Por esse motivo, um novo Concílio foi chamado em 381 pelo Papa Dâmaso I, reunindo-se na cidade de Constantinopla. Este Concílio debruçou-se mais uma vez sobre a questão da Trindade, aumentando e melhorando as definições do Concílio anterior e promulgando o “Credo Niceno-Constantinopolitano”, que é rezado até hoje nas missas mais solenes, sendo o Credo Oficial da Igreja. Com este Concílio, a questão da Trindade de Deus ficou definitivamente estabelecida.
Concílio de Trento
Após diversos Concílios de importância variável, reuniu-se na cidade de Trento, ao norte da Itália, um grande Concílio Ecuménico entre os anos de 1550-1560, sob a presidência do Papa São Pio V.
Foi o mais importante Concilio da era moderna, pois enfrentou diversas questões de importância capital, como a questão da transubstanciação de Cristo na Eucaristia, o verdadeiro significado da missa, a questão do sacerdócio católico, os Sacramentos da Igreja, entre outras questões de grande relevância, todas elas negadas pelo protestantismo.
Este Concílio renovou o Missal católico, bem como todos os manuais de ritos sacramentais.
Após este Concílio, a Igreja passou mais de 300 anos sem necessidade de Concílios gerais até ao século XIX.
Concílio Vaticano I
Reuniu-se no Vaticano sob a presidência do Papa Pio IX, entre os anos de 1868-1871.
Este Concílio tratou de diversas questões gerais e definiu a Infalibilidade Pontifícia em assuntos relacionados à Fé e à Moral, exclusivamente. Na verdade, o Concilio Vaticano I não terminou oficialmente.
Foi interrompido por diversas questões políticas, como a guerra pela unificação da Itália, a guerra entre a Prússia (Alemanha) e a França, entre outras questões.
Um novo Concílio só seria reunido no século XX.
Concílio Vaticano II
O último Concílio Ecuménico reuniu-se entre os anos de 1962 e 1965 no próprio Vaticano, sob a presidência dos Papas João XXIII e Paulo VI.
Este Concílio foi eminentemente um “Concílio Pastoral”, isto é, não definiu Dogmas ou novos pontos doutrinários, mas propôs novas formas de Evangelização, bem como actualizou o rito da missa, que passou a ser rezada não em latim mas em língua vernácula, para a maior participação dos fiéis católicos.
Desde então, não houve novos Concílios Gerais na Igreja de Cristo.