Ave Maria Imaculada... Rezai o Terço todos os dias... Mãe da Eucaristia, rogai por nós...Rainha da JAM, rogai por nós... Vinde, Espirito Santo... Jesus, Maria, eu amo-Vos, salvai almas!

A IGREJA

Achatando o mundo

Toda a história da Igreja se resume na missão de ser fermento do mundo, moldando a sua própria oposição à mentalidade do mundo de acordo com as várias circunstâncias históricas. Esta oposição nem sempre foi rejeitada; E, claro, nunca foi uma rejeição global; isto pode ser visto, por exemplo, na luta contra o paganismo: ao mesmo tempo em que a Igreja combateu o politeísmo, a idolatria, a sensualidade ou a paixão pelo poder, próprios do paganismo, ela assumiu muitos dos costumes pagãos, as suas leis, a sua filosofia, até mesmo a sua linguagem.

Embora o antagonismo da Igreja ao mundo tenha sido invariável ao longo da história, as suas modalidades variaram muito, e tal antagonismo só foi declarado quando o estado do mundo o exigiu: assim, por exemplo, a Igreja proclama a pobreza quando o mundo se prostra diante da riqueza; mortificação quando o mundo se entrega ao prazer; a razão, quando o mundo se entrega ao sentimentalismo; fé, quando o mundo se rende ao racionalismo científico, e assim por diante.

A secularização ocorre quando a Igreja se conforma com a mentalidade do mundo, quando a religião de Deus feito homem se curva à nova religião do homem feito Deus. Já não se trata de reconhecer a justa autonomia das realidades seculares, que a Igreja sempre reconheceu, mas de aceitar o primado total e radical de tais realidades, que muitas vezes se configuram não apenas à margem da religião, mas mesmo em oposição a ela.

Assim, houve um gradual progresso da sociedade, nas suas formas de organização política e nas suas expressões culturais, da visão cristã, na medida em que os próprios crentes e mesmo os religiosos abraçaram um espírito camaleónico de assimilação ao mundo. E, ao mesmo tempo em que ocorreu este processo de assimilação mundana, houve uma transposição de crenças religiosas que, ao privatizarem a fé, confinadas a uma esfera de intimidade que a torna socialmente irrelevante, substituem o seu próprio objecto, que já não é o culto a Deus, mas a divinização do homem, disfarçada de falsa caridade.

Costuma-se dizer, para justificar este ataque ao mundo, que a Igreja se deve reconciliar com os tempos modernos. Mas esta "reconciliação" tem sido muitas vezes feita em troca de um compromisso com a religião do homem que aspira a ser Deus, renunciando ao que é próprio da Igreja, ou escondendo vergonhosamente os seus ensinamentos milenares. O problema é que, na ânsia de reconciliar a Igreja com os tempos modernos, os "inovadores" tendem a confundir e distorcer os seus ensinamentos.

Na sua obra Confusão e Verdade, Philip Trower usa uma imagem muito expressiva para explicar este processo. É como se seis homens estivessem a empurrar um carro que ficou sem gasolina. Três deles, que estavam no carro, querem empurrá-lo a vinte metros de distância da estrada. Os outros três, que sorrateiramente ofereceram a sua ajuda, planeiam empurrar o carro a cinquenta metros de um penhasco. Agora imagine o que um grupo de pessoas que está a assistir à cena de um morro próximo fará. Eles começarão a assumir que os seis homens têm a mesma intenção. O carro está a avançar. E vêem três correrem para a frente para tentar detê-lo, antes que ele caia de um penhasco. Quem são os agitadores? Para os observadores que permanecem na colina próxima, certamente aqueles que agora se opõem ao processo que foi iniciado. Algo semelhante está a acontecer na Igreja, neste triste crepúsculo da história.

Regressar