A Família
Filhos abandonados dentro da própria casa
- 22-11-2016
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Filhos abandonados dentro da própria casa
Encontrar filhos abandonados emocionalmente pelas famílias é uma dura realidade
Hoje, vivemos um tempo de grande transformação nos relacionamentos sociais. Em pouco tempo, evoluímos enormemente nas possibilidades de comunicação pessoal a distância.
Os tempos mudaram e estima-se que cada pessoa passa, aproximadamente, de três horas por dia conectado, interagindo via internet, o que reduz muito a sua convivência física com amigos e familiares.
Estamos a esquecer-nos de como amar
Fico impressionada quando vejo o desenvolvimento de formas de demonstrar emoções via internet (desenhos, “se sentindo…”, carinhas de todos os tipos). As pessoas estão a tornar-se ótimas no marketing emocional externo, mas estão a esquecer-se de como amar, como fazer carinho físico, como olhar nos olhos e dar atenção a quem está perto. Será que isto não é reflexo da dificuldade de nos abrirmos aos laços emocionais reais e fortes na nossa intimidade?
Medo de expor traumas e fraquezas
Será que não é medo de expor os nossos traumas e fraquezas? Digo isto, porque, apesar da internet ser um meio real de conhecimento pessoal e uma forma de diálogo, há um fator limitante que leva essa experiência a ser uma ilusão: eu mostro somente o que quero mostrar. Já no convívio concreto, não tenho tanto o domínio sobre a exposição, porque os meus gestos, a minha entoação de voz, a linguagem corporal, a resposta imediata frente aos estímulos e as minhas atitudes reais tornam-me muito mais vulnerável a ser realmente conhecido de maneira mais completa, inclusive naquilo que ainda não está bem equilibrado em mim.
Consequências da ausência dos pais
Claro que esta desconexão dos relacionamentos concretos é um problema. E torna-se muito mais grave (e com fortes repercussões) quando a conexão enfraquecida é o laço familiar com uma criança ou adolescente. A criança nasce completamente dependente da atenção dos pais. À medida que vai crescendo, vai aprendendo a ter autonomia e tornando-se mais independente. Mas, a atenção real dos pais é indispensável para o saudável desenvolvimento emocional dos filhos. Vários estudos mostram que as consequências da ausência dos pais são graves e podem causar agressividade, tristeza, desenvolvimento de tiques e problemas na escola.
Presentes e ausentes ao mesmo tempo
Hoje, muitos pais estão presentes e ausentes ao mesmo tempo. Em corpo estão ali, mas envolvidos com outras coisas. A criança sente-se ignorada emocionalmente. Telemóvel, Ipad, TV… Corpo presente, mente e atenção noutro lugar, com outro foco. Esta falta de atenção gera o sentimento de não ser importante, de não ser amado, de não ser suficiente para atrair a mãe e pai. Os filhos precisam de sentir que há envolvimento dos pais, que eles sentem prazer em estar na sua companhia, que se divertem ao brincar com eles. O contacto físico e o carinho representam estabilidade e segurança para que eles aprendam o que é um relacionamento afetivo.
Pais e filhos
Degraus do amadurecimento humano
A vida é corrida, por isso mesmo é preciso que o tempo designado para estar com os filhos seja de grande qualidade. São preferíveis trinta minutos de exclusividade do que mais tempo ao lado deles, mas fazendo uso das redes sociais. Um dos grandes degraus do amadurecimento humano é aprender a dar importância ao que é importante. Sei que os seus filhos e a sua família são importantes para você; então, simplesmente esteja ali, de verdade, por inteiro onde estiver. O amor de Deus age por meio de nós, para nos ensinar novas formas de demonstrar o que nós sempre sentimos, o amor que temos aos que nos são preciosos. Você vai-se surpreender com a resposta dos seus filhos ao se conectarem consigo de verdade.