A Família
Por que é que os bebés se apegam aos objectos
- 26-10-2015
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Por que é que os bebés se apegam aos objectos?
Alguns bebés apegam-se a objectos e estes estão próximos a eles em momentos especiais
É muito comum percebermos como as crianças adoptam aquele brinquedo preferido, um cobertor, um paninho, sua chupeta, um boneco de borracha macio de quem ela não larga de jeito nenhum. Esses objectos que envolvem essas cenas nos primeiros meses de vida, receberam o nome de objectos transaccionais, pelo psicanalista Donald Winnicott.
Estes objectos trazem à criança uma sensação de conforto e acalento. Ela morde, aperta, mantém ali um relacionamento e uma diferenciação entre ela e o objecto. Coloca naquele cobertor, por exemplo, seus afectos positivos e negativos.
Tais objectos estão próximos da criança em momentos especiais: na hora da alimentação, onde mesmo com a mamadeira ou peito, ela está agarrada no paninho ou num determinado boneco, apertando-o, com uma imensa sensação prazerosa. Na hora de dormir, geralmente, agarra seus paninhos ou bonecos e, geralmente, mais facilmente pega no sono.
Os objectos adoptados pela criança, ao olhar dos adultos, parece ter vida própria: e para criança, eles realmente têm vida própria. Recebem nomes, apelidos, são levados para todo canto e, quando saem da vista da criança, geram um sofrimento imenso para os pequenos. Tudo isso porque fazem parte dos vínculos afectivos criados por elas.
Como ao nascer os bebés ainda se percebem na relação eu-outro como um só, esses objectos entram no momento de diferenciação, ou seja, eles substituem e ajudam a criança a perceber outra fonte de protecção que não apenas a materna, uma vez que a mãe não ficará o tempo todo com o bebé no colo. Ou seja, vamos entender esse apego como uma forma de transição.
Ter esses objectos é preocupante?
A resposta é ‘não’. Porém, nem todas as crianças vão adoptá-los, e isso não deve ser encarado como um problema. Com eles, o bebé relaciona-se, balbucia, beija e também tem atitudes agressivas como bater, deitar o brinquedo ou o pano para longe.
Complicado é quando a criança é proibida de estar com aquele objecto ou ele é retirado dela ou trocado a cada momento. Vamos pensar que, naquele momento, o bebé elege o seu objecto preferido e com ele passa a ter um vínculo. Se ele lhe é retirado ou trocado, não há como garantir e manter esse vínculo. O acompanhamento pediátrico ajuda as famílias a observarem o desenvolvimento adequado do bebé.
Os objectos vão sendo deixados de lado à medida que a criança vai se desenvolvendo, socializando-se e descobrindo o mundo nos primeiros passos, quando começa a andar sozinha, a falar e a desenvolver outras formas de contacto social. Neste momento, vamos perceber que ela passa a ficar com seu objecto preferido nas horas de dormir, por exemplo, quando está na cadeirinha do carro ou em algum momento de maior relaxamento. Isso deve ocorrer por volta dos 3 aos 5 anos, época onde vai para escola e seu “objecto companheiro” pode ficar em casa ou em sua mochila.
Todos estes factos são sinais favoráveis e parte do desenvolvimento saudável da criança. Oferecer a ela bons elementos de elo afectivo é papel dos pais e cuidadores. Um boneco, um mordedor, um cobertor ou fralda fazem bem esse papel. São objectos simples, sem necessariamente uma cor, luz, movimento ou tecnologia avançada, pois, nesses primeiros momentos de vida, são estes os melhores para os pequenos. É com a “ajuda” desse brinquedo que a separação da mãe vai se procedendo. Nem todas as crianças os terão; algumas demoram mais, outras adoptam até mesmo o comportamento de “chupar o dedo”, enrolar o cabelo, pegar no dedão do pé. Todos eles são parte deste momento e descoberta do mundo, de si e do outro, e certamente são igualmente expressivos para o desenvolvimento infantil.
Neste tempo tão corrido, quando os pais precisam de se desdobrar para todas as necessidades do lar, pára um bocadinho e observe os seus filhos. A cada dia de um bebé, de uma criança, de um adolescente, perceberás a riqueza de detalhes, as mudanças e o milagre da vida!