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A Família

Casais que não conseguem ter filhos

Casais que não conseguem ter filhos 

O que a Igreja ensina nestes casos 

Muitos casais, infelizmente, não conseguem ter filhos por alguma causa de infertilidade do marido ou da esposa. Sabemos como é grande este sofrimento: “Que me darás?”, pergunta Abraão a Deus. “Continuo sem um filho...” (cf. Gn 15,2). “Faz-me ter filhos também, ou eu morro”, disse Raquel a seu marido Jacob (cf. Gn 30,1).

Mas estes casais não devem desanimar. A Igreja recomenda que valorizem o seu matrimónio.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ensina: “Os esposos a quem Deus não concedeu ter filhos podem, no entanto, ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristãmente. O seu Matrimónio pode irradiar uma fecundidade de caridade, acolhimento e sacrifício” (CIC § 1654).

Estes casais podem e devem buscar os legítimos recursos da medicina para conseguir os filhos desejados. A Igreja ensina que: “As pesquisas que visam diminuir a esterilidade humana devem ser estimuladas, sob a condição de serem colocadas 'ao serviço da pessoa humana, dos seus direitos inalienáveis, do seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projecto e a vontade de Deus'” (Instrução Donum vitae, CDF, intr. 2).

A Igreja não aceita a inseminação artificial, nem homóloga nem heteróloga. Pelas seguintes razões: “As técnicas que provocam uma dissociação do parentesco, pela intervenção de uma pessoa estranha ao casal (doação de esperma ou de óvulo, empréstimo de útero), são gravemente desonestas. Estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais heterólogas) lesam o direito da criança de nascer de um pai e uma mãe conhecidos dela e ligados entre si pelo casamento. Elas traem "o direito exclusivo de se tornar pai e mãe somente um por meio do outro" (CIC § 2376). “Praticadas entre o casal, estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais homólogas) são talvez menos claras a um juízo imediato, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o acto sexual do acto procriador. O acto fundante da existência dos filhos já não é um acto pelo qual duas pessoas se doam uma à outra, mas um acto que remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos, e instaura um domínio da técnica sobre a origem e a destinação da pessoa humana.

Tal relação de dominação é por si contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos". "A procriação é moralmente privada da sua perfeição própria quando não é querida como o fruto do acto conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos... Somente o respeito ao vínculo que existe entre os significados do acto conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação de acordo com a dignidade da pessoa" (§2377).

A Igreja aproveita este assunto, para nos lembrar que ninguém tem o direito a um filho. “O filho não é algo devido, mas um dom. O "dom mais excelente do matrimónio" é uma pessoa humana.

O filho não pode ser considerado como objecto de propriedade, a que conduziria o reconhecimento de um pretenso "direito ao filho". Neste campo, somente o filho possui verdadeiros direitos: o "de ser o fruto do acto específico do amor conjugal dos seus pais, e também o direito de ser respeitado como pessoa desde o momento da sua concepção" (CIC § 2378).  

Por fim, a Igreja recomenda aos casais inférteis unirem o seu sofrimento, corajosamente, à cruz de Cristo.

“O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgotado os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infertilidade unir-se-ão à Cruz do Senhor, fonte de toda a fecundidade espiritual.

Podem mostrar a sua generosidade adoptando crianças desamparadas ou prestando relevantes serviços em favor do próximo” (CIC § 2379).

A nossa fé ensina que só os egoístas desperdiçam a vida; portanto, mesmo que os casais inférteis não possam ter filhos naturais, poderão ter filhos “do coração”; que não deixam de ser menos filhos. Quantos filhos adoptados dão mais alegria aos pais do que os filhos naturais! Jesus não teve um pai natural na terra; mas teve um grande pai adoptivo: São José.

Prof. Aquino

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