A Família
Os maiores desafios depois do divórcio
- 08-07-2016
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Os maiores desafiosdepois do divórcio
Sabemos como é difícil carregar a cruz, e um divórcioindesejado é uma cruz gigante.
É facto que hoje muitas pessoas divorciam-se na tentativa demelhorar a sua vida, mas não estão cientes de todos os desafios que terão deenfrentar e as consequências inevitáveis que este processo traz consigo.
Na Bíblia, em Malaquias 2,16, Deus diz que odeia o divórcio.Em Mateus 19,60 vemos que o casamento é uma união permanente. “Muitoscasamentos, que foram desfeitos por motivos triviais, poderiam ter sido salvosse marido e mulher tivessem sido capazes de se perdoar mais” (cf. Mateus18,21-22).
Incertezas e angústias
Na justiça, o divórcio pode, muitas vezes, legalizar umestado de discórdia entre um casal, configurando um processo de disputa eexigindo a criação de novas estruturas de convivência doméstica, principalmenteno que diz respeito a pais e filhos. Tanto no âmbito da Psicologia Clínica comono âmbito judicial, os estudos demonstram que os conflitos vividos pelos pais,antes e durante o processo de um divórcio, causam problemas de ajustamento nosfilhos, que vivenciam o divórcio como um mistério que precisa de ser explicadocom clareza e objectividade. Todos os familiares vivenciam incertezas eangústias que ameaçam a estabilidade pessoal, exigindo a elaboração de umaperda.
Desafios do processo
Os desafios decorrentes deste processo são muitos. Osproblemas financeiros, a criação dos filhos, a solidão, muitas vezesesmagadora, e o sentimento de fracasso são alguns dos problemas e desafios queos divorciados enfrentam. Por mais que este tenha sido consensual, muitas vezesleva muito tempo a desaparecer.
Surgem sentimentos de perda, fracasso, desamparo, abandono,rejeição, medo, insegurança e incertezas circundando estes sujeitos, que afectamdirectamente os novos arranjos familiares e que precisam de ser trabalhados.
Principais desafios que podemos enfrentar neste processo:
Suporte
A primeira coisa que se aconselha a ser feita é buscar um bomsuporte espiritual e também psicológico. Neste momento, é de fundamentalimportância poder contar com alguém de confiança, ter um espaço para partilhar asua história e os seus sentimentos, dividir as dores da perda e receber umsuporte profissional para o ajudar a reestruturar a vida e se preparar para onovo momento, onde muitos ajustes precisam de ser feitos. Então, tanto apsicoterapia, na busca por um bom psicólogo, como também a direcção espiritualfeita por um bom sacerdote, podem constituir um óptimo ponto de partida. Sãomeios bastante adequados para fortalecer a pessoa e também proporcionarferramentas para enfrentar com coragem os desafios que virão.
Vida financeira
Já diz o ditado que divórcio é sinónimo de prejuízo, e isto éum facto. Tudo o que o casal tinha antes será, agora, dividido por dois. Adivisão das economias empobrece ambas as partes e isto é inevitável: vaisperder reservas e aumentar os custos da tua vida. Portanto, deves estarpreparado para isso.
Filhos
Visitas, pensão e educação. Não é preciso dizer que, muitasvezes, serão eles que arcarão com as duras consequências da separação dos pais.É preciso reservar tempo, com calma, para conversar e garantir aos filhos queos amas; sobretudo, explicar-lhes que eles não são os responsáveis pelodivórcio dos pais. Responde às suas perguntas da forma mais sincera e objectivapossível, evita distribuir culpas e busca preservar e manter em harmonia arelação deles com o pai e a mãe. Continuar na mesma casa e manter a mesmarotina pode ajudar a também buscar uma boa rotina espiritual.
Amigos
Amigos são para sempre, mas a dura realidade é que, naseparação, há também uma divisão natural daqueles com quem vocês mais conviviamenquanto casal. Por outro lado, é provável que o seu meio social mudenaturalmente com o decorrer do tempo.
Moradia
Este também pode ser um impasse entre o casal que se separa.Como a maioria dos processos caminha para que a guarda dos filhos sejapartilhada por ambos os genitores, ainda assim é comum que os filhos passemmais tempo com a mãe, que assume normalmente a rotina de escola, saúde,higiene, alimentação, etc. Se isto não esbarrar noutros tipos de problemas, éaconselhável que a mãe permaneça no local da moradia anterior à separação, paraque, assim, se altere o menos possível a rotina dos filhos. Num processo dedivórcio consensual, a residência entra como objecto de partilha, mas podeficar como “usufruto dos filhos” até que os mesmos atinjam a maioridade.
Identidade pessoal
Quem sou eu sem a minha mulher, sem os meus filhos ou marido?Esta pergunta pode rondar a sua mente nos primeiros momentos depois de umaseparação. Neste aspecto, a ajuda de um bom profissional pode ser muito útil,para que, aos poucos, possas recuperar de volta a tua identidade pessoal dentrodo novo modo de vida. Por isso, é importante ir atrás de referências, antigasou novas, que venham reforçar a tua identidade.
