A Família
O filho que eu queria abortar salvou a minha vida
- 26-02-2018
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O filho que eu queria abortar salvou a minha vida
Grávida aos 19 anos, ela foi contra os pais e voltou atrás na decisão de fazer um aborto
Giulia Michelini é uma linda atriz italiana. Embora tenha começado a sua carreira em 2002, com 17 anos, os italianos conheceram-na melhor quando ela interpretou o papel de chefe da Máfia numa minissérie da televisão italiana exibida entre 2009 e 2012. Mas ela tem muito mais do que beleza física e talento para as artes. Esta atriz tem uma história pessoal cheia de dificuldade e coragem, que vale a pena contar.
Em 2015, concedeu uma entrevista à revista Vanity Fair, publicada sob o título: “Um bebé salvou-me”. Esse bebé não era um personagem de filme, mas o seu próprio filho: Giulio Cosimo Michelini.
Quando tinha 19 anos, a atriz descobriu que estava grávida. Inicialmente, achou melhor não ter o bebé, e todos os que estavam próximos dela – incluindo os seus pais – aconselharam-na a fazer um aborto “porque ter uma criança naquela idade arruinaria a sua vida”.
Giulia marcou uma consulta para combinar o aborto, mas já na clínica mudou de ideia e decidiu ir embora.
“Eu fui sozinha à clínica. Uma garota foi chamada para entrar na sala, depois outra, e eu nem sei o que me fez levantar. Eu só sei que, em certo momento, eu me levantei e fui embora”, disse à Vanity Fair.
Desistindo do aborto
Felizmente, ela mudou de ideias, e com o coração cheio de emoções e medo, ligou para a sua mãe de um telefone público.
Na entrevista, ela disse: “Eu estava completamente em pânico. Depois que eu deixei [a sala de espera], entrei numa cabine telefónica para ligar para a minha mãe. No telefone tinha um elástico com uma faixa de cabelo de uma menina pequena … Eu sei, é estúpido, mas ao ver aquilo, eu disse para mim mesma: está bem assim, estou a fazer o que é certo”.
Medo e coragem
Na época, ela estava a passar por um momento de dificuldade com o pai do bebé – um jovem oito anos mais velho do que ela, que a levou a frequentar bairros ruins nos arredores de Roma, longe do mundo em que ela cresceu. Quando escolheu ter o seu filho, a atriz sabia que o relacionamento não tinha futuro, mas …
“Eu não acreditava muito no meu relacionamento com o pai. Na verdade, para ser honesta, eu sabia que aquilo iria acabar, e que eu ficaria sozinha com o meu filho. Mas era como se isso me desse um impulso extra”, afirmou.
“Eu acho que ele salvou a minha vida”
A decisão de levar a gravidez adiante tornou-a responsável, deu-lhe força e coragem, e … salvou a sua vida, como ela conta:
“Eu senti como se essa decisão definisse a minha pessoa de forma mais clara, isto permitiu-me que eu me visse, que eu quisesse ser eu mesma. Naquele momento, talvez eu precisasse de me sentir viva. Naquela idade, não queria uma criança; eu queria independência, sentir-me livre para correr como um trem … Mas este bebé deu peso à minha existência – acho que ele salvou a minha vida. Ele afastou a parte autodestrutiva de mim. Se não fosse ele, é provável que eu me teria perdido.”
A sua família não concordou, mas…
Os pais de Giulia não reagiram positivamente à decisão dela. Mas também não a impediram de manter a gravidez.
“Na época, era difícil para mim ir contra a minha família. Foi a primeira grande decisão da minha vida. Saí de casa e não conversámos durante seis meses. Então, quando eu estava a começar a mostrar [a barriga], eles aproximaram-se de mim novamente. (…) Hoje, o meu filho é a menina dos olhos deles. Não sei o que eu faria se ele não estivesse aqui; e eu não sei o que eu faria sem eles, porque eles [os pais] me ajudaram muito, muito. Quando eu vou trabalhar, Cosimo fica com os meus pais”, disse ela à Vanity Fair.
Quando uma mãe em dificuldade não faz um aborto, ela não só salva o bebé que ela leva no ventre, mas também se salva a si mesma.