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A Família

Como superar o fim de um relacionamento

Como superar o fim de um relacionamento  

Há meios para superar o fim de um relacionamento

Jesus Cristo sempre foi muito claro ao nos deixar os Seus mandamentos e ao dizer que o nosso seguimento a Ele, implicaria cruzes ao longo do caminho. Mas Ele também disse que estaria sempre ao nosso lado até ao fim dos tempos, ajudando-nos a carregar os nossos fardos. O Senhor sempre nos deu o exemplo de um amor que perdoa, que é paciente, de um amor que tudo crê, tudo suporta e nunca acaba. Cristo convida-nos, todos os dias, a amar como Ele nos amou.

Infelizmente, a vivência de muitas pessoas mostra a grande dificuldade que é manter um relacionamento por toda a vida, a dificuldade de uma entrega definitiva, que nos comprometa totalmente e envolva toda a nossa existência.

Muitos são aqueles que contraíram o sacramento do matrimónio, mas, ao longo do tempo, foram abandonados pelos seus cônjuges ou se viram diante de uma situação insustentável, já não havendo mais a possibilidade de retomar a união. Não lhes restando outra opção, assinam um acordo de divórcio.

O matrimónio contraído na fé é indissolúvel

Quando Jesus falou da indissolubilidade do matrimónio, Ele foi claro: “Não separe o homem o que Deus uniu” (Mt 19,6). A Igreja, fiel à Palavra de Cristo, não pode simplesmente alterar essa doutrina ou anunciar outra realidade diferente. Como bem disse o Papa emérito Bento XVI, “o matrimónio contraído na fé é indissolúvel. É uma palavra que não pode ser manipulada; devemos mantê-la intacta, mesmo que contradiga os estilos de vida dominantes nos dias de hoje”.

A teologia do sacramento do matrimónio deve ser lida a partir do amor total que nosso Senhor demonstrou no sacrifício da cruz, como diz São Paulo:

 Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a sua Igreja e por ela se entregou.” (Ef 5, 25).

Não podemos, portanto, pensar que o amor de Cristo seja passível de negociação. Do mesmo modo, a aliança firmada entre um homem e uma mulher, com a intenção de criar e educar os filhos, não pode ser quebrada, mesmo quando se escolhe um divórcio legalmente consensual.

Somos chamados a viver a mesma fidelidade de Cristo à Sua Igreja. Ele permanece fiel, mesmo quando os seus membros são infiéis. Quando alguém se divorcia, actua para efeitos da vida no mundo, não para Deus. Por mais que existam muitos argumentos para contrapor esta realidade espiritual, diante de Nosso Senhor um matrimónio só deixa de existir quando a sua nulidade é declarada, o que só pode ser feito por um Tribunal Eclesiástico.

Honrar o sacramento do matrimónio

Não sendo nulo, o matrimónio perdura até à morte de um dos cônjuges. E a culpa não é de Deus se o cônjuge, que tinha o dever de honrar a promessa feita, não o fez. Devemos respeitar o livre-arbítrio, e o nosso dever é honrar o sacramento independente da fidelidade do outro. A promessa foi feita de livre e espontânea vontade na primeira pessoa do singular.

É necessário coragem e força para perseverar na fé, no cumprimento da vontade de Deus, por mais que pareça injusto e quase impossível aos olhos do mundo.

Sabedoria dos filhos de Deus

Talvez esta seja a oportunidade para um testemunho único, uma prova de amor a Deus maior do que tudo, quando renunciamos ao amor a nós mesmos pela promessa feita a Ele no sacramento do matrimónio. Esta é a sabedoria dos filhos de Deus, uma loucura para os homens.

Quando abraçamos a nossa vocação, precisamos de saber que não colhemos apenas flores no caminho. Haverá lutas, como Nosso Senhor lutou na Sua vida neste mundo. Infelizmente, tendemos a romantizar as coisas, a tratar tudo com sentimentalismo, como se para enfrentar a vida e a vocação à qual fomos chamados, não tivéssemos de sofrer. Mas toda a vocação tem a sua cruz , e o divórcio pode ser uma delas.

Unidos a Cristo não existe solidão

Porém, devemos saber que não existe solidão quando nos unimos a Cristo na cruz, pois depois dela vem a Ressurreição. Esta é a maior de todas as certezas reveladas no Evangelho. Como Jesus, somos convidados a abraçar a nossa cruz com amor.

E isto não significa que estamos condenados a viver tristes, infelizes e solitários. Deus é sempre fiel às suas promessas e poderoso para realizar uma nova obra na nossa vida. Basta confiar e entregar-se sem medo à sua infinita bondade. A nossa alma deve, acima de tudo, amar e desejar o céu, dar e receber o perdão. Só assim seremos verdadeiramente livres. Lembrando sempre que Deus não permite que nos seja dado um fardo mais pesado do que possamos carregar. Ele ainda nos dá a certeza de que “os sofrimentos da vida presente não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rom 8,18).

Se desejarmos caminhar com Deus e se crermos nas Suas promessas, este será mais um passo na fé que somos chamados a dar, mesmo quando a dor de um divórcio fere o mais profundo da nossa alma.

Sabendo que somos fracos, compadecendo-se da nossa dor, a Igreja está sempre aberta para perdoar e acolher, mesmo quando caímos. Da mesma forma, nós somos chamados a dar o perdão àquele que nos feriu, que nos traiu e não conseguiu ser fiel à promessa feita.

O poder do perdão

O perdão tem o poder de nos libertar. Não é uma escolha fácil; todavia, é necessária, pois o perdão vence o mal com o bem e torna suave o caminho. Se não perdoarmos, viveremos como num cárcere privado, escravos das mágoas, da dor e dos ressentimentos, alimentando sempre o desejo de vingança e o rancor. O perdão põe a conta a zero e não cobra mais a dívida. Quando ele é concedido, experimentamos o que é viver a verdadeira liberdade de filhos de Deus.

A maior dádiva que Deus nos deixou foi um amor que pode restaurar a nossa vida e dar um novo significado a toda a nossa história. A tristeza pode durar uma noite, mas a alegria vem com um novo amanhecer, na beleza de um novo horizonte que se descortina à nossa frente, na esperança de uma vida nova que recomeça todos os dias.

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