A Família
Como superar as dores e consequências do adultério
- 10-07-2008
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Como superar as dores e consequências do adultério
O casal cristão deve analisar com paciência e coragem a reconciliação
O matrimónio acenta em três grandes princípios:
fidelidade,
indissolubilidade
efecundidade.
O amor dos esposos é comparado, por São Paulo, ao amor “fiel, indissolúvel e fecundo” entre Cristo e a Igreja: “Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Mt 5, 25).
A quebra da fidelidade conjugal fere e contradiz a união de amor entre Cristo e a Igreja, porque cada casal que se une pelo sacramento do matrimónio sinaliza na terra a união de Deus com os homens, de Cristo com a Igreja.
O adultério é falta grave; ao falar dele o Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que: “Cristo condena o adultério mesmo de simples desejo (cf. Mt 5,27-28). O sexto mandamento e o Novo Testamento proscrevem absolutamente o adultério (cf. Mt 5,32; 19,6; Mc 10,11-12; 1Cor 6,9-10). Os profetas denunciam a sua gravidade. Vêem no adultério a figura do pecado de idolatria (Os 2,7; Jr 5,7; 13,27)” (CIC §2380).
E mais: “O adultério é uma injustiça. Quem o comete falta aos seus compromissos. Fere o sinal da Aliança que é o vínculo matrimonial, lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, violando o contrato que o fundamenta. Compromete o bem da geração humana e dos filhos que têm necessidade da união estável dos pais” (CIC §2381).
Aqui a Igreja explica bem todo o perigo do adultério; ele fragiliza a aliança matrimonial e põe em risco a estabilidade do lar e a felicidade dos filhos. Por esta razão, o cristão deve lutar com todas as forças contra este mal. Não se pode brincar com este perigo porque se pode nele perecer.
Infelizmente, hoje, há muitas forças tenebrosas que empurram as pessoas para o adultério. Uma sexualidade cada vez mais acintosa e provocante, especialmente pela Internet, televisão, filmes, revistas, entre outros. Por outro lado, os problemas conjugais, as inseguranças e carências dos cônjuges, criam circunstâncias perigosas que, muitas vezes, empurram alguns para a falta do adultério.
Há o caso do adultério ocasional, cometido uma vez, por fraqueza humana, falta de vigilância e oração; e há também aquele adultério repetido, assumido, consumado, que é muito mais grave e difícil de ser superado. Ambos, sem dúvida, caracterizam falta grave; jamais podem ser justificados.
No entanto, o adultério não deve ser automaticamente um motivo de separação do casal. Não. Sempre é possível uma mudança de vida, o arrependimento, o pedido de perdão ao cônjuge ferido e a retomada da fidelidade. Especialmente o Sacramento da Confissão pode apagar toda a culpa e lavar os corações da mancha do pecado.
O casal cristão deve analisar – com paciência e coragem – esta recuperação e reconciliação pelo bem deles mesmos e pelo bem dos filhos.
O Código de Direito Canónico diz no Cânon 1152 que: “Embora se recomende vivamente que o cônjuge, movido pela caridade cristã e pela solicitude do bem da família, não negue o perdão ao outro cônjuge adúltero e não interrompa a vida conjugal; no entanto, se não tiver expressado ou tacitamente perdoado a sua culpa, tem o direito de dissolver a convivência conjugal, a não ser que tenha consentido no adultério, lhe tenha dado causa ou tenha também cometido adultério. Existe perdão tácito se o cônjuge inocente, depois de tomar conhecimento do adultério, continuou espontaneamente a viver com o outro cônjuge com afecto marital; presume-se o perdão, se tiver continuado a convivência por seis meses, sem interpor recurso à autoridade eclesiástica ou civil”.
Portanto, a Igreja deixa claro que prefere o perdão para o adúltero; evidentemente se este reconhecer a culpa e estiver arrependido. O cônjuge cristão deve lutar com todas as forças humanas e sobrenaturais da fé para superar esta difícil situação. Precisará unir-se profundamente a Deus e contar com a graça dos Sacramentos, especialmente o da Eucaristia e da oração “sem cessar” (cf. 1Tes 5,16). Para Deus tudo é possível; e muitas vezes, um casal une-se ainda com mais amor e maturidade após uma situação de adultério. De forma que este não deve ser a decretação do fim do casamento.
Neste caso, o cônjuge cristão precisa de lutar com tranquilidade e fé, sem deixar que o desespero e o desânimo tomem conta da situação. É preciso rezar muito, dar tempo ao tempo, esperar com paciência e permanecer fiel a Deus e aos filhos. E também pedir a ajuda de pessoas maduras que possam fazer uma mediação entre os dois. De forma alguma a parte traída deverá partir para um novo relacionamento; pois isso complica ainda mais a situação e pode impedir a saudável reconciliação do casal.
Muitas vezes, um casal reconcilia-se depois de anos de separação. O tempo passa, os sofrimentos, às vezes, abatem-se sobre as pessoas e muitas coisas mudam. Deus age quando rezamos.
Sobretudo, o cônjuge cristão ferido pelo adultério deve saber que está em paz com Deus e com a sua consciência, enquanto o outro está no pecado e não pode viver em paz. Portanto, deve permanecer na sua missão de esposa (ou marido) fiel, servindo os filhos com muita atenção e carinho para superar as dores da ausência do companheiro (a).
Esta é uma ocasião também para se reflectir profundamente nas possíveis causas que puderam ter provocado a situação de adultério.
Por que é que o amor do casal arrefeceu? Por que é que o outro caiu no adultério? Faltou a atenção recíproca, faltou o carinho conjugal, faltou harmonia sexual? Enfim, as causas devem ser analisadas objectivamente para serem removidas, de forma a se possibilitar a reconciliação.
Evidentemente todo o casal se deve precaver para que um dos cônjuges não seja levado ao adultério. A prevenção sempre é a melhor terapia. Para isso é preciso que o casal alimente a vida espiritual, a vida de oração e sacramental; pois está provado que esses casais normalmente vivem a fidelidade conjugal. Por outro lado, o carinho, a atenção constante com o outro e tudo o que alimenta o amor conjugal, deve ser cultivado dia a dia. É muito difícil hoje um casal manter-se verdadeiramente fiel um ao outro se lhes faltar a vida espiritual, o cultivo do amor recíproco e um diálogo sempre aberto sobre todos os problemas.
O casal com dificuldades conjugais precisa de procurar logo a ajuda de um orientador (a) maduro (a) e capaz de os auxiliar. Tudo isto é possível e fundamental para o bem da família e do casal.
A felicidade da sociedade depende das famílias e dos casais; por isso, todo o esforço é necessário para lutar contra o adultério.
Felipe Aquino