Vida familiar
Quando um casal decide separar-se, há também um ajusteimportante na vida dos familiares envolvidos directa ou indirectamente. É muitoimportante, neste momento, voltar-se, um pouco mais, para os “seus familiares”,que podem ser, grande ajuda e suporte, sobretudo nas fases iniciais.
Outro aspecto importante será redefinir como ficarão asrelações com a família do ex-cônjuge, com quem, muitas vezes, os laços sãomuito estreitos e já se considera parte da sua família também. Aos poucos, umnovo formato de relação surgirá, mas procure sempre manter o vínculo dos avós etios com os seusfilhos.
Estilo de vida e estado civil
Os hábitos que tinhas antes de te separar, como a tua vidasocial e actividades de lazer, por exemplo, agora serão diferentes. Tu tomarásmuitas decisões sozinho, a não ser as que envolvem o teu tempo com os teusfilhos. Também pode acontecer, em alguns casos, que a mulher fique em tempointegral com os filhos, o que, certamente, acarretará sobrecarga, exigindo queela se desdobre para dar conta do recado.
Alguns homens podem sentir-se novamente como na época desolteiros e ter o desejo de viver como tal, saindo com amigos solteiros,buscando namoricos e relações passageiras, até como forma de reviver os bonstempos antes do casamento. O facto é que a vida mudou e os tempos são outros, omatrimónio marca profundamente a vida de uma pessoa, e para nós cristãos é umlaço indissolúvel. A não ser que um Tribunal Eclesiástico declare nula essaunião.
Para muitas mulheres, pode ser até humilhante assumir perantea sociedade e a Igreja o seu novo status como “divorciada”, principalmente se noseu coração não desejava a separação. Este também é um tema que deve sertratado com todo o cuidado com um terapeuta ou director espiritual.
Actividades sociais
Os casais normalmente têm actividades sociais diferentes depessoas solteiras, sobretudo casais com filhos. Nesta nova condição de vida,tanto o homem com a mulher levarão algum tempo até ajustar novamente a sua vidasocial, a escolher as companhias para sair, talvez encontrar pessoas queestejam no mesmo estado de vida.
Nalguns momentos, os filhos estarão presentes; noutros, tuestarás sozinho.
No início, pode parecer estranho ou até mesmo fazer com quete sintas deslocado em determinado ambiente. Aos poucos, as coisas tendem adefinir-se e tu te adaptarás a este novo contexto.
Nova união
É muito comum que, neste momento, logo após a separação,muitas pessoas venham dar conselhos; um deles é que a melhor forma de esquecerum amor é encontrar outro.
“São numerosos hoje,em muitos países, os católicos que recorrem ao divórcio segundo as leis civis econtraem civilmente uma nova união. A Igreja, por fidelidade à palavra de JesusCristo – ‘Todo aquele que repudiar a sua mulher e desposar outra, comete adultériocontra a primeira; e se esta repudiar o seu marido e desposar outro, cometeadultério’ (Mc 10,11-12) –, afirma que não pode reconhecer como válida uma novaunião se o primeiro casamento foi válido. Se os divorciados se tornam a casarcom outra pessoa, mesmo que no civil, ficam numa situação que contraria objectivamentea lei de Deus. Portanto, não podem ter acesso à comunhão eucarística enquantoperdurar esta situação. Pela mesma situação, não podem exercer certasresponsabilidades eclesiais.
A reconciliação pelo sacramento da penitência só pode serconcedida aos que se mostram arrependidos por haver violado o sinal da aliançae fidelidade a Cristo, e se comprometem a viver uma continência completa.”
O matrimónio só deixa de existir quando a sua nulidade édeclarada, o que só pode ser feito por um Tribunal Eclesiástico.
Vida de oração e Igreja
Assim como foi dito no início, ter um bom terapeuta para oacompanhar neste processo e um bom director espiritual são de fundamentalimportância, mas isto deve ser reforçado com uma vida constante de oração efrequência assídua à igreja, às Missas e aos sacramentos.
A Igreja, neste momento, mais do que nunca é Mãe e deveacolher o divorciado. Sabendo da grande dificuldade que se avizinha,compadecendo-se da dor, a Igreja está sempre presente para perdoar e acolher,mesmo em caso de queda.
Sabemos quão difícil é carregar a cruz, e um divórcioindesejado é uma cruz gigante. Talvez esta seja uma oportunidade para umtestemunho único, uma prova de amor a Deus maior que tudo, quando renunciamosao amor a nós mesmos por uma prévia promessa feita a Ele, a do matrimónio.Então, no momento que conseguirmos ver este sofrimento como a cruz que nosassemelha a Cristo, unimos as nossas dores às d’Ele, que, certamente, nos daráforça, coragem e sabedoria necessárias para enfrentarmos estes desafios.Confiantes e certos de que não estamos sozinhos nesta luta, a Igreja acolhe-nose recebe-nos; e Jesus Cristo caminha ao nosso lado. Confiantes nas Suaspromessas, podemos viver sem pecar. Juddith