Ave Maria Imaculada... Rezai o Terço todos os dias... Mãe da Eucaristia, rogai por nós...Rainha da JAM, rogai por nós... Vinde, Espirito Santo... Jesus, Maria, eu amo-Vos, salvai almas!

A Família

Já não amo o meu cônjuge. E agora?

Parece que foi ontem o dia do casamento, mas os anos passaram e já não há mais nenhum sentimento positivo. Olho para o meu cônjuge e não sinto nada, apenas um desejo de ficar longe dele. “Não o admiro, ele é cheio de defeitos! Não sinto nem mesmo atracção. Chego a não querer ter relações sexuais, não quero ficar próximo dele. Acho que já não o amo!”

Essas expressões são bastante comuns no dia a dia de quem atende ou escuta os casais. Entretanto, o que, na realidade, pode estar a acontecer? O que significa esta expressão comum na fala dos casais: “eu já não amo?”. O que pode fazer com que as pessoas sintam este esfriamento emocional e esta distância do outro? Existe saída?

Quando o casal vivencia conflitos e tensões no dia a dia, essas situações marcam-nos de alguma forma e, geralmente, de maneira negativa. A partir desses conflitos diários, identificamos duas produções: os conceitos negativos e a mágoa.

Não existe mais nenhum sentimento positivo entre mim e o meu cônjuge

Os conceitos negativos sobre o cônjuge são formados no dia a dia, diante das diversas situações como excesso de cobranças, volume e tom de voz, palavras duras e grosseiras, agressividades, silêncios, falta de colaboração, dificuldade de partilha financeira entre outras dificuldades do relacionamento a dois. Tais situações, provavelmente, constroem uma visão negativa sobre o outro, não permitem ver mais aqueles atributos e características positivas que, um dia, os fizeram amarem-se e admirarem um ao outro. Então, por meio dessas vivências desajustadas, podemos perceber que entra em cena um sentimento muito pouco reconhecido, normalmente escondido por nós mesmos: a mágoa.

A mágoa é um sentimento que nos afecta, quando interpretamos que alguém nos ofendeu, agrediu, foi injusto ou diminuiu o nosso valor, provocando, como consequência, o afastamento progressivo dessa pessoa. Portanto, o que nos leva a uma sensação de falta de amor é, na verdade, a mudança de conceitos que, aos poucos, vamos introduzindo em nós diante dos conflitos diários; e a mágoa que surge a partir das vivências negativas advindas dos conflitos e tensões que o casal vive.

Há “estágios” da mágoa. Existe um estágio inicial no qual a pessoa apresenta um sentimento negativo, mas ainda há admiração pelo cônjuge. Posteriormente, a pessoa vivencia um período no qual a mágoa o leva a sentimentos mais intensos de ira e a necessidade de um distanciamento cada vez maior. Logo a seguir, o último estágio, no qual a pessoa não vê mais nada de positivo no cônjuge, ela o vê como mau, como alguém impossível de conviver e, mais ainda, inicia-se um processo de desejar o mal, falar mal dessa pessoa e até a vingança.

Qual a saída?

É preciso buscar o remédio para a mágoa, que se chama perdão. Ele é um acto de amor e misericórdia. Segundo Griffa e Moreno, no livro “As chaves para a psicologia do desenvolvimento”, os estágios do desenvolvimento da noção do perdão são as últimas aquisições no desenvolvimento da personalidade. O perdão, como máxima expressão do amor, é indicador do auge do desenvolvimento moral. O perdão é uma atitude madura da personalidade e deve ser vivido diariamente. É justamente esta atitude que fará com que se diminuam os sentimentos negativos, as atitudes de distanciamento e, ao mesmo tempo, poderá diminuir ainda tantos conceitos ruins que criamos a partir das nossas vivências no relacionamento a dois.

Diácono João Carlos e Maria Luiza

Regressar