A Família
A arte de encontrar a boa distância no relacionamento com os sogros
- 11-09-2020
- Visualizações: 100
- Imprimir
- Enviar por email
- O que aconselharia ao jovens recém-casados?
- Drª. Dominique Megglé: Não viva muito perto dos seus pais.
Logo após o casamento é importante instalar-se noutro lugar. Terás outras oportunidades
para os encontrar. Por exemplo, um relacionamento de três anos onde a esposa
liga à sua mãe todos os dias, corre alto risco. Mesmo que não haja disputas
matrimoniais, o silêncio vai-se instalando aos poucos entre o casal. Esta
esposa deve contentar-se em ligar à mãe cada quinze dias ou é muito provável
que ela começará a ter discussões com o marido. É um exercício saudável que
será o início de uma mudança profunda. Para uma mulher, manter relações íntimas
com a mãe significa evitar confrontar as diferenças entre homem e mulher,
evitar todas as diferenças que o marido traz. Como nos ordena o Salmo 45:
“Esqueça o seu povo e a casa de seu pai”.
As armadilhas comuns
Casais jovens são particularmente vulneráveis a intrusões e
solicitações da família, porque eles ainda não estabeleceram as suas próprias
regras e o seu “ritual de funcionamento”. Eles estão ainda a procurar
encontrar-se e, por inexperiência, os jovens casais tendem a ser desajeitados.
É comum que eles caiam em duas armadilhas: o refúgio na casa dos pais ao menor
problema que surge, ou a proteção excessiva dos seus interesses pessoais. À
medida que chegam as primeiras disputas conjugais, é difícil não ir buscar
reconforto nos braços da mãe.
O sogro, vendo que o seu genro não é tão dotado para os
cuidados e manutenção da casa, chega cada final de semana com o seu material
para arrumar o apartamento. A sogra, por sua vez, liga todos os dias para saber
o que o seu “bebé” comeu no almoço. Atenção! O jovem casal deve treinar-se numa
nova forma de lidar com os pais, que agora representam o mundo exterior. Às
vezes isto pode ser doloroso pois o vínculo entre mãe e filho é o mais forte de
todos os laços humanos.
- Será que os sogros são muito intrusivos?
- Sim, na maioria dos casos. Para descobrir isto, eu
escuto-os. As palavras denunciam-nos: se eles costumam dizer “a casa da minha
filha” ou “eu vou para a casa do meu filho”, provavelmente são intrusivos. Eles
não têm consciência disso e costumam invadir a intimidade do casal, na verdade
com boas intenções. Eles precisam de se acostumar a dizer “eu vou à casa dos
meus filhos”, e aí todos poderão respirar, sendo eles os primeiros a beneficiarem.
- É uma posição muito delicada a dos sogros?
- Sim, é uma posição ainda mais delicada, em certos aspectos,
do que a posição do casal, pois a ferida criada pelo espaço vazio que os filhos
deixaram ainda está a sarar. Eles vêem os seus filhos cometerem os erros da
inexperiência, erros que eles mesmos cometeram quando eram mais jovens – com o
bebé, com as suas decisões de compra, com o lugar que decidiram alugar para
morar – e querem que a sua experiência sirva de exemplo e de ajuda. Mas a vida
não é assim… Infelizmente não adquirimos experiência por procuração. É preciso
cometer muitos erros e também alcançar sucesso para adquirir experiência.
Apenas uma quantidade muito pequena será transferida posteriormente para
aqueles que mais amamos.
É aceitando esta separação e respeitando esta distância que
os sogros continuam a sua obra educativa. Assim eles ensinam os filhos casados
a ter mais confiança nas suas próprias habilidades conjugais e parentais. Uma
jovem família toma desta forma o seu lugar sob o olhar do amor livre dos
sogros. Ela precisa disto!
- Então, qual é a distância correcta?
- Uma distância que respeita a intimidade da família. Os pais
podem partilhar os medos um com o outro, mas não com os filhos. Eles devem
estar prontos para ajudar os filhos adultos, se eles o solicitarem, e também
devem estar prontos para recusar a sua ajuda num assunto que não lhes
interessa, como a intimidade do jovem casal. Não fazemos famílias felizes com
cumplicidades doentias que obscurecem os limites entre as gerações.
- O que acha que é o segredo da harmonia familiar?
- Humildade e humor. O que mata é a concentração no “eu”,
autossuficiente e cheio de si.