Como falar sobre Sexo com os Filhos!
Apesar de termos terminado o século XX e com ele teoricamente deixarmos para trás muitos tabus, principalmente sobre o sexo, ainda temos uma enorme dificuldade em saber qual a maneira correta de abordar o tema sexo com os filhos.
Certa vez conversando com o meu diretor espiritual entrei neste assunto e o padre respondeu-me que uma boa regra seria falar com sinceridade exatamente ao que a criança perguntasse, nem mais e nem menos. Tenho tentado aplicar esta regra com os meus filhos e tenho tido bons resultados, o que não quer dizer que eu e a minha esposa não tenhamos tido algumas surpresas e momentos em que nos vemos atrapalhados pela contundência das indagações dos nossos filhos principalmente da nossa filha mais nova.
Para falar sobre o assunto sexo aos filhos é necessário que tenhamos claro qual o sentido verdadeiro do sexo na vida de um cristão e como o mundo distorce o plano de Deus para a nossa vida sexual. O sexo na vida, tem a função da continuidade da vida pelos filhos e da estabilidade do casal por meio de um relacionamento íntimo e completo onde corpos e mentes se complementam num momento único de entrega, entendimento e prazer.
A primeira lição que devemos transmitir aos filhos é que o sexo é bom, foi criado por Deus, e que tem o seu momento e local certo para acontecer de forma sadia e sem culpas.
As nossas crianças são diariamente bombardeadas por erotismo e má informação sobre sexo, na televisão, dos programas infantis até nas novelas, no rádio com propagandas e programas maliciosos e na rua com a proliferação de outdoors com tudo o que se possa imaginar sobre malícia e incentivo ao erro. Se não fizermos a contra-propaganda, mostrar a beleza e a maneira correta de se encarar o sexo, os filhos crescerão indefesos num mundo de doutrinação impiedosa sobre o que não é certo.
Nunca coloque malícia quando falar de sexo com os filhos, nem tente mostrar às crianças um aspecto para o qual ainda não estão desenvolvidos o suficiente para entender.
Quem não passou pela experiência da pergunta de como o bebé entra na barriga da mãe? E como ocorreu em nossa casa, após a explicação de como o bebé vai parar à barriga da mãe, a nossa filha pergunta com certa indignação se nós fazíamos isso! E ainda, quantas vezes nós já tínhamos feito: 3 (para as três gestações) ou mais? Respondemos que fazíamos sim, e muitas vezes, e que só num momento de muito amor poderíamos gerar alguém tão lindo e amado como ela.
Hoje em casa este é um tema livre, às vezes eu penso até que é livre demais, a tal ponto dos filhos incentivarem os nossos momentos a sós com saídas para brincar enquanto ficamos em casa ou solicitações para que viajemos sozinhos para aproveitar!
E como falar de sexo aos adolescentes? Nesta fase já não é fácil falar com os filhos sobre qualquer assunto ainda mais sobre sexo!
Primeiro devemos tentar diminuir a distância entre nós e os filhos adolescentes mostrando-lhes que, apesar de todas as transformações que acontecem nos seus corpos e nas suas mentes (muitas vezes poderíamos dizer ‘transtornações’!) isto também é bom e se não fosse, Deus não nos faria assim.
A adolescência é uma fase de preparação dos nossos corpos e mentes, como já dissemos, para a vida adulta. É a fase de passagem de uma vida de meninos e meninas para uma vida de homens e mulheres e nada mais natural do que o despertar para o amor e para o sexo.
E é errado pensar em sexo na adolescência? Falar de sexo? Fazer sexo?
Claro que não é errado pensar em sexo na adolescência como não é errado pensar na profissão que se vai ter no futuro ou na realização de um sonho qualquer. Tudo isto faz parte do nosso desenvolvimento e de certa forma nos prepara para chegarmos lá. O que não é saudável é viver de sonhos sem estar envolvido com a realidade, imaginar-se ser um médico sem se preparar para enfrentar um vestibular ou pensar em sexo sem estar preparado para enfrentar as possíveis consequências que ele pode trazer.
Um dia a minha filha pediu-nos para ir à matiné de uma dessas dançarinas com as suas amigas. A minha esposa e eu deixámos, confesso que sem muita convicção da minha parte. Ao voltar fizemos as perguntas comuns de como tinha sido, se tudo correu bem e como se tinham comportado as amigas. Naturalmente o ambiente impressionou a nossa filha que achou muito certo tudo. Só não gostou da insistência dos meninos em ‘ficar’, o que fez com que ela tivesse que ‘dar vários foras’ durante o tempo em que lá estivera.
E o que significa ‘ficar’? É aproximar-se de alguém que nem se conhece, beijar, abraçar e acariciar, e afastar-se sem o mínimo envolvimento ou constrangimento. O prazer pelo prazer. E muitas vezes com vários parceiros diferentes no mesmo dia e no mesmo local.
O que seria isto? Uma preparação para uma vida fiel e casta? Com certeza não.
O namoro tem a função na preparação de um jovem ou uma jovem para um relacionamento completo no casamento, é a fase de conhecimento e de seleção, é a fase onde se começa a lidar com a paixão, conflitos de interesse, vontade e autocontrole. E uma das reclamações da minha filha após voltar da matiné, é que os meninos não tinham o que dizer, queriam simplesmente saber se ela queria ficar ou não.
E por falar em namoro é bom entrarmos no assunto virgindade. A castidade é uma prescrição bíblica para toda a nossa vida e antes do casamento a virgindade faz parte deste preceito de amor.
Preceito de amor porque guardar o seu corpo para a sua esposa ou guardar o seu corpo para o seu marido, dando um presente preparado durante toda a sua vida para o dia das suas núpcias tem um significado maravilhoso e é um excelente passaporte para uma vida de fidelidade e felicidade.
Nesta hora alguém pode argumentar que os tempos são outros e que cada vez mais a vida sexual se inicia em idade mais baixa e que isto é natural. Infelizmente este é um senso comum mesmo dentro das comunidades da Igreja. Grande engano! A vida sexual fora do casamento é errada e para a nossa fé isto não muda nem hoje nem daqui a 2000 anos. A palavra de Jesus não mudará como o próprio Jesus colocou em Mateus 24,35 e a nossa conduta não deve seguir as modas ou ‘costumes’ mas os ensinamentos de um Deus que nos ama e mostra o caminho para sermos felizes.
Só para terminar vamos falar em camisinha. Por que é que se diz que a Igreja é contra a camisinha? Simplesmente porque o que Jesus quer de nós e a Igreja nos transmite, isto é uma vida casta e casamentos fiéis. Quem precisa de camisinha se vivermos como Jesus quer? E a Igreja tem que se manter firme e não cair na hipocrisia de muitos, que se dizem bons pais pois nos fins de semana sempre lembram aos filhos jovens de levar consigo camisinhas para não correrem riscos. É mais ou menos a mesma coisa que ver o seu filho sair de casa com uma arma carregada na mão e o pai pergunta ao filho:
– ‘Onde vais, meu filho?’
-–’Não sei, mas talvez vá fazer um assalto.’
-‘ Não te esqueças do teu colete à prova de bala. Se acontecer um tiroteio estarás protegido.’
– ‘Heina! Quase me ia esquecendo. Obrigado, pai.’
– ‘Não esquecias, não; o pai é para estas coisas.’
Parece absurdo um diálogo destes? Então pensa que tanto não matar como não pecar contra a castidade são mandamentos de Deus e até agora não foram revogados